Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAPÍTULO 1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender o conceito e defi nição da Educação Ambiental. Defi nir a questão da construção da Educação Ambiental como política pública no Brasil. Analisar a participação do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) na implementação da Educação Ambiental. 10 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 10 11 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA 11 Capítulo 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Na disciplina de Fundamentos da Educação Ambiental, no capítulo 4, você teve a oportunidade de entender como aconteceu o surgimento da Educação Ambiental (EA), bem como conhecer seus conceitos e princípios. Nesta disciplina, que traz a questão da Inserção Curricular da EA e a Formação de Professores, o capítulo 1 fará um resgate rápido de alguns conceitos importantes para, assim, inserir-lhe no processo de implementação da EA como política pública. A contextualização do processo de implementação da EA no Brasil será tratada do ponto de vista da legislação sobre a EA e da atuação dos Ministérios da Educação e do Meio Ambiente para que você possa conhecer, analisar e avaliar as práticas implantadas. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: RETOMANDO CONCEITOS Atualmente temos presenciado uma interferência acentuada do homem sobre os ecossistemas. As agressões ao meio ambiente vão desde a contaminação dos recursos hídricos, passando pela poluição atmosférica excessiva, gerando mudanças climáticas, até a destruição de áreas extensas de vegetação, por exemplo. Dessa forma, é evidente a emergência de um processo de conscientização e de mudança de comportamento por parte da humanidade quando se trata de utilização dos recursos naturais. A Educação Ambiental (EA), seja ela formal, não formal ou informal, é uma forma de educação que procura atingir se não toda, mas grande parte da população, por meio de um processo pedagógico participativo e permanente. Nesse contexto, a EA busca não somente conscientizar as pessoas sobre os problemas ambientais, mas também fazer com que elas entendam sua origem e evolução. Assim, os problemas ambientais e, por consequência a EA, não podem ser tratados de forma isolada e local, é necessário que conheçamos os caminhos trilhados pela EA no Brasil e no mundo. O ponto inicial de interesse pela EA foi a Conferência de Estocolmo (1972) – Conferência de Organização das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano - em que se percebeu que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais. Segundo Dias (1993, p. 22) “A conferência de Estocolmo, ao reconhecer a importância da EA em trazer assuntos ambientais para o público em geral, recomendou o treinamento de professores e o desenvolvimento de novos recursos instrucionais e métodos”. Assim, nascia É evidente a emergência de um processo de conscientização e de mudança de comportamento por parte da humanidade quando se trata de utilização dos recursos naturais. O ponto inicial de interesse pela EA foi a Conferência de Estocolmo (1972) – Conferência de Organização das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano - em que se percebeu que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais. 12 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 12 não só o interesse pela área, como também o termo Educação Ambiental, tão amplamente difundido nos dias de hoje. A partir de Estocolmo, pode ser evidenciado um aumento considerável nos programas ambientais em diversos países, assim como o debate em torno da EA ganhou status de assunto ofi cial e estratégico na pauta dos governos e dos organismos internacionais. (TREVISOL, 2003). Você se lembra de outros eventos internacionais que apontaram a EA como estratégia de preservação dos recursos naturais? Releia o capítulo 4 da disciplina de Fundamentos da Educação Ambiental. Nele foram destacadas as conferências internacionais sobre o meio ambiente, como a Conferência de Belgrado, de Tbilisi e de Moscou. Boa leitura! Lembre-se de que a Conferência de Tbilisi é considerada um dos principais eventos sobre a EA do planeta. Esta foi o ponto de partida para precisar a natureza da EA, defi nindo seus objetivos e suas características, bem como as estratégias pertinentes ao plano nacional e internacional da EA. A EA pode ser defi nida de várias formas, conforme você viu na disciplina de Fundamentos da Educação Ambiental. De acordo com o Art. 1º, da Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, entende-se por EA: Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. A partir desse conceito, podemos perceber que NATUREZA – EDUCAÇÃO – SOCIEDADE estão intimamente conectadas para o estabelecimento de um processo concreto de EA. O que veremos na sequência é que a consolidação e a institucionalização da Política Nacional de EA surgem em virtude da crise ambiental. Portanto, é necessário que nós, atores sociais, tenhamos conhecimento sobre as leis que regem as políticas públicas voltadas à promoção da EA. De acordo com o Art. 1º, da Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, entende-se por EA: Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. 13 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA 13 Capítulo 1 Atividade de estudo: Em sua opinião, por que a EA é considerada um grande desafi o na atualidade? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL A Conferência de Estocolmo, que acabamos de mencionar no tópico anterior, iniciou de forma indireta o processo de implementação da Educação Ambiental (EA) no Brasil. Por meio de pressões do Banco Mundial e de Instituições Ambientalistas sobre o governo federal foi criada, em 1973, a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), hoje já extinta, vinculada ao Ministério do Interior. A SEMA estabeleceu, como parte de suas atribuições: [...] o esclarecimento e a educação do povo brasileiro para o uso adequado dos recursos naturais, tendo em vista a conservação do meio ambiente, [...] responsável pela capacitação de recursos humanos e sensibilização inicial da sociedade para as questões ambientais. (BRASIL, 2005, p. 22). Vamos, a partir de agora, destacar alguns dos principais acontecimentos e leis que buscaram consolidar a implementação da EA no Brasil como política pública. Para entendermos a EA como política pública, antes de abordarmos questões como a sua inserção nos planos de governo e suas aplicações nas áreas da educação formal e informal, vamos brevemente conceituar o termo "política pública". A palavra política origina-se dogrego e signifi ca limite. O resgate desse signifi cado, como limite, talvez nos ajude a entender o verdadeiro signifi cado da política, que é a arte de defi nir os limites, ou seja, o que é o bem comum. (GONÇALVES apud SORRENTINO et al., 2005). 14 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 14 Inicialmente polis era o nome dado ao muro que delimitava a cidade do campo e só depois se passou a designar polis o que estava contido no interior dos limites no muro. (SORRENTINO et al., 2005). Assim, a EA como política pública surge como um processo educacional que tem por objetivo levar o conhecimento ambiental para a população de forma concreta, baseada em valores éticos e nas regras políticas. A partir disso, estipulam-se limites entre as relações sociedade-natureza para que ocorra uma apropriação racional e responsável dos recursos naturais. A EA foi formalmente instituída no Brasil em 31 de agosto de 1981, quando foi criada a lei nº 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Através dela se estabeleceu a inclusão da EA em todos os níveis de ensino, incluindo a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente, sendo um marco histórico na institucionalização de defesa da qualidade ambiental no Brasil. Ferreira (2008, p. 10) destaca que: “[...] no contexto legal essa foi uma das primeiras citações inserida nos princípios de uma lei federal que versa sobre a importância da EA como componente fundamental para promoção da educação e conscientização ambiental no Brasil”. Até então, pouco se havia feito no Brasil sobre EA. Poucas tentativas de produção e edição de materiais e cursos oferecidos para alguns profi ssionais como capacitação. Reforçando a ideia de implementação da EA como política pública, o termo foi citado na Constituição Brasileira de 1988 (Capítulo VI, do Meio Ambiente, Art. 225, parágrafo 1º, inciso VI). Segundo ela, cabe ao Poder Público “[...] promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Outras medidas foram tomadas nos anos seguintes, como, por exemplo, a criação de órgãos públicos diretamente ligados ao meio ambiente. Elas também contribuíram para a difusão e o aprimoramento da EA. Veja alguns exemplos: • A Lei nº 7.735 de 22 de fevereiro de 1989, cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA - e dá outras providências. • A Lei nº 7.797 de 10 de julho de 1989, cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente e dá outras providências. Segundo o Art. 5º dessa lei, serão consideradas prioritárias as aplicações de recursos fi nanceiros em projetos em diferentes áreas, incluindo a Educação Ambiental. A EA foi formalmente instituída no Brasil em 31 de agosto de 1981, quando foi criada a lei nº 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). . Reforçando a ideia de implementação da EA como política pública, o termo foi citado na Constituição Brasileira de 1988 (Capítulo VI, do Meio Ambiente, Art. 225, parágrafo 1º, inciso VI). Segundo ela, cabe ao Poder Público “[...] promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. 15 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA 15 Capítulo 1 O Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2009) criado em 1992, surge com a missão de promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, a proteção e a recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos recursos naturais, a valorização dos serviços ambientais e a inserção do desenvolvimento sustentável na formulação e na implementação de políticas públicas, de forma transversal e compartilhada, participativa e democrática, em todos os níveis e instâncias de governo e sociedade. No âmbito do MMA, é criada a Diretoria de Educação Ambiental. E, em julho desse mesmo ano, o IBAMA instituiu os Núcleos de Educação Ambiental em todas as suas superintendências estaduais, visando operacionalizar as ações educativas no processo de gestão ambiental na esfera estadual. Conforme você deve recordar, a segunda Conferência sobre o meio ambiente aconteceu no Brasil, em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, e fi cou conhecida como a Eco-92 ou Rio-92. A partir disso, o país se obrigou a tomar atitudes mais concretas com relação ao tema e, em 1994, foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA - uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura – MEC - com outros ministérios, como o do Meio Ambiente - MMA. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2005, p. 25): “O ProNEA previu três componentes: (a) capacitação de gestores e educadores, (b) desenvolvimento de ações educativas, e (c) desenvolvimento de instrumentos e metodologias, contemplando sete linhas de ação: • Educação ambiental por meio do ensino formal. • Educação no processo de gestão ambiental. • Campanhas de educação ambiental para usuários de recursos naturais. • Cooperação com meios de comunicação e comunicadores sociais. • Articulação e integração comunitária. • Articulação intra e interinstitucional. • Rede de centros especializados em educação ambiental em todos os estados. Este Programa Nacional de Educação Ambiental foi fundamental para que em 27 de abril de 1999 fosse criada a Lei n.° 9.795, que dispõe sobre a EA, institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e dá outras providências. Segundo o Art. 2º dessa lei, “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal". A lei federal foi depois regulamentada pelo decreto 4281/02. A partir disso, o país se obrigou a tomar atitudes mais concretas com relação ao tema e, em 1994, foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA - uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura – MEC - com outros ministérios, como o do Meio Ambiente - MMA. Este Programa Nacional de Educação Ambiental foi fundamental para que em 27 de abril de 1999 fosse criada a Lei n.° 9.795, que dispõe sobre a EA, institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). 16 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 16 Os princípios básicos e os objetivos fundamentais da EA estão descritos nos Art. 4º respectivamente, dai Lei n.° 9.795. Veja o que eles dizem na transcrição a seguir: Princípios básicos da EA: I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. Objetivos Fundamentais da EA: I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científi cos, culturais e éticos; II - a garantia de democratização das informações ambientais; III - o estímuloe o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; 17 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA 17 Capítulo 1 V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. Você pode acessar a Lei n.° 9.795, no site a seguir: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9795.htm Portanto, foi a partir dos anos 1990 que a EA no Brasil ganhou força. Nesta década, começaram a ocorrer os primeiros encontros nacionais sobre EA, como, por exemplo, os Fóruns de EA (I, II e III) e muitos outros encontros regionais e locais espalhados pelo país. Em 2007, foi elaborada a Lei n.º 11.516, de 28 de agosto, que cria o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), tendo como principal fi nalidade fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e de educação ambiental nas Unidades de Conservação da Natureza, previstas na Lei Federal 9985/00. Esta última lei institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), o qual tem como um de seus objetivos favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico (Capítulo II, Art. 4º, inciso XII). Se você quiser aprofundar suas leituras em relação à história da EA no Brasil deste o século XIX, com a criação do Jardim Botânico no Rio de Janeiro em 1808, até a Consulta Pública do ProNEA (Programa Nacional de Educação Ambiental), que reuniu contribuições de mais de 800 educadores ambientais do país em setembro de 2004, acesse: http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./educacao/ index.php3&conteudo=./educacao/hist_br.html. Portanto, foi a partir dos anos 1990 que a EA no Brasil ganhou força. Nesta década, começaram a ocorrer os primeiros encontros nacionais sobre EA. 18 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 18 Atividade de estudo Na sua opinião, qual foi o evento e/ou lei mais importante para a consolidação da EA como política pública? Justifi que sua resposta. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC E A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL No tópico anterior, abordamos a implementação e a institucionalização da EA no Brasil por meio das principais leis, apresentando uma rápida cronologia sobre elas. Neste tópico, vamos analisar a participação do MEC no processo de implementação da EA como política pública. Para Guimarães (2000, p. 19), “A palavra ambiental, da expressão Educação Ambiental (EA), apenas objetiva e qualifi ca um processo amplo que é o processo educacional”. Assim, quando se instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente, em 1981 (Lei nº 6.938) e, posteriormente, a Política Nacional de EA, em 1999 (Lei n° 9.795), ambas dispondo sobre a inclusão da EA em todos os níveis de ensino, iniciou-se um processo de construção de estratégias para a implantação da EA no ensino formal e na formação dos professores. Você terá a oportunidade de estudar, no terceiro capítulo deste caderno, a “Formação Continuada e a Interdisciplinaridade na Educação Ambiental”. No capítulo indicado, serão abordadas questões como a formação de professores no Brasil, a interdisciplinaridade e a EA. Ainda no ano de 1985, através do parecer nº 819/85, o MEC apresentou a necessidade de inclusão de conteúdos ecológicos, no ensino Fundamental e Médio, para possibilitar a formação da consciência ecológica do futuro cidadão. (FLORIANO, 2006). Porém, conforme já mencionado, foi na década de 1990 que ocorreram os principais programas e projetos voltados à consolidação da EA. Para Guimarães (2000, p. 19), “A palavra ambiental, da expressão Educação Ambiental (EA), apenas objetiva e qualifi ca um processo amplo que é o processo educacional”. 19 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA 19 Capítulo 1 Em 14 de maio de 1991, o MEC determinou, por meio da Portaria 678/91, que todos os níveis de ensino deveriam abordar conceitos relativos à EA e foi enfatizada a necessidade de investir na capacitação de professores. E, pensando na Conferência da ONU sobre Ambiente e Desenvolvimento que aconteceria no ano seguinte no Brasil, o MEC instituiu, através da Portaria 2421/91, em caráter permanente, um Grupo de Trabalho de EA (GT-EA). Este grupo tinha como objetivo defi nir as metas e as estratégias para a implantação da EA no país com as Secretarias Estaduais de Educação e elaborar a proposta de atuação do MEC na área da educação formal e não-formal. (FLORIANO, 2006). Passada a Rio-92, o GT-EA, criado em 1991, transforma-se em Coordenação de EA (CEA). Esta coordenação foi instituída pela portaria 773/93 do MEC, concretizando as recomendações aprovadas na RIO-92. (FLORIANO, 2006). No tópico anterior, você viu que, em 1994, foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA). Este programa foi proposto pelos Ministérios da Educação e do Meio Ambiente e gerou uma parceria entre vários outros ministérios e instituições da sociedade. O objetivo principal do ProNEA era capacitar o sistema de educação em seus diversos níveis e modalidades. Dando sequência aos principais fatos relacionados à participação do MEC na consolidação da EA, chegamos à publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental em 1997. Segundo esta publicação, um dos objetivos do ensino fundamental é que, ao concluí- lo, o aluno seja capaz de “perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identifi cando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente.” (BRASIL, 2000). Assim, a EA é trazida na condição de tema transversal e vem sendo incluída nos currículos a partir desta perspectiva: “[...] o trabalho em Educação Ambiental deve ser desenvolvido a fi m de ajudar os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio para que possam assumir posições afi nadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria”. (BRASIL, 2000). Em 14 de maio de 1991, o MEC determinou, por meio da Portaria 678/91, que todos os níveis de ensino deveriam abordar conceitos relativos à EA e foi enfatizada a necessidade de investir na capacitação de professores. Dando sequência aos principais fatos relacionados à participação do MEC na consolidação da EA, chegamos à publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)para o Ensino Fundamental em 1997. Assim, a EA é trazida na condição de tema transversal e vem sendo incluída nos currículos a partir desta perspectiva: “[...] o trabalho em Educação Ambiental deve ser desenvolvido a fi m de ajudar os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio para que possam assumir posições afi nadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria”. (BRASIL, 2000). 20 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 20 No segundo capítulo deste caderno, você voltará a este assunto, estudando com mais detalhes os PCN e a EA. Vamos voltar novamente ao tópico anterior e recordar que em 1999 foi criada a Lei nº 9.795/99, que trouxe a Política Nacional do Meio Ambiente. Nesse mesmo ano, o MEC, por meio da Portaria 1648/99, criou o Grupo de Trabalho com representantes de todas as suas Secretarias para discutir a regulamentação da referida lei. Ainda nesse ano, o MEC criou o programa “PCN em Ação”, e o meio ambiente foi defi nido como um dos temas transversais a serem trabalhados no ano de 2000 pela Educação Nacional. (FLORIANO, 2006). De acordo com o site do MEC (2009), em julho de 2004, foi criada a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD). Nela estão reunidos, além de outros temas como alfabetização e educação de jovens e adultos, a educação ambiental, temas antes distribuídos em outras secretarias. Assim, a Coordenação Geral de EA foi alocada na SECAD cujo objetivo é contribuir para a redução das desigualdades educacionais por meio da participação de todos os cidadãos em políticas públicas que assegurem a ampliação do acesso à educação. Uma grande parte dos Estados brasileiros já possui ou está elaborando sua política de educação ambiental e seus programas para desenvolvimento do tema, segundo informações da coordenadora geral de Educação Ambiental do Ministério da Educação, Rachel Trajber (apud SCHENINI; ALMEIDA, 2009). Além disso: A oferta de educação ambiental no Brasil cresceu, bem como o número de estudantes benefi ciados por ela. Dados do Censo da Educação Básica revelam que, em 2001, apenas três estados ofereciam educação ambiental em mais de 90% de suas instituições. Em 2004, esta oferta chegou à maioria dos estados brasileiros. O número de crianças matriculadas com acesso à educação ambiental também passou de 25,3 milhões, em 2001, para 32,3 milhões, em 2004. (SCHENINI; ALMEIDA, 2009). O MEC, em virtude do seu compromisso com a educação de uma maneira geral, vem promovendo alguns eventos relacionados à temática ambiental. Um exemplo disso é a Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, uma iniciativa do MEC e do MMA que já contou com três edições, a saber: 2003, 2006 e 2009. “Na última edição, realizada em abril deste ano [2009], na cidade de Luziânia (GO), o evento contou com a participação de quase 4 milhões de pessoas, representando mais de 11 instituições de ensino fundamental.” (SCHENINI; ALMEIDA, 2009). A oferta de educação ambiental no Brasil cresceu, bem como o número de estudantes benefi ciados por ela. 21 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA 21 Capítulo 1 Como você deve ter percebido, o envolvimento do MEC na promoção e na institucionalização da EA foi de extrema importância. Através de suas portarias e iniciativas em promover programas de apoio e incentivo à EA, encontros, fóruns, conferências e tantos outros, tornou o tema amplamente divulgado no contexto educacional. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, relembramos os principais eventos internacionais que foram as forças propulsoras do movimento ambiental em todo mundo e vimos os pontos fundamentais para a institucionalização da EA no Brasil. Podemos perceber que o uso indiscriminado dos recursos naturais, a prepotência e a arrogância com que o homem lidou e vem lidando com o meio ambiente, fazem da EA uma estratégia de caráter emergente. As leis que estipulam multas e outras formas de punição para quem pratica algum tipo de crime ambiental não foram sufi cientes para desacelerar o processo de destruição. Assim, podemos considerar que é necessário o processo educativo, por meio da EA, para formar pessoas conscientes de seus direitos e deveres perante o coletivo. Conforme o Leo já lhe informou, no capítulo a seguir, você vai aprofundar seus conhecimentos com relação aos Parâmetros Curriculares Nacionais. A partir dele, você conhecerá a EA no contexto escolar e compreenderá a relação entre a escola, os PCN e a EA. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa Nacional de Educação Ambiental - ProNEA. Diretoria de Educação Ambiental, Ministério da Educação. Coordenação Geral de Educação Ambiental. 3. ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. ______. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente e saúde. Secretaria de Educação Fundamental. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. ______. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fi ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 2 set. 1981.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L6938.HTM>. Acesso em: 20 maio 2009. 22 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 22 ______. Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. Cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e dá outras providências. Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 23 fev. 1989. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L7735.htm>. Acesso em: 20 maio 2009. ______. Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989. Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente e dá outras providências. Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 11 jul. 1989. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L7797.htm>. Acesso em: 20 maio 2009. ______. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 27 abr. 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L9795.htm>. Acesso em: 20 maio 2009. ______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao. htm>. Acesso em: 20 maio 2009. ______. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. . Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 19 jul. 2000. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil/leis/L9985.htm>. . Acesso em: 02 jun. 2009. ______. Lei nº 11.516, 28 de agosto de 2007. Dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes e dá outras providências. Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 28 ago. 2007. Disponível em:<<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2007/Lei/L11516.htm>. Acesso em: 20 maio 2009. DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 2. ed. São Paulo: Gaia, 1993. GUIMARÃES, M. Educação ambiental: no consenso um debate. Campinas, São Paulo: Papirus, 2000. FERREIRA, A. T. A Educação ambiental na década de 90 no Brasil: aspectos preliminares sobre políticas públicas, comunicação e cidadania. In: IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul, maio 2008. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2008/ resumos/R10-0114-1.pdf>. Acesso em: 22 maio 2009. 23 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA PÚBLICA 23 Capítulo 1 FLORIANO, E. P. Educaçãoambiental como eixo transversal do processo de ensino-aprendizagem. Santa Rosa: Ambiente Inteiro, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id =290&Itemid=357>. Acesso em: 21 maio 2009. MMA. O Ministério. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index. php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=88>. Acesso em: 20 maio 2009. SCHENINI, F; ALMEIDA, R. MEC sugere ao CNE diretrizes para o meio ambiente. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/journalContent. action?editionId=20&categoryId=1>. Acesso em: 22 maio 2009. SORRENTINO, M. et al. Educação ambiental como política pública. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 285-299, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n2/a10v31n2.pdf>. Acesso em: 22 maio 2009. TREVISOL, J. V. A educação ambiental em uma sociedade de risco: tarefas e desafi os na construção da sustentabilidade. Joaçaba: UNOESC, 2003. 24 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 24
Compartilhar