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Adaptação à vida extra-uterina ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS A PARTIR DO NASCIMENTO Desde o início do desprendimento materno, com o pinçamento do cordão umbilical, as principais modificações são o desaparecimento são o desaparecimento da circulação placento-fetal, o aumento do fluxo sanguíneo pulmonar e o fechamento dos shunts fetais. Eliminação da Circulação Placentária - Término do fluxo sanguíneo através dos vasos umbilicais e da placenta; - Fechamento do ducto arterial do forame oval e do ducto venoso; - Aumento na circulação pulmonar; - Diminuição da resistência vascular pulmonar (dilatação dos vasos e constrição do ducto arterial). 3 shunts - Forame oval: comunicação das câmaras cardíacas (fecha-se por ocasião do nascimento); - Ducto arterial: comunicação entre a artéria e artérias pulmonares; - Ducto venoso: comunicação entre veia umbilical e cava inferior. *O fechamento funcional das estruturas cardíacas fetais acontece progressivamente, e completa-se em torno de um a dois dias de vida, sendo que o fechamento anatômico pode durar semanas. Sistema Cardiovascular - Volume: 85 a 100ml/kg ao nascer; - Circulação periférica lenta: 1 a 2 horas pós-natal (acrocianose); - FC: 100-160bpm; - P.A: 70/45mmhg ao nascer e 100/50mmhg no 10º dia; - Coagulabilidade diminuída; - Hb: 16 a 22g/dl Ht: até 60% ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS Considerações anatômicas das vias aéreas - Respiração nasal - Língua grande - Epiglote larga e longa - Estreitamento do Anel Cricóideo - Eliminação pulmonar - Vasodilatação pulmonar Sistema Respiratório - Eliminação do líquido pulmonar > expressão (parto vaginal), absorção e evaporação. - Estimulação do centro respiratório > clampeamento do cordão, hipóxia, frio, luz, ruídos, dor. *No decorrer da 24ª a 30ª semana de gestação, é produzido surfactante pelas células alveolares, que diminui a tensão superficial, evitando o colabamento dos alvéolos ao término da expiração. Por esse processo, o surfactante faz com que as trocas gasosas sejam facilitadas, a pressão para a insuflação necessária para as aberturas das vias respiratórias diminuída, a complacência pulmonar melhorada e o esforço respiratório reduzido. *O início da função respiratória é estabelecido por estímulos químicos, térmicos, físicos e sensoriais (dor e luminosidade). *Com a compressão do tórax ao passar pelo canal vaginal, cerca de um terço do líquido pulmonar, é expelido pela boca e nariz, e dois terços restantes são absorvidos pela circulação pulmonar e sistema linfático. *A completa expansão pulmonar e distribuição do ar pelos alvéolos, ocorre quando o RN chora, porque o choro cria uma pressão intratorácica positiva, mantendo os alvéolos abertos e forçando o restante do líquido pulmonar para os capilares pulmonares e sistema linfático. - O cuidado com a temperatura do bebê se inicia antes dele nascer: a temperatura da sala de parto deve ser de 26ºC. - RN pré-termo é mais suscetível à perda de calor. - A assistência visa manter um ambiente térmico neutro (temperatura ambiente em que ocorre uma taxa mínima de consumo de oxigênio ou de gasto de energia). Cuidados na sala de parto - Temperatura da sala de parto (26ºC); - Evitar a hipotermia materna; - Usar fonte de calor radiante; - Secar e cobrir RN; - Saco plástico e touca (pré-termo); - Evitar uso de gases frios na reanimação; - Transportar o RN pré-termo à unidade neonatal em incubadoras pré-aquecidas. Tenta produzir calor: - Aumento da taxa metabólica (termogênese sem calafrios): através da lipólise da gordura marrom. - Metabolismo da gordura marrom: esses depósitos são muito enervados e vascularizados, e quando sofrem estresse pelo frio, aumentam a produção de noradrenalina, que atua nesses depósitos, estimulando a lipólise e gerando calor. - Aumento do tônus motor: que aumenta a produção de calor. Perda de calor: - Menor isolamento; - Maior superfície corporal; - Menor habilidade de vasoconstrição; - Reserva de energia limitada; - Menor controle de regulação (imaturidade SNC). Obs: - É muito importante manter o RN aquecido, porque este possui uma labilidade térmica, onde o frio (ou até mesmo calor em excesso), podem provocar alterações metabólicas, como perda excessiva de calorias e acidose metabólica, que dificultam adaptação à vida extra-uterina. SISTEMA RENAL - 13-16 semanas de IG, formação do líquido amniótico (urina); - Rins imaturos não concentram urina: não conservam líquido corporal; o torna suscetível, em casos de diarreia ou vômitos, à desidratação, acidose e desequilíbrio eletrolítico. - 200 a 300 ml/24h na primeira semana; - Perda de 5-10% do peso corporal; - 20 micções diárias (15ml urina na bexiga estimula micção); - Primeira micção dentro das 24 primeiras horas. SISTEMA HEPÁTICO - Eliminação de bilirrubina (subproduto da degradação das hemácias); após deixar o sistema fagocitário, a bilirrubina se liga à albumina plasmática e no estado de insolubilidade em água, é chamada de bilirrubina indireta ou não conjugada. - Baixa produção de proteínas plasmáticas (edema ao nascer) - Fatores de coagulação que dependem da vitamina K para a síntese – hemorragia: devido à ausência de atividade bacteriana no trato gastrointestinal, o recém-nascido não tem condições de sintetizar vitamina K SISTEMA GASTROINTESTINAL - A coordenação entre sucção e deglutição faz-se em torno de 34-35 semanas de IG; - Tempo de esvaziamento gástrico diminuído nas primeiras 12 horas, melhorando em 2-3 dias; - Pode haver frouxidão do esfíncter esofágico com refluxo quase sempre transitório; - Capacidade de 50-70ml; - Evacua várias vezes ao dia (6x); - Liberação de mecônio deve ocorrer em até 48hrs; - Fazes de transição: terceiro dia após alimentação; - Fezes lácteas: em torno de 4 dias. - Deficiência na secreção de enzimas hepáticas e pancreáticas. SISTEMA IMUNOLÓGICO - É deficiente no RN; - Pele, mucosas, secreções e enzimas atuam como primeira linha de defesa; - Em seguida entram em ação os leucócitos (linfócitos, fagócitos e granulócitos). Cuidados no nascimento O risco de haver necessidade de procedimentos de reanimação é maior quanto menor a IG e/ou peso ao nascer. VPP – Ventilação com pressão positiva: 1 em cada 10 RN; Intubação e/ou massagem cardíaca: 1 em cada 100 RN; Intubação, massagem e/ou medicação: 1 em cada 1000 RN, desde que com ventilação adequada. Preparo para a assistência: Anamnese materna; Disponibilidade do material para atendimento: Esse material é destinado à avaliação do paciente, manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e administração de medicações; Equipe capacitada. Avaliação da vitalidade ao nascer Gestação a termo? – Respirando ou chorando? – Tônus muscular bom? Se a resposta é SIM a todas as perguntas, considera-se que o RN está com boa vitalidade e não necessita de manobras de reanimação. MÃE: fonte de calor. ATUALIZAÇÃO 2016: Não considera a presença de mecônio para início de manobras de reanimação. RN a termo, saudável e com boa vitalidade ao nascer deve ser posicionado ao nível placenta por um a três minutos (final de pulso), antes de clampear o cordão umbilical. Estimular contato com a mãe: ROTINA. RN hipotônico, sem respirar: clampear cordão imediatamente. Se a resposta é NÃO para algumas das perguntas; Gestação a termo? – Respirando ou chorando? – Tônus muscular bom? Necessita de outros cuidados específicos... Se FC > 100 bpcm e respiração regular: Observar se há desconforto respiratório e considerar CPAP (Pressão positiva contínua nas vias aéreas). RotinaSe FC < 100bpm Iniciar VPP em ar ambiente 30” e reavaliar 1- Balão auto inflável Dispositivo de segurança Válvula de escape Ajustar em 30 a 40cmH2O 2- “POSICIONAR A CABEÇA” Leve extensão do pescoço FC cardíaca abaixo de 100 BCPM: - Iniciar VPP em ar ambiente (inicialmente); Balão auto-inflavel (até 750ml) cânula (conforme tamanho) - Oxímetro de pulso; Níveis desejáveis Sat 02 (minutos de vida): Ate 5: 70-80% 5-10: 80-90% >10: 85-95% VPP Frequência: 40 a 60 mov/min “aperta, solta, solta” – 30 segundos Pressão inspiratória inicial: 20mmH20 Observar: adaptação (máscara); permeabilidade vias aéreas e expansão pulmonar. Consequência da ventilação efetiva: Melhora da FC, Melhora do tônus, Melhora da respiração (nesta ordem). VPP Após 30”: FC > 100bpm, respiração regular: suspender VPP Não melhorou? Verificar a técnica (30”) Não melhorou? 30” VPP com 02 (5 l/m) Não melhorou? Cândula (SOG se prolongar VPP) Seguir avaliando até que FC> 100bpm, respirando regularmente. FC < 60bpm Incluir massagem cardíaca, se após 30” de VPP com 02 apresentar ou persistir com FC<60 bpm Local: terço inferior Técnica: -dos polegares (preferencialmente) -do dois dedos Profundidade: 1/3 diâmetro ântero-posterior do tórax . Manobras Relação massagem/ ventilação: 3:1 90 movimentos de massagem de 30 movimentos respiratórios em 1 minuto Lembre-se: neste caso reavaliar em 45-60” FC acima de 60? Suspende massagem e continua VPP até FC > 100bpm FC< 60? Verificar a técnica FC< 60? Adrenalina / expansor Lembrem-se Massagem cardíaca e VPP na proporção de 3/1 > 3 massagens para 1 VPP em 2 segundos; SOG (sonda orogástrica) para RN com VPP por mais tempo; Contraindicação para uso da máscara na VPP: Pierre Rubin, Hérnia diafragmática; Ventilação com máscara ineficaz ou prolongada; aplicação de MCE e/ou Adrenalina – Hérnia Diafragmática. Clampeamento do cordão umbilical no RN ≥34 semanas - Com base nesses estudos e nas diretrizes da Organização Mundial da Saúde, recomenda-se, no RN ≥34 semanas com respiração adequada e tônus muscular em flexão ao nascimento, clampear o cordão umbilical 1-3 minutos depois da sua extração completa da cavidade uterina. O neonato pode ser posicionado no abdome ou tórax materno durante esse período. - Se a circulação placentária não estiver intacta (descolamento prematuro de placenta, placenta prévia ou rotura ou prolapso ou nó verdadeiro de cordão) ou se o RN ≥34 semanas não inicia a respiração ou não mostra tônus muscular em flexão, recomenda- se o clampeamento imediato do cordão. *Estudo recente sugere que, em neonatos que não iniciam a respiração ao nascer, o clampeamento tardio do cordão pode retardar o início da ventilação com pressão positiva, com maior chance de admissão em unidade de cuidados intermediários/intensivos ou morte no primeiro dia de vida. Assistência ao RN de termo com boa vitalidade ao nascer - Se, ao nascimento, o RN é de termo (idade gestacional 37-41 semanas), está respirando ou chorando e com tônus muscular em flexão, independentemente do aspecto do líquido amniótico, ele apresenta boa vitalidade e deve continuar junto de sua mãe depois do clampeamento do cordão umbilical. Na sala de parto, enquanto o RN está junto à mãe, prover calor, manter as vias aéreas pérvias e avaliar a sua vitalidade de maneira continuada. - Nesse período, para manter a temperatura corporal entre 36,5-37,5ºC (normotermia), garantir a temperatura ambiente na sala de parto entre 23-26ºC, secar o corpo e o segmento cefálico com compressas aquecidas e deixar o RN em contato pele-a-pele com a mãe, coberto com tecido de algodão seco e aquecido. - Cuidar para manter as vias aéreas pérvias, sem flexão ou hiperextensão do pescoço, verificando se não há excesso de secreções na boca e nariz. Avaliar, inicialmente, a frequência cardíaca (FC) com o estetoscópio no precórdio, o tônus muscular e a respiração/choro. Depois, de maneira continuada, observar a atividade, o tônus muscular e a respiração/choro do RN. Passos iniciais da estabilização/reanimação no RN ≥34 semanas - Diante da resposta “não” a pelo menos uma das três perguntas iniciais: gestação a termo, respiração ou choro presente e tônus muscular em flexão, conduzir o RN à mesa de reanimação. - Pacientes com idade gestacional diferente do termo (34-36 semanas – pré-termos tardios ou > 42 semanas – pós-termos tardios), recém-nascidos que não iniciam movimentos respiratórios regulares e/ou aqueles em que o tônus muscular está flácido precisam ser conduzidos à mesa de reanimação, indicando-se os passos iniciais da estabilização na seguinte sequência: prover calor, posicionar a cabeça em leve extensão, aspirar boca e narinas (se necessário) e secar. Tais passos devem ser executados em, no máximo, 30 segundos. - Recomenda-se que a temperatura axilar do RN seja mantida entre 36,5- 37,5ºC (normotermia), desde o nascimento até a admissão no alojamento conjunto ou na unidade neonatal. - A aspiração está reservada aos pacientes que apresentam obstrução de vias aéreas por excesso de secreções. Nesses casos, aspirar delicadamente a boca e depois as narinas com sonda traqueal no 8-10 conectada ao aspirador a vácuo, sob pressão máxima de 100 mmHg. Evitar a introdução da sonda de aspiração de maneira brusca ou na faringe posterior, pois pode induzir à resposta vagal e ao espasmo laríngeo, com apneia e bradicardia. Avaliação do RN ≥34 semanas durante a estabilização/reanimação - As decisões quanto à estabilização/reanimação dependem da avaliação simultânea da respiração e da FC. A avaliação da respiração é feita por meio da observação da expansão torácica do RN ou da presença de choro. A respiração espontânea está adequada se os movimentos são regulares e suficientes para manter a FC >100 bpm. Já se o paciente não apresentar movimentos respiratórios, se eles forem irregulares ou o padrão for do tipo gasping (suspiros profundos entremeados por apneias), a respiração está inadequada. - Nesse momento, considera-se adequada a FC >100 bpm. Se a FC for <100 bpm ou o RN não apresenta movimentos respiratórios regulares, enquanto um profissional de saúde inicia a ventilação com pressão positiva (VPP), o outro fixa os três eletrodos do monitor cardíaco e o sensor do oxímetro. - O boletim de Apgar é determinado no 1º e 5º minutos após a extração completa do produto conceptual do corpo da mãe, mas não é utilizado para indicar procedimentos na reanimação neonatal. No entanto, sua aplicação permite avaliar a resposta do paciente às manobras realizadas e a sua eficácia. Assim, se o Apgar é <7 no 5º minuto, recomenda-se realizá-lo a cada cinco minutos, até 20 minutos de vida. É necessário documentar o escore de Apgar de maneira concomitante à dos procedimentos de reanimação executados. Obs: Presença de líquido amniótico meconial > Logo após o nascimento, se o RN é de termo, está respirando ou chorando e com tônus muscular em flexão, ele apresenta boa vitalidade e deve continuar junto de sua mãe depois do clampeamento do cordão.42 Se o paciente com líquido amniótico meconial é pré-termo tardio ou pós-termo ou não iniciou movimentos respiratórios regulares ou o tônus muscular está flácido, é necessário levá-lo à mesa de reanimação e realizar os passos iniciais, sendo prudente incluir a aspiração de vias aéreas superiores. Ou seja: prover calor, posicionar o pescoço em leve extensão, aspirar boca e narinas suavemente com sonda traqueal no 10 e secar o paciente. Tais passos devem ser executados em, no máximo, 30 segundos. A seguir, se a avaliação mostra que o RN está com respiração espontânearegular e FC >100 bpm, sempre que possível, ainda na sala de parto, deixá-lo em contato pele-a-pele com a mãe, coberto com tecido de algodão seco e aquecido. De maneira continuada, observar a atividade, o tônus muscular e a respiração/choro.
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