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Federalismo Latino Americano

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Plano	de	Aula:	ORGANIZAÇÃO	DO	ESTADO:	FEDERALISMO	E	AS
POSSIBILIDADES	PARA	UM	FEDERALISMO	LATINO	AMERICANO
DIREITO	CONSTITUCIONAL	II	-	CCJ0020
Título
ORGANIZAÇÃO	DO	ESTADO:	FEDERALISMO	E	AS	POSSIBILIDADES	PARA	UM
FEDERALISMO	LATINO	AMERICANO
Número	de	Aulas	por	Semana
Número	de	Semana	de	Aula
1
Tema
ORGANIZAÇÃO	DO	ESTADO:	FEDERALISMO
Objetivos
Ao	final	desta	aula	o	Estudante	deverá	ser	capaz	de:
Compreender	a	organização	do	Estado	Federal;
Conhecer	As	bases	do	Federalismo	na	América	Latina	.
Estrutura	do	Conteúdo
1.	Noções	Iniciais	sobre	Federalismo
1.1.	Origens	Históricas
1.2.	Conceitos
2.	Constitucionalismo	e	?Novo?	Constitucionalismo	Latinoamericano
2.1.	Novo	Constitucionalismo	Latinoamericano
2.2.	Características
Originalidade
Prolixidade
Complexidade
Rigidez
2.3.	Análise	do	Constitucionalismo	em	Bolívia,	Equador,	Venezuela
3.	Plurinacionalidade
4.	Possibilidades	da	Criação	de	um	Estado	Federal	Latinoamericano.
	
O	FEDERALISMO
O	 federalismo	 é	 em	 um	 tema	 relevante	 tanto	 ao	 pesquisador	 do	 Direito
Constitucional	 quanto	 àquele	 que	 se	 dedica	 ao	 estudo	 da	Ciência	 Política.	O
Direito	 Constitucional,	 pelo	 conteúdo	 material	 da	 Constituição,	 dedica-se	 ao
estudo	da	organização	e	do	funcionamento	do	Estado,	promovendo	um	estudo
da	anatomia	do	Estado.	O	 federalismo,	como	 forma	de	Estado,	 liga-se	à	esta
anatomia,	pois	apresenta	a	divisão	do	território	do	Estado	em	diferentes	entes
estados-federados,	 exercendo	 cada	 qual	 sua	 parcela	 de	 competência
constitucionalmente	estabelecida	(CAMARGOS	e	ANJOS,	2009:81).
Para	a	Ciência	Política,	que	possui	como	objeto	o	poder	político,	o	federalismo
trata	 da	 divisão	 do	 poder	 político	 através	 da	 federação.	 Na	 visão	 de	 Arend
LIJPHART	(2003:213):
Neste	capítulo,	abordo	a	primeira	variável	da	dimensão	federal	unitária	(poder
dividido):	 o	 federalismo	 e	 a	 descentralização	 versus	 governo	 unitário	 e
centralizado.	 É	 adequado	 conceder	 esse	 primeiro	 lugar	 de	 honra	 ao
federalismo,	porque	ele	pode	ser	considerado	o	método	mais	típico	e	drástico
da	 divisão	 do	 poder:	 ele	 divide	 o	 poder	 entre	 níveis	 inteiros	 do	 governo.	 De
fato,	como	termo	da	ciência	política,	a	divisão	do	poder	é	normalmente	usada
como	sinônimo	de	federalismo.
Desta	forma,	compreender	o	federalismo	como	fenômeno	de	divisão	do	poder
é	 o	 mesmo	 que	 analisá-lo	 como	 a	 divisão	 do	 principal	 objeto	 de	 estudo	 da
Ciência	 Política.	 Este	 ponto,	 portanto,	 agrega	 mais	 um	 elemento	 a	 nossa
afirmação	que	os	discursos	do	Supremo	Tribunal	Federal	acerca	da	intervenção
federal	são	políticos.
O	 federalismo	como	 forma	de	Estado	 se	apresenta	 como	uma	construção	do
século	XVIII,	mais	 precisamente	 ligada	 ao	movimento	 constitucionalista	 norte-
americano,	que	sucedeu	a	revolução	da	independência	americana.
Para	 tratarmos	 das	 origens	 do	 federalismo	 norte-americano	 é	 necessário
discorrer	 sobre	 um	 de	 seus	 importantes	 pressupostos:	 a	 Constituição	 norte-
americana.	O	 constitucionalismo	norte-americano,	 cujo	 legado	apresentou	ao
mundo,	através	da	Convenção	de	Filadélfia,	a	primeira	Constituição	escrita	em
1787,	e	uma	forma	de	Estado	até	então	desconhecida,	que	é	federal,	remonta
ao	 período	 de	 aparecimento	 do	 próprio	 estado	 americano.	 A	 Constituição
norte-americana	se	apresenta	como	fundamento	de	validade	do	federalismo.
Como	nos	dizem	CAMARGOS	e	ANJOS	 (2009:83),	 cientistas	 políticos	brasileiros
que	se	dedicam	ao	estudo	do	federalismo	americano:
Foi	da	união	das	 treze	ex-colônias	 inglesas,	 formadas	por	 indivíduos	oriundos
da	 Inglaterra,	 que	 se	 dirigiram	 para	 o	 novo	 mundo	 por	 razões	 religiosas,
políticas	 e	 econômicas,	 que	 se	 criou	 inicialmente	 uma	 Confederação	 no
momento	 imediatamente	 posterior	 a	 independência.	 Confederação	 esta	 que
promoveu	 ajustamentos	 e	 uma	 maior	 aproximação	 entre	 os	 Estados
confederados,	de	forma	a	fazer	surgir	uma	Federação.
Na	 Federação	 cada	 uma	 das	 treze	 ex-colônias,	 que	 se	 constituíam
anteriormente	 em	 Estados	 confederados,	 tiveram	 de	 abrir	mão	 da	 soberania
de	 que	 eram	 dotadas	 para	 constituir	 um	 poder	 que	 se	 colocava	 em	 uma
instância	superior	e	que	abrangesse	a	todas	elas,	sendo	portanto	a	soberania
atribuída	a	esse	poder,	surgindo	assim	o	Estado	Federal.
Segundo	 Alexander	 HAMILTON	 (2003:71),	 autor	 de	 "O	 Federalista",	 obra
referência	a	respeito	desta	nova	forma	de	organização	do	Estado,	a	autonomia
dos	estados	membros	 combinada	com	uma	união	 sólida	e	 	 indissolúvel	entre
eles	é	a	marca	distintiva	de	uma	federação,	como	confirma	o	texto	do	próprio
autor	transcrito	abaixo:
Uma	União	sólida	terá	a	máxima	significação	para	a	paz	e	para	a	liberdade	dos
estados-membros,	como	uma	barreira	contra	 facções	e	 insurreições	 internas.
É	 impossível	 ler	 a	 história	 das	 pequenas	 repúblicas	 da	 Grécia	 sem	 um
sentimento	 de	 horror	 e	 pena	 ante	 as	 agitações	 a	 que	 elas	 foram
continuamente	 submetidas	 e	 a	 rápida	 sucessão	 de	 revoluções	 que	 as
deixavam	 em	 estado	 de	 constante	 oscilação	 entre	 os	 extremos	 da	 tirania	 e
anarquia.
É	de	se	notar,	no	caso	da	federação	dos	Estados	Unidos	da	América	do	Norte,
que	 houve	 uma	 constante	 preocupação	 com	 as	 questões	 relacionadas	 à
política	externa,	de	comércio	e	segurança	dos	estados	federados	reunidos	em
torno	 da	 União.	 Todavia,	 a	 maior	 preocupação	 esteve	 em	 torno	 das	 crises
internas	 que	 as	 ex-colônias,	 transmutadas	 em	 Estados	 Confederados,	 e,
posteriormente,	em	estados	federados	teriam	de	enfrentar.
A	autonomia	é	uma	prerrogativa	de	poder	de	ente	político,	própria	do	Estado
federal,	 que	 se	 distingue	 da	 soberania	 do	 Estado,	 na	medida	 em	que	 não	 é
poder	 independente.	 Entretanto,	 tem	 como	 prerrogativas	 básicas	 a	 auto
organização,	 pela	 qual	 o	 estado	 membro	 pode	 elaborar	 sua	 própria
constituição	e	suas	 leis;	o	autogoverno	que	dá	ao	povo	do	estado	membro	o
direito	 de	 escolher	 seus	 governantes	 tanto	 no	 plano	 do	 legislativo,	 como	 do
executivo	 e	 do	 judiciário.	 E	 a	 ainda	 a	 autoadministração,	 que	 permite	 ao
estado	membro	organizar	e	gerir	sua	máquina	burocrática	(DALLARI,	2009).	Em
razão	de	peculiaridades	de	sua	história	política,	o	federalismo	norte-americano
apresenta	grande	acentuação	na	autonomia	dos	estados	federados.
Mais	uma	vez	podemos	citar	o	trecho	de	CAMARGOS	e	ANJOS	(2009:	84):
Na	 experiência	 constitucional	 norte-americana	 a	 democracia	 é	 verdadeiro
pressuposto	 do	 federalismo.	 A	 forma	 de	 estruturação	 do	 Estado	 Federal
considera	a	participação	dos	cidadãos,	seja	através	do	exercício	do	direito	de
escolha	 de	 seus	 representantes	 pelas	 eleições,	 seja	 como	destinatários	 das
políticas	 públicas	 e	 competências	 constitucionais	 desempenhadas	 pelo
governo	 federal	 ou	pelos	governos	 estaduais.	Originalmente	a	 soberania	dos
Estados	 Confederados,	 que	 criaram	 a	 Federação	 na	 Convenção	 de	 Filadélfia
em	 1787,	 certamente	 extraíram	 esta	 expressão	 de	 poder	 através	 da
manifestação	da	 vontade	de	 seu	povo.	Desta	 forma,	 tanto	o	governo	 federal
como	os	estaduais	apresentam	estruturalmente	uma	relação	de	dependência
para	 com	 o	 cidadão	 eleitor,	 estando	 bastante	 evidenciado	 que	 os	 que
governam	exercem	um	mandato	político	devendo	estrita	 fidelidade	a	quem	os
elegeu.
Para	trabalharmos	com	as	características	da	federação,	vamos	lançar	mão	de
um	 instrumento	 metodológico	 weberiano	 (WEBER,1964)	 que	 é	 o	 tipo	 ideal.
Trata-se	 da	 construção	 de	 um	modelo	 que	 traça	 uma	 espécie	 de	 caricatura
simplificada	 da	 realidade	 social	 estudada	 e	 que	 não	 pretende	 esgotar	 as
características	 das	 experiências	 históricas	 de	 cada	 Estado.	 Segundo	WEBER
(1964)	 dada	 a	 diversidade	 das	 peculiaridades	 	 	 locais,	 o	 tipo	 ideal	 é
instrumento	essencial	para	não	cairmos	norelativismo	extremado,	o	que	nos
possibilita	comparar	certos	aspectos	de	um	fenômeno	social.
A	 principal	 característica	 do	 Estado	 federal,	 como	 já	 salientamos,	 é	 a
descentralização	 administrativa	 e	 política.	 O	 que	 torna	 esta	 forma	 de
organização	 bastante	 sofisticada	 é	 que	 o	 poder	 neste	 tipo	 de	 Estado	 seja
dividido	em	diferentes	 funções	de	poder	 (Legislativo,	Executivo	e	 Judiciário),	e
estas	reproduzidas	simetricamente	em	todos	os	níveis	da	federação.
Outro	 elemento	 fundamental	 que	 integra	 a	 organização	 federativa	 é	 a
existência	da	manifestação	livre	e	eficiente	da	vontade	dos	representantes	de
cada	 um	 dos	 estados	 federados	 no	 sentido	 de	 criar	 a	 união	 de	 todos	 eles,
formando	 assim	 o	 Estado	 federal.	 Tal	 fenômeno	 é	 denominado	 de	 pacto
federativo	e	ele	fica	estabelecido	na	Constituição	federal.
	
2.	 A	 EXPERIÊNCIA	 DA	 AMÉRICA	 LATINA	 :	 CONSTITUCIONALISMO	 NA
AMÉRICA	 LATINA,	 ?NOVO?	 CONSTITUCIONALISMO	 LATINO	 AMERICANO	 E
POSSIBILIDADES	 PARA	 ADOÇÃO	 DA	 FORMA	 FEDERATIVA	 NA	 AMÉRICA
LATINA.
(	 NOVO	 CONSTITUCIONALISMO	 LATINO-AMERICANO	 E	 A	 FORMA	 FEDERAL	 BASTOS,
Thiago	Guerreiro	)
BASTOS,	Thiago	Guerreiro.		NOVO	CONSTITUCIONALISMO	LATINO-AMERICANO	E	A
FORMA	FEDERAL.	Disponível	em	:
http://aninter.com.br/Anais%20CONINTER%203/GT%2011/07.%20BASTOS.pdf
	
Constitucionalismo	na	América	Latina
As	 constituições	 do	 século	 XXI	 representam	 o	 ápice	 do	 desenvolvimento
constitucionalista	 iniciado	 no	 século	 XVIII.	 Cabe	 ressaltar	 que	 no	 período
posterior	à	II	Guerra	Mundial	houve	uma	forte	agitação	social	que	trouxe	como
consequência	 a	 positivação	 de	 valores	 nos	 textos	 (virada	 kantiana)	 e	 maior
intervenção	estatal.	O	início	dos	anos	80	marca	uma	nova	postura	econômica
dos	países	centrais	que	traz	consequência	para	os	demais	estados	periféricos
na	 ordem	 global.	 Em	 razão	 disso,	 estados	 latinos	 reagem	 ao	 modelo
econômico	 imposto,	 dando	 início,	 assim,	 a	 uma	 agitação	 social	 que	 culmina
com	 a	 criação	 do	 Novo	 Constitucionalismo	 LatinoAmericano.	 A	 modernidade
trouxe	consigo	as	concepções	de	estado-nação	e	monismo	jurídico,	que	foram
respaldadas	por	políticas	de	homogeneização	cultural	e	centralização	político-
jurídica.	No	entanto,	as	disputas	sobre	direitos	dos	imigrantes,	dos	indígenas	e
de	 outras	 minorias	 culturais	 estão	 gerando	 questionamentos	 a	 respeito
destes	 pressupostos	 que	 têm	 governado	 a	 vida	 política	 mundial	 durante
décadas.	O	movimento	iniciado	na	América	Andina	não	representa	apenas	um
ato	 contra	 a	 lógica	 neoliberal,	 mas	 também	 se	 levanta	 contra	 a	 imposição
monista	 do	 direito	 e	 a	 homogeneização	 da	 cultura	 que	 tem	 como	 principal
efeito	assimilar	e	exterminar	povos	originários.
	
Novo	Constitucionalismo	Latinoamericano
Novo	Constitucionalismo	Afirmar	que	algo	é	?novo?	significa	dizer	que	ocorreu
ou	que	está	havendo	a	superação	daquilo	que	pode	ser	visto	como	?antigo?.	A
agitação	social	que	gerou	o	novo	constitucionalismo	propôs	maior	 integração
das	parcelas	marginalizadas	(com	a	ruptura	do	monismo)	e	maior	presença	do
Estado	 na	 economia.	 É	 preciso	 frisar	 que	 mais	 de	 três	 décadas	 separam
neoconstitucionalismo	do	novo	constitucionalismo	latino-americano,	sendo,	por
isso,	movimentos	díspares	e	que	não	podem	ser	usados	como	sinônimos.	De
acordo	 com	 Martinéz	 Dalmau	 ,	 enquanto	 o	 neoconstitucionalismo	 é	 fruto	 de
teorização	acadêmica,	o	novo	constitucionalismo	é	 fruto	de	movimento	social,
sendo	esta,	portanto,	a	principal	diferença	entre	as	duas	espécies.
A	 diferenciação	 apontada	 é	 importante	 porque	 este	 é	 o	 mote	 do	 novo
constitucionalismo,	 ou	 seja,	 é	 a	 partir	 disso	 que	 se	 extrai	 suas	 principais
características.	 O	 fato	 de	 não	 ser	 um	 movimento	 elitizado,	 ao	 menos
inicialmente,	 evidencia	 o	 resgate	 do	 poder	 constituinte	 originário	 de	 fato,
poder	este	que	tem	o	condão	de	quebrantar	a	ordem	vigente	para	refundá-la.
O	 novo	 constitucionalismo	 ainda	 não	 é,	 mas	 busca	 ser	 uma	 corrente
doutrinária	 de	 refundação	 latina	 (é	 um	 movimento	 em	 consolidação).	 Além
disso,	 o	 fenômeno	 é	 original	 e	 típico	 da	 região,	 pois	 não	 se	 vale	 de
transplantes	 de	 soluções	 europeias	 ou	 estadunidenses,	 mas	 cria	 respostas
para	suas	próprias	mazelas.	É	preciso	esclarecer	que	o	novo	não	rompe	com	o
neo.	Desse	modo,	há	um	novo	estágio	de	evolução	do	constitucionalismo	que
se	origina,	pela	primeira	vez,	na	América	Latina.	Não	há	ruptura	porque	o	novo
constitucionalismo	 mantém	 a	 estrutura	 da	 divisão	 de	 poderes,	 constituição
rígida	e	escrita,	positivação	de	direitos	e	valores,	isto	é,	assegura	a	estrutura
racional-normativo	 das	 constituições	 (texto	 escrito,	 ordenado	 e	 articulado),
mas	propõe	um	resgate	e	aprofundamento	da	dimensão	política	e	democrática
da	 constituição.	 A	 insurgência	 que	 eclodiu	 nos	 anos	 80	 gera	 seus	 primeiros
efeitos	 na	 década	 de	 90.	 Contudo,	 a	 evolução	 do	 movimento	 persistiu	 e
chegou	aos	anos	2000
O	 primeiro	 resultado	 surge	 na	 Colômbia	 em	 1991	 quando	 se	 supera	 a
Constituição	de	cunho	liberal	de	1886.	Posteriormente	houve	a	Constituição	de
1998	 do	 Equador,	 seguida	 pelo	 Texto	 venezuelano	 de	 1999.	 Finalmente	 se
chega	 ao	 atual	 ápice	 da	 evolução	 desta	 teoria	 com	 o	 advento	 do	 estado
plurinacional	 por	meio	 das	 constituições	 equatoriana	 de	 2006	 e	 boliviana	 de
2009.	A	linha	do	tempo	que	vai	de	1991	a	2009	representa	estágios	evolutivos
diferentes	do	novo	constitucionalismo	que	rumam	até	o	surgimento	do	estado
plurinacional.	 Pesquisadores	 do	 novo	 constitucionalismo	 latino-americano
identificam	 ao	 menos	 quatro	 elementos	 em	 comum	 a	 todos	 os	 processos
constituintes	citados	acima:
1)	Originalidade	?	No	tocante	às	inovações	institucionais	trazidas;	o	fato	de	ser
um	constitucionalismo	pensado	por	latinos	e	para	latinos.
2)	 Prolixos	 ?	 São	 textos	 longos	 com	 média	 de	 ao	 menos	 300	 artigos.	 A
extensão	das	constituições	tem	dois	motivos:	a)	São	extensos	porque	buscam
ser	 capazes	 de	 dar	 respostas	 às	 necessidades	 que	 o	 povo	 solicita;	 b)	 São
extensos	 porque	 buscam	 frear	 a	 atuação	 do	 Congresso	 e	 das	 Cortes
Supremas	em	dar	 interpretação	em	sentido	 contrário	aos	anseios	populares.
Foi	o	meio	encontrado	para	manter	a	vontade	constituinte	e	evitar	que	a	elite
usurpe	o	movimento	popular	legítimo	por	meio	de	interpretações	diversas.
3)	 Complexidade	 -	 O	 texto	 de	 uma	 constituição	 mexe	 com	 temas	 complexos
principalmente	 quando	 trabalha	 com	 questões	 econômicas,	 fiscais,
macroeconômicas,	 tributárias	 e	monetárias.	 Contudo,	 dificuldade	 técnica	 não
pode	ser	sinônimo	de	 linguagem	ou	construção	 textual	difícil.	A	complexidade
técnica	deve	vir	acompanhada	de	uma	linguagem	simplista	para	permitir	que	a
população	 entenda	 o	 documento	 que	 estrutura	 seu	 país;	 foi	 a	 forma
encontrada	para	romper	com	a	dominação	do	direito	promovida	pela	elite,	pois
facilitar	 a	 linguagem	 significa	 que	 qualquer	 um	 do	 povo	 pode	 ler	 e
compreender	a	mensagem	sem	precisar	de	 intermediários	ou	 ?tradutores?.	A
linguagem	acessível	retira	a	opacidade	do	direito.
4)	 Rigidez	 na	 ativação	 do	 poder	 constituinte	 derivado	 ?	 Tentativa	 de	 impedir
que	 os	 poderes	 constituídos	 disponham	 da	 capacidade	 de	 reformar	 a
constituição	 por	 eles	 mesmos.	 A	 rigidez	 não	 busca	 a	 fossilização	 da
constituição,	 mas	 somente	 admitir	 a	 modificação	 mediante	 consulta	 popular
prévia.	É	preciso	que	o	povo	admite	a	reformar	constitucional
Sob	 a	 ótica	 dos	 países	 que	 mais	 avançaram	 no	 novo	 constitucionalismo	 é
válido	 indagar	 acerca	 da	 profundidade	 real	 desta	mudança	 e	 até	 que	 ponto
aquilo	que	foi	pleiteado	se	efetivou.
A)	 No	 caso	 boliviano	 a	 Assembleia	 Constituinte	 deixou	 de	 ter	 sua
representação	oriunda	dos	movimentos	sociaise	dos	povos	indígenas	como	se
queria	 inicialmente	 para	 ter	 uma	 representação	 com	 origem	 em
representantes	eleitos.	Ainda	sobre	a	Bolívia,	a	questão	da	plurinacionalidade
tem	 duas	 facetas:	 territorial	 e	 estrutura	 do	 Estado.	 A	 primeira	 implica	 em
reconhecer	 e	 assegurar	 direitos	 aos	 povos	 indígenas	 (terra	 e	 recursos
naturais)	 enquanto	 que	 a	 segunda	 está	 atrelada	 à	 participação	 efetiva	 nos
poderes	 (co-governo).	 Contudo,	 de	 forma	 habilidosa,	 as	 oligarquias
conseguiram	destorcer	o	campo	jurídico	da	transformação	que	se	desenrolava
por	meio	de	um	terrorismo	separatista	ao	afirmar	que	dar	plena	autonomia	às
regiões	 ricas	 em	 recursos	 naturais	 poderia	 incentivar	 a	 secessão.	 Isso
culminou	 em	 um	 regime	 de	 descentralização	 e	 autonomias	 nas	 formas
tradicionais	 de	 Departamentos	 e	 Municípios	 nos	 territórios	 indígenas	 em
detrimento	de	uma	descentralização	mais	profunda	e	eficaz.
	
B)	No	caso	equatoriano	o	hiperpresidencialismo	afetou	a	constituinte.	Por	mais
que	referendo	de	2007	tenha	sido	aprovado	para	a	convocação	da	Assembleia
Constituinte,	 a	 despeito	 do	 apoio	 popular,	 quem	 promoveu	 a	 iniciativa	 foi	 o
próprio	 presidente	 Rafael	 Côrrea.	 Houve	 atuação	 intensa	 por	 parte	 do
Presidente	 ao	 ponto	 de	 opor	 resistência	 a	 temas	 como	 autonomia	 indígena,
proteção	 da	 natureza	 e	 direitos	 sexuais.	 A	 intervenção	 chegou	 a	 níveis	 tão
alarmantes	 que	 o	 presidente	 da	Assembleia	 Constituinte	 renunciou	 antes	 de
terminar	 os	 trabalhos.	 No	 entanto,	 apesar	 das	 intervenções	 a	 Constituição
equatoriana	 conseguiu	 manter	 o	 perfil	 nacional	 e	 redistributivo.	 A	 inovação
extremamente	 relevante	 no	 constitucionalismo	 equatoriano	 está	 no	 amplo	 e
inovador	rol	de	direitos.	À	luz	do	bem-viver	se	tratam	dos	direitos	econômicos,
sociais	 e	 culturais.	 Há	 uma	 forte	 tutela	 do	 meio	 ambiente	 ao	 ponto	 de	 se
reconhecer	 que	 este	 é	 titular	 de	 direitos:	 ?La	 naturaleza	 será	 sujeto	 de
aquellos	derechos	que	le	reconozca	la	Constitución?.	A	inovação	é	um	resgate
cultural	 (giro	 descolonial	 em	 oposição	 ao	 eurocentrismo)	 em	 razão	 do	 novo
valor	 dado	 a	 natureza	 que	 em	 nada	 se	 confunde	 com	 ideais	 eurocêntricos,
pois	 assegura-se	 o	 direito	 de	 ?restauração?	 do	 meio	 ambiente	 em	 um	 giro
biocêntrico	sem	precedentes	em	uma	constituição.
>	 Independente	 das	 críticas	 existentes,	 o	 novo	 constitucionalismo	 é	 um
movimento	que	trouxe	mudanças	na	região	andina.	A	valorização	do	indígena,
a	busca	pelo	diálogo	com	os	povos	originários,	a	reconexão	com	a	natureza	e
a	 busca	 pela	 participação	 popular	 são	 realidades	 constitucionais	 que
produziram	 efeitos	 sociais	 e	 trouxeram	 melhorias.	 É	 um	 movimento
constitucional,	como	já	dito	anteriormente,	que	está	em	efetivação,	possuindo,
portanto,	arestas	a	serem	aparadas	até	mesmo	por	ser	um	movimento	popular
e	não	eminentemente	acadêmico
	
PLURINACIONALIDADE
	
A	 plurinacional	 é	 fruto	 da	 evolução	 do	 novo	 constitucionalismo	 latino-
americano.	 De	 acordo	 com	 Raquel	 Yrigoyen	 Fajardo,	 a	 plurinacionalidade	 é
resultado	 de	 um	 processo	 ao	 qual	 a	 América	 Latina	 está	 inserida	 e	 que	 se
desenvolveu	em	três	etapas	sucessivas	onde	a	grande	maioria	dos	países	está
envolvida	em	algum	estágio.	Portanto,	enquanto	uns	estão	no	primeiro,	outros
foram	 ao	 segundo	 e	 apenas	 dois	 (Bolívia	 e	 Equador)	 atingiram	 o	 terceiro
patamar.
El	 pluralismo	 jurídico,	 como	 forma	 de	 coexistencia	 de	 varios	 sistemas
normativos	 dentro	 de	 un	 mismo	 espacio	 geopolítico,	 aun	 en	 su	 forma
colonial	subodinada,	no	era	admisible	para	la	ideología	del	Estadonación.
El	 Estado-nación	 monocultural,	 el	 monismo	 jurídico	 y	 un	 modelo	 de
ciudadanía	 censitaria	 (para	 hombres	 blancos,	 propietarios	 e	 ilustrados)
fueron	 la	 columna	 vertebral	 del	 horizonte	 del	 constitucionalismo	 liberal
del	 siglo	XIX	en	Latinoamérica.	Un	 constitucionalismo	 importado	por	 las
elites	 criollas	 para	 configurar	 estados	 a	 su	 imagen	 y	 semejanza,	 con
exclusión	de	los	pueblos	originarios,	los	afrodescendientes,	las	mujeres	y
las	 mayorías	 subordinadas,	 y	 con	 el	 objetivo	 de	 mantener	 la	 sujeción
indígena	(9	FAJARDO,	Raquel	Yrigoyen.	El	horizonte	del	constitucionalismo
pluralista:	 del	 multiculturalismo	 a	 la	 descolonización	 In	 El	 Dereho	 en
América	 Latina:	 Um	 mapa	 para	 el	 pensamiento	 jurídico	 del	 siglo	 XXI.
Coordenador:	César	Rodríguez	Garavito.	Ed:	Siglo	veintiuno.	1ª	ed.	2011.
)
O	plurinacionalismo	busca	romper	de	vez	com	a	herança	colonial	e	aprofundar
o	 espírito	 descolonizador	 existente	 no	 movimento	 latino	 ao	 propor	 uma
refundação	 do	 Estado	 a	 partir	 do	 reconhecimento	 de	 seu	 passado	 pré-
hispânico	 com	 o	 objetivo	 de	 reconhecer	 e	 resgatar	 as	 heranças	 indígenas
renegadas	 e	 sufocadas	 desde	 o	 período	 colonial	 e	 republicano.	 Portanto,	 os
povos	 indígenas	não	são	mais	vistos	como	culturalmente	diversos,	mas	como
nações	originárias	que	compõe	o	Estado
	
FORMA	FEDERATIVA
A	 formação	 de	 um	 estado	 é	 fruto	 de	 aspectos	 históricos	 e	 culturais	 cuja
centralização	 vem	 a	 ser	 arrefecida,	 em	 alguns	 casos,	 com	 a	 adoção	 do
federalismo	para	atender	aos	interesses	da	própria	diversidade.	Portanto,	falar
de	 forma	 federativa	 à	 luz	 do	 Novo	 Constitucionalismo	 LatinoAmericano	 é
extremamente	 pertinente.	 Fatores	 como	 maior	 participação	 popular,
aproximação	do	poder	político	do	povo,	reconhecimento	da	diversidade	étnica
e	 cultural,	 superação	 do	monismo	 por	 um	 direito	 pluralista	 e	 advento	 de	 um
estado	 plurinacional	 direcionam	 para	 a	 autonomia	 política.	 Ao	 falar	 em
plurinacionalidade	 é	 natural	 pensar	 em	 pluralidade	 de	 centros	 decisórios.	 O
contexto	de	admissão	e	valorização	das	diferenças,	característica	típica	de	um
Estado	 Federal,	 clama	 por	 autonomia	 política	 para	 possibilitar	 que	 cada
entidade	 subnacional	 possa	 compatibilizar	 e	 adotar	 as	melhores	medidas	 de
acordo	 com	 sua	 realidade	 regional.	 Diante	 de	 uma	 proposta	 de	 giro
descolonial,	 o	 federalismo	 propiciaria	 o	 reconhecimento	 e	 a	 valorização	 da
pluralidade	 étnica.	 As	 diferenças	 culturais	 entre	 os	 diversos	 grupos	 étnicos
são	 imensas,	 e	 é	 por	 isso	 que	 a	 pluralidade	 política	 (federalismo)	 poderia
propiciar	e	fortalecer	a	identidade	de	cada	grupo	existente	(Quechua,	Tacana,
Mosetén,	 Mataco,	 Guarani,	 Aymara	 e	 etc).	 O	 novo	 constitucionalismo	 não	 se
pode	ater	somente	à	autonomia	administrativa,	mas	deve	aprofundar	ao	ponto
de	se	atingir	a	autonomia	política
Choudry	e	Hume,	 	teóricos	 do	 federalismo	 de	 pós-conflito,	 sustentam	que	 os
países	 que	 adotam	 a	 forma	 federal	 no	 século	 XXI	 estão	 buscando	 apaziguar
tensões	 existentes	 entre	 regiões	 dotadas	 de	 divergências	 econômicas	 e
culturais	(assimetrias)	com	fim	de	manter	a	integridade	territorial.	Diante	desta
lógica,	um	federalismo	de	pósconflito	poderia	ser	utilizado	nos	países	andinos,
pois	atuaria	em	duas	frentes	distintas:	1)	Por	não	serem	países	com	tradição
federalista,	a	adoção	desta	 forma	de	estado	seria	 lenta	e	gradual	 (em	 razão
da	 experimentação	 de	 maior	 descentralização	 e	 autonomias	 existentes),	 ou
seja,	 são	 países	 unitários	 que	 possivelmente	 adotariam	 a	 forma	 federal	 no
futuro;	 2)	 As	 assimetrias	 culturais	 e	 econômicas	 que	 antes	 eram	 sufocadas
passam	 a	 ser	 incentivadas	 o	 que	 gera	 disputa	 com	 o	 centro	 para	 que	 cada
ente	subnacional	possa	ser	diferente	naquilo	que	lhe	compete.	Logo,	a	forma
federal	apaziguaria	 tensões	que	seriam	desenvolvidas	como	consequência	do
processo	implementado.
Boaventura	 de	 Souza	 Santos	 defende	 a	 ideia	 de	 um	 ?Estado	 Experimental
LatinoAmericano?	o	que	é	bastante	coerente	com	o	movimento	surgido.	O	novo
constitucionalismo	pensa	uma	nova	forma	de	Estado,pois	há	uma	refundação.
Contudo,	antes	de	 se	aprofundar	nas	mudanças	ou	entrar	na	 ?engine	 room?
20	 para	 abalar	 os	 pilares	 que	 sustentam	 o	 Estado,	 é	 preciso	 ter	 certeza	 de
que	as	inovações	atendem	aos	anseios	e	permitem	que	o	Estado	funcione	de
forma	 adequada.	 Em	 uma	 lógica	 experimental,	manter	 o	mínimo	 (divisão	 dos
poderes,	texto	escrito	e	todo	o	escopo	racional-normativo)	funciona	como	um	?
no-break?	 institucional,	 pois	 mantem	 o	 Estado	 em	 funcionamento	 caso	 a
inovação	 não	 seja	 interessante	 ou	 não	 funcione	 como	 se	 imaginou.	 O	 ?Novo
Constitucionalismo	Latino-Americano?	é	um	movimento	de	 transição	para	algo
ainda	mais	 profundo	no	 futuro,	 Por	 isso,	 é	 preciso	 acompanhar	 o	movimento
para	 saber	 como	 se	 dará	 a	 sedimentação	do	 novo	 constitucionalismo	e	 qual
será	seu	futuro.	Como	sustentando	anteriormente,	é	possível	que	haja	adoção
da	 forma	 federativa	 o	 que	 garantiria	 não	 apenas	 pluralismo	 jurídico,	 mas
também	político.	Os	preceitos	 teóricos	para	um	pluralismo	político	 já	existem,
faltam	apenas	serem	efetivados.
	
	
	
3.	FEDERALISMO	NA	CONSTITUIÇÃO	BRASILEIRA	
	
Com	 relação	 ao	 Direito	 Constitucional	 brasileiro	 José	 Alfredo	 de	 Oliveira
BARACHO	 (1982:54),	 em	obra	 denominada	Teoria	 Geral	 do	 Federalismo	 assim
afirma:
Tecnicamente,	 o	 federalismo	 é	 uma	 divisão	 constitucional	 de	 poderes	 entre
dois	ou	mais	 componentes	dessa	 figura	complexa	que	decorre	da	existência	
de	 um	 Estado	 que	 possa	 apresentar	 formas	 de	 distribuição	 das	 tarefas
políticas	e	administrativas.
Em	outras	palavras,	a	descentralização	do	Estado	federal	gera	a	necessidade
de	repartição	de	competências	a	serem	exercidas	pelo	Estado	federal	e	pelos
estados	 federados.	 Esta	 repartição	 de	 competências	 se	 constitui	 na	 grande
tarefa	 do	 legislador	 constituinte	 de	 forma	 a	 harmonizar	 o	 exercício	 do	 poder
por	 parte	 de	 todos	 os	 estados	 que	 integram	 a	 federação	 e	 o	 Estado
Federal[1].
Segundo	Raul	Machado	HORTA	(2002:306):
se	a	tendência	ocorrida	no	federalismo	é	a	de	fortalecimento	do	poder	central
da	 União	 Federal,	 tem-se	 o	 chamado	 federalismo	 contrípeto	 ou	 centrípeto,
conforme	 queiram.	 Por	 outro	 lado,	 se	 a	 tendência	 é	 de	 fortalecimento	 dos
estados	 integrantes	 da	 federação,	 diz-se	 que	 o	 federalismo	 é	 centrífugo.
Havendo	equilíbrio	entre	estas	duas	forças,	qual	seja,	entre	o	Estado	Federal	e
os	estados	federados,	diz-se	que	o	federalismo	é	de	cooperação.
Por	outro	lado,	o	federalismo	centrífugo	é	aquele	que	fará	um	caminho	oposto.
O	federalismo	centrífugo	se	dirige	para	a	periferia	do	Estado	Federal.	Nele	não
haverá	 necessariamente	 maior	 descentralização,	 mas	 sobretudo	 uma
tendência	 à	 descentralização	 ao	 longo	 do	 tempo.	 Exemplo	 notável	 é	 o
federalismo	 brasileiro,	 que	 surgiu	 originariamente	 de	 um	 Estado	 Unitário
extremamente	 centralizador	 e	 se	 direciona	 ao	 longo	 da	 história	 republicana
brasileira	 a	 dar	 maior	 leque	 de	 competências	 aos	 estados,	 seguindo	 no
sentido	da	descentralização.
É	 ainda	 Raul	 Machado	 HORTA	 (2002:	 307)	 quem	 aponta	 como	 principais
características	 do	 federalismo	 e	 que	 se	 constituem	 como	 seus	 princípios,
técnicas	e	instrumentos	operacionais	os	seguintes	elementos:
a)a	 decisão	 constituinte	 criadora	 do	 Estado	 Federal	 e	 de	 suas	 partes
indissociáveis,	a	federação	ou	União,	e	os	estados-membros;[2]
b)a	repartição	de	competências	entre	a	federação	e	os	estados-membros;[3]
c)o	 poder	 de	 auto-organização	 constitucional	 dos	 estados-membros,
atribuindo-lhes	autonomia	constitucional;[4]
d)a	 intervenção	federal,	 instrumento	para	restabelecer	o	equilíbrio	federativo,
em	casos	constitucionalmente	definidos;[5]
e)a	 Câmara	 dos	 Estados,	 como	 órgão	 do	 Poder	 Legislativo	 Federal,	 para
permitir	 a	participação	do	estado-membro	na	 formação	da	 legislação	 federal;
[6]
f)a	 titularidade	 dos	 estados-membros,	 através	 de	 suas	 Assembleias
Legislativas,	 em	 número	 qualificado,	 para	 propor	 emenda	 à	 Constituição
Federal;[7]
g)a	 criação	 de	 novo	 estado	 ou	 modificação	 territorial	 de	 estado	 existente
dependendo	da	aquiescência	da	população	do	estado	afetado;[8]
h)a	existência	do	Poder	 Judiciário	 Federal	de	um	Supremo	Tribunal	 Federal	 ou
Corte	 Suprema,	 para	 interpretar	 e	 proteger	 a	 Constituição	 Federal,	 e	 dirimir
litígios	 ou	 conflitos	 entre	 a	 União,	 os	 Estados	 e	 outra	 pessoas	 jurídicas	 de
direito	interno.[9]
Finalmente,	 ainda	 cabe	 destacar	 que	 as	 entidades	 federativas
independentemente	 do	 tamanho	 de	 sua	 população,	 de	 sua	 participação	 no
produto	 interno	 bruto	 do	 Estado	 Federal,	 ou	 de	 sua	 extensão	 territorial,	 têm
entre	 si	 plena	 condição	 de	 igualdade	 formal,	 igualdade	 esta	 que	 é
estabelecida	pelas	normas	constitucionais.
Após	 termos	 apresentado,	 com	 fins	 comparativos,	 as	 noções	 gerais	 do
federalismo	 como	 um	 fato	 característico	 da	 história	 política	 e	 constitucional
norte-americana,	 importante	 se	 torna	 compreender	 como	 esta	 forma	 de
organização	 do	 poder	 político	 se	 aclimata	 no	 processo	 histórico-político
brasileiro.
Em	 outras	 palavras,	 para	 que	 possamos	 entender	 as	 representações	 e
significações	existentes	acerca	da	intervenção	federal,	devemos	contextualizar
o	que	vem	a	ser	federação	a	brasileira.
	
[1]	 Esta	 divisão	 na	 ordem	 constitucional	 vigente	 no	 Brasil	 encontra-se
insculpida	entre	os	arts.	21	a	25;	30	e	32	da	CRFB/88.
[2]	 "Esta	 primeira	 característica	 faz	menção	à	 decisão	 criadora	 da	 federação
que	 já	 mencionamos	 anteriormente	 e	 que	 é	 também	 denominada	 pacto
federativo.	 O	 pacto	 federativo	 representa	 a	 expressão	 da	 vontade	 dos
representantes	 dos	 estados	 que	 integram	 a	 federação	 de	 participar	 da
criação	 do	 Estado	 Federal.	 Esta	 vontade	 é	 expressa	 na	 Constituição.	 Aqui	 é
também	 apresentada	 a	 característica	 de	 que	 os	 estados	 federados	 se
constituem	 em	 partes	 indissociáveis,	 não	 podendo	 nenhum	 deles	 optar	 por
não	fazer	mais	parte	da	federação,	posto	que	ao	nela	adentrarem	abriram	mão
de	 significativa	 parcela	 de	 soberania	 de	 que	 eram	 dotados,	 restando-lhes	 a
autonomia".	(HORTA,	2002:307).
[3]	 "A	 repartição	 de	 competências	 aqui	 mencionada	 há	 de	 ser	 expressa	 no
texto	 constitucional	 e	 há	 de	 delimitar	 as	 competências	 legislativas	 e
administrativas	 do	 ente	 federal	 e	 dos	 entes	 federados.	 Ao	 repartir	 a
competência	 a	 Constituição	 não	 há	 de	 hierarquizar	 ou	 subordinar	 os	 entes
federados	ao	 federal,	mas	 irá	definir	o	âmbito	de	atuação	de	cada	um	deles.
Esta	 repartição	 de	 competências	 se	 constitui	 no	 cerne	 da	 disciplina
constitucional	 acerca	 do	 federalismo.	 É	 certo	 que	 a	 competência	 afeta	 os
órgãos	 do	 Poder	 Judiciário	 Federal	 e	 do	 Poder	 Judiciário	 dos	 estados,	 muito
embora	não	seja	apresentada	como	repartição	de	competências	relacionadas
ao	 federalismo,	 é	 de	 todo	 correto	 afirmar	 que	 sua	 definição	 é	 corolário	 do
federalismo."	(HORTA,	2002:307).
[4]"Esta	 capacidade	 de	 auto-organização	 dos	 estados-membros	 possui
limitações	e	 condicionamentos	que	 são	expressos	pelo	 texto	da	Constituição
Federal.	 Aqui	 há	 um	 estado	 dentro	 do	 Estado	 e	 esta	 capacidade	 de	 se
organizar	autonomamente	é	manifestação	do	poder	constituinte	decorrente	e
as	 Constituições	 Estaduais	 devem	 ser	 elaboradas	 em	 conformidade	 com	 os
princípios	 e	 preceitos	 da	 Constituição	 Federal.	 Cumpre	 evidenciar	 que	 a
soberania	é	atributo	exclusivo	do	poder	federal."	(HORTA,	2002:307).
[5]	 "A	 regra	 geral	 que	 vigora	 no	 federalismo	é	 a	 de	 que	 o	 ente	 político	mais
abrangente	 irá	 respeitar	 a	 autonomia	 do	 ente	 político	 menos	 abrangente;
excepcionalmente	e	em	casos	definidos	taxativamente	na	Constituição	Federal,a	União	Federal	 intervirá	nos	estados	ou	diretamente	nos	municípios	quando
estes	 infringirem	os	 chamados	princípios	 constitucionais	 federais	 sensíveis.	A
intervenção	 é	 um	 mecanismo	 de	 defesa	 da	 própria	 federação,	 seja	 contra
interferências	 externas	 ao	 Estado	 Federal,	 e	 principalmente	 em	 razão	 das
intempéries	 ocorridas	 nos	 estados	 federados.	 Várias	 são	 as	maneiras	 de	 se
desencadear	o	processo	 interventivo,	e	quando	este	é	desencadeado	muitos
são	 os	mecanismos	 e	 instrumentos	 constitucionais	 para	mantê-lo	 como	 uma
medida	 estrita,	 temporária	 e	 da	 mais	 absoluta	 excepcionalidade."	 	 (HORTA,
2002:307).
[6]	 "O	 federalismo	 pressupõe	 um	 Poder	 Legislativo	 bicameral,	 onde	 uma	 das
Casas	 Legislativas	 é	 constituída	 de	 representantes	 do	 povo	 e	 a	 outra	 Casa
Legislativa	 será	 constituída	 pelos	 representantes	 dos	 estados	 federados.
Como	 expressão	 da	 absoluta	 igualdade	 entre	 os	 estados	 integrantes	 da
federação,	cumpre	destacar	que	o	número	de	representantes	por	estado	é	o
mesmo	 para	 cada	 um	 dos	 estados.	 Esta	 Casa	 Legislativa	 autoriza	 o	 estado
federado	 a	 participar	 das	 principais	 decisões	 legislativas	 tomadas	 no	 âmbito
federal.	 Muito	 embora	 a	 federação	 nos	 apresente	 dois	 estados	 de
competências	 diferenciadas,	 é	 forçoso	 considerar	 que	 o	 estado	 federado
apresenta	estruturas	que	estão	amalgamadas	no	Estado	Federal	e	uma	delas
e	 de	 considerável	 relevo	 é	 a	 Casa	 Legislativa	 dos	 estados	 que	 compõem	 o
Poder	Legislativo	Federal."	(HORTA,	2002:307).
[7]		"Qualquer	necessária	alteração	do	texto	da	Constituição	Federal	deve	ser
acessível	aos	estados	 federados	e	normalmente	esta	possibilidade	de	propor
emendas	 a	 Constituição	 Federal	 se	 dá	 através	 dos	 órgãos	 legislativos
estaduais."	(HORTA,	2002:307).
[8]	 "Esta	 característica	 é	 certamente	 conseqüência	 direta	 da	 autonomia	 dos
estados	federados.	Qualquer	mudança	substancial	na	estrutura	da	federação
ou	dos	estados	federados	vai	depender	da	aquiescência	direta	da	população
diretamente	 interessada.	 Estas	 formas	 de	 consulta	 popular	 se	 constituem
resquícios	 de	 democracia	 direta	 e	 normalmente	 se	 dão	 através	 do	 plebiscito
ou	 do	 referendo,	 conforme	 o	 momento	 em	 que	 sejam	 realizados."	 (HORTA,
2002:307).
[9]	 "Um	 órgão	 de	 cúpula	 no	 Poder	 Judiciário	 que	 exerça	 a	 jurisdição	 das
questões	afetas	à	Constituição	Federal.	Que	esta	mesma	estrutura	de	poder
jurisdicional	venha	a	dirimir	conflitos	entre	a	União	e	qualquer	que	seja	a	parte,
entre	 os	 estados	 federados	 e	 pessoas	 de	 direito	 público	 interno.	 Fica
evidenciada	 também	 a	 preocupação	 de	 preservação	 da	 Constituição	 Federal
através	 do	 controle	 de	 constitucionalidade	 concentrado	 em	 um	 órgão
jurisdicional.	Há	também	a	peculiar	característica	de	que	a	União	ou	o	Estado
Federal	 não	 fique	 sujeito	 à	 jurisdição	 de	 justiças	 estaduais."	 (HORTA,
2002:307).
O	Federalismo	no	Brasil
A	constituição	imperial	brasileira	estabelecia	um	Estado	unitário,	apresentando
como	características	a	forte	centralização	política	e	administrativa.	É	certo	que
esta	 centralização	 decorrente	 da	 forma	 de	 Estado	 unitário	 em	muito	 auxiliou
na	 construção	 da	 unidade	 nacional,	 impedindo	 assim	 que	 o	 país	 se
desagregasse	 em	 razão	 das	 inúmeras	 revoltas	 que	 ocorreram	 no	 seio	 das
províncias	(CHACON,	1987).
No	Brasil,	a	transição	da	monarquia	para	a	república	e	do	Estado	unitário	para
o	 Estado	 federal	 não	 se	 constituiu	 em	 um	 processo	 lento,	 mas	 sim
relativamente	breve.	O	 fato	é	que	esta	grande	 transformação	na	vida	política
nacional	foi	obra	de	alguns	poucos	intelectuais	e	militares	de	alta	patente,	não
tendo	havido	participação	popular	na	deflagração	deste	processo	(CAMARGOS
e	ANJOS,	2009).
Discorrendo	 sobre	 o	 assunto	 em	 obra	 que	 se	 tornou	 referência	 neste	 tema,
José	 Murilo	 de	 CARVALHO	 (1991:68)	 assim	 afirma:	 "Estas	 observações	 não
estão,	no	entanto,	distantes	da	frase	de	Aristides	Lobo,	segundo	o	qual	o	povo
teria	 assistido	 bestializado	 à	 proclamação	da	República,	 sem	entender	 o	 que
se	passava".
É	 necessário	 que	 se	 evidencie	 que	 o	 grau	 de	 alienação	 do	 povo	 no	 que	 se
refere	 ao	momento	 político	 nacional	 não	 era	muito	 diferente	 da	 ausência	 de
participação	 das	 lideranças	 políticas	 existentes	 nas	 províncias	 no	 que	 se
refere	 à	 adoção	 do	 federalismo	 como	 forma	 de	 Estado.	 A	 república	 e	 o
federalismo	 foram	 um	movimento	 de	 intelectuais	 e	militares	 que	 residiam	 na
Corte	 e	 na	 província	 de	 São	 Paulo.	 As	 demais	 províncias	 não	 tomaram	 parte
significativa	no	evento	histórico,	e	se	é	certo	que	o	pacto	federativo	não	exige
um	momento	histórico	para	sua	caracterização,	no	Brasil	ele	foi	expresso	com
a	elaboração	da	Constituição	Republicana	de	1891	(CAMARGOS	e	ANJOS,	2009).
É	certo	que	na	Constituição	de	1934	muitas	das	competências	administrativas
e	 legislativas	atribuídas	aos	estados	anteriormente	 foram	transferidas	para	a
União.	Entretanto,	em	1937,	com	o	advento	do	golpe	dado	por	Getúlio	Vargas,
a	 outorga	 de	 uma	 nova	 Constituição	 e	 a	 instituição	 da	 ditadura	 do	 Estado
Novo	 até	 1945,	 o	 Brasil	 viveu	 momentos	 de	 grande	 centralização	 política,
quando	 os	 estados	 passaram	 a	 não	 ter	 sequer	 o	 peso	 político	 apresentado
nos	anos	posteriores	à	1ª	República.
Sob	 a	 vigência	 da	 Constituição	 de	 1946,	 o	 país	 viveu	 novo	 período	 de
democratização	 e	 os	 estados	 da	 Federação	 passaram	 a	 atuar	 no	 cenário
político	nacional	com	maior	desenvoltura,	entretanto,	esta	Constituição	adotou
os	 mesmos	 moldes	 de	 concentração	 de	 competências	 administrativas	 e
legislativas	no	rol	deferido	à	União	(CAMARGOS	e	ANJOS,	2009).	Com	o	advento
do	golpe	militar	de	1964,	que	institui	a	ditadura	e	culminou	na	Constituição	de
1967	e	emenda	nº	1	de	1969,	retornando	a	um	período	de	forte	centralização
e	 autoritarismo	 por	 parte	 da	 União	 federal,	 havendo	 aqui	 verdadeira
submissão	dos	estados	federados	à	União.
Com	 a	 redemocratização	 do	 país	 e	 a	 convocação	 da	 Assembléia	 Nacional
Constituinte	no	ano	de	1986,	cujo	trabalho	redundou	na	Constituição	de	1988,
o	 país	 retornou	 ao	 estado	 de	 direito,	 direito	 este	 elaborado	 e	 exercido
legitimamente.	 Em	que	 pesem	os	 reveses	 políticos	 enfrentados	 pelo	 país	 em
sua	história	republicana	o	fato	é	que	as	dimensões	territoriais	brasileiras,	que
são	de	grandes	proporções,	impõem	para	maior	eficiência	na	administração	da
coisa	pública	a	descentralização	tanto	política	como	administrativa.
A	Carta	Política	de	1988	estabeleceu	em	seu	art.	1º	?A	República	Federativa	do
Brasil,	 formada	pela	união	 indissolúvel	dos	Estados	e	Municípios	e	do	Distrito
Federal,	 constitui-se	 em	 Estado	 Democrático	 de	 Direito	 e	 tem	 como
fundamentos:	 "É	de	 se	perceber	que	houve	grande	 inovação	da	Constituição
ao	 estabelecer	 que	 o	 Brasil	 é	 uma	 federação	 constituída	 por	 estados,
municípios	 e	 pelo	 distrito	 federal,	 inovação	 esta	 que	 se	 dá	 por	 alçar	 o
município	 a	 um	 ente	 autônomo	 da	 federação.	 É	 de	 amplo	 conhecimento	 a
federação	constitui-se	tão	somente	de	estados,	que	 juntamente	com	a	união
apresenta	 o	 seu	 aspecto	 dualista,	 daí	 a	 grande	 inovação	 na	 nova	 estrutura
apresentada	pelo	federalismo	brasileiro.
O	 art.	 18	 da	 Constituição	 da	 República	 apresenta	 o	 município	 como	 parte
integrante	 da	 organização	 política	 administrativa	 da	 República	 Federativa	 do
Brasil	 ao	 lado	 da	 União,	 dos	 Estados	 e	 do	 Distrito	 Federal,	 sendo	 todos
dotados	de	autonomia.
A	 federação	 brasileira	 adquiri	 certa	 peculiaridade	 ao	 apresentar	 três	 esferas
de	governo	que	seriam	a	União,	os	estados	e	os	municípios,	mas	autores	como
José	 Afonso	 da	 Silva	 questionam	 se	 o	 município	 foi,	 de	 fato,	 elevado	 à
categoria	de	entefederativo	(SILVA,	2007:	641):
E	 os	 Municípios	 transformaram-se	 mesmo	 em	 unidades	 federadas	 -	 A
Constituição	não	o	diz.	Ao	contrário,	existem	onze	ocorrências	das	expressões	-
unidade	federada	e	unidade	da	Federação-	referindo-se	apenas	aos	Estados	e
ao	Distrito	Federal,	nunca	envolvendo	os	Municípios.
A	 Constituição	 de	 1988,	 seguindo	 o	 exemplo	 das	 constituições	 anteriores,
estabeleceu	 as	 hipóteses	 em	 que,	 excepcionalmente,	 a	 União	 poderia	 vir	 a
intervir	nos	estados	federados.	O	instituto	da	intervenção	federal	encontra-se
nas	circunstâncias	enumeradas	nos	incisos	do	art.	34	da	Carta	Política[1].
Na	 história	 do	 federalismo	 brasileiro	 é	 possível	 notar	 que	 a	 intervenção,
notadamente	por	 ser	medida	excepcional,	 foi	 utilizada	 com	muita	parcimônia,
principalmente	 no	 período	 em	 que	 vivemos	 certa	 normalidade	 política	 e
democrática.	 Entretanto,	 na	 ditadura	 de	 Getúlio	 Vargas,	 de	 1937	 a	 1945,	 e
durante	 a	 ditadura	 militar	 de	 1964	 a	 1984,	 a	 intervenção	 foi	 utilizada	 com
maior	frequência	(CAMARGOS	e	ANJOS,	2009).
	
[1]	"Art.	34.	A	União	não	intervirá	nos	Estados	nem	no	Distrito	Federal,	exceto
para:	 I	 -	manter	 a	 integridade	 nacional;	 II	 -	 repelir	 invasão	 estrangeira	 ou	 de
uma	unidade	da	Federação	em	outra;	III	-	pôr	termo	a	grave	comprometimento
da	ordem	pública;	 IV	 -	 garantir	 o	 livre	exercício	de	qualquer	dos	Poderes	nas
unidades	da	Federação;	V	-	 reorganizar	as	 finanças	da	unidade	da	Federação
que:	 a)	 suspender	 o	 pagamento	 da	 dívida	 fundada	 por	 mais	 de	 dois	 anos
consecutivos,	salvo	motivo	de	força	maior;	b)	deixar	de	entregar	aos	Municípios
receitas	 tributárias	 fixadas	 nesta	 Constituição,	 dentro	 dos	 prazos
estabelecidos	em	 lei;	VI	 -	prover	a	execução	de	 lei	 federal,	ordem	ou	decisão
judicial;	VII	-	assegurar	a	observância	dos	seguintes	princípios	constitucionais:
a)	forma	republicana,	sistema	representativo	e	regime	democrático;	b)	direitos
da	 pessoa	 humana;	 c)	 autonomia	 municipal;	 d)	 prestação	 de	 contas	 da
administração	 pública,	 direta	 e	 indireta.	 e)	 aplicação	 do	 mínimo	 exigido	 da
receita	 resultante	 de	 impostos	 estaduais,	 compreendida	 a	 proveniente	 de
transferências,	 na	manutenção	 e	 desenvolvimento	 do	 ensino	 e	 nas	 ações	 e
serviços	públicos	de	saúde."
Procedimentos	de	Ensino
Aula	expositiva,	debate	e	discussão	dirigida	com	base	no	texto:	NOVO
CONSTITUCIONALISMO	LATINO-AMERICANO	E	A	FORMA	FEDERAL	BASTOS,	Thiago
Guerreiro.	Disponível	em	:
http://aninter.com.br/Anais%20CONINTER%203/GT%2011/07.%20BASTOS.pdf
O	 intuito	 nesta	 aula	 é	 estimular	 a	 compreensão	 da	 categoria:	 organização
federativa,	 federalismo	na	América	 Latina	e	 a	possibilidade	de	 criação	de	um
Estado	Federal	pelo	países	da	América	Latina.	Vale	lembrar	que	tais	questões
estão	devidamente	desenvolvidas	nos	textos	complementares	sugeridos	e	tem
o	intuito	de	promover	um	debate	sobre	temas	atuais	do	constitucionalismo.
*	 Ainda	 que	 possam	 ser	 objeto	 de	 avaliação,	 segundo	 autonomia	 didático-
pedagógica	 de	 cada	 docente,	 considerando	 que	 o	 tema	 está	 abordado
apenas	em	bibliografia	complementar,	sugere-se	não	inserir	questões	no	BDQ
para	avalição	nacional.
Aplicação	Prática	Teórica
Caso	Concreto:	O	município	de	Parués,	no	Estado	Anaguá,	fica	na	margem
esquerda	do	Rio	Ituiruaçú	e	faz	divisa	com	o	município	de	Erolim,	que	fica	no
Estado	vizinho	de	Rocilom,	na	margem	direita	do	mesmo	rio.	O	caudaloso	rio
sempre	foi	a	principal	fonte	de	peixes	para	a	alimentação	das	populações
locais.	Certo	dia	os	moradores	são	surpreendidos	com	a	notícia	de	que	a
empresa	HOTEL	S/A	comprou	vários	hectares	de	terra	na	região	para	criar	um
Resort	na	localidade.	Um	grande	empreendimento	imobiliário	que	inclui,	entre
outras	coisas,	o	uso	do	Rio	Ituiruaçú	como	local	para	prática	de	esportes
radicais	aquáticos.		As	autoridades	dos	dois	Estados	iniciaram	uma	briga	para
saber	de	quem	era	a	responsabilidade	pela	fiscalização,	controle	e	pelas
autorizações	ambientais	para	o	empreendimento.		
Considerando	a	art.	23	parágrafo	único	da	Constituição	Federal	que	diz:
?Art.	 23.	 É	 competência	 comum	da	União,	 dos	 Estados,	 do	Distrito	 Federal	 e
dos	Municípios:	(...)
Parágrafo	único.	Leis	complementares	fixarão	normas	para	a	cooperação	entre
a	 União	 e	 os	 Estados,	 o	 Distrito	 Federal	 e	 os	 Municípios,	 tendo	 em	 vista	 o
equilíbrio	do	desenvolvimento	e	do	bem-estar	em	âmbito	nacional.?
E	 ainda	 a	 Lei	 complementar	 n.º	 140/2011	 que	 fixa	 normas	 para	 União,	 os
Estados,	o	Distrito	Federal	e	os	Municípios	nas	ações	administrativas	relativas
à	proteção	do	meio	ambiente,	responda:
Como	solucionar	a	referida	contenda?

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