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APROPRIAÇÃO CONCEITUAL, TEORIA DO CONHECIMENTO E FILOSOFIA DA CIÊNCIA

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APROPRIAÇÃO CONCEITUAL, TEORIA DO CONHECIMENTO E FILOSOFIA DA CIÊNCIA.
As transformações que ocorreram nas ciências e suas aplicabilidades tecnológicas desde a modernidade remetem a contextos de alterações na nossa maneira de ler o mundo, essas novas leituras possibilitaram também uma ampliação de reflexões impactante ontológicas; transcendentes e imanentes; espirituais e materiais; da fé para razão; do senso comum para o epistemológico, de cunho puramente extraído das práxis altera completamente as ações científicas:
Essa revolução pode ser descrita, e foi, de várias maneiras diferentes. Assim, por exemplo, alguns historiadores viram seu aspecto mais característico na secularização da consciência, seu afastamento de metas transcendentes para objetivos imanentes, ou seja, a substituição da preocupação pelo outro mundo e pela outra vida, pela preocupação com esta vida e este mundo. Para outros autores, sua característica mais assinalada foi a descoberta, pela consciência humana, de sua subjetividade essencial e, por conseguinte, a substituição do objetivismo dos medievos e dos antigos pelo subjetivismo dos modernos; outros ainda creem que o aspecto mais destacado daquela revolução terá sido a mudança da relação entre teoria e práxis, o velho ideal da vita contemplativa cedendo lugar a vita activa. Enquanto o homem medieval e o antigo visavam à pura contemplação da natureza e do ser, o moderno deseja a dominação e a subjugação. (KOYRÉ,1979, p. 13).
De acordo com o professor Lacey (2013):
A relação de dominação da natureza e sua matematização impõe valores éticos que estão intrinsicamente ligadas as ciências sem levar muito a sério os contextos sociais, ecológicos e humanos no momento da escolha da estratégia de pesquisa, especialmente quando se trata dos transgênicos.
Na publicação da revista globo rural referente ao mês de maio de 2017 constou que o Brasil é o pais que mais cresceu na adoção de transgênicos, somos o segundo país global a investir nesse tipo de cultivo. Claro que a polêmica ligada a qualidade do produto, sua eficiência e os impactos na saúde e meio ambiente tem bases sólidas e resultados positivos divulgadas pelas mídias e órgãos de controles, feitos pelas próprias empresas, supervisionando as produções, pesquisas, e políticas econômicas, causando assim resultados duvidosos.
A aceitação do produto baseados em recordes de produção e preços supostamente baixos na comercialização final tem uma aceitabilidade generosa na sociedade, fundamentada na divulgação da qualidade pelos meios de comunicação e programas de televisão, onde não são relatados nenhuma ocorrência que desagrade o consumidor.
Questões sobre métodos científicos experimental baseados em observações, hipóteses, experimentação, generalização, lei e teoria, leva tempo e altos custos em investimentos nas pesquisas; a necessidade de retorno financeiro a curto prazo pode levar esses métodos a pular etapas não seguindo uma ordem que poderiam trazer resultados mais confiáveis para nossa saúde e meio ambiente.
A ciencia e filosofia sofreram rupturas ou melhor novas direções em suas visões analíticas, as ciências afastam-se dos dogmas da igreja para condutas mais racionais e empiristas, acreditando encontrar verdades absolutas, porém a filosofia também se vê obrigada a procurar novas maneiras de refletir sobre essas mudanças nas ciências e suas tecnologias:
Nos últimos três séculos, a ciencia e a tecnologia foram capazes de alterar a face do mundo, com mudanças tão radicais como nunca se teve notícias antes.
O rigor do novo saber e a eficácia da nova técnica propõem inúmeras questões filosóficas, entre elas a necessidade de criticar os mitos que inevitavelmente daí surgiram. (ARANHA; MARTINS, 1992, p. 100).
O surgimento dessa nova ciência trouxe à tona a necessidade de outras problematizações filosóficas, essa visão que surgia tinha nas ciências sua maior autoridade em compreender a realidade de forma mais rigorosa podendo trazer mais benefícios a qualidade de vida, se antes a igreja tinha limitadores para o campo das pesquisas cientificas agora não os tem, por outro lado a filosofia encontra-se com a função de analisar os fundamentos da ciência, essas questões filosóficas não são observações exclusivas da filosofia, as ciências também fazem esse papel, questionando limites e validades dos métodos, como: mitos das ciências e o mito da neutralidade científica; divide alguns conhecimentos em objetivos e subjetivos.
A ideia segundo Ramos (2013), de se tratar as coisas objetivamente, considerar as entidades naturais e a natureza como um todo, independentemente de nossa vontade foi o modo construído pela cultura ocidental de conhecer o mundo. Método de aquisição do conhecimento que recomenda o afastamento daquilo que queremos conhecer para não lhe atribuir nossas propriedades e não da coisa em si mesma. Evitar que nossa subjetividade contamine a objetividade do conhecimento.
O rigor utilizado pelas ciências em sua linguagem para afastar-se das multiplicidades conceituais dos objetos teve importâncias significativas em contraposição a subjetividade do senso comum, esse rigor científico provocou mudanças estruturais nos alicerces epistemológicos, surge uma nova leitura de concepção de vida através de uma matematização e sua mecanicidade reduzindo a: espaço, quantidade dentre outras medidas através de cálculos e seus movimentos explicados pelas leis da física; porém as vezes as ciências esquecem que alguns fenômenos como a concepção vitalista e animista ainda são teorias com princípios em dogmas e fé encontrando explicações doutrinárias e teóricas na física quântica enriquecendo as explicações e pesquisas que tem grande suporte na metafísica, normas e conceitos puramente abstratos que mantem a humanidade sedenta por conhecimentos e duelos nos jogos de linguagem.
É difícil contestar a eficiência das ciências e suas tecnologias e aplicações na qualidade de vida: Medicina, transportes, comunicação e outras tantas descobertas, porém não podemos esquecer das barbáries que foram feitas nos campos de concentrações e os experimentos na Guatemala nos anos de 1940 utilizando seres humanos como cobaias nos testes de medicamentos; guerras decididas através de horrores praticados até hoje, como é o casa do sofrimento na guerra na Síria; sabemos da necessidade da conceituação da linguagem e sua aplicação nos debates filosóficos não confundindo saber conceitual com o científico: como se faz na política econômica; cada palavra e descoberta ainda carrega historicamente resultados catastróficos em nome de um poder e domínio de ideias, controle que parece não levar em conda a vida em toda sua plenitude.
Referências bibliográficas
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução Alfredo Bosi – 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. 
São Paulo. Moderna, 1992.
ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução a filosofia. 5 ed. São Paulo. Moderna, 2013.
Brasil teve maior crescimento do cultivo de transgênicos do mundo em 2016. Disponível em < https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/noticia/2017/05/brasil-teve-maior-crescimento-do-cultivo-de-transgenicos-do-mundo-em-2016.html>. Acesso em 29 de abril de 2018.
CARVALHO, Marcelo; CORNELLI, Gabriele. Filosofia: conhecimento e linguagem, volume 4. Cuiabá, MT: Central de Texto, 2013.
KOYRÉ, Alexandre. Do mundo fechado ao universo infinito. Rio de Janeiro/São Paulo, Forense Universitária/Edusp, 1979.

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