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TRABALHO DE GEOGRAFIA O IMPERIALISMO NA ÁFRICA NOME: KAIQUE L.PEDROZO 8ºANO CSA Contexto histórico Entre os séculos XVIII e XIX, diversos países, principalmente europeus, realizaram e consolidaram seus processos de industrialização, como a Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão, sendo considerados fortes potências e participando do modelo econômico capitalista industrial, realizado entre alguns países industrializados e não industrializados da época. Principalmente após o ano de 1850, com a Segunda Revolução Industrial e o aperfeiçoamento das técnicas, tecnologias (surgimento da eletricidade, motor de combustão interna, desenvolvimento da indústria automobilística, entre outros) e métodos de produção (como o taylorismo), houve um grande aumento da produtividade e eficiência do trabalho, e um consequente o alargamento da produção. Contudo, além do avanço da economia, essa nova fase da revolução resultou em alguns obstáculos, pois somente alguns países da América Latina exerciam a função de agroexportadores e compradores dos produtos industriais, o que passou a não ser suficiente. Ou seja, os países industriais necessitavam de um número maior de fornecedores de matéria prima e mercado consumidor. A saída escolhida para solucionar esse problema foi colonizar outras regiões do mundo, assegurando e promovendo a progressão do desenvolvimento da economia industrial, com um processo que envolveu o uso da força militar, a imposição cultural e instalação de objetos técnicos, em países ainda não considerados capitalistas, que se associaram a essa sistema, dentre eles, os países africanos (que são o tema da nossa pesquisa); realizando desse forma o imperialismo, ou nesse caso, o neocolonialismo. O interesse nos territórios Até o final do século XIX, precisamente 1880, a intromissão da Europa no continente africano (pouco conhecido por eles, na época) se deu apenas no litoral, com uma exploração realizada por apenas alguns povos (como os britânicos e bôeres ao sul, os portugueses e espanhóis nas áreas costeiras e dos turqueses e franceses ao norte) voltada principalmente ao tráfico negreiro decorrente no Oceano Atlântico. Porém, com ampliação dos domínios de algumas potências sobre a África, uma disputa, conhecida como corrida imperialista foi instigada e ascendeu à exploração, com um adentramento do território. O principal fator que instigou a exploração e a disputa pela África foi especialmente o fato de ela ser rica em reservas de recursos naturais. O Congo, local que detinha a maior atenção pelas potências, principalmente da Bélgica (que idealizava a fundação de um império ultramarino, com uma forma de estudar o continente africano), detinha diversos “tesouros”, como pedras preciosas, ouro, carvão, petróleo, borracha, cobre, entre outros. Também a politica expansionista da França sobre a África, com a tentativa de controlar territórios do Norte africano; a intenção da Grã-Bretanha em dominar desde o Cairo, no Egito, ao Cabo na África do Sul, e seu interesse constante por uma política que determinasse a livre navegação e comércio nas bacias do Congo e do Rio Níger; e as crescentes expedições organizadas por Portugal com o objetivo de expandir sua dominação sobre o interior de Moçambique, o que motivou o esboço do Mapa Cor-de-Rosa, com um plano proposto pelo país em 1883. A Partilha da África Como as potências europeias buscavam tomar a maior quantidade de posses de territórios africanos, a falta de normatização e determinação dessas ocupações gerou diversos conflitos diplomáticos entre essas potências. Por isso, com a intenção de resolver esses problemas e dividir de forma regulamentada as extensões africanas, foi proposta uma conferência internacional. Realizada entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, na Alemanha, e presidida pelo Chanceler do Império Alemão Otto Von Bismarck, a Conferência de Berlim se prolongou por três meses, com suas negociações feitas secretamente e envolvendo as nações imperialistas: Rússia, Dinamarca, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Espanha, França, Portugal, Bélgica, Itália, Holanda, Império Alemão, Noruega, Império Austro-Húngaro, Império Turco-Otomano e Suécia. Mesmo que nem todos esses países possuíam (ou passaram a possuir) colônias na África (como os Estados Unidos, por exemplo), seus interesses, mesmo que não adquiridos, em estabilizar tratados de comércio ou em conseguir partes do território africano motivaram suas participações. Apesar de os objetivos da Conferência de Berlim terem sido majoritariamente atingidos, várias desavenças foram geradas entre os países. A França e a Inglaterra, por exemplo, competiam pela primazia colonial, se esforçando intensamente a fim de conquistar o maior número possível de territórios naquele continente (e também na Ásia). Se por um lado, a Inglaterra, com sua esquadra naval poderosa, influenciava e coagia nas decisões das negociações, a França, diligenciava os tratados com os chefes das comunidades “tribais” no século XIX, argumentando dessa forma para expandir seus territórios. Em relação à Bélgica, o rei Leopoldo II, ao escolher para si um território de difícil acesso e insulado, ao centro do continente, com a intenção de possuir uma colônia, para que a Bélgica se intitulasse como uma nação imperialista, fez com que o Congo belga fizesse fronteira com diversas colônias de países distintos, o que futuramente geraria conflitos envolvendo esse país. Damos destaque, principalmente, a um momento apreensivo ocorrido durante a Conferência de Berlim, graças a um intento proposto por Portugal, que, através do nomeado Mapa Cor-de-Rosa, esboçou a intenção de realizar uma ligação entre Angola e Moçambique, com o objetivo de melhorar a comunicação entre tais colônias, tornando mais fácil o transporte e o comércio de produtos. Essa proposta foi uniformemente aprovada, exceto pela Inglaterra (que tinha a intenção de construir uma ligação ferroviária entre o Cairo e a África do Sul) que se opôs agressivamente e cominou, através de um ultimato (que passou a ser identificado como Ultimato Britânico de 1890) a declaração de uma guerra caso Portugal não revogasse o seu plano; esta reagiu de maneira pacifica, temendo retaliações, e desistiu da ideia. Também foi discutida, ao longo das reuniões, questões da dominação de certas regiões do Congo pelos belgas. Além disso, ratificou-se que os rios Congo e Níger seriam de navegação e práticas comerciais livres, passando a serem abertos a todos os países; tal como a proibição do comércio de armas de fogo e álcool, assim como o tráfico de escravos; a definição das áreas em que cada potência da Europa disporia do direito de efetivar a propriedade legal da terra; e a confirmação de que Leopoldo II, rei da Bélgica, passaria a ter a propriedade particular de um amplo território na África subsaariana (no qual passou a ser reconhecido como “Estado Livre do Congo”), que acabou deixando como herança para a Bélgica em seu testamento. Porém, a consequência mais clara foi a partição do território africano, ou seja, a delimitação de fronteiras “pertencentes” a cada país, entre as principais potências europeias. No início do século XX, as potências da Europa detinham diversas dominações africanas. A Grã Bretanha possuía colônias que transpassavam o continente, estendendo-se do norte (Sudão e Egito) ao sul (União Sul-Africana , atual África do Sul); a França dominou vastas áreas, na África Ocidental, no norte, Madagascar e algumas ilhas no Oceano Índico; Portugal permaneceu com suas colônias de São Tomé e Príncipe, Guiné, Cabo Verde, Moçambique e Angola; a Espanha manteve-se com suas colônias na costa ocidental africana e no norte; a Alemanha obteve territórios na costa Índica (atuais Quênia, Tanzânia, Burundi e Ruanda), e na costa Atlântica (atuais Camarões e Namíbia); Itália realizou sua ocupação na Somália e na Eritreia. Também tentou estabelecer-se na Etiópia, apesar de ter sido derrotada; e a Bélgica manteve seu controle no centro do continente(área correspondente ao Congo e Ruanda). Porém, essa divisão não resolveu os conflitos de fronteiras entre potências imperialistas no continente africano, o que seria um dos motivos para a ocorrência da Primeira Guerra Mundial, ocorrida de 1914 à 1918. Práticas imperialistas no continente A ocupação da África pelas potencias europeias, ocorreu de forma acelerada, tal que, após aproximadamente quinze anos da Conferência de Berlim, a maioria das fronteiras já haviam sido formalizadas. Para realizar o domínio dos territórios, os europeus se valeram principalmente da força militar; graças aos movimentos de resistência realizados pelos povos africanos, que geraram guerras e conflitos militares de extrema violência e durante muitos anos, resultando em genocídios de diversos povos, como dos namáquas e dos hererós, que tiveram suas populações exterminadas no território pertencente a atual Namíbia, pelo povo alemão, intimamente pelas tropas ou de fome sede nos desertos para onde muitos foram expulsos. Outro exemplo violento foi à colonização do Congo Belga, onde os belgas estabeleceram uma dominação extremamente violenta, realizando, dentre outras práticas, a amputação de mãos nos trabalhadores que não cumprissem corretamente suas cotas trabalhistas; abusos, em especial na indústria de borracha e a efetiva escravização da população africana; descumprindo com as promessas feitas na Conferência de Berlim e promovendo a morte de milhares de nativos. Em outros casos, a dominação poderia ser feita por acordos entre líderes africanos e europeus. As únicas regiões africanas que obtiveram sucesso na resistência ao domínio imperialista foram a Etiópia e a Libéria. Como justificativa para esse “empoderamento’’ das regiões, os europeus argumentaram que realizariam uma missão civilizatória, que segundo estes, tinha o objetivo de acabar com a escravidão e, além disso, disseminar o cristianismo e levar os “privilégios” da civilização do Ocidente para populações da região , permitindo tornar suas tradições e modos de vida mais “civilizados”( porém, como já foi citado anteriormente, tinha reais interesses exploratórios intensos sobre o continente). Não esquecemos que, durante esse momento de dominação, alguns pensamentos e ideias, como o racismo, eurocentrismo e cientificismo estavam muito fortalecidas na Europa. Elas pregavam, basicamente, que alguns povos eram superiores aos outros, que foram julgados como ultrapassados. O darwinismo social (outra teoria muito famosa), por exemplo, surgiu da interpretação deturpada da teoria da seleção natural de Charles Darwin, o que fez com que a primazia econômica fosse uma justificativa para a subjugação de outros povos e nações, que caso não quisessem ser eliminados, precisariam adaptar-se as culturas “dominantes”. Por isso, a imposição cultural também foi uma forma de dominação do povo europeu, visto que a determinação da religião, das línguas e dos costumes, ou seja, de padrões culturais, além das formas de organização da politica, economia e educação, também podem ser consideradas formas de domínio. Também não devemos esquecer que as potências industriais, ao realizarem a divisão do continente, desconsideraram as fronteiras étnicas, linguísticas e culturas já antes estabelecidas. Com isso, as populações africanas se enfraqueceram culturalmente, graças ao desmembramento dos grupos que partilhavam a mesma religião e etnia, que se misturaram, resultando em uma grande instabilidade política e em inúmeros conflitos nos países da África. Outra forma de domínio das regiões africanas foi realizado por meio da expansão do meio técnico, com a implantação de ferrovias, sistemas de transporte e comunicação, visando auxiliar na transportação de matérias-primas e de produtos (mercadorias) para a Europa e para a África, respectivamente. Isso também assegurava o domínio e a administração dos territórios invadidos, pois para a construção e o funcionamento correto desses sistemas técnicos (futuramente), era necessário que as áreas fossem, de fato, ocupadas e “supervisionados”. As consequências do imperialismo O neocolonialismo africano trouxe diversas consequências para o continente e para as populações lá existentes. A divisão de fronteiras artificiais pelos europeus, por exemplo, já mencionada anteriormente, que desconsiderou totalmente as diferenças dos povos que já se estabeleciam ali (com organizações culturais e políticas próprias), misturando comunidades e etnias rivais; colaborou não só para o enfraquecimento da cultura nativa, mas também para o surgimento de diversos conflitos e guerras civis, gerando uma instabilidade política em alguns países africanos, que se estende até hoje. Um exemplo dentre os conflitos, caracterizado pela enorme violência, foi o genocídio em Ruanda, onde o ódio e a rivalidade entre as etnias dos povos tutsis e hutus, oriunda do período da colonização dos belgas, resultou, na década de 1990, na dizimação de um número enorme de pessoas. Também, não devemos esquecer que as potências colonizadoras impuseram aos nativos suas línguas, costumes, religião e suas formas de organizar a sociedade, além de uma nova mentalidade, semelhante a dos países já antes inseridos no modelo capitalista. Aliás, esta imposição cultural levou os países africanos a adquirirem hábitos de consumo, garantindo uma dependência destes em relação aos países industriais (que produziam mercadorias desejadas por suas colônias). A expansão do meio técnico, forma de dominação também já mencionada, provocou graves mudanças no estilo de vida e nos espaços antes conhecidos pelos nativos, sendo que muitas populações tradicionais tiveram de ser expulsas para a realização dessas instalações. Contudo, dentre outros fatores, o interesse desmesurado das potências europeias em extrair a maior quantidade de riquezas naturais possíveis (no qual os africanos não adquiriam nenhum benefício), visando sempre satisfazer o mercado externo, fez com que o desenvolvimento econômico interno da maior parte do território africano ficasse prejudicado. O imperialismo na África também foi a causa para muitos problemas sociais que permanecem até a atualidade, como a pobreza e a fome, abrigando em sua extensão diversos países subdesenvolvidos; também fez com que alguns dos países colonizados adquirissem dívidas externas com suas nações colonizadoras. A descolonização, ou seja, o processo no qual ocorreram às independências das colônias, nesse caso africanas, quanto às potências europeias, envolveu muitas guerras e ocorreu na segunda metade do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, quando a organização da África, realizada pelos países europeus, efetivamente se concluiu. A partir daí, os países passaram consolidar da maneira como os conhecemos atualmente. Conclusão Dessa forma, podemos concluir que o processo imperialista na África foi realizado violentamente, com consequências que vão além da imposição cultural realizada por colonialistas (capitalistas) que visavam sobretudo o lucro, empregando condições de trabalho desumanas as populações africanas, que se prejudicaram majoritariamente com esse processo, com países subdesenvolvidos, dificuldades politicas, pobreza e fome. A partir daquele momento, qualquer nova anexação deveria ocorrer a partir do envio de um documento avisando os demais governos imperialistas. https://www.suapesquisa.com/historia/imperialismo/imperialismo_africa.htm https://escolakids.uol.com.br/historia/imperialismo.htm https://www.infoescola.com/historia/conferencia-de-berlim/ https://www.todamateria.com.br/conferencia-de-berlim/ https://ensinarhistoriajoelza.com.br/a-conferencia-de-berlim-e-o-destino-da-africa/ https://www.infoescola.com/historia/partilha-da-africa/ https://www.coc.com.br/blog/soualuno/historia/o-que-foi-o-imperialismo-como-surgiu https://www.suapesquisa.com/historia/imperialismo/ https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/Ultimato-britanico.aspx