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Resenha Filme Corra!

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Corra! E o preconceito racial nos estados unidos
Bruna Giriboni Monteiro
 O filme Corra! conta a história de Chris, um fotógrafo negro bem-sucedido que viaja para a casa dos pais de sua namorada branca descendente de alemães, Rose. Tirando a parte dos absurdos da ficção o filme traz, escancaradamente, situações cotidianas como objetivo passar a mensagem sobre o racismo estadunidense que está enraizado na sociedade.
 A primeira cena do filme é um homem negro andando pela rua de noite quando passa um carro branco do seu lado e começa a persegui-lo, o rapaz fica assustado e diz: “Não hoje. Não comigo. Sabem como tratam a gente aqui. Vou cair fora” e quando ele tenta fugir leva um golpe na cabeça, desmaia e é levado para o porta-malas do carro.
 A próxima cena mostra Chris arrumando as malas para viajar com sua namorada para Lake Pontaco, casa dos pais de Rose. Chris fica receoso de como os pais de Rose reagiriam ao descobrir que ele é negro e pergunta a Rose se ela mencionou que isso com os pais, Rose diz que não contou e que não é necessário e usa de argumento “Meu pai votaria no Obama de novo de pudesse, eles não são racistas”. Nesta parte fica pode-se perceber um indício de racismo velado nas falas de Rose, a necessidade de justificar a ausência do racismo com relações com outras pessoas com aquela cor. Como se votar no Obama fosse um passe livre para não ser racista, aquela mesma história de “Não sou racista! Tenho até amigos negros”
 No caminho para a viagem Rose atropela um cervo, e chama a polícia. De forma escancarada o filme trouxe uma cena racista facilmente vivenciada no dia-a-dia, o policial, após aconselhar a Rose pede os documentos do Chris que não estava fazendo nada e nem dirigindo o veículo, Rose questiona o policial e ele sai.
 Ao chegarem na casa dos pais de Rose a recepção é boa e cheia de abraços, quando contam que a Rose atropelou um cervo no caminho o pai de Rose, Dean, diz que não gosta do cervos e que foi bom que ele morreu “São como ratos. Destroem o ecossistema”. Ao longo da história o cervo aparece algumas vezes em destaque, este animal é comumente associado a caça, no filme é possível associá-lo a realidade dos negros enquanto um grupo social marginalizado e constantemente a mira de um caçador. Dean apresenta a casa para o Chris e em vários momentos fala de como ele não é racista com um racismo velado.
 Na hora do jantar daquela noite o irmão da Rose aparece, Jeremy, que conta de histórias passadas de um modo muito grotesco e sujo se referindo a mulheres. No meio do jantar Jeremy pergunta a Chris de um jeito meio psicótico se ele gostava de esportes e lutas, Jeremy diz “por que com o seu porte e genética se você realmente fortalecer o seu corpo você seria um monstro” e começa a fazer comparações que deixam todos da mesa desconfortáveis analisando o Chris como se fosse uma mercadoria. 
 No dia seguinte teve uma festa que a família fazia, esse encontro não era uma festa, mas sim para as pessoas analisarem o Chris para comprá-lo em um leilão. Na suposta festa os convidados interrogavam Chris em relação a porte, força e assuntos de cunho sexual. Chris desconfia da situação conta a seu amigo Rod as coisas bizarras que vão acontecendo.
 No passar da história Chris descobre que foi levado propositalmente á casa dos pais de Rose para ser leiloado em um esquema que o Dean submetia os negros a uma cirurgia neurológica que colocava a personalidade da pessoa em segundo plano e seu corpo começava a ser comandado por quem o comprou, no caso, um artista cego comprou o corpo de Chris. Pode-se observar uma referencia a submissão do negro que tem seu corpo leiloado e sua história, sentimentos e vontades apagados pelo homem branco que domina seu corpo.
 Segundo Edward Tylor (1871 – Primitive Culture) “Cultura ou Civilização, tomada em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábito adquirido pelo homem como membro da sociedade.” Ou seja, no filme, quando o homem branco toma conta do corpo do negro e impede este de expressar sua história e cultura simboliza a supremacia da cultura do branco em relação a do negro e a supervalorização do corpo negro como um objeto. 
 Chris consegue fugir da casa e na última cena está todo ensanguentando, com a casa no fundo pegando fogo e encima da Rose a segurando quando chega a polícia e o sentimento de Chris, e que senti como espectadora, não é de alívio, muito ao contrário é de temor e a feição da Rose é de alívio pedindo socorro, mas no final era o amigo do Chris, o Rod, que foi o ajudar. Essa última cena mostra o peso da violência física e social do simbolismo da polícia, fica implícito que Rose, por ser branca, não seria culpada e Chris, por ser negro, iria acabar sendo preso.
 Diante a história é possível dizer que o filme retratou muito bem e de forma bem crítica o racismo, com foco no estadunidense, escancarando cenas muito comuns do dia-a-dia e mostrando como o racismo está enraizado na sociedade e o medo, apenas por existir, das pessoas negras.

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