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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DESCARGA Bruno Favaro Bortoletto RA 95143 Luis Felipe K. Frederico RA 93291 Miguel Sontag RA 96382 Orlando S. de Souza Jr RA 93266 Rafael A. Hernandes RA 95688 Rafael Neto RA 91745 Alisson Cocci de Souza Maringá 2017 Bruno Favaro Bortoletto Luis Felipe K. Frederico Miguel Sontag Orlando S. de Souza Jr Rafael A. Hernandes Rafael Neto DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DESCARGA Relatório apresentado ao Departamento de Engenharia Mecânica, Centro de Tecnologia da Universidade Estadual de Maringá, como requisito parcial para avaliação bimestral da disciplina de Laboratórios de Sistemas Fluidotérmicos. Alisson Cocci de Souza Maringá 2017 1. INTRODUÇÃO O estudo do coeficiente de descarga é muito importante na indústria química e outras áreas que trabalham com fluidos, pois cada fluido apresenta propriedades próprias. Neste parâmetro existe uma diferença entre a velocidade real e a velocidade máxima de um fluido, devido a perdas de carga por atritos durante o escoamento. A perda de carga corresponde à parcela de energia mecânica do escoamento que é irreversivelmente convertida em energia térmica por causa do atrito viscoso entre as duas secções. Para medição do coeficiente de descarga utilizam-se orifícios ou bocais. Os orifícios são aberturas feitas, geralmente de forma geométrica, abaixo da superfície livre do líquido em paredes de reservatórios, tanques ou canais. Servem principalmente para controlar vazões e o esvaziamento do recipiente. Já os bocais são pequenos tubos indicado para altas velocidades de escoamento ou para altas temperaturas, devido a menor possibilidade de sofrerem deformações, também são usados para direcionar o jato de fluido e regular a vazão. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Para um sistema de escoamento, o coeficiente de descarga pode variar de acordo com o bocal utilizado. O coeficiente de descarga é a razão entre a descarga real e a descarga ideal, no qual pode ser expressa por: (1) 𝐶𝑑 = 𝑄 𝐴√2𝑔𝐻 = 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 Onde: Cd é o coeficiente de descarga; Q é a vazão volumétrica instantânea da água [m3/s]; A é a área do tanque [m²]; g é a aceleração da gravidade [m/s²]; H é a altura total da coluna d’água [m]. A descarga ideal é obtida aplicando-se a equação de Bernoulli no reservatório. O coeficiente de descarga também pode ser escrito em termos do coeficiente de contração: (2) Cd = Cv X Cc Sabe se que o coeficiente de descarga varia com o número de Reynolds, ele não é constante. Para determinar o coeficiente de descarga envolve muito trabalho, pois ele depende: • Área do orifício; • Da sua forma; • Da carga h sobre o centro do orifício; • Das condições da borda; • Da localização do orifício (próximo ou não da superfície, na borda); • Das condições da veia a jusante (após o orifício), isto é, com jato livre, afogado total ou parcialmente; • Da viscosidade do líquido. 3. MATERIAIS E MÉTODOS A prática do laboratório foi feita em apenas uma parte, onde através de diferentes bocais foi possível obter o coeficiente de descarga e observar qual parâmetro de um bocal interfere de maneira mais significativa a velocidade de descarga, o comprimento ou diâmetro 3.1 MATERIAIS UTILIZADOS Figura 3.1 – Montagem do experimento de coeficiente de descarga Fonte: Manual adaptado para laboratório de sistemas fluidotérmicos. • Reservatório de água de metal com ajuste para orifícios de saída; • Três bocais de mesmo comprimento, mas diâmetro variável; • Três bocas de mesmo diâmetro, mas comprimento variável; • Água; • Cronômetro 3.2 MÉTODOS O experimento consiste basicamente em variar os diferentes bocais no esquema e observar a diferença entre eles. Primeiramente foi realizado o experimento com os 3 bocais de mesmo comprimento e diferentes diâmetros. Para facilitar foi selecionado o tubo de menor diâmetro para a primeira media. O tubo é então colocado no bocal, sua saída fechada e o tanque é preenchido com água até a marca de 20 cm. Em seguida a saída de água e liberada, e simultaneamente aciona-se o cronômetro, e o tempo é marcado cada vez que o nível de água é baixado em 2cm. Essa operação é então repetida para os outros 2 bocais de mesmo comprimento, sendo importante determinar o diâmetro de cada um deles além do comprimento comum entre eles. Feito o experimento com os bocais de mesmo comprimento, é necessário repetir a prática para os bocais de mesmo diâmetro e comprimento variável. Após todas as medidas, é então analisado o Coeficiente de Descarga para os dois casos. 3.2 CÁLCULO DO COEFICIENTE DE DESCARGA Feito o experimento é fundamental o equacionamento correto para que seja encontrado o valor correto do coeficiente de descarga, para isso é utilizado a seguinte equação: (3) √𝐻 = √𝐻𝑜 − [ 𝐴𝑜𝐶𝑑√2𝑔 2𝐴 ] 𝑡 Onde Ao é a área da secção transversal do orifício em m 2, A a área do tanque, g a aceleração da gravidade, t o tempo Ho a altura total da água no instante inicial e H a altura total da coluna d’agua que causa o escoamento. Na equação (3) é observado uma variação linear de H com o tempo t. Assim o coeficiente angular da reta permite calcular o coeficiente de descarga: (4) √𝐻 = 𝛼 − 𝛽𝑡 Onde 𝛽 é o coeficiente angular da reta do gráfico, (5) 𝛽 = 𝐴𝑜𝐶𝑑√2𝑔 2𝐴 Assim temos que Cd é dado por: (6) 𝐶𝑑 = 2𝐴𝛽 𝐴𝑜√2𝑔 4. RESULTADOS Para analisar o coeficiente de descarga primeiramente foi obtido o tempo percorrido para cada 2 cm no abaixamento do nível do tanque. Tabela 01: Dados obtidos do escoamento no tubo 1 (Diâm. 4,65mm; comprimento 55,00mm). Altura do tanque (cm) Tempo (s) 22,00 0 20,00 13,87 18,00 24,71 16,00 38,11 14,00 51,48 12,00 66,30 10,00 81,34 08,00 98,40 06,00 117,90 04,00 136,62 Tabela 02: Dados obtidos do escoamento no tubo 2 (Diâm. 4,65mm; comprimento 131,70mm). Altura do tanque (cm) Tempo (s) 22,00 0 20,00 12,45 18,00 25,35 16,00 38,57 14,00 52,01 12,00 66,43 10,00 80,86 08,00 97,05 06,00 113,41 04,00 130,90 Tabela 03: Dados obtidos do escoamento do tubo 3 (Diâm. 4,65mm ; comprimento 282,00 mm). Altura do tanque (cm) Tempo (s) 22,00 0 20,00 12,74 18,00 25,78 16,00 38,41 14,00 51,60 12,00 65,56 10,00 79,07 08,00 93,82 06,00 108,90 04,00 124,79 Tabela 04: Dados obtidos do escoamento do tubo 4 (Diâm. 3,65mm ; comprimento 582,00mm). Altura do tanque (cm) Tempo (s) 22,00 0 20,00 33,70 18,00 67,40 16,00 99,80 14,00 134,03 12,00 167,72 10,00 200,86 08,00 236,44 06,00 270,89 04,00 307,43 Tabela 05: Dados obtidos do escoamento do tubo 5 (Diâm. 4,80mm ; comprimento 582,00mm). Altura do tanque (cm) Tempo (s) 22,00 0 20,00 15,34 18,00 28,11 16,00 40,82 14,00 53,92 12,00 67,73 10,00 81,03 08,00 95,3806,00 108,19 04,00 123,66 Tabela 06: Dados obtidos do escoamento do tubo 6 (Diâm. 8,00mm ; comprimento 582,00 mm). Altura do tanque (cm) Tempo (s) 22,00 0 20,00 03,60 18,00 07,34 16,00 11,02 14,00 14,65 12,00 18,25 10,00 21,97 08,00 25,79 06,00 30,31 04,00 34,06 Com os dados indicados na tabela acima em mãos, foi feita a regressão linear para cada tubo e retirado seus respectivos coeficientes angulares para cada reta de regressão. Lembrando que a regressão foi feita com a relação da raiz quadrada da variação da altura (√H) versus o tempo (t). Figura 4.1: Gráfico das regressões dos tubos 1 à 6. Com os coeficientes angulares das retas é possível calcular o coeficiente de descarga para cada tubo. Para cada tubo foi obtido os seguintes coeficientes angulares em módulo. Tubo 1 β1 = 0,0019565291 m0,5/s; Tubo 2 β2 = 0,0020291827 m0,5/s; Tubo 3 β3 = 0,0021285857 m0,5/s; Tubo 4 β4 = 0,000860958 m0,5/s; Tubo 5 β5 = 0,0021614052 m0,5/s; Tubo 6 β6 = 0,0077666479 m0,5/s; Com isso, calcula-se o coeficiente de descarga utilizando a seguinte relação: 𝐶𝑑 = 2.𝐴.𝛽 𝐴0.√2.𝑔 (7) Onde: A: Área de seção transversal do tanque [m2]; β: Coeficiente angular da reta obtida da regressão H0,5 x t [m0,5/s]; A0: Área de seção transversal do tubo de descarga [m 2]; g: Gravidade [m/s2]; Desse modo os coeficientes de descarga para os tubos 1,2 e 3, que tem o mesmo diâmetro foi de: Cd 1 = 0,9520; Cd 2 = 0,9873; Cd 3 = 1,0357; Para os tubos 4,5 e 6, que tem o mesmo comprimento foi de: Cd 4 = 0,6799; Cd 5 = 0,9869; Cd 6 = 1,2767; 5. Conclusão Analisando os dados obtidos experimentalmente, a observação mais chamativa que pode ser realizada é a de que o fator que mais influenciou na variação do coeficiente de descarga durante a experimentação é o diâmetro do tubo. Como foi possível calcular através das fórmulas, os tubos que possuíam o mesmo diâmetro, mas com comprimentos diferentes (1, 2 e 3), não tiveram alterações significativas do valor. Os tubos que possuíam mesmo comprimento (4, 5 e 6), mas com diâmetros diferentes, apresentaram mudança significativa. Além destas observações, pode-se perceber que o tubo 5, que possui diâmetro próximo ao padrão dos três tubos iniciais, possui coeficiente de descarga extremamente parecido, o que prova novamente que a variação de comprimento do recipiente de descarga possui interferência relativamente baixa no resultado final da amostra. Tratando-se de erros experimentais, neste caso a maioria destes foi concentrado nos próprios experimentadores, devido a aferição de tempos diferentes ou a falhas no posicionamento dos tubos, já que estes processos dependiam de técnicas visuais. Outras fontes que podem ser consideradas são a irregularidade da superfície interna dos tubos ou até mesmo alguma impureza neste material ou no líquido utilizado, o que em casos extremos pode alterar a velocidade do escoamento 6. Referências Apostila de Laboratório de Sistemas Fluidotérmicos.
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