Buscar

cap_1_(9-24)

Prévia do material em texto

CAPÍTULO 1
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA 
PÚBLICA 
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
  Compreender o conceito e defi nição da Educação Ambiental.
  Defi nir a questão da construção da Educação Ambiental como política pública no 
 Brasil.
  Analisar a participação do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e do Ministério 
do Meio Ambiente (MMA) na implementação da Educação Ambiental.
10
 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 
10
11
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA 
PÚBLICA 
11
 Capítulo 1 
CONTEXTUALIZAÇÃO
Na disciplina de Fundamentos da Educação Ambiental, no capítulo 4, você 
teve a oportunidade de entender como aconteceu o surgimento da Educação 
Ambiental (EA), bem como conhecer seus conceitos e princípios. 
Nesta disciplina, que traz a questão da Inserção Curricular da EA e 
a Formação de Professores, o capítulo 1 fará um resgate rápido de alguns 
conceitos importantes para, assim, inserir-lhe no processo de implementação 
da EA como política pública.
A contextualização do processo de implementação da EA no Brasil será 
tratada do ponto de vista da legislação sobre a EA e da atuação dos Ministérios 
da Educação e do Meio Ambiente para que você possa conhecer, analisar e 
avaliar as práticas implantadas. 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: RETOMANDO CONCEITOS
 Atualmente temos presenciado uma interferência acentuada do homem 
sobre os ecossistemas. As agressões ao meio ambiente vão desde a 
contaminação dos recursos hídricos, passando pela poluição atmosférica 
excessiva, gerando mudanças climáticas, até a destruição de áreas extensas 
de vegetação, por exemplo. Dessa forma, é evidente a emergência de um 
processo de conscientização e de mudança de comportamento por parte da 
humanidade quando se trata de utilização dos recursos naturais. 
 A Educação Ambiental (EA), seja ela formal, não formal ou informal, é 
uma forma de educação que procura atingir se não toda, mas grande parte da 
população, por meio de um processo pedagógico participativo e permanente. 
Nesse contexto, a EA busca não somente conscientizar as pessoas sobre os 
problemas ambientais, mas também fazer com que elas entendam sua origem 
e evolução. Assim, os problemas ambientais e, por consequência a EA, não 
podem ser tratados de forma isolada e local, é necessário que conheçamos os 
caminhos trilhados pela EA no Brasil e no mundo. 
 O ponto inicial de interesse pela EA foi a Conferência de Estocolmo 
(1972) – Conferência de Organização das Nações Unidas sobre o Ambiente 
Humano - em que se percebeu que se deve educar o cidadão para a solução 
dos problemas ambientais. Segundo Dias (1993, p. 22) “A conferência de 
Estocolmo, ao reconhecer a importância da EA em trazer assuntos ambientais 
para o público em geral, recomendou o treinamento de professores e o 
desenvolvimento de novos recursos instrucionais e métodos”. Assim, nascia 
É evidente a emergência 
de um processo de 
conscientização 
e de mudança de 
comportamento por 
parte da humanidade 
quando se trata de 
utilização dos recursos 
naturais.
O ponto inicial de 
interesse pela EA 
foi a Conferência de 
Estocolmo (1972) 
– Conferência de 
Organização das 
Nações Unidas sobre o 
Ambiente Humano - em 
que se percebeu que se 
deve educar o cidadão 
para a solução dos 
problemas ambientais. 
12
 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 
12
não só o interesse pela área, como também o termo Educação Ambiental, tão 
amplamente difundido nos dias de hoje.
 A partir de Estocolmo, pode ser evidenciado um aumento considerável 
nos programas ambientais em diversos países, assim como o debate em torno 
da EA ganhou status de assunto ofi cial e estratégico na pauta dos governos e 
dos organismos internacionais. (TREVISOL, 2003).
Você se lembra de outros eventos internacionais que apontaram a EA 
como estratégia de preservação dos recursos naturais? Releia o capítulo 4 da 
disciplina de Fundamentos da Educação Ambiental. Nele foram destacadas as 
conferências internacionais sobre o meio ambiente, como a Conferência de 
Belgrado, de Tbilisi e de Moscou. Boa leitura!
Lembre-se de que a Conferência de Tbilisi é considerada um dos principais 
eventos sobre a EA do planeta. Esta foi o ponto de partida para precisar a 
natureza da EA, defi nindo seus objetivos e suas características, bem como as 
estratégias pertinentes ao plano nacional e internacional da EA.
A EA pode ser defi nida de várias formas, conforme você viu na disciplina 
de Fundamentos da Educação Ambiental. De acordo com o Art. 1º, da Lei n° 
9.795, de 27 de abril de 1999, entende-se por EA:
Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade 
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, 
atitudes e competências voltadas para a conservação do 
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à 
sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
A partir desse conceito, podemos perceber que NATUREZA – EDUCAÇÃO 
– SOCIEDADE estão intimamente conectadas para o estabelecimento de um 
processo concreto de EA. O que veremos na sequência é que a consolidação 
e a institucionalização da Política Nacional de EA surgem em virtude da 
crise ambiental. Portanto, é necessário que nós, atores sociais, tenhamos 
conhecimento sobre as leis que regem as políticas públicas voltadas à 
promoção da EA.
De acordo com o Art. 
1º, da Lei n° 9.795, de 
27 de abril de 1999, 
entende-se por EA:
Os processos por meio 
dos quais o indivíduo 
e a coletividade 
constroem valores 
sociais, conhecimentos, 
habilidades, atitudes e 
competências voltadas 
para a conservação 
do meio ambiente, 
bem de uso comum do 
povo, essencial à sadia 
qualidade de vida e sua 
sustentabilidade.
13
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA 
PÚBLICA 
13
 Capítulo 1 
Atividade de estudo:
Em sua opinião, por que a EA é considerada um grande desafi o na atualidade?
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
 A Conferência de Estocolmo, que acabamos de mencionar no tópico 
anterior, iniciou de forma indireta o processo de implementação da Educação 
Ambiental (EA) no Brasil. Por meio de pressões do Banco Mundial e de 
Instituições Ambientalistas sobre o governo federal foi criada, em 1973, a 
Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), hoje já extinta, vinculada ao 
Ministério do Interior. A SEMA estabeleceu, como parte de suas atribuições:
[...] o esclarecimento e a educação do povo brasileiro para 
o uso adequado dos recursos naturais, tendo em vista 
a conservação do meio ambiente, [...] responsável pela 
capacitação de recursos humanos e sensibilização inicial da 
sociedade para as questões ambientais. (BRASIL, 2005, p. 
22).
Vamos, a partir de agora, destacar alguns dos principais acontecimentos 
e leis que buscaram consolidar a implementação da EA no Brasil como política 
pública.
 Para entendermos a EA como política pública, antes de abordarmos 
questões como a sua inserção nos planos de governo e suas aplicações 
nas áreas da educação formal e informal, vamos brevemente conceituar 
o termo "política pública". A palavra política origina-se dogrego e signifi ca 
limite. O resgate desse signifi cado, como limite, talvez nos ajude a entender o 
verdadeiro signifi cado da política, que é a arte de defi nir os limites, ou seja, o 
que é o bem comum. (GONÇALVES apud SORRENTINO et al., 2005).
14
 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 
14
Inicialmente polis era o nome dado ao muro que delimitava a cidade do 
campo e só depois se passou a designar polis o que estava contido no interior 
dos limites no muro. (SORRENTINO et al., 2005).
Assim, a EA como política pública surge como um processo educacional 
que tem por objetivo levar o conhecimento ambiental para a população de 
forma concreta, baseada em valores éticos e nas regras políticas. A partir 
disso, estipulam-se limites entre as relações sociedade-natureza para que 
ocorra uma apropriação racional e responsável dos recursos naturais.
A EA foi formalmente instituída no Brasil em 31 de agosto de 1981, quando 
foi criada a lei nº 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente 
(PNMA). Através dela se estabeleceu a inclusão da EA em todos os níveis de 
ensino, incluindo a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para a 
participação ativa na defesa do meio ambiente, sendo um marco histórico na 
institucionalização de defesa da qualidade ambiental no Brasil. Ferreira (2008, 
p. 10) destaca que: “[...] no contexto legal essa foi uma das primeiras citações 
inserida nos princípios de uma lei federal que versa sobre a importância da EA 
como componente fundamental para promoção da educação e conscientização 
ambiental no Brasil”.
 Até então, pouco se havia feito no Brasil sobre EA. Poucas tentativas de 
produção e edição de materiais e cursos oferecidos para alguns profi ssionais 
como capacitação. Reforçando a ideia de implementação da EA como política 
pública, o termo foi citado na Constituição Brasileira de 1988 (Capítulo VI, do 
Meio Ambiente, Art. 225, parágrafo 1º, inciso VI). Segundo ela, cabe ao Poder 
Público “[...] promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.
Outras medidas foram tomadas nos anos seguintes, como, por exemplo, 
a criação de órgãos públicos diretamente ligados ao meio ambiente. Elas 
também contribuíram para a difusão e o aprimoramento da EA. Veja alguns 
exemplos:
• A Lei nº 7.735 de 22 de fevereiro de 1989, cria o Instituto Brasileiro do 
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA - e dá outras 
providências.
• A Lei nº 7.797 de 10 de julho de 1989, cria o Fundo Nacional de Meio 
Ambiente e dá outras providências. Segundo o Art. 5º dessa lei, serão 
consideradas prioritárias as aplicações de recursos fi nanceiros em projetos 
em diferentes áreas, incluindo a Educação Ambiental.
A EA foi formalmente 
instituída no Brasil em 
31 de agosto de 1981, 
quando foi criada a lei nº 
6.938, que dispõe sobre 
a Política Nacional do 
Meio Ambiente (PNMA). 
. Reforçando a ideia de 
implementação da EA 
como política pública, 
o termo foi citado na 
Constituição Brasileira 
de 1988 (Capítulo VI, 
do Meio Ambiente, Art. 
225, parágrafo 1º, inciso 
VI). Segundo ela, cabe 
ao Poder Público “[...] 
promover a educação 
ambiental em todos os 
níveis de ensino e a 
conscientização pública 
para a preservação do 
meio ambiente”.
15
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA 
PÚBLICA 
15
 Capítulo 1 
O Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2009) criado em 1992, surge com a 
missão de promover a adoção de princípios e estratégias para o conhecimento, 
a proteção e a recuperação do meio ambiente, o uso sustentável dos 
recursos naturais, a valorização dos serviços ambientais e a inserção do 
desenvolvimento sustentável na formulação e na implementação de políticas 
públicas, de forma transversal e compartilhada, participativa e democrática, 
em todos os níveis e instâncias de governo e sociedade. No âmbito do MMA, 
é criada a Diretoria de Educação Ambiental. E, em julho desse mesmo ano, 
o IBAMA instituiu os Núcleos de Educação Ambiental em todas as suas 
superintendências estaduais, visando operacionalizar as ações educativas no 
processo de gestão ambiental na esfera estadual.
 Conforme você deve recordar, a segunda Conferência sobre o meio 
ambiente aconteceu no Brasil, em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, e 
fi cou conhecida como a Eco-92 ou Rio-92. A partir disso, o país se obrigou 
a tomar atitudes mais concretas com relação ao tema e, em 1994, foi criado 
o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA - uma iniciativa do 
Ministério da Educação e Cultura – MEC - com outros ministérios, como o do 
Meio Ambiente - MMA. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2005, 
p. 25): “O ProNEA previu três componentes: (a) capacitação de gestores e 
educadores, (b) desenvolvimento de ações educativas, e (c) desenvolvimento 
de instrumentos e metodologias, contemplando sete linhas de ação:
• Educação ambiental por meio do ensino formal.
• Educação no processo de gestão ambiental.
• Campanhas de educação ambiental para usuários de recursos naturais.
• Cooperação com meios de comunicação e comunicadores sociais.
• Articulação e integração comunitária.
• Articulação intra e interinstitucional.
• Rede de centros especializados em educação ambiental em todos os 
estados.
 Este Programa Nacional de Educação Ambiental foi fundamental 
para que em 27 de abril de 1999 fosse criada a Lei n.° 9.795, que dispõe 
sobre a EA, institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e 
dá outras providências. Segundo o Art. 2º dessa lei, “A educação ambiental 
é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo 
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do 
processo educativo, em caráter formal e não-formal". A lei federal foi depois 
regulamentada pelo decreto 4281/02.
A partir disso, o país 
se obrigou a tomar 
atitudes mais concretas 
com relação ao tema 
e, em 1994, foi criado 
o Programa Nacional 
de Educação Ambiental 
– ProNEA - uma 
iniciativa do Ministério 
da Educação e Cultura 
– MEC - com outros 
ministérios, como o do 
Meio Ambiente - MMA. 
 Este Programa 
Nacional de Educação 
Ambiental foi 
fundamental para que 
em 27 de abril de 1999 
fosse criada a Lei n.° 
9.795, que dispõe sobre 
a EA, institui a Política 
Nacional de Educação 
Ambiental (PNEA).
16
 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 
16
Os princípios básicos e os objetivos fundamentais da EA estão descritos 
nos Art. 4º respectivamente, dai Lei n.° 9.795. Veja o que eles dizem na 
transcrição a seguir:
Princípios básicos da EA:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a 
interdependência entre o meio natural, o sócioeconômico e o cultural, sob o 
enfoque da sustentabilidade;
 
III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da 
inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, 
nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual 
e cultural.
Objetivos Fundamentais da EA:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente 
em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, 
psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científi cos, culturais e 
éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímuloe o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a 
problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e 
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se 
a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da 
cidadania;
17
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA 
PÚBLICA 
17
 Capítulo 1 
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em 
níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade 
ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, 
solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a 
tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e 
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.
Você pode acessar a Lei n.° 9.795, no site a seguir:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9795.htm
Portanto, foi a partir dos anos 1990 que a EA no Brasil ganhou força. 
Nesta década, começaram a ocorrer os primeiros encontros nacionais sobre 
EA, como, por exemplo, os Fóruns de EA (I, II e III) e muitos outros encontros 
regionais e locais espalhados pelo país.
Em 2007, foi elaborada a Lei n.º 11.516, de 28 de agosto, que cria o Instituto 
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), tendo como 
principal fi nalidade fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, 
preservação e conservação da biodiversidade e de educação ambiental nas 
Unidades de Conservação da Natureza, previstas na Lei Federal 9985/00. 
Esta última lei institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da 
Natureza (SNUC), o qual tem como um de seus objetivos favorecer condições 
e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato 
com a natureza e o turismo ecológico (Capítulo II, Art. 4º, inciso XII).
Se você quiser aprofundar suas leituras em relação à história da EA no 
Brasil deste o século XIX, com a criação do Jardim Botânico no Rio de Janeiro 
em 1808, até a Consulta Pública do ProNEA (Programa Nacional de Educação 
Ambiental), que reuniu contribuições de mais de 800 educadores ambientais 
do país em setembro de 2004, acesse:
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./educacao/
index.php3&conteudo=./educacao/hist_br.html.
Portanto, foi a partir 
dos anos 1990 que a 
EA no Brasil ganhou 
força. Nesta década, 
começaram a ocorrer 
os primeiros encontros 
nacionais sobre EA.
18
 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 
18
Atividade de estudo
Na sua opinião, qual foi o evento e/ou lei mais importante para a consolidação 
da EA como política pública? Justifi que sua resposta.
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________ 
______________________________________________________________
O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC E A 
IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 No tópico anterior, abordamos a implementação e a institucionalização da 
EA no Brasil por meio das principais leis, apresentando uma rápida cronologia 
sobre elas. Neste tópico, vamos analisar a participação do MEC no processo 
de implementação da EA como política pública.
Para Guimarães (2000, p. 19), “A palavra ambiental, da expressão 
Educação Ambiental (EA), apenas objetiva e qualifi ca um processo amplo que 
é o processo educacional”. Assim, quando se instituiu a Política Nacional de 
Meio Ambiente, em 1981 (Lei nº 6.938) e, posteriormente, a Política Nacional 
de EA, em 1999 (Lei n° 9.795), ambas dispondo sobre a inclusão da EA em 
todos os níveis de ensino, iniciou-se um processo de construção de estratégias 
para a implantação da EA no ensino formal e na formação dos professores. 
Você terá a oportunidade de estudar, no terceiro capítulo deste caderno, 
a “Formação Continuada e a Interdisciplinaridade na Educação Ambiental”. No 
capítulo indicado, serão abordadas questões como a formação de professores 
no Brasil, a interdisciplinaridade e a EA.
 Ainda no ano de 1985, através do parecer nº 819/85, o MEC apresentou 
a necessidade de inclusão de conteúdos ecológicos, no ensino Fundamental e 
Médio, para possibilitar a formação da consciência ecológica do futuro cidadão. 
(FLORIANO, 2006). Porém, conforme já mencionado, foi na década de 1990 
que ocorreram os principais programas e projetos voltados à consolidação da 
EA. 
Para Guimarães (2000, 
p. 19), “A palavra 
ambiental, da expressão 
Educação Ambiental 
(EA), apenas objetiva e 
qualifi ca um processo 
amplo que é o processo 
educacional”.
19
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA 
PÚBLICA 
19
 Capítulo 1 
 Em 14 de maio de 1991, o MEC determinou, por meio da Portaria 678/91, 
que todos os níveis de ensino deveriam abordar conceitos relativos à EA e 
foi enfatizada a necessidade de investir na capacitação de professores. E, 
pensando na Conferência da ONU sobre Ambiente e Desenvolvimento que 
aconteceria no ano seguinte no Brasil, o MEC instituiu, através da Portaria 
2421/91, em caráter permanente, um Grupo de Trabalho de EA (GT-EA). Este 
grupo tinha como objetivo defi nir as metas e as estratégias para a implantação 
da EA no país com as Secretarias Estaduais de Educação e elaborar a proposta 
de atuação do MEC na área da educação formal e não-formal. (FLORIANO, 
2006).
 Passada a Rio-92, o GT-EA, criado em 1991, transforma-se em 
Coordenação de EA (CEA). Esta coordenação foi instituída pela portaria 
773/93 do MEC, concretizando as recomendações aprovadas na RIO-92. 
(FLORIANO, 2006).
 
No tópico anterior, você viu que, em 1994, foi criado o Programa Nacional 
de Educação Ambiental (ProNEA). Este programa foi proposto pelos Ministérios 
da Educação e do Meio Ambiente e gerou uma parceria entre vários outros 
ministérios e instituições da sociedade. O objetivo principal do ProNEA era 
capacitar o sistema de educação em seus diversos níveis e modalidades.
 Dando sequência aos principais fatos relacionados à participação do 
MEC na consolidação da EA, chegamos à publicação dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental em 1997. Segundo 
esta publicação, um dos objetivos do ensino fundamental é que, ao concluí-
lo, o aluno seja capaz de “perceber-se integrante, dependente e agente 
transformador do ambiente, identifi cando seus elementos e as interações entre 
eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente.” (BRASIL, 
2000). 
 Assim, a EA é trazida na condição de tema transversal e vem sendo 
incluída nos currículos a partir desta perspectiva: “[...] o trabalho em Educação 
Ambiental deve ser desenvolvido a fi m de ajudar os alunos a construírem uma 
consciência global das questões relativas ao meio para que possam assumir 
posições afi nadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria”. 
(BRASIL, 2000).
Em 14 de maio de 1991, 
o MEC determinou, 
por meio da Portaria 
678/91, que todos 
os níveis de ensino 
deveriam abordar 
conceitos relativos à 
EA e foi enfatizada a 
necessidade de investir 
na capacitação de 
professores.
Dando sequência 
aos principais fatos 
relacionados à 
participação do MEC 
na consolidação da EA, 
chegamos à publicação 
dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais 
(PCN)para o Ensino 
Fundamental em 1997. 
Assim, a EA é trazida 
na condição de tema 
transversal e vem sendo 
incluída nos currículos a 
partir desta perspectiva: 
“[...] o trabalho em 
Educação Ambiental 
deve ser desenvolvido a 
fi m de ajudar os alunos 
a construírem uma 
consciência global das 
questões relativas ao 
meio para que possam 
assumir posições 
afi nadas com os 
valores referentes à sua 
proteção e melhoria”. 
(BRASIL, 2000).
20
 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 
20
No segundo capítulo deste caderno, você voltará a este assunto, 
estudando com mais detalhes os PCN e a EA.
 Vamos voltar novamente ao tópico anterior e recordar que em 1999 foi 
criada a Lei nº 9.795/99, que trouxe a Política Nacional do Meio Ambiente. 
Nesse mesmo ano, o MEC, por meio da Portaria 1648/99, criou o Grupo de 
Trabalho com representantes de todas as suas Secretarias para discutir a 
regulamentação da referida lei. Ainda nesse ano, o MEC criou o programa “PCN 
em Ação”, e o meio ambiente foi defi nido como um dos temas transversais 
a serem trabalhados no ano de 2000 pela Educação Nacional. (FLORIANO, 
2006).
 De acordo com o site do MEC (2009), em julho de 2004, foi criada a 
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD). 
Nela estão reunidos, além de outros temas como alfabetização e educação de 
jovens e adultos, a educação ambiental, temas antes distribuídos em outras 
secretarias. Assim, a Coordenação Geral de EA foi alocada na SECAD cujo 
objetivo é contribuir para a redução das desigualdades educacionais por meio 
da participação de todos os cidadãos em políticas públicas que assegurem a 
ampliação do acesso à educação. 
 Uma grande parte dos Estados brasileiros já possui ou está elaborando 
sua política de educação ambiental e seus programas para desenvolvimento 
do tema, segundo informações da coordenadora geral de Educação Ambiental 
do Ministério da Educação, Rachel Trajber (apud SCHENINI; ALMEIDA, 2009). 
Além disso:
A oferta de educação ambiental no Brasil cresceu, bem como 
o número de estudantes benefi ciados por ela. Dados do 
Censo da Educação Básica revelam que, em 2001, apenas 
três estados ofereciam educação ambiental em mais de 90% 
de suas instituições. Em 2004, esta oferta chegou à maioria 
dos estados brasileiros. O número de crianças matriculadas 
com acesso à educação ambiental também passou de 25,3 
milhões, em 2001, para 32,3 milhões, em 2004. (SCHENINI; 
ALMEIDA, 2009).
 O MEC, em virtude do seu compromisso com a educação de uma maneira 
geral, vem promovendo alguns eventos relacionados à temática ambiental. 
Um exemplo disso é a Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio 
Ambiente, uma iniciativa do MEC e do MMA que já contou com três edições, 
a saber: 2003, 2006 e 2009. “Na última edição, realizada em abril deste ano 
[2009], na cidade de Luziânia (GO), o evento contou com a participação de 
quase 4 milhões de pessoas, representando mais de 11 instituições de ensino 
fundamental.” (SCHENINI; ALMEIDA, 2009).
A oferta de educação 
ambiental no Brasil 
cresceu, bem como o 
número de estudantes 
benefi ciados por ela.
21
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA 
PÚBLICA 
21
 Capítulo 1 
Como você deve ter percebido, o envolvimento do MEC na promoção e na 
institucionalização da EA foi de extrema importância. Através de suas portarias 
e iniciativas em promover programas de apoio e incentivo à EA, encontros, 
fóruns, conferências e tantos outros, tornou o tema amplamente divulgado no 
contexto educacional.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
 Neste capítulo, relembramos os principais eventos internacionais que 
foram as forças propulsoras do movimento ambiental em todo mundo e vimos 
os pontos fundamentais para a institucionalização da EA no Brasil.
Podemos perceber que o uso indiscriminado dos recursos naturais, 
a prepotência e a arrogância com que o homem lidou e vem lidando com o 
meio ambiente, fazem da EA uma estratégia de caráter emergente. As leis 
que estipulam multas e outras formas de punição para quem pratica algum 
tipo de crime ambiental não foram sufi cientes para desacelerar o processo 
de destruição. Assim, podemos considerar que é necessário o processo 
educativo, por meio da EA, para formar pessoas conscientes de seus direitos 
e deveres perante o coletivo.
Conforme o Leo já lhe informou, no capítulo a seguir, você vai aprofundar 
seus conhecimentos com relação aos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
A partir dele, você conhecerá a EA no contexto escolar e compreenderá a 
relação entre a escola, os PCN e a EA.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa Nacional de Educação 
Ambiental - ProNEA. Diretoria de Educação Ambiental, Ministério da 
Educação. Coordenação Geral de Educação Ambiental. 3. ed. Brasília: 
Ministério do Meio Ambiente, 2005.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente e saúde. 
Secretaria de Educação Fundamental. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
______. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política 
Nacional do Meio Ambiente, seus fi ns e mecanismos de formulação e 
aplicação, e dá outras providências. Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 2 set. 
1981.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L6938.HTM>. 
Acesso em: 20 maio 2009.
22
 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 
22
______. Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. Cria o Instituto Brasileiro 
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e dá outras 
providências. Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 23 fev. 1989. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L7735.htm>. Acesso em: 20 maio 
2009.
______. Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989. Cria o Fundo Nacional de Meio 
Ambiente e dá outras providências. Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 11 
jul. 1989. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L7797.htm>. 
Acesso em: 20 maio 2009.
______. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação 
ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras 
providências. Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 27 abr. 1999. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L9795.htm>. Acesso em: 20 maio 
2009. 
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível 
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.
htm>. Acesso em: 20 maio 2009.
______. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, 
incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de 
Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. . Diário 
Ofi cial da União, Brasil, DF, 19 jul. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil/leis/L9985.htm>. . Acesso em: 02 jun. 2009.
______. Lei nº 11.516, 28 de agosto de 2007. Dispõe sobre a criação do 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico 
Mendes e dá outras providências. Diário Ofi cial da União, Brasil, DF, 28 
ago. 2007. Disponível em:<<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2007/Lei/L11516.htm>. Acesso em: 20 maio 2009.
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 2. ed. São Paulo: 
Gaia, 1993.
GUIMARÃES, M. Educação ambiental: no consenso um debate. Campinas, 
São Paulo: Papirus, 2000.
FERREIRA, A. T. A Educação ambiental na década de 90 no Brasil: 
aspectos preliminares sobre políticas públicas, comunicação e cidadania. 
In: IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul, maio 2008. 
Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2008/
resumos/R10-0114-1.pdf>. Acesso em: 22 maio 2009.
23
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO POLÍTICA 
PÚBLICA 
23
 Capítulo 1 
FLORIANO, E. P. Educaçãoambiental como eixo transversal do processo 
de ensino-aprendizagem. Santa Rosa: Ambiente Inteiro, 2006. Disponível 
em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id
=290&Itemid=357>. Acesso em: 21 maio 2009.
MMA. O Ministério. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.
php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=88>. Acesso em: 20 maio 2009.
SCHENINI, F; ALMEIDA, R. MEC sugere ao CNE diretrizes para o meio 
ambiente. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/journalContent.
action?editionId=20&categoryId=1>. Acesso em: 22 maio 2009.
SORRENTINO, M. et al. Educação ambiental como política pública. 
Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 285-299, maio/ago. 2005. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n2/a10v31n2.pdf>. Acesso em: 
22 maio 2009.
 
TREVISOL, J. V. A educação ambiental em uma sociedade de risco: 
tarefas e desafi os na construção da sustentabilidade. Joaçaba: UNOESC, 
2003.
24
 Inserção Curricular da Educação Ambiental e a Formação de Professores 
24

Continue navegando