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AP1 Semestre 2 de 2015

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
 
Disciplina: PORTUGUÊS 1 
 
Coordenador: Rosane Santos Mauro Monnerat 
 
AP 1 – 2015. 2 
 
 
Aluno(a): _______________________________________________________ 
 
Polo: _______________________________ Matrícula ________________ 
 
Nota: _______________ 
 
Instruções 
 
 
As questões desta prova se baseiam nos conteúdos das aulas 1 a 14. 
Leia a prova com atenção. Depois de responder às questões, faça uma revisão 
das suas respostas. 
Boa prova! 
 
 
 
 
 
 
 
Leia o fragmento de texto a seguir para responder às questões 1, 2, 3 e 4: 
 
As gravatas de Mario Quintana 
(não basta saber uma língua para entendê-la) 
Como é que uma pessoa se comunica com a outra? Como fazemos para transmitir ideias? 
A resposta parece bastante óbvia: transmitimos ideias usando a língua. Assim, se vou passando na 
rua e vejo um avestruz (digamos que seja uma rua muito peculiar, onde o tráfego de avestruzes é intenso), 
digo ao meu amigo: Olha, lá vai um avestruz. Com isso, transmito determinada informação ao meu amigo; em 
outras palavras, passo para a mente de outra pessoa uma ideia que estava originalmente em minha mente. 
Para isso, evidentemente, é preciso que as duas pessoas em questão conheçam a mesma língua, 
que ambas chamem aquele animal desajeitado de avestruz, que ambas saibam utilizar os verbos olhar e ir, e 
assim por diante. Uma vez isso arranjado, as duas pessoas se entenderão. Para que as pessoas se 
entendam, é necessário – e suficiente – que falem a mesma língua. 
É isso mesmo? Veremos que não. Na verdade, para que se dê a compreensão, mesmo em nível 
bastante elementar, é necessário que as pessoas tenham muito mais em comum que simplesmente uma 
língua. Precisam ter em comum um grande número de informações, precisam pertencer a meios culturais 
semelhantes, precisam mesmo ter, até certo ponto, crenças comuns. Sem isso, a língua simplesmente deixa 
de funcionar enquanto instrumento de comunicação. Na verdade, a comunicação linguística é um processo 
bastante precário; depende de tantos fatores que falham com muita frequência, para desânimo de muitos que 
ficam gemendo Por que é que ele não me entendeu? 
O problema é que o que a língua exprime é apenas uma parte do que se quer transmitir. Geralmente, 
se pensa no processo de comunicação como uma rua de mão única: a informação passa do falante para o 
ouvinte (ou do autor para o leitor). Se fosse assim, a estrutura linguística teria de ser suficiente para veicular a 
mensagem, porque, afinal de contas, a única coisa que o emissor realmente produz é um conjunto de sons (ou 
de riscos no papel), organizados de acordo com as regras da língua. Mesmo isso, como vimos, depende de 
alguma coisa por parte do receptor, a saber, o conhecimento das palavras e das regras da língua; mas poderia 
ser só isso, e as coisas seriam muito mais simples – e, também, talvez os seres humanos se entendessem 
melhor. (...) 
Vamos ver um exemplo: seja o sintagma as gravatas de Mário Quintana. Que significa isso? E, em 
especial, que tipo de relação exprime a preposição de? Evidentemente, de exprime “posse”, e o sintagma 
equivale a as gravatas que pertencem a Mario Quintana. (...) Digamos que o sintagma fosse as gravatas de 
Pierre Cardin; agora, para alguém que sabe quem é Pierre Cardin, a relação expressa pela preposição de já 
não precisa ser de posse. Na verdade , é mais provável que se entenda como “autoria”, isto é, as gravatas 
criadas por Pierre Cardin. 
Ora, a preposição é a mesma nos dois casos. De onde vem essa diferença de significado? 
Simplesmente do que sabemos sobre Mário Quintana (um poeta) e sobre Pierre Cardin (um estilista de moda). 
(...) 
Se a situação é essa, não faz sentido perguntar se o significado da preposição de é de posse ou 
autoria. Será posse ou autoria de acordo com o que soubermos dos diversos objetos ou pessoas 
mencionadas. (...) 
 (PERINI, Mario A. Sofrendo a gramática. São Paulo: Ática, 2000) 
1) Com base na leitura do fragmento, justifique a afirmação do autor de que 
“não basta saber uma língua para entendê-la”. 
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2) Você já estudou que o “paralelismo estrutural” é responsável pela presença 
de traços gramaticais comuns, da mesma ordem das palavras, ou da mesma 
estrutura frásica em segmentos contextuais contíguos. Identifique, no segundo 
parágrafo do texto, um exemplo de paralelismo estrutural: 
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3) Observe o trecho seguinte e reconheça a figura de linguagem veiculada na 
parte em que se associa o “processo de comunicação a uma rua de mão 
única” : 
O problema é que o que a língua exprime é apenas uma parte do que se quer 
transmitir. Geralmente, se pensa no processo de comunicação como uma rua 
de mão única: a informação passa do falante para o ouvinte (ou do autor para o 
leitor). 
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4) identifique o tipo de relação semântica expressa pelos encadeadores 
discursivos destacados nas frases seguintes: 
a) “Com isso, transmito determinada informação ao meu amigo; em outras 
palavras, passo para a mente de outra pessoa uma ideia que estava 
originalmente em minha mente.” 
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b) “Mesmo isso, como vimos, depende de alguma coisa por parte do receptor, 
a saber, o conhecimento das palavras e das regras da língua; mas poderia ser 
só isso, e as coisas seriam muito mais simples – e, também, talvez os seres 
humanos se entendessem melhor. (...)” 
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5) Identifique e explique a ambiguidade veiculada pelo texto visual a seguir, 
articulando as noções de sentido de língua e sentido de discurso: 
 
 
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GABARITO AP1 20152 
1) Para que haja comunicação, não basta “saber uma língua”, apesar de 
transmitirmos ideias por meio das línguas. Há necessidade da ativação de 
conhecimentos de mundo e de que esses conhecimentos sejam 
compartilhados pelo grupo social. (Aula 12) 
2) Exemplo de paralelismo estrutural: 
“que as duas pessoas em questão conheçam a mesma língua, que ambas 
chamem aquele animal desajeitado de avestruz, que ambas saibam utilizar os 
verbos olhar e ir, e assim por diante.” (Aula 8) 
3) A figura de linguagem é a metáfora, que consiste na alteração do sentido de 
uma palavra pelo acréscimo de um segundo significado, por meio de uma 
relação de semelhança. Uma “rua de mão única” tem apenas uma direção; a 
associação à comunicação, como mão única, veicularia a ideia de que a 
informação transita apenas no sentido do falante para o ouvinte, o que é 
rechaçado pelo autor, já que, nas interações, a informação ocorre em vias de 
mão dupla: do falante para o ouvinte e vice-versa. (Aula 14) 
4) a) Operador de retificação, redefinição do conteúdo expresso na primeira 
parte do enunciado. 
 b) Operador de exemplificação, que exemplifica o que foi dito anteriormente. 
(Aula 7) 
5) O texto visual apresenta, no plano denotado (sentido de língua) uma imagem 
de uma mão em uma roda; já no plano conotado (sentido de discurso), a 
expressão “uma mão na roda” significa uma ajuda que uma pessoa presta à 
outra. Assim, o sintagma “uma mão na roda” expressa ambiguidade no plano 
polissêmico. (Aulas 13 e 14) 
 
 
Valor das questões: 2 pontos (questões a e b: 1 ponto para cada letra)

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