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DIREITO CIVIL - OAB - 1ªE 2ª FASE

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CENTRO UNIVERSITÁRIO - IESB
CURSO DE DIREITO
NOTAS DE DIREITO CIVIL – OAB 1ª FASE
Prof. Leonardo Paixão
FAMÍLIA
Casamento: união entre duas pessoas regulamentada pelo estado, ou seja, vinculado a normas de ordem pública. SOMENTE podem se casar a partir dos 16 anos (não há mais exceção), desde que obtenham autorização dos pais ou tutores, ou ainda a supressão judicial. Resolução nº 175/2013 do CNJ regulamentou o casamento homossexual. 
Impedimentos: são situações taxativamente previstas na norma que, acaso presentes, vedam o casamento. Diz o artigo 1.521 do Código Civil: "Não podem casar...". Como se vê, trata-se de uma proibição jurídica cujo desrespeito acarreta a nulidade do casamento, a teor do artigo 1.548 do Código Civil. [alias, é a única causa de NULIDADE de casamento]
Causas suspensivas: são obstáculos transponíveis, constituindo meras recomendações do legislador, para quem certas pessoas "Não devem casar", nas hipóteses indicadas no art. 1.523 do CC. A única consequência será a imposição do regime da separação obrigatória de bens, disciplinado no art. 1.641 do Código Civil.
Casamento por procuração: previsto no art. 1.542 CC, esta procuração terá validade por apenas 90 dias (mesmo prazo de validade da habilitação) e somente poderá ser feita por instrumento público (forma também exigida para sua revogação), contendo poderes especiais.
ESPÉCIES DE REGIME:
Regime da Comunhão Parcial – leitura obrigatória dos arts 1.658/1660 e 1.663)
Regime da Comunhão Universal - Leitura Obrigatória dos arts. 1.667/1.669, CC).
Regime da Participação Final nos Aquestos. >> no pacto antenupcial pode-se convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares.
Regime da Separação de Bens (arts. 1.687/1.688, CC): Pode ser Convencional OU OBRIGATÓRIA/LEGAL (art. 1.641, CC).
A ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS mediante autorização judicial, com pedido motivado de ambos os cônjuges, ressalvados os direitos de terceiros.
TÉRMINO DA SOCIEDADE CONJUGAL: Morte, nulidade/anulação, Separação Judicial ou divórcio. A separação de fato também coloca fim à sociedade conjugal, ou seja, no regime de bens, só não no vinculo matrimonial (o tal do casamento de “papel passado”).
UNIÃO ESTÁVEL: prevista nos artigos 1.723 a 1.726 do Código Civil, convivência pública (não pode ser furtiva ou secreta), contínua e duradoura (não há um prazo mínimo para sua configuração), constituição de família, sem que haja impedimentos matrimoniais (exceto quanto aos separados – judicialmente ou de fato) (admissível união estável para homossexuais).
Coabitação: não se trata de requisito essencial.
Contrato de convivência: instrumento (particular ou publico) para estabelecer o regime de bens diferente do parcial de bens
Meação: se não houver pacto entre os conviventes (contrato) o regime da comunhão parcial prevalecerá.
PODER FAMILIAR: é o que compete aos pais em relação aos filhos menores (até 18 anos ou emancipados). Irrenunciável, intransferível, inalienável e imprescritível, mesmo se houver guarda unilateral de um dos pais.]
ALIMENTOS: auxílios prestados a uma pessoa para prover as necessidades da vida. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns dos outros.
Requisitos: a) parentesco; b) necessidade de quem pleiteia; c) possibilidade de quem é demandado; d) proporcionalidade.
Não se pode renunciar ao direito de exigir alimentos.
O cancelamento de pensão alimentícia judicial de filho que atingiu a maioridade está sujeito à nova decisão judicial, mediante contraditório.
 O reconhecimento dos filhos é irrevogável.
Guarda ® coloca o menor em uma família substituta
Tutela ® substitui o poder familiar. São postos em tutela os menores (de 18 anos) cujos pais: a) faleceram; b) foram destituídos ou suspensos do poder familiar. Nomeado pela vontade dos pais (testamento) ou judicial.
 Curatela ® MAIORES incapazes (art. 1.767, CC): aqueles que do art. 4º (salvo o menor de 18, que seria caso de tutela). Exige-se processo que define os limites da curatela. Na nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa. 
Nascituro >> ausência do pai ou se a mãe não tiver poder familiar (interdita ou causa mental). (art. 1.779, CC).
Tomada de Decisão Apoiada: (art. 1.783-A, inserido pela Lei n° 13.146/2015): processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida . exemplo de uma pessoa portadora da Sindrome de Down ou de alguem que tem discernimento reduzido por algum motivo medico
Leitura obrigatória do artigo 6º do Estatuto da Pessoa com deficiência 
O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito. (art. 1.775). Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
SUCESSÃO
O Código Civil (art. 1.784) >>> estabelece que a sucessão se dá no momento da morte (real ou presumida SEM declaração de ausência) , sendo a herança desde logo transmitida aos herdeiros legítimos ou testamentários (mas não para os legatários). Isso se chama Princípio da Saisine. A lei para fins de partilha será a vigente no dia da morte.
A sucessão é tida como imóvel (art. 80, II, CC), submetida ao regime de um condomínio indivisível (art. 1.791, CC). Ou seja, HERANÇA é universalidade de Direito (art. 91, CC).
A lei brasileira, na melhor forma do artigo 426 do Código Civil proíbe contrato (NULO) que tenha como objeto a herança de pessoa viva. 
BUT... Nada impede que o quinhão (quota) hereditário seja objeto de "cessão por escritura pública". Pode ser feita entre a morte e a partilha. Herdeiros terão preferência legal na hipótese. 
Herdeiro legítimo: é o indicado pela lei consoante ordem de vocação hereditária (art. 1.829, CC), ou seja, são os legitimados a suceder nos casos de testamento inexistente, omisso, nulo ou caduco.
Herdeiros legítimo necessários: são os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Companheiro é um entendimento doutrinário/jurisprudencial.
Herdeiros legítimos facultativos os colaterais até o quarto grau. Apesar de a jurisprudência/doutrina reconhecer o companheiro como necessário, não está escrito no CC.
Herdeiro universal: é o que recebe uma universalidade, um quinhão, uma quota da herança, seja em virtude de lei (sucessão legítima), ou de testamento (sucessão testamentária).
Legatário: é aquele que recebe a coisa individuada por meio somente de testamento.
Sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido" (art. 1.785, CC), sendo este, regra geral, o foro competente para o ajuizamento do inventário. Se for em cartório o inventário, qualquer lugar.
CAPACIDADE SUCESSÓRIA (quem pode receber herança): as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Se for herança testamentária: admite que a prole dita eventual suceda, desde que concebida, salvo disposição de vontade em contrário, ate dois anos apos a morte do de cujus. Pessoa jurídica a ser instituída (criada) só se for na forma de FUNDAÇÃO.
Aceitação como a renúncia da herança são atos irrevogáveis, indivisíveis, irretratáveis e inter vivos.
Renúncia não se presume. Inexiste renúncia tácita como sucede na aceitação. Além de solene, exige que o instrumento seja público ou por termo nos autos homologado pelo juiz.
Não há representação quando ocorre a renúncia da herança. Art. 1.811,CC.
Haverá direito de representação nos casos de indignidade e de deserdação. Art. 1.816.
O STF declarou inconstitucional o art. 1.790 do CC que regulava a sucessão na união estável. Diante disto, a ordem de vocação hereditária do art. 1.829 do CC passou a se aplicar tanto para o matrimônio, quanto para a união estável. OU SEJA, no direito sucessório, união estável e casamento têm o mesmo tratamento. O STF NÃO DISSESE COMPANHEIROS SÃO HERDEIROS NECESSÁRIOS, mas a doutrina sim. 
EXCLUSÃO DA HERANÇA: incapacidade sucessória que priva de receber a herança.
INDIGNIDADE: (arts. 1.814/1.818, CC). Herdeiro que comete atos ofensivos à pessoa ou à honra do de cujus. Pode propor ação judicial quem tem interesse na declaração da indignidade (4 anos da morte). 
>> MINISTÉRIO PÚBLICO TEM SÓ NOS CASOS DE HOMICÍDIO.
DESERDAÇÃO: é quando o próprio de cujus exclui da sucessão, mediante testamento com expressa declaração de causa, HERDEIRO NECESSÁRIO. Para valer, um dos herdeiros beneficiados deverá mover ação judicial e provar a causa alegada em testamento (4 anos).
ORDEM DE VOCAÇÃO DA SUCESSÃOLEGÍTIMA: descendentes, ascendentes, cônjuge/companheiro e colaterais até o 4 grau, depois disso, senão tiver mesmo herdeiro pode a herança ir para poder público (herança vacante).
Conjunge/companheiro pode concorrer com os DESCENDENTES, desde que o regime de comunhão tenha sido: participação final nos aquestos, comunhão convencional da separação total e Regime Parcial de Bens (este apenas quanto aos bens particulares) [verificar as regras da partilha]
Aqui, tem de tomar cuidado com a reserva hereditária do cônjuge: é que se o cônj./comp. também ascendentes de pelo menos um dos herdeiros, terá direito a parte igual, MAS... com garantia mínima de 1/4. Ou seja, ainda que sejam 5 ou mais herdeiros, terá o mínimo de 1/4.
Mas se não for ascendente de nenhum deles, aí é parte igual mesmo.
. Sucessão dos ascendentes: não havendo descendentes, chamar-se-ão a suceder em concorrência com o cônjuge sobrevivente qualquer que seja o regime matrimonial de bens, os ascendentes do de cujus [verificar as regras da partilha].
Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge OU companheiro. CUIDADO!!! Não considera herdeiro em qualquer situação, o cônjuge ou companheiro, separado judicialmente, nem separado de fato há mais de 2 anos. Neste ultimo caso (separado de fato) se estiver separado há mais de 2 anos, pode reclamar pela herança, mas terá de provar que não teve culpa pela separação.
 SE NÃO EXISTIR DESC./ ASCEND./ NEM CONJ/COMP A herança alcançará os Colaterais:
de 2º grau: irmãos (se tiver irmãos bilaterais e unilaterais, estes herdam metade do que caberá aos bilaterais)
de 3º grau: sobrinhos e tios (sobrinhos têm preferência em relação aos tios)
de 4º grau: primos, sobrinhos-netos e tios-avós (não há preferência, todos herdam).
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO: aquele que recebe a herança em nome de seu ascendente se vivo estivesse.
Na linha descente: é a regra. Admite-se em qualquer grau.
Na linha ascendente: nenhuma hipótese.
Somente em favor de filhos de irmãos do falecido (em favor dos sobrinhos do falecido).
Qualquer que seja o regime, será assegurado o DIREITO REAL DE HABITAÇÃO ao cônjuge sobrevivente. REQUISITOS: imóvel era destinado à residência da família e que seja o único daquela natureza (residencial) a inventariar. Aplica-se a hipótese também à união estável.
TESTAMENTO. Negócio jurídico unilateral e gratuito, de natureza solene, essencialmente revogável, personalíssimo. Não pode, porém, influir na legítima dos herdeiros necessários (METADE DOS BENS).
QUEM PODE TESTAR: 
EM REGRA, MAIORES DE 16 ANOS (não precisam ser assistidos)
Os pródigos poderão testar.
Tanto o cego como o analfabeto SOMENTE podem No TESTAMENTO PÚBLICO (pois os outros devem ser escritos pelo próprio testador).
MUDOS e os SURDOS-MUDOS, por não poderem fazer declarações ao tabelião de viva voz NÃO PODEM O PÚBLICO (podem o cerrado e o particular).
 A capacidade é verificada no momento em que escreve o testamento. Nada de falar em incapacidade ou capacidade superveniente.
A nulidade do testamento por incapacidade ativa só pode ser ajuizada no juízo privativo, no prazo de cinco anos, contados do registro do testamento (que se dá após sua morte).
 CUIDADO!!! Se o testador ultrapassar a parte dos necessários, o testamento não será todo ineficaz, apenas a parte inoficiosa, ou seja, aquela que invadiu a parte dos herdeiros necessários.
BUT....... se ele não tinha ou não o conhecia herdeiros necessários quando testou, TODO O TESTAMENTO É ROMPIDO. TODO. Ainda que mesmo sem saber, tenha testado apenas uma parte do patrimônio. Isso só não acontecerá se, porventura, ele dispor sobre a hipótese de sobrevinda de outro descendente sucessível, aí esse testamento permanecerá eficaz.
OBRIGAÇÕES
Conceito: relação prestacional de caráter patrimonial cujo desrespeito se resolve mediante a execução do patrimônio.
Em regra, o acessório segue o principal. A exceção fica por conta das pertenças.
Se não houve culpa do devedor, não há que se falar em indenização por perdas e danos (P/D).
Princípio res perit domino >>> significa que o dono suportará o prejuízo experimentado, pois ninguém deu causa a isso. Perece na mão do dono.
Obrigação de dar é positiva porque a prestação que a mesma encerra consiste na entrega (móvel ou imóvel). 
Dar coisa certa: quando a coisa é individualizada. Ex. Carro x, cor y...
Dar coisa incerta, a coisa "será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade". Ex. Um boi na boiada.
Credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. PORÉM, se aceitar terá natureza de DAÇÃO EM PAGAMENTO.
A obrigação de fazer pode ser fungível ou infungível (personalíssima).
Obrigações de não fazer >> são, quase sempre, infungíveis, personalíssimas e indivisíveis pela sua natureza. É abstenção de uma conduta.
 As obrigações ALTERNATIVAS, o artigo 252 do CC disciplina que a escolha caberá ao devedor se outra coisa não for estipulada no ajuste.
SOLIDARIEDADE. pluralidade de credores ou devedores. Não pode ser presumidas. Por vontade das partes ou por imposição das leis.
SOLIDARIEDADE ATIVA: qualquer um dos credores pode exigir a prestação por inteiro (art. 267, CC)
Enquanto não for demandado por algum dos credores, o devedor pode escolher um dos credores e pagar a dívida a qualquer um deles
Perdão: o credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o pagamento responde aos outros pela parte que lhes caiba.
Prescrição: a interrupção da prescrição por um credor solidário beneficia os demais. Mas se suspensa só se a obrigação for indivisível.
O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes.
 SOLIDARIEDADE PASSIVA: todos os devedores se obrigam ao pagamento total da dívida, seja esta divisível ou não.
Morrendo um dos devedores solidários, a dívida se transmite aos seus herdeiros, mas cada herdeiro só responde por sua quota da dívida, salvo se indivisível a obrigação
O pagamento parcial feito por um devedor só aproveita aos demais devedores pelo valor pago ou relevado.
O perdão concedido a um dos coobrigados extingue a dívida na parte a ele correspondente.
Impossibilitando-se a prestação: a) sem culpa dos devedores: extingue a obrigação; b) por culpa de um devedor: a solidariedade continua para todos;
Em caso de CULPA DE UM DOS DEVEDORES: todos os devedores continuam com a obrigação e responderão pelo equivalente em dinheiro; mas só o devedor culpado responderá pelas perdas e danos.
Todos os devedores respondem pelos juros de mora, ainda que a ação tenha sido proposta contra um, mas o culpado responde aos outros pelo acréscimo.
 CLÁUSULA PENAL ( leitura obrigatória arts. 408 e seguintes, CC) → pacto acessório que impõe uma penalidade pela inexecução total ou parcial da obrigação (COMPENSATÓRIA) ou pela mora (MORATÓRIOS) no seu cumprimento. A cláusula penal somente será exigível em caso de inadimplemento ou mora (beneficia o credor);
ARRAS OU SINAL é uma disposição convencional pela qual uma das partes entrega à outra bem móvel (geralmente dinheiro) em garantia de uma obrigação pactuada (É A TAL DA “ENTRADA”). É o bem móvel que uma parte entrega à outra em garantia. 
ARRAS CONFIRMATÓRIAS são aquelas que, quando prestadas, marcamo início da execução do contrato, firmando a obrigação pactuada, de maneira a não permitir direito de arrependimento. Por não permitir o direito de 
ARRAS PENITENCIAIS garantem o direito de arrependimento e possuem um condão unicamente indenizatório. Nesse caso, exercido o direito de arrependimento, não haverá direito a indenização suplementar.
CLAUSULA PENAL É DIFERENTE DE ARRAS (OU SINAL) A cláusula penal somente será exigível em caso de inadimplemento ou mora (beneficia o credor); apenas estão previstas no contrato. Já as arras (ou sinal) são pagas por antecipação, servindo para garantir o cumprimento do contrato (beneficia o devedor); já há a entrega imediata do dinheiro ou objeto. O valor da cláusula penal pode ser reduzido pelo Juiz quando em excesso; o valor das arras pode ser pactuado livremente pelas partes, pois será abatido do valor da obrigação principal.
Se no contrato não for estipulado de modo diverso, no exercício do direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória (penitenciais)

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