Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃOPROFISSIONAL EM SAÚDE NO HCPA Curso Técnico em Gerência em Saúde IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO LOCAL PARA UMA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NOS MOLDES DE ALMA-ATA Darlene Lopes Dulcecler Monticeli José Fransual Porto Alegre 2019 IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO LOCAL PARA UMA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NOS MOLDES DE ALMA-ATA Luceime Oliveira Nunes, Elen Rose Lodeiro Castanheira, Adriano Dias, Thais Fernanda Tortorelli, Patricia Rodrigues Sanine, Carolina Siqueira Mendonça, José Fernando Casquel Monti, Josiane Fernandes Lozigia Carrapato,Nádia Placideli e Maria Ines Battistella Nemes. Revista Panamericana de Salud Pública, Out. 2018, Volume 42 CONTEXTUALIZAÇÃO O presente artigo examina as características da gerência de unidades de Atenção Primária à Saúde (APS) em relação a coordenação do trabalho e a gestão municipal. Debate as implicações efetivas de serviços da APS baseados nas diretrizes e pressupostos do Sistema Único de Saúde (SUS) de maneira coerente com as proposições da Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde em Alma-Ata no Cazaquistão (antiga União Soviética), em setembro de 1978. Nesta conferência sobre os princípios das APS, definiu como chave para implementação de um sistema de saúde que promova o desenvolvimento social e a saúde como direito, maior efetividade e eficiência do sistema. OBJETIVO Tem por objetivo descrever as características da gerência das unidades de Atenção primária à Saúde e o perfil dos gerentes e discutir as implicações desses elementos para efetivação dos pressupostos do Sistema Único de Saúde no Brasil, de forma coerente com as proposições de Alma-Ata. O presente estudo específica os atributos da gerência de unidades de APS em relação às coordenação do trabalho e à gestão municipal e discute suas implicações para a efetivação dos serviços de APS baseados nas diretrizes e pressupostos do SUS. METODOLOGIA Os métodos utilizados para realização do presente estudo foram descritivo, quantitativo e transversal, utilizou dados sobre gerência obtidos pela aplicação do Questionário de Avaliação de Qualidade de Serviços de Atenção Básica (QualiAB) e pela ficha de cadastro dos gerentes das UBS. O QualiAB foi aplicado entre outubro e dezembro de 2014, com adesão voluntária. Participaram do estudo 157 UBS, localizadas em 41 municípios do estado de São Paulo. O QualiAB é um instrumento estruturado, de auto resposta, preenchido via web, que objetiva avaliar a qualidade organizacional dos serviços de APS. No artigo foram analisadas 31 questões sobre gerência, em aspecto local como da gerência municipal. PRINCIPAIS TÓPICOS ABORDADOS Características gerais dos serviços Das 157 unidades participantes, 136 eram diretamente vinculadas à gestão municipal e 17 prestavam serviços por meio de contratos de gestão com Organizações Sociais/ Fundações. O período de funcionamento das UBS: 114 todas as manhãs e tardes; 12 todas as manhãs, tardes e noites; 31 funcionavam apenas um dos períodos. Perfil dos gerentes ou responsáveis Quase 80% dos gerentes eram enfermeiros e desempenhavam múltiplas ações, não desenvolvendo dedicação exclusiva a gerência. Interface entre a gestão municipal e o gerenciamento local A ligação entre a gerência das UBS e a gestão municipal se dava principalmente por meio de reuniões agendadas de acordo com o surgimento dos problemas em 68 unidades, ou por meio de reuniões periódicas em 63 unidades, oito unidades não possuíam nenhum mecanismo de articulação com o nível municipal. PRINCIPAIS TÓPICOS ABORDADOS Acesso e composição da rede de atenção O tempo médio de espera entre o encaminhamento e a consulta para especialidades nos serviços de referência era de 1 a 3 meses. Investimento em formação continuada - matriciamento e oportunidades de formação O matriciamento, ou seja, supervisão técnica como forma de educação permanente, era feito em 26 unidades pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família ( NASF) em 49 unidades por equipe multiprofissional externa à unidade; 60 unidades não contavam com nenhum tipo de matriciamento. Gerenciamento local e coordenação do trabalho Quanto à periodicidade das reuniões de equipe 60 unidades semanalmente, 39 mensalmente e 23 informaram ausência de periodicidade. Os principais obstáculos citados para desempenho na UBS: falta de recursos humanos; excesso de demanda; falta de contrarreferência dos serviços especializados; inadequação do espaço físico; inadequação da postura dos usuários. PRINCIPAIS TÓPICOS ABORDADOS Planejamento e avaliação A definição da área de abrangência das unidades era feita de modo centralizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e com base em critérios administrativos em 76 unidades; por processo participativo em 47. Não possuíam definição de área de abrangência 22 unidades. As avaliações foram com base no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) e pelo QualiAB. Os principais desdobramentos induzidos por processos de avaliação : planejamento e reprogramação das atividades com participação da equipe multiprofissional em 40 unidades e definição de um plano anual de atividades das unidades em 38. Não obtiveram resultados das avaliações 29 unidades. Referente às modificações induzidas pelas avaliações, 82 unidades obtiveram mudanças no gerenciamento e organização da assistência e 21 não realizaram mudanças. Organização do fluxo assistencial O gerenciamento do fluxo assistencial priorizou questões relacionadas à organização de estratégias de agendamento, de atendimento à demanda espontânea e medidas que viabilizam ações de vigilância em saúde. CONCLUSÃO Conforme o assunto abordado, foi observado que algumas das proposições de Alma-Ata relativas a descentralização da gestão, planejamento, avaliação, financiamento e uso de tecnologias, continuam como desafios para os sistemas nacionais de saúde. Uma vez que a maioria dos gerentes nas UBS são formados em enfermagem, mesmo esta formação contemplar conteúdos de administração, estes não são suficientes para preparar os profissionais para a complexidade de gerenciar serviços de APS. Acrescida à falta de formação específica para função, existe a multiplicidade de tarefas reconhecidas pelo gerente enfermeiro comprometendo a efetividade do trabalho de gestão. De forma, que há necessidade de ampliar a formação dos gerentes em temáticas relacionadas aos campos da administração, epidemiologia e metodologia operacional. Por serem a principal porta de entrada do SUS as UBS, devem acolher, fortalecer o vínculo e possibilitar um cuidado com longitudinalidade. Com base no artigo, atualmente há necessidade de reinvestir na formação de gestores, a fim de se ter estratégia para o desenvolvimento de processos de trabalho coesos com os princípios de uma APS integral e com capacidade de dar respostas às necessidades. A gerência da UBS precisa ter apoio técnico e político da gestão municipal para poder articular os recursos em prol das necessidades. COMENTÁRIO CRÍTICO No artigo podemos observar que os autores averiguaram a importância da gerência nas APS e se estas estão de acordo com as proposições Alma- Ata. Com base na avaliação aplicada com as unidades analisadas , as quais incorporam os aspectos de gerenciamento. Por ser uma participação voluntária a resposta ao questionário, das 451 UBS existentes na época da avaliação, apenas 157 aderiram a pesquisa. Destas 141 eram gerenciadas por mulheres, onde a maioria são profissionais com formação em enfermagem, que desempenham múltiplas ações, de forma que não se dedicavam exclusivamente ao cargo. Visto que as UBS são a porta de entrada do SUS, se faz necessário obter qualificação dos profissionais e do serviço prestado. O gerente sendo profissional formado na área específica, trará uma melhor atuaçãopara resolver os problemas existentes e coordenar a UBS com trabalho coerente com os princípios da PNAB e será capaz de promover a saúde conforme as proposições de Alma-Ata. COMENTÁRIO CRÍTICO Característica dos gerentes de 157 unidades básicas de saúde em 41 municípios. CARACTERÍSTICAS Nº % SEXO:FEMINIMO/ MASCULINO F 141/ M16 F 89,8 /M10,2 PROFISSIONAIS QUE EXERCE A GERÊNCIA DAUNIDADE ENFERMEIRO 124 79 OUTRO 17 10,8 SECRETÁRIO MÚNICIPAL DE SAÚDE 8 5,1 ASSISTENTE SOCIAL 6 3,9 MÉDICO 1 0,6 UNIDADE NÃO POSSUÍGERENTE 1 0,6 FORMAÇÃO DOS GERENTES QUE RESPONDEM “OUTROS” TÉCNICO DE ENFERMAGEM 2 23,5 AUXILIAR DE ENFERMAGEM 4 23,5 REFERÊNCIAS Nunes LO, Castanheira ERL, Dias A, Zarili TFT, Sanine RR, Mendonça CS, et al. Importância do gerenciamento local para uma atenção primária à saúde nos moldes de Alma-Ata. Rev Panam Salud Publica. 2018;42:e 175. https://doi.org/10.26633/RPSP.2018.175
Compartilhar