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Plano de Aula: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: FEDERALISMO E AS POSSIBILIDADES PARA UM FEDERALISMO LATINO AMERICANO DIREITO CONSTITUCIONAL II - CCJ0020 Título ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: FEDERALISMO E AS POSSIBILIDADES PARA UM FEDERALISMO LATINO AMERICANO Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 1 Tema ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: FEDERALISMO Objetivos Ao final desta aula o Estudante deverá ser capaz de: Compreender a organização do Estado Federal; Conhecer As bases do Federalismo na América Latina . Estrutura do Conteúdo 1. Noções Iniciais sobre Federalismo 1.1. Origens Históricas 1.2. Conceitos 2. Constitucionalismo e ?Novo? Constitucionalismo Latinoamericano 2.1. Novo Constitucionalismo Latinoamericano 2.2. Características Originalidade Prolixidade Complexidade Rigidez 2.3. Análise do Constitucionalismo em Bolívia, Equador, Venezuela 3. Plurinacionalidade 4. Possibilidades da Criação de um Estado Federal Latinoamericano. O FEDERALISMO O federalismo é em um tema relevante tanto ao pesquisador do Direito Constitucional quanto àquele que se dedica ao estudo da Ciência Política. O Direito Constitucional, pelo conteúdo material da Constituição, dedica-se ao estudo da organização e do funcionamento do Estado, promovendo um estudo da anatomia do Estado. O federalismo, como forma de Estado, liga-se à esta anatomia, pois apresenta a divisão do território do Estado em diferentes entes estados-federados, exercendo cada qual sua parcela de competência constitucionalmente estabelecida (CAMARGOS e ANJOS, 2009:81). Para a Ciência Política, que possui como objeto o poder político, o federalismo trata da divisão do poder político através da federação. Na visão de Arend LIJPHART (2003:213): Neste capítulo, abordo a primeira variável da dimensão federal unitária (poder dividido): o federalismo e a descentralização versus governo unitário e centralizado. É adequado conceder esse primeiro lugar de honra ao federalismo, porque ele pode ser considerado o método mais típico e drástico da divisão do poder: ele divide o poder entre níveis inteiros do governo. De fato, como termo da ciência política, a divisão do poder é normalmente usada como sinônimo de federalismo. Desta forma, compreender o federalismo como fenômeno de divisão do poder é o mesmo que analisá-lo como a divisão do principal objeto de estudo da Ciência Política. Este ponto, portanto, agrega mais um elemento a nossa afirmação que os discursos do Supremo Tribunal Federal acerca da intervenção federal são políticos. O federalismo como forma de Estado se apresenta como uma construção do século XVIII, mais precisamente ligada ao movimento constitucionalista norte- americano, que sucedeu a revolução da independência americana. Para tratarmos das origens do federalismo norte-americano é necessário discorrer sobre um de seus importantes pressupostos: a Constituição norte- americana. O constitucionalismo norte-americano, cujo legado apresentou ao mundo, através da Convenção de Filadélfia, a primeira Constituição escrita em 1787, e uma forma de Estado até então desconhecida, que é federal, remonta ao período de aparecimento do próprio estado americano. A Constituição norte-americana se apresenta como fundamento de validade do federalismo. Como nos dizem CAMARGOS e ANJOS (2009:83), cientistas políticos brasileiros que se dedicam ao estudo do federalismo americano: Foi da união das treze ex-colônias inglesas, formadas por indivíduos oriundos da Inglaterra, que se dirigiram para o novo mundo por razões religiosas, políticas e econômicas, que se criou inicialmente uma Confederação no momento imediatamente posterior a independência. Confederação esta que promoveu ajustamentos e uma maior aproximação entre os Estados confederados, de forma a fazer surgir uma Federação. Na Federação cada uma das treze ex-colônias, que se constituíam anteriormente em Estados confederados, tiveram de abrir mão da soberania de que eram dotadas para constituir um poder que se colocava em uma instância superior e que abrangesse a todas elas, sendo portanto a soberania atribuída a esse poder, surgindo assim o Estado Federal. Segundo Alexander HAMILTON (2003:71), autor de "O Federalista", obra referência a respeito desta nova forma de organização do Estado, a autonomia dos estados membros combinada com uma união sólida e indissolúvel entre eles é a marca distintiva de uma federação, como confirma o texto do próprio autor transcrito abaixo: Uma União sólida terá a máxima significação para a paz e para a liberdade dos estados-membros, como uma barreira contra facções e insurreições internas. É impossível ler a história das pequenas repúblicas da Grécia sem um sentimento de horror e pena ante as agitações a que elas foram continuamente submetidas e a rápida sucessão de revoluções que as deixavam em estado de constante oscilação entre os extremos da tirania e anarquia. É de se notar, no caso da federação dos Estados Unidos da América do Norte, que houve uma constante preocupação com as questões relacionadas à política externa, de comércio e segurança dos estados federados reunidos em torno da União. Todavia, a maior preocupação esteve em torno das crises internas que as ex-colônias, transmutadas em Estados Confederados, e, posteriormente, em estados federados teriam de enfrentar. A autonomia é uma prerrogativa de poder de ente político, própria do Estado federal, que se distingue da soberania do Estado, na medida em que não é poder independente. Entretanto, tem como prerrogativas básicas a auto organização, pela qual o estado membro pode elaborar sua própria constituição e suas leis; o autogoverno que dá ao povo do estado membro o direito de escolher seus governantes tanto no plano do legislativo, como do executivo e do judiciário. E a ainda a autoadministração, que permite ao estado membro organizar e gerir sua máquina burocrática (DALLARI, 2009). Em razão de peculiaridades de sua história política, o federalismo norte-americano apresenta grande acentuação na autonomia dos estados federados. Mais uma vez podemos citar o trecho de CAMARGOS e ANJOS (2009: 84): Na experiência constitucional norte-americana a democracia é verdadeiro pressuposto do federalismo. A forma de estruturação do Estado Federal considera a participação dos cidadãos, seja através do exercício do direito de escolha de seus representantes pelas eleições, seja como destinatários das políticas públicas e competências constitucionais desempenhadas pelo governo federal ou pelos governos estaduais. Originalmente a soberania dos Estados Confederados, que criaram a Federação na Convenção de Filadélfia em 1787, certamente extraíram esta expressão de poder através da manifestação da vontade de seu povo. Desta forma, tanto o governo federal como os estaduais apresentam estruturalmente uma relação de dependência para com o cidadão eleitor, estando bastante evidenciado que os que governam exercem um mandato político devendo estrita fidelidade a quem os elegeu. Para trabalharmos com as características da federação, vamos lançar mão de um instrumento metodológico weberiano (WEBER,1964) que é o tipo ideal. Trata-se da construção de um modelo que traça uma espécie de caricatura simplificada da realidade social estudada e que não pretende esgotar as características das experiências históricas de cada Estado. Segundo WEBER (1964) dada a diversidade das peculiaridades locais, o tipo ideal é instrumento essencial para não cairmos norelativismo extremado, o que nos possibilita comparar certos aspectos de um fenômeno social. A principal característica do Estado federal, como já salientamos, é a descentralização administrativa e política. O que torna esta forma de organização bastante sofisticada é que o poder neste tipo de Estado seja dividido em diferentes funções de poder (Legislativo, Executivo e Judiciário), e estas reproduzidas simetricamente em todos os níveis da federação. Outro elemento fundamental que integra a organização federativa é a existência da manifestação livre e eficiente da vontade dos representantes de cada um dos estados federados no sentido de criar a união de todos eles, formando assim o Estado federal. Tal fenômeno é denominado de pacto federativo e ele fica estabelecido na Constituição federal. 2. A EXPERIÊNCIA DA AMÉRICA LATINA : CONSTITUCIONALISMO NA AMÉRICA LATINA, ?NOVO? CONSTITUCIONALISMO LATINO AMERICANO E POSSIBILIDADES PARA ADOÇÃO DA FORMA FEDERATIVA NA AMÉRICA LATINA. ( NOVO CONSTITUCIONALISMO LATINO-AMERICANO E A FORMA FEDERAL BASTOS, Thiago Guerreiro ) BASTOS, Thiago Guerreiro. NOVO CONSTITUCIONALISMO LATINO-AMERICANO E A FORMA FEDERAL. Disponível em : http://aninter.com.br/Anais%20CONINTER%203/GT%2011/07.%20BASTOS.pdf Constitucionalismo na América Latina As constituições do século XXI representam o ápice do desenvolvimento constitucionalista iniciado no século XVIII. Cabe ressaltar que no período posterior à II Guerra Mundial houve uma forte agitação social que trouxe como consequência a positivação de valores nos textos (virada kantiana) e maior intervenção estatal. O início dos anos 80 marca uma nova postura econômica dos países centrais que traz consequência para os demais estados periféricos na ordem global. Em razão disso, estados latinos reagem ao modelo econômico imposto, dando início, assim, a uma agitação social que culmina com a criação do Novo Constitucionalismo LatinoAmericano. A modernidade trouxe consigo as concepções de estado-nação e monismo jurídico, que foram respaldadas por políticas de homogeneização cultural e centralização político- jurídica. No entanto, as disputas sobre direitos dos imigrantes, dos indígenas e de outras minorias culturais estão gerando questionamentos a respeito destes pressupostos que têm governado a vida política mundial durante décadas. O movimento iniciado na América Andina não representa apenas um ato contra a lógica neoliberal, mas também se levanta contra a imposição monista do direito e a homogeneização da cultura que tem como principal efeito assimilar e exterminar povos originários. Novo Constitucionalismo Latinoamericano Novo Constitucionalismo Afirmar que algo é ?novo? significa dizer que ocorreu ou que está havendo a superação daquilo que pode ser visto como ?antigo?. A agitação social que gerou o novo constitucionalismo propôs maior integração das parcelas marginalizadas (com a ruptura do monismo) e maior presença do Estado na economia. É preciso frisar que mais de três décadas separam neoconstitucionalismo do novo constitucionalismo latino-americano, sendo, por isso, movimentos díspares e que não podem ser usados como sinônimos. De acordo com Martinéz Dalmau , enquanto o neoconstitucionalismo é fruto de teorização acadêmica, o novo constitucionalismo é fruto de movimento social, sendo esta, portanto, a principal diferença entre as duas espécies. A diferenciação apontada é importante porque este é o mote do novo constitucionalismo, ou seja, é a partir disso que se extrai suas principais características. O fato de não ser um movimento elitizado, ao menos inicialmente, evidencia o resgate do poder constituinte originário de fato, poder este que tem o condão de quebrantar a ordem vigente para refundá-la. O novo constitucionalismo ainda não é, mas busca ser uma corrente doutrinária de refundação latina (é um movimento em consolidação). Além disso, o fenômeno é original e típico da região, pois não se vale de transplantes de soluções europeias ou estadunidenses, mas cria respostas para suas próprias mazelas. É preciso esclarecer que o novo não rompe com o neo. Desse modo, há um novo estágio de evolução do constitucionalismo que se origina, pela primeira vez, na América Latina. Não há ruptura porque o novo constitucionalismo mantém a estrutura da divisão de poderes, constituição rígida e escrita, positivação de direitos e valores, isto é, assegura a estrutura racional-normativo das constituições (texto escrito, ordenado e articulado), mas propõe um resgate e aprofundamento da dimensão política e democrática da constituição. A insurgência que eclodiu nos anos 80 gera seus primeiros efeitos na década de 90. Contudo, a evolução do movimento persistiu e chegou aos anos 2000 O primeiro resultado surge na Colômbia em 1991 quando se supera a Constituição de cunho liberal de 1886. Posteriormente houve a Constituição de 1998 do Equador, seguida pelo Texto venezuelano de 1999. Finalmente se chega ao atual ápice da evolução desta teoria com o advento do estado plurinacional por meio das constituições equatoriana de 2006 e boliviana de 2009. A linha do tempo que vai de 1991 a 2009 representa estágios evolutivos diferentes do novo constitucionalismo que rumam até o surgimento do estado plurinacional. Pesquisadores do novo constitucionalismo latino-americano identificam ao menos quatro elementos em comum a todos os processos constituintes citados acima: 1) Originalidade ? No tocante às inovações institucionais trazidas; o fato de ser um constitucionalismo pensado por latinos e para latinos. 2) Prolixos ? São textos longos com média de ao menos 300 artigos. A extensão das constituições tem dois motivos: a) São extensos porque buscam ser capazes de dar respostas às necessidades que o povo solicita; b) São extensos porque buscam frear a atuação do Congresso e das Cortes Supremas em dar interpretação em sentido contrário aos anseios populares. Foi o meio encontrado para manter a vontade constituinte e evitar que a elite usurpe o movimento popular legítimo por meio de interpretações diversas. 3) Complexidade - O texto de uma constituição mexe com temas complexos principalmente quando trabalha com questões econômicas, fiscais, macroeconômicas, tributárias e monetárias. Contudo, dificuldade técnica não pode ser sinônimo de linguagem ou construção textual difícil. A complexidade técnica deve vir acompanhada de uma linguagem simplista para permitir que a população entenda o documento que estrutura seu país; foi a forma encontrada para romper com a dominação do direito promovida pela elite, pois facilitar a linguagem significa que qualquer um do povo pode ler e compreender a mensagem sem precisar de intermediários ou ?tradutores?. A linguagem acessível retira a opacidade do direito. 4) Rigidez na ativação do poder constituinte derivado ? Tentativa de impedir que os poderes constituídos disponham da capacidade de reformar a constituição por eles mesmos. A rigidez não busca a fossilização da constituição, mas somente admitir a modificação mediante consulta popular prévia. É preciso que o povo admite a reformar constitucional Sob a ótica dos países que mais avançaram no novo constitucionalismo é válido indagar acerca da profundidade real desta mudança e até que ponto aquilo que foi pleiteado se efetivou. A) No caso boliviano a Assembleia Constituinte deixou de ter sua representação oriunda dos movimentos sociaise dos povos indígenas como se queria inicialmente para ter uma representação com origem em representantes eleitos. Ainda sobre a Bolívia, a questão da plurinacionalidade tem duas facetas: territorial e estrutura do Estado. A primeira implica em reconhecer e assegurar direitos aos povos indígenas (terra e recursos naturais) enquanto que a segunda está atrelada à participação efetiva nos poderes (co-governo). Contudo, de forma habilidosa, as oligarquias conseguiram destorcer o campo jurídico da transformação que se desenrolava por meio de um terrorismo separatista ao afirmar que dar plena autonomia às regiões ricas em recursos naturais poderia incentivar a secessão. Isso culminou em um regime de descentralização e autonomias nas formas tradicionais de Departamentos e Municípios nos territórios indígenas em detrimento de uma descentralização mais profunda e eficaz. B) No caso equatoriano o hiperpresidencialismo afetou a constituinte. Por mais que referendo de 2007 tenha sido aprovado para a convocação da Assembleia Constituinte, a despeito do apoio popular, quem promoveu a iniciativa foi o próprio presidente Rafael Côrrea. Houve atuação intensa por parte do Presidente ao ponto de opor resistência a temas como autonomia indígena, proteção da natureza e direitos sexuais. A intervenção chegou a níveis tão alarmantes que o presidente da Assembleia Constituinte renunciou antes de terminar os trabalhos. No entanto, apesar das intervenções a Constituição equatoriana conseguiu manter o perfil nacional e redistributivo. A inovação extremamente relevante no constitucionalismo equatoriano está no amplo e inovador rol de direitos. À luz do bem-viver se tratam dos direitos econômicos, sociais e culturais. Há uma forte tutela do meio ambiente ao ponto de se reconhecer que este é titular de direitos: ?La naturaleza será sujeto de aquellos derechos que le reconozca la Constitución?. A inovação é um resgate cultural (giro descolonial em oposição ao eurocentrismo) em razão do novo valor dado a natureza que em nada se confunde com ideais eurocêntricos, pois assegura-se o direito de ?restauração? do meio ambiente em um giro biocêntrico sem precedentes em uma constituição. > Independente das críticas existentes, o novo constitucionalismo é um movimento que trouxe mudanças na região andina. A valorização do indígena, a busca pelo diálogo com os povos originários, a reconexão com a natureza e a busca pela participação popular são realidades constitucionais que produziram efeitos sociais e trouxeram melhorias. É um movimento constitucional, como já dito anteriormente, que está em efetivação, possuindo, portanto, arestas a serem aparadas até mesmo por ser um movimento popular e não eminentemente acadêmico PLURINACIONALIDADE A plurinacional é fruto da evolução do novo constitucionalismo latino- americano. De acordo com Raquel Yrigoyen Fajardo, a plurinacionalidade é resultado de um processo ao qual a América Latina está inserida e que se desenvolveu em três etapas sucessivas onde a grande maioria dos países está envolvida em algum estágio. Portanto, enquanto uns estão no primeiro, outros foram ao segundo e apenas dois (Bolívia e Equador) atingiram o terceiro patamar. El pluralismo jurídico, como forma de coexistencia de varios sistemas normativos dentro de un mismo espacio geopolítico, aun en su forma colonial subodinada, no era admisible para la ideología del Estadonación. El Estado-nación monocultural, el monismo jurídico y un modelo de ciudadanía censitaria (para hombres blancos, propietarios e ilustrados) fueron la columna vertebral del horizonte del constitucionalismo liberal del siglo XIX en Latinoamérica. Un constitucionalismo importado por las elites criollas para configurar estados a su imagen y semejanza, con exclusión de los pueblos originarios, los afrodescendientes, las mujeres y las mayorías subordinadas, y con el objetivo de mantener la sujeción indígena (9 FAJARDO, Raquel Yrigoyen. El horizonte del constitucionalismo pluralista: del multiculturalismo a la descolonización In El Dereho en América Latina: Um mapa para el pensamiento jurídico del siglo XXI. Coordenador: César Rodríguez Garavito. Ed: Siglo veintiuno. 1ª ed. 2011. ) O plurinacionalismo busca romper de vez com a herança colonial e aprofundar o espírito descolonizador existente no movimento latino ao propor uma refundação do Estado a partir do reconhecimento de seu passado pré- hispânico com o objetivo de reconhecer e resgatar as heranças indígenas renegadas e sufocadas desde o período colonial e republicano. Portanto, os povos indígenas não são mais vistos como culturalmente diversos, mas como nações originárias que compõe o Estado FORMA FEDERATIVA A formação de um estado é fruto de aspectos históricos e culturais cuja centralização vem a ser arrefecida, em alguns casos, com a adoção do federalismo para atender aos interesses da própria diversidade. Portanto, falar de forma federativa à luz do Novo Constitucionalismo LatinoAmericano é extremamente pertinente. Fatores como maior participação popular, aproximação do poder político do povo, reconhecimento da diversidade étnica e cultural, superação do monismo por um direito pluralista e advento de um estado plurinacional direcionam para a autonomia política. Ao falar em plurinacionalidade é natural pensar em pluralidade de centros decisórios. O contexto de admissão e valorização das diferenças, característica típica de um Estado Federal, clama por autonomia política para possibilitar que cada entidade subnacional possa compatibilizar e adotar as melhores medidas de acordo com sua realidade regional. Diante de uma proposta de giro descolonial, o federalismo propiciaria o reconhecimento e a valorização da pluralidade étnica. As diferenças culturais entre os diversos grupos étnicos são imensas, e é por isso que a pluralidade política (federalismo) poderia propiciar e fortalecer a identidade de cada grupo existente (Quechua, Tacana, Mosetén, Mataco, Guarani, Aymara e etc). O novo constitucionalismo não se pode ater somente à autonomia administrativa, mas deve aprofundar ao ponto de se atingir a autonomia política Choudry e Hume, teóricos do federalismo de pós-conflito, sustentam que os países que adotam a forma federal no século XXI estão buscando apaziguar tensões existentes entre regiões dotadas de divergências econômicas e culturais (assimetrias) com fim de manter a integridade territorial. Diante desta lógica, um federalismo de pósconflito poderia ser utilizado nos países andinos, pois atuaria em duas frentes distintas: 1) Por não serem países com tradição federalista, a adoção desta forma de estado seria lenta e gradual (em razão da experimentação de maior descentralização e autonomias existentes), ou seja, são países unitários que possivelmente adotariam a forma federal no futuro; 2) As assimetrias culturais e econômicas que antes eram sufocadas passam a ser incentivadas o que gera disputa com o centro para que cada ente subnacional possa ser diferente naquilo que lhe compete. Logo, a forma federal apaziguaria tensões que seriam desenvolvidas como consequência do processo implementado. Boaventura de Souza Santos defende a ideia de um ?Estado Experimental LatinoAmericano? o que é bastante coerente com o movimento surgido. O novo constitucionalismo pensa uma nova forma de Estado,pois há uma refundação. Contudo, antes de se aprofundar nas mudanças ou entrar na ?engine room? 20 para abalar os pilares que sustentam o Estado, é preciso ter certeza de que as inovações atendem aos anseios e permitem que o Estado funcione de forma adequada. Em uma lógica experimental, manter o mínimo (divisão dos poderes, texto escrito e todo o escopo racional-normativo) funciona como um ? no-break? institucional, pois mantem o Estado em funcionamento caso a inovação não seja interessante ou não funcione como se imaginou. O ?Novo Constitucionalismo Latino-Americano? é um movimento de transição para algo ainda mais profundo no futuro, Por isso, é preciso acompanhar o movimento para saber como se dará a sedimentação do novo constitucionalismo e qual será seu futuro. Como sustentando anteriormente, é possível que haja adoção da forma federativa o que garantiria não apenas pluralismo jurídico, mas também político. Os preceitos teóricos para um pluralismo político já existem, faltam apenas serem efetivados. 3. FEDERALISMO NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA Com relação ao Direito Constitucional brasileiro José Alfredo de Oliveira BARACHO (1982:54), em obra denominada Teoria Geral do Federalismo assim afirma: Tecnicamente, o federalismo é uma divisão constitucional de poderes entre dois ou mais componentes dessa figura complexa que decorre da existência de um Estado que possa apresentar formas de distribuição das tarefas políticas e administrativas. Em outras palavras, a descentralização do Estado federal gera a necessidade de repartição de competências a serem exercidas pelo Estado federal e pelos estados federados. Esta repartição de competências se constitui na grande tarefa do legislador constituinte de forma a harmonizar o exercício do poder por parte de todos os estados que integram a federação e o Estado Federal[1]. Segundo Raul Machado HORTA (2002:306): se a tendência ocorrida no federalismo é a de fortalecimento do poder central da União Federal, tem-se o chamado federalismo contrípeto ou centrípeto, conforme queiram. Por outro lado, se a tendência é de fortalecimento dos estados integrantes da federação, diz-se que o federalismo é centrífugo. Havendo equilíbrio entre estas duas forças, qual seja, entre o Estado Federal e os estados federados, diz-se que o federalismo é de cooperação. Por outro lado, o federalismo centrífugo é aquele que fará um caminho oposto. O federalismo centrífugo se dirige para a periferia do Estado Federal. Nele não haverá necessariamente maior descentralização, mas sobretudo uma tendência à descentralização ao longo do tempo. Exemplo notável é o federalismo brasileiro, que surgiu originariamente de um Estado Unitário extremamente centralizador e se direciona ao longo da história republicana brasileira a dar maior leque de competências aos estados, seguindo no sentido da descentralização. É ainda Raul Machado HORTA (2002: 307) quem aponta como principais características do federalismo e que se constituem como seus princípios, técnicas e instrumentos operacionais os seguintes elementos: a)a decisão constituinte criadora do Estado Federal e de suas partes indissociáveis, a federação ou União, e os estados-membros;[2] b)a repartição de competências entre a federação e os estados-membros;[3] c)o poder de auto-organização constitucional dos estados-membros, atribuindo-lhes autonomia constitucional;[4] d)a intervenção federal, instrumento para restabelecer o equilíbrio federativo, em casos constitucionalmente definidos;[5] e)a Câmara dos Estados, como órgão do Poder Legislativo Federal, para permitir a participação do estado-membro na formação da legislação federal; [6] f)a titularidade dos estados-membros, através de suas Assembleias Legislativas, em número qualificado, para propor emenda à Constituição Federal;[7] g)a criação de novo estado ou modificação territorial de estado existente dependendo da aquiescência da população do estado afetado;[8] h)a existência do Poder Judiciário Federal de um Supremo Tribunal Federal ou Corte Suprema, para interpretar e proteger a Constituição Federal, e dirimir litígios ou conflitos entre a União, os Estados e outra pessoas jurídicas de direito interno.[9] Finalmente, ainda cabe destacar que as entidades federativas independentemente do tamanho de sua população, de sua participação no produto interno bruto do Estado Federal, ou de sua extensão territorial, têm entre si plena condição de igualdade formal, igualdade esta que é estabelecida pelas normas constitucionais. Após termos apresentado, com fins comparativos, as noções gerais do federalismo como um fato característico da história política e constitucional norte-americana, importante se torna compreender como esta forma de organização do poder político se aclimata no processo histórico-político brasileiro. Em outras palavras, para que possamos entender as representações e significações existentes acerca da intervenção federal, devemos contextualizar o que vem a ser federação a brasileira. [1] Esta divisão na ordem constitucional vigente no Brasil encontra-se insculpida entre os arts. 21 a 25; 30 e 32 da CRFB/88. [2] "Esta primeira característica faz menção à decisão criadora da federação que já mencionamos anteriormente e que é também denominada pacto federativo. O pacto federativo representa a expressão da vontade dos representantes dos estados que integram a federação de participar da criação do Estado Federal. Esta vontade é expressa na Constituição. Aqui é também apresentada a característica de que os estados federados se constituem em partes indissociáveis, não podendo nenhum deles optar por não fazer mais parte da federação, posto que ao nela adentrarem abriram mão de significativa parcela de soberania de que eram dotados, restando-lhes a autonomia". (HORTA, 2002:307). [3] "A repartição de competências aqui mencionada há de ser expressa no texto constitucional e há de delimitar as competências legislativas e administrativas do ente federal e dos entes federados. Ao repartir a competência a Constituição não há de hierarquizar ou subordinar os entes federados ao federal, mas irá definir o âmbito de atuação de cada um deles. Esta repartição de competências se constitui no cerne da disciplina constitucional acerca do federalismo. É certo que a competência afeta os órgãos do Poder Judiciário Federal e do Poder Judiciário dos estados, muito embora não seja apresentada como repartição de competências relacionadas ao federalismo, é de todo correto afirmar que sua definição é corolário do federalismo." (HORTA, 2002:307). [4]"Esta capacidade de auto-organização dos estados-membros possui limitações e condicionamentos que são expressos pelo texto da Constituição Federal. Aqui há um estado dentro do Estado e esta capacidade de se organizar autonomamente é manifestação do poder constituinte decorrente e as Constituições Estaduais devem ser elaboradas em conformidade com os princípios e preceitos da Constituição Federal. Cumpre evidenciar que a soberania é atributo exclusivo do poder federal." (HORTA, 2002:307). [5] "A regra geral que vigora no federalismo é a de que o ente político mais abrangente irá respeitar a autonomia do ente político menos abrangente; excepcionalmente e em casos definidos taxativamente na Constituição Federal,a União Federal intervirá nos estados ou diretamente nos municípios quando estes infringirem os chamados princípios constitucionais federais sensíveis. A intervenção é um mecanismo de defesa da própria federação, seja contra interferências externas ao Estado Federal, e principalmente em razão das intempéries ocorridas nos estados federados. Várias são as maneiras de se desencadear o processo interventivo, e quando este é desencadeado muitos são os mecanismos e instrumentos constitucionais para mantê-lo como uma medida estrita, temporária e da mais absoluta excepcionalidade." (HORTA, 2002:307). [6] "O federalismo pressupõe um Poder Legislativo bicameral, onde uma das Casas Legislativas é constituída de representantes do povo e a outra Casa Legislativa será constituída pelos representantes dos estados federados. Como expressão da absoluta igualdade entre os estados integrantes da federação, cumpre destacar que o número de representantes por estado é o mesmo para cada um dos estados. Esta Casa Legislativa autoriza o estado federado a participar das principais decisões legislativas tomadas no âmbito federal. Muito embora a federação nos apresente dois estados de competências diferenciadas, é forçoso considerar que o estado federado apresenta estruturas que estão amalgamadas no Estado Federal e uma delas e de considerável relevo é a Casa Legislativa dos estados que compõem o Poder Legislativo Federal." (HORTA, 2002:307). [7] "Qualquer necessária alteração do texto da Constituição Federal deve ser acessível aos estados federados e normalmente esta possibilidade de propor emendas a Constituição Federal se dá através dos órgãos legislativos estaduais." (HORTA, 2002:307). [8] "Esta característica é certamente conseqüência direta da autonomia dos estados federados. Qualquer mudança substancial na estrutura da federação ou dos estados federados vai depender da aquiescência direta da população diretamente interessada. Estas formas de consulta popular se constituem resquícios de democracia direta e normalmente se dão através do plebiscito ou do referendo, conforme o momento em que sejam realizados." (HORTA, 2002:307). [9] "Um órgão de cúpula no Poder Judiciário que exerça a jurisdição das questões afetas à Constituição Federal. Que esta mesma estrutura de poder jurisdicional venha a dirimir conflitos entre a União e qualquer que seja a parte, entre os estados federados e pessoas de direito público interno. Fica evidenciada também a preocupação de preservação da Constituição Federal através do controle de constitucionalidade concentrado em um órgão jurisdicional. Há também a peculiar característica de que a União ou o Estado Federal não fique sujeito à jurisdição de justiças estaduais." (HORTA, 2002:307). O Federalismo no Brasil A constituição imperial brasileira estabelecia um Estado unitário, apresentando como características a forte centralização política e administrativa. É certo que esta centralização decorrente da forma de Estado unitário em muito auxiliou na construção da unidade nacional, impedindo assim que o país se desagregasse em razão das inúmeras revoltas que ocorreram no seio das províncias (CHACON, 1987). No Brasil, a transição da monarquia para a república e do Estado unitário para o Estado federal não se constituiu em um processo lento, mas sim relativamente breve. O fato é que esta grande transformação na vida política nacional foi obra de alguns poucos intelectuais e militares de alta patente, não tendo havido participação popular na deflagração deste processo (CAMARGOS e ANJOS, 2009). Discorrendo sobre o assunto em obra que se tornou referência neste tema, José Murilo de CARVALHO (1991:68) assim afirma: "Estas observações não estão, no entanto, distantes da frase de Aristides Lobo, segundo o qual o povo teria assistido bestializado à proclamação da República, sem entender o que se passava". É necessário que se evidencie que o grau de alienação do povo no que se refere ao momento político nacional não era muito diferente da ausência de participação das lideranças políticas existentes nas províncias no que se refere à adoção do federalismo como forma de Estado. A república e o federalismo foram um movimento de intelectuais e militares que residiam na Corte e na província de São Paulo. As demais províncias não tomaram parte significativa no evento histórico, e se é certo que o pacto federativo não exige um momento histórico para sua caracterização, no Brasil ele foi expresso com a elaboração da Constituição Republicana de 1891 (CAMARGOS e ANJOS, 2009). É certo que na Constituição de 1934 muitas das competências administrativas e legislativas atribuídas aos estados anteriormente foram transferidas para a União. Entretanto, em 1937, com o advento do golpe dado por Getúlio Vargas, a outorga de uma nova Constituição e a instituição da ditadura do Estado Novo até 1945, o Brasil viveu momentos de grande centralização política, quando os estados passaram a não ter sequer o peso político apresentado nos anos posteriores à 1ª República. Sob a vigência da Constituição de 1946, o país viveu novo período de democratização e os estados da Federação passaram a atuar no cenário político nacional com maior desenvoltura, entretanto, esta Constituição adotou os mesmos moldes de concentração de competências administrativas e legislativas no rol deferido à União (CAMARGOS e ANJOS, 2009). Com o advento do golpe militar de 1964, que institui a ditadura e culminou na Constituição de 1967 e emenda nº 1 de 1969, retornando a um período de forte centralização e autoritarismo por parte da União federal, havendo aqui verdadeira submissão dos estados federados à União. Com a redemocratização do país e a convocação da Assembléia Nacional Constituinte no ano de 1986, cujo trabalho redundou na Constituição de 1988, o país retornou ao estado de direito, direito este elaborado e exercido legitimamente. Em que pesem os reveses políticos enfrentados pelo país em sua história republicana o fato é que as dimensões territoriais brasileiras, que são de grandes proporções, impõem para maior eficiência na administração da coisa pública a descentralização tanto política como administrativa. A Carta Política de 1988 estabeleceu em seu art. 1º ?A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: "É de se perceber que houve grande inovação da Constituição ao estabelecer que o Brasil é uma federação constituída por estados, municípios e pelo distrito federal, inovação esta que se dá por alçar o município a um ente autônomo da federação. É de amplo conhecimento a federação constitui-se tão somente de estados, que juntamente com a união apresenta o seu aspecto dualista, daí a grande inovação na nova estrutura apresentada pelo federalismo brasileiro. O art. 18 da Constituição da República apresenta o município como parte integrante da organização política administrativa da República Federativa do Brasil ao lado da União, dos Estados e do Distrito Federal, sendo todos dotados de autonomia. A federação brasileira adquiri certa peculiaridade ao apresentar três esferas de governo que seriam a União, os estados e os municípios, mas autores como José Afonso da Silva questionam se o município foi, de fato, elevado à categoria de entefederativo (SILVA, 2007: 641): E os Municípios transformaram-se mesmo em unidades federadas - A Constituição não o diz. Ao contrário, existem onze ocorrências das expressões - unidade federada e unidade da Federação- referindo-se apenas aos Estados e ao Distrito Federal, nunca envolvendo os Municípios. A Constituição de 1988, seguindo o exemplo das constituições anteriores, estabeleceu as hipóteses em que, excepcionalmente, a União poderia vir a intervir nos estados federados. O instituto da intervenção federal encontra-se nas circunstâncias enumeradas nos incisos do art. 34 da Carta Política[1]. Na história do federalismo brasileiro é possível notar que a intervenção, notadamente por ser medida excepcional, foi utilizada com muita parcimônia, principalmente no período em que vivemos certa normalidade política e democrática. Entretanto, na ditadura de Getúlio Vargas, de 1937 a 1945, e durante a ditadura militar de 1964 a 1984, a intervenção foi utilizada com maior frequência (CAMARGOS e ANJOS, 2009). [1] "Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde." Procedimentos de Ensino Aula expositiva, debate e discussão dirigida com base no texto: NOVO CONSTITUCIONALISMO LATINO-AMERICANO E A FORMA FEDERAL BASTOS, Thiago Guerreiro. Disponível em : http://aninter.com.br/Anais%20CONINTER%203/GT%2011/07.%20BASTOS.pdf O intuito nesta aula é estimular a compreensão da categoria: organização federativa, federalismo na América Latina e a possibilidade de criação de um Estado Federal pelo países da América Latina. Vale lembrar que tais questões estão devidamente desenvolvidas nos textos complementares sugeridos e tem o intuito de promover um debate sobre temas atuais do constitucionalismo. * Ainda que possam ser objeto de avaliação, segundo autonomia didático- pedagógica de cada docente, considerando que o tema está abordado apenas em bibliografia complementar, sugere-se não inserir questões no BDQ para avalição nacional. Aplicação Prática Teórica Caso Concreto: O município de Parués, no Estado Anaguá, fica na margem esquerda do Rio Ituiruaçú e faz divisa com o município de Erolim, que fica no Estado vizinho de Rocilom, na margem direita do mesmo rio. O caudaloso rio sempre foi a principal fonte de peixes para a alimentação das populações locais. Certo dia os moradores são surpreendidos com a notícia de que a empresa HOTEL S/A comprou vários hectares de terra na região para criar um Resort na localidade. Um grande empreendimento imobiliário que inclui, entre outras coisas, o uso do Rio Ituiruaçú como local para prática de esportes radicais aquáticos. As autoridades dos dois Estados iniciaram uma briga para saber de quem era a responsabilidade pela fiscalização, controle e pelas autorizações ambientais para o empreendimento. Considerando a art. 23 parágrafo único da Constituição Federal que diz: ?Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.? E ainda a Lei complementar n.º 140/2011 que fixa normas para União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas relativas à proteção do meio ambiente, responda: Como solucionar a referida contenda?
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