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O DIREITO À EDUCAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO PORTUGUESA
Revista de Direito Educacional | vol. 1/2010 | p. 171 - 205 | Jan - Jun / 2010
DTR\2010\423
Lurdes Keiko Oyama
Mestranda em Direito do Estado pela PUC/SP. Supervisora de Ensino Aposentada do
Estado. Membro do IBDC. Advogada.
Área do Direito: Constitucional; Educação
Resumo: A partir da retrospectiva histórica das Constituições portuguesas, enfatizo a
evolução da educação até a Constituição de 1976. O direito à educação na atual
Constituição portuguesa está inserido no capítulo dos direitos econômicos, sociais e
culturais, por prender-se à tarefa fundamental do Estado de promover a efetivação
desses direitos, e com as incumbências do Estado e de outras entidades especiais e
incluído nos limites materiais de revisão. O sistema escolar engloba todos os tipos de
ensino, excluindo apenas as escolas de formação de ministros de confissões religiosas e
de dirigentes de partidos políticos.
Palavras-chave: Constituição portuguesa - Direitos à educação - Sistema de ensino
Abstract: From the Portuguese Constitution historic retrospective on, I emphasize the
evolution of education till the 1976 Constitution. The right to education in the
Contemporary Portuguese Constitution is inserted in the economic, social, cultural rights
section, for being attached to the essential target of the State by means of promoting
these rights effectively with the State assignment and the others special entities inserted
in the material limits review. The school system lump together all kinds of teaching,
excluding only the religious confessions ministers formation schools ant the politician
parties leaders.
Keywords: Portuguese Constitution - The rights to education - Teaching system
" Não permitas que vosso direito seja pisoteado
impunemente" - (KANT)
Sumário:
1. Introdução - 2. Histórico - 3. A educação na Constituição portuguesa - 4. Direito à
educação - 5. O sistema de ensino português - 6. Conclusão - 7. Bibliografia
1. Introdução
Neste trabalho pretendo abordar o direito à educação na Constituição portuguesa,
iniciando com a história das Constituições portuguesas para melhor entendimento da
evolução da educação ao longo do tempo e das várias Constituições que o país passou
até a Constituição de 1976.
Historicamente, até o século XVIII, com raras exceções, o Estado era sempre um Estado
unitário, com poder absoluto do rei, e havia um ordenamento jurídico ou pactos
expressos entre o rei, a nobreza e o clero, um documento político de limitação ao poder
real. Nos Estados absolutistas eram Constituições outorgadas, chamadas de Cartas, em
que o soberano, detentor do poder, concedia ao povo o reconhecimento de seus direitos.
As Cartas eram leis fundamentais de organização e de limitação do exercício do poder
político, que emanavam da vontade do detentor do poder como uma concessão generosa
feita ao povo.
Com o desenvolvimento do princípio democrático, do exercício do poder constituinte pelo
próprio povo, surgem as Constituições modernas, a ideia de Constituição escrita, como
salienta J. H. Meirelles Teixeira: "(...) o princípio democrático começa já a afirmar-se,
através de uma luta entre o detentor do poder, que defende suas prerrogativas, e os
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seus súditos, que pleiteiam, e por vezes impõem mesmo, o reconhecimento dos seus
direitos e liberdades. É o período dos pactos, como germens das modernas
Constituições. (...) Donde a ideia, muito corrente no século XVIII, de que a toda
Constituição democrática deveria corresponder, necessariamente, a forma escrita, para
maior garantia e segurança dos direitos dos cidadãos". 1
Assim, Portugal, influenciado pelo princípio democrático, elaborou a Constituição
portuguesa, de 1822, chamada vintista, com ideais essenciais de democracia. A Carta
Constitucional, de 1826, outorgada pelo Imperador D. Pedro I, de princípio monárquico,
acrescido do poder moderador atribuído ao Rei, o princípio da divisão de poderes, o
princípio censitário, isto é, o exercício do poder limitado a uma minoria e o
reconhecimento de direitos civis e políticos dos cidadãos portugueses. A revolução de
1910 depôs o regime monárquico, rompeu a Carta Constitucional de 1826 e instituiu a
República.
Em seguida, descrevo os artigos referentes à educação, o ensino explicitado na atual
Constituição da República (LGL\1988\3) Portuguesa vigente desde 1976. O direito à
educação na Constituição portuguesa está inserido no capítulo dos direitos econômicos,
sociais e culturais, por prender-se à tarefa fundamental do Estado de promover a
efetivação desses direitos e às incumbências do Estado e de outras entidades especiais e
incluído nos limites materiais de revisão.
No capítulo de direito à educação, explicito os princípios importantes na educação e que
servirão para nortear toda a atividade legislativa, administrativa e judiciária, que não
poderá agir em desacordo com tais princípios.
Finalmente, faço uma referência ao sistema de ensino português definido na
Constituição, nas Leis 9/1970 e 46/1986 e nos Decretos-leis 108/1988, 16/1984 e
128/1990.
2. Histórico
Como afirma Jorge Miranda, "existe uma relação constante entre história política e
história constitucional portuguesa. Por um lado, são os fatos decisivos da história política
que provocam o aparecimento das Constituições, a sua modificação ou a sua queda. Por
outro lado, contudo, as Constituições, na medida em que se consubstanciam ou
condicionam certo sistema político e na medida em que se repercutem no sistema
jurídico e social vêm a ser elas próprias, igualmente, geradora de novos fatos políticos".
2
Dessa forma, é necessário conhecer um pouco os fatos históricos que foram decisivos no
aparecimento das Constituições portuguesas. Ao longo da história de Portugal, houve a
Constituição Política da Monarquia Portuguesa de 1822, a Carta Constitucional da
Monarquia de 1826, a Constituição Política da República Portuguesa de 1838, a
Constituição Política da República Portuguesa de 1911, a Constituição Política da
República Portuguesa de 1933 e a atual Constituição da República (LGL\1988\3)
Portuguesa de 1976.
Nessas Constituições, destaco os elementos fáticos e textuais relevantes na elaboração e
definição dos direitos, principalmente o direito à educação.
2.1 A Constituição Política da Monarquia Portuguesa de 1822
Foi a partir da metade do século XIII que Portugal recepcionou o direito romano e
construiu-se um sistema jurídico, as Ordenações do Reino.
Segundo Paulo Ferreira da Cunha, "a primeira coletânea, o Livro das Leis e Posturas,
datando de finais do século XIV ou dos inícios do século XV, colige leis que vão de D.
Afonso III a D. Afonso IV. Há nela ainda um certo sabor a caos. As repetições de leis são
frequentes, e assumem variantes de monta. Trata-se muito mais de uma recolha que de
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uma sistematização. A segunda coleção, Ordenações de D. Duarte, é do século XV e
acrescenta ao conteúdo do Livro das Leis e das Posturas a obra legislativa, entretanto
produzida por D. João I e por D. Duarte". 3
Durante o reinado de D. João I, as cortes reunidas pediram ao rei que desse uma
coleção oficial de legislação que permitisse saber em que lei viviam, e foi proposta a
compilação legislatória. Do trabalho de compilação se originaram as chamadas
Ordenações Afonsinas, que foram aprovadas em agosto de 1446, o que facilitou a
consulta e promoveu a normatização e contribuiu para a centralização do poder.
D. Manuel, o rei Venturoso, nomeou, em 9 de fevereiro de 1506, uma comissão dotada
de amplos poderes para rever as Ordenações em vigor. Foram concretizadas as suas
intenções e promulgadas, em 1521, as Ordenações Manuelinas.
As Ordenações Manuelinas foram uma atualização do código anterior, resumido, histórico
e prolixo, com interpretações de textos obscuros e novas disposições.
Em 1603, o rei de Portugal,D. Felipe II, editou nova coletânea de Ordenações Filipinas,
pouco inovadora, e introduziu melhor arrumação nas disposições e sedimentação
temática.
D. Maria I nomeia, em 31 de março de 1778, uma comissão para proceder à revisão das
Ordenações Filipinas em vigor, mantendo a estrutura e pondo melhor ordem. Afirma
Paulo Ferreira da Cunha: "O Decreto de D. Maria I, de 31 de março de 1778, marca o
início legal da preparação do Novo Código". E cita a exposição de motivos para a
revisão: "Visa a 'felicidade dos povos', apenas possível com o conhecimento certo e
indubitável das leis, o que andava muito difícil pela sua abundância e pelo
envelhecimento de algumas, 'que a mudança dos tempos tem feito impraticáveis'". 4
Entretanto, a primeira tentativa de novo Código foi frustrada, pois a rainha D. Maria I
impunha limites rígidos, com restrições sistemáticas e de conteúdo, porque não desejava
rever tudo, apenas uma obra de fachada iluminista, e a comissão formada estava
dividida no plano ideológico e jurídico.
A perturbação do velho mundo de ameaça à soberania de Portugal acaba por
enlouquecer a rainha D. Maria. Ocorre a invasão dos franceses, na regência de D. João
VI, e, nesse período de dominação francesa, há várias tentativas para dotar o país de
uma Constituição. Com a ajuda das tropas inglesas, expulsaram os franceses de Portugal
e seguiu-se a ocupação inglesa, transformando o país num quartel, e a ausência do rei,
D. João VI no Brasil, aumentou os descontentamentos, ocorrendo a revolução liberal de
1820.
A primeira Constituição portuguesa de 1822, chamada "vintista", nasceu do movimento
constitucional com um grupo de cidadãos composto de professores universitários -
Cortes Brandão e Ricardo Raimundo Nogueira, o Juiz do Povo de Lisboa, tanoeiro Abreu
Campos, e o Desembargador Francisco Coelho -, com a entrega do documento
denominado de súplica de Constituição, dirigida a Junot, em 1808.
A Constituição de 1822 marca o início do constitucionalismo português e da referência da
legitimação democrática do poder constituinte, com ideais essenciais da democracia,
assinalando-se o princípio democrático, o princípio representativo, o princípio da
separação de poderes, o princípio da igualdade jurídica e o respeito pelos direitos
pessoais.
Afirma Jorge Miranda: "A Constituição de 1822 foi obra das Cortes Constitucionais eleitas
em Portugal, no Brasil e nos territórios portugueses da África e da Ásia, de acordo com
uma regra de proporcionalidade entre o número de eleitores e o número de deputados a
eleger - o que era bem significativo do princípio da igualdade de direitos e do conceito de
nação que os homens de 1820 adotavam". 5
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A assembleia aboliu a Inquisição por unanimidade, introduziu diversas reformas
administrativas, decretou várias anistias e perdões, aboliu alguns privilégios
monopolistas em diversos produtos. Converteu a monarquia em monarquia
constitucional hereditária, em que o Rei é o poder executivo, assistido pelo Conselho de
Estado e por Secretários de Estado, só com o poder de veto puramente suspensivo.
Ainda, o Rei devia ouvir o Conselho de Estado nos negócios graves, a guerra e a paz e os
tratados.
Na Constituição de 1822, houve influência maior da Constituição espanhola de Cádiz, de
1812, quando se impõem aos deputados das Cortes extraordinárias a criação de uma
Constituição ainda mais liberal que a espanhola e dos valores do liberalismo das
Constituições francesas, de 1791 e 1795, e a influência da Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, de 1789.
Ressalta Jorge Miranda, que sublinha as diferenças existentes entre as Constituições de
Cádiz e a Constituição Portuguesa de 1822:
"Apesar da Constituição de Cádiz e da Constituição portuguesa serem muito próximas,
não deixa de haver diferenças assinaláveis entre elas:
"1.º) Na Constituição de Cádiz, apenas se encontram preceitos sobre direitos (art. 4.º) e
sobre deveres (arts. 6.º a 8.º), e não um título autônomo como na nossa;
"2.º) A forma de governo é a monarquia moderada hereditária em Espanha (art. 14.º) e
a monarquia constitucional hereditária em Portugal (art. 20.º);
"3.º) O poder executivo cabe em Espanha ao Rei, só (art. 16.º), e, em Portugal, ao Rei e
aos Secretários de Estado (art. 30.º);
"4.º) O sufrágio para eleição das Cortes é universal, mas indireto em Espanha (art. 35 e
ss.), e com algumas incapacidades (art. 33.º), mas direto em Portugal (art. 37.º e ss.);
"5.º) A Constituição de Cádiz proíbe a reeleição dos deputados (art. 110.º), não a
portuguesa (art. 36.º);
"6.º) A liberdade de imprensa tem mais garantias na Constituição de Cádiz (arts. 131.º,
n. 24, e 371.º) do que a nossa (arts. 7.º e 8.º);
"7.º) A Constituição espanhola admite duas devoluções da lei para efeito de veto pelo
Rei (art. 148), a portuguesa só uma (art. 110.º);
"8.º) Na Constituição de 1812 não há representação paritária das províncias do ultramar
(art. 232.º), ao invés do que sucede na Constituição de 1822 (art. 162.º);
"9.º) A Constituição espanhola é muito mais extensa (384 artigos) do que a portuguesa
(240 artigos)." 6
Dentro dos direitos pessoais encontravam-se alguns preceitos de imposição
constitucional, como o ensino da mocidade portuguesa de ambos os sexos a ler,
escrever e contar, no art. 237.º; e a criação de novos estabelecimentos de instrução
pública, no art. 238.º.
Conforme afirma Jorge Miranda: "A Constituição ordena a criação em todos os lugares
do reino, onde convier, de 'escolas suficientemente dotadas, em que se ensine a
mocidade portuguesa de ambos os sexos a ler, escrever e contar e o catecismo das
obrigações religiosas e civis' (art. 237.º), e de estabelecimentos de ensino de ciências e
das artes (art. 238.º). Mas a importância que atribui à educação leva-a também a ligar o
gozo de direitos políticos à posse de habilitações literárias, por meio de uma cláusula de
sufrágio sob condição resolutiva, destinada a incentivar a alfabetização. Daí a norma do
art. 33.º, VI, segundo a qual deixam de ter direito de voto 'os que para o futuro, em
chegando à idade de vinte e cinco anos completos, não souberem ler e escrever, se
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tiverem menos de dezessete quando se publicar a Constituição'". 7
A Constituição de 1822 teve vigência de 23 de setembro de 1822 a junho de 1823,
quando D. João VI nomeou uma comissão para preparar o projeto da Carta da lei
fundamental da monarquia portuguesa. No decreto de nomeação, declara solenemente a
sua adesão de sempre ao sistema constitucional, aos direitos individuais e à felicidade
dos indivíduos.
2.2 A Carta Constitucional de 1826
A Carta Constitucional de 1826 foi outorgada por D. Pedro I, o Imperador do Brasil, que
abdicou do trono em favor da filha D. Maria em garantia da vigência da Carta
Constitucional outorgada, como salienta Jorge Miranda: "A Carta Constitucional é obra
pessoal de D. Pedro IV e foi redigida num tempo curtíssimo pelo Monarca, no Brasil,
antes de abdicar (sob certas condições) da coroa portuguesa". 8
A Carta de 1826 foi copiada em parte da Constituição brasileira, influenciada pela Carta
constitucional francesa de 1814. D. Pedro dispunha de poucos dias para a feitura da
Carta, fez adaptações, anotações e emendas à Constituição do Império do Brasil,
auxiliado pelo Conselheiro Francisco Gomes da Silva (o Chalaça), Oficial Maior do
Gabinete Imperial, como assinala Paulo Bonavides: "Anotações, adaptações e emendas à
Constituição do Império do Brasil por D. Pedro I sobre adaptações sugeridas pelo
Conselheiro Francisco Gomes da Silva. E a par destes fac-símiles, também o do texto
final da Carta Constitucional da Monarquia Portuguesa. (...) Premido pelo decurso rápido
dos poucos dias de que dispunha, D. Pedro tomou dois exemplares do projeto revisto do
Conselho de Estado para a Constituição brasileira de 1824, e, enquanto anotava um,
através de emendas, supressõese adições àquilo que se deveria transformar no texto da
Carta lusa, o Chalaça fazia o mesmo no outro exemplar". 9
Os princípios que norteavam a Carta Constitucional de 1826 eram: o princípio
monárquico, acrescido do poder moderador atribuído ao Rei; o princípio da divisão de
poderes; o princípio censitário, isto é, o exercício do poder limitado a uma minoria; e o
reconhecimento de direitos civis e políticos dos cidadãos portugueses.
A Carta introduziu a segunda Câmara, formada pelo alto clero, e a principal nobreza
atribuía ao Rei, além do poder executivo, um novo poder moderador e reforço ao veto
real e conferia o poder de dissolver as Cortes, a Câmara dos Deputados, de nomeação e
demissão dos Ministros, a suspensão de magistrados, a anistia - o Rei, o Chefe Supremo
da Nação.
Os direitos fundamentais dos cidadãos estão no art. 145.º, último artigo da Carta, que
introduz outros direitos e garantias originais, como a liberdade de trabalho, cultura,
indústria e comércio, igualdade para todos, garantia da vida pública; e reafirmam a
garantia de instrução primária e gratuita a todos os cidadãos e de colégios universitários.
Ressaltando a observação de Jorge Miranda: "(...) a Carta relega os direitos
fundamentais para o último, longo e extenso artigo, o 145.º. Confere-lhes, pois, menor
relevo sistemático. Em contrapartida, descobre-se nela um maior equilíbrio entre
liberdades e garantias. Aquisições importantes são os princípio da não retroatividade das
leis, a liberdade de deslocação e emigração, a liberdade de trabalho e de empresa, a
propriedade intelectual, a instrução primária e gratuita e, mesmo, o primeiro prenúncio
da liberdade religiosa (respectivamente, §§ 2.º, 5.º, 23.º, 25.º, 30.º e 40.º). (...) e
previam colégios e universidades ou estabelecimentos em que se ensinassem as
ciências, letras e artes". 10
A Carta Constitucional de 1826 esteve em vigor em três períodos: o primeiro até 3 de
maio de 1828, quando D. Miguel convocou os Três Estados do Reino; o segundo período,
quando terminada a guerra civil, de maio de 1834 a 1836; e o terceiro período de 10 de
fevereiro de 1842, com o golpe de Estado de Costa Cabral, até a implantação da
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República de 1910, conforme resume Paulo Ferreira da Cunha: "A Primeira Constituição
Portuguesa foi absolutamente efêmera. Vigorou legalmente de outubro de 1822 até
junho de 1824. De 24 a 26, tentaram substituí-la por um texto duma comissão que não
passou dum projeto abortado. E 1826 é já o ano da primeira entrada em vigor da Carta.
Depois, após uma revolução restauradora dos velhos princípios liberais, a revolução de 9
de setembro (onde a expressão 'setembrismo', como uma espécie de ideologia), o texto
da primeira Constituição foi reposto em vigor, mas apenas do ponto de vista formal, de
10 de setembro de 1836 a 4 de abril de 1838. Na realidade, após o golpe de setembro,
pensava-se já numa nova síntese, entre a Constituição de 1822 e a Carta de 1826. Isso
se verificou no texto da Constituição de 1838, também ela efêmera (durará até 10 de
fevereiro de1842). O reformador Costa Cabral, depois da 'ocupação do trono pelas
instituições republicanas' de que se vangloriava o ministro Passos Manuel (Manuel da
Silva Passos era o seu nome de batismo), restaurou a Carta, decidido a restabelecer a
ordem monárquica. Esta durará de 1842 até 5 de outubro de 1910, data da instauração
da República, a qual elaborará uma nova Constituição, aprovada em 1911". 11
A Carta foi a Constituição mais permanente em face das outras constituições
monárquicas. Adaptou-se às circunstâncias durante a sua longa vida por Atos Adicionais.
2.3 A Constituição de 1838
A Constituição de 1938 foi uma Constituição pactuada entre as cortes e o rei e como um
compromisso assentado no princípio monárquico entre os defensores da soberania
nacional e os partidários da monarquia constitucional. O rei era reconhecido como Chefe
do Executivo, possuía o direito de sanção das leis, de convocar extraordinariamente as
Cortes, prorrogá-las, adiá-las para dissolver a Câmara dos Deputados, quando assim o
exigia a salvação do Estado.
Salienta Jorge Miranda: "(...) a Constituição de 1938 resulta do acordo entre as Cortes e
o Monarca. As Cortes, eleitas com poderes constituintes, prepararam, discutiram e
votaram a Constituição e depois a submeteram à Rainha, pedindo que aceitasse. E esta,
'achando que ela deve ser promulgada como Lei Fundamental do Estado', resolveu
jurá-la. A aceitação e o juramento de D. Maria II não foram atos meramente formais
como os de D. João VI em 1822; foram atos de decisão política, corresponderam a
sanção em sentido próprio. O texto de 1838 é dos mais aperfeiçoados técnica e
literariamente dos textos constitucionais portugueses". 12
A independência dos poderes políticos foi consagrada na Constituição de 1838, aliados
ao princípio da soberania, que reside essencialmente na Nação, do qual derivam todos os
poderes políticos, e a relação dos direitos fundamentais, sob o título Dos direitos e
garantias dos portugueses, está na primeira parte da Constituição e antes da
organização do poder político. Reconhece-se os cidadãos para o controle da
constitucionalidade e o direito à resistência contra violação das garantias individuais e a
garantia da liberdade de ensino no art. 29.º, como salienta Jorge Miranda: "A
Constituição de 1838 volta a consagrar à matéria de direitos fundamentais um título à
parte - o Título III (arts. 9.º a 32.º) -, muito mais desenvolvido e apurado que o título
equivalente da Constituição de 1822. Da mesma sorte, alarga o equilíbrio entre as
liberdades e as garantias que se tinha procurado na Carta". 13
Também, J. J. Gomes Canotilho comenta: "À semelhança da Constituição de 1822, o
catálogo dos direitos fundamentais, agora sob o título 'Dos direitos e garantias dos
portugueses', é deslocado para a 1.ª parte da Constituição, antes da organização do
poder político". 14
E na educação estabelecia, conforme Jorge Miranda: "... a Constituição de 1838
estabelecia a instrução primária gratuita e previa colégios e universidades ou
estabelecimentos em que se ensinassem as ciências, as letras e as artes, garantia
também a liberdade de ensino público". 15
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O Rei é o Chefe do Poder Executivo, deixando de ser o titular do poder moderador, e
obtém o poder de sanção das leis e o de dissolução da Câmara dos Deputados. O Poder
Legislativo é composto de duas Câmaras: a Câmara Alta e a Câmara dos Senadores,
ambas eleitas por sufrágio direto, como expõe J. J. Gomes Canotilho: "O rei deixou de
ser, como se disse, o titular do 'poder moderador' (eliminado), mas é reconhecido como
Chefe do Executivo (art. 80.º), exercido por Ministros e Secretários de Estado. Continua,
como a Carta, e ao contrário da Constituição de 1822, a ter o direito de sanção das leis
(art. 81.º/l). (...) o texto constitucional setembrista atribui competência ao rei, como
'Chefe do Poder Executivo', para 'convocar extraordinariamente as Cortes, prorrogá-las,
adiá-las', para 'dissolver a Câmara dos Deputados quando assim o exigir a salvação do
Estado' (art. 81.º/1/2)". 16
A Constituição de 1838 vigorou de 4 de abril de 1838 até 27 de janeiro de 1842, com o
golpe de Estado de Costa Cabral. Por decreto, em 10 de fevereiro de 1842, Costa Cabral
repôs em vigor a Carta Constitucional de 1826, como a lei básica da estrutura política,
até 5 de outubro de 1910.
Como ressalta Paulo Ferreira da Cunha, "o constitucionalismo cartista dura, assim, até
1910 (e, em parte, até 1911, data da Constituição Republicana (LGL\1988\3)); mas já
em 1826 terminara na lei fundamental a genuína soberania popular, e, com tal data,
encerrara-se o primeiro ciclo propriamente constitucional em Portugal". 17
2.4 A Constituição de 1911
Segundo a afirmação de J. J. Gomes Canotilho, "a Constituição de 1911, emergente da
Revolução republicana de 5 de outubrode 1910, rompe deliberadamente com a Carta
Constitucional de 1826, que retomara vigência depois da 'Revolta Cabralista' em 1842".
18
A Constituição de 1911 é a primeira Constituição Republicana (LGL\1988\3) elaborada
pela Assembleia Constituinte que reafirmou os princípios da democracia política liberal,
elegeu o caráter unitário da República, proibiu a interferência do Executivo nos corpos
administrativo, impôs a representação das minorias nos corpos administrativos e admitiu
o referendo.
O órgão legislativo era formado por duas Câmaras, a dos Deputados e o Senado,
chamadas de Congresso, cujos membros eram eleitos pelo voto direto. Segundo J. J.
Gomes Canotilho, "o Congresso - assim se chamava o Parlamento da 1.ª República, sob
a influência das teorias constitucionais americana e brasileira - era formado por duas
câmaras - a Câmara dos Deputados e o Senado. Eleitas por sufrágio direto, e com
competência legislativa tendencialmente igual, distinguem-se quanto à composição,
duração de mandato e competência privativa". 19
O poder executivo era exercido pelo Presidente da República e pelos seus Ministros. A
posição constitucional do chefe do executivo era ambígua, como ressalta J. J. Gomes
Canotilho: "A sua posição constitucional como chefe do Executivo era também ambígua:
a Constituição limitava-se a afirmar que 'o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da
República e pelos seus Ministros', mas não afirmava expressamente que ele era o chefe
do Executivo. Todavia, dos arts. 47.º e 48.º, referentes às atribuições do Presidente, era
possível deduzir-se que a ele competiam atribuições do Poder Executivo, embora
exercidas por intermédio dos Ministros". 20
Verifica-se na Constituição de 1911 que há uma relação de direitos e garantias com o
liberalismo democrático português, pois garante as liberdades públicas dos cidadãos em
sentido individualista: inviolabilidade à liberdade, à segurança individual, à propriedade,
à liberdade de religião e culto. Ressalta Jorge Miranda: "Como novidade ainda, e como
único sinal de abertura da visão social, a obrigatoriedade do ensino primário elementar
(art. 3.º, n. 11), e não apenas a gratuidade, como na Carta e na Constituição de 1838.
(...) Ao mesmo tempo impunha a neutralidade em matéria religiosa do ensino ministrado
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quer em escolas públicas quer em escolas particulares fiscalizadas pelo Estado (art. 3.º,
n. 10)". 21
A obrigatoriedade do ensino primário elementar está consagrada no capítulo dos direitos
sociais, econômicos e culturais, figurando como matéria de direito constitucional.
A Primeira República foi marcada pelo pluralismo partidário competitivo e era
desorganizada, levando muitos impasses ao regime republicano, de conflitos religiosos,
de crises políticas.
A Primeira República foi de 1910 a 1926, vivendo de crise em crise, passando pela
ditadura de Sidónio Pais, de 1918 até sua queda em 1926.
2.5 A Constituição de 1933
A Revolução Nacional de 1926 e o assassinato do ditador Sidónio Pais levaram Portugal à
ditadura militar até a Constituição de 1933, como salienta Jorge Miranda: "O interregno
entre a revolução de 1926 e a Constituição de 1933, ou "ditadura militar", é o mais largo
dos interregnos constitucionais portugueses, e a gênese dessa Constituição, se não terá
sido das mais complexas e atribuladas, é certamente aquela de que menos se sabe". 22
A Constituição de 1933 é elaborada pelo Governo a partir de um projeto de Oliveira
Salazar. Este chegara ao poder a convite dos militares, com auxílio de alguns
colaboradores e do Conselho Político Nacional. Foi dada ao conhecimento aos
portugueses por meio de jornais em 28.05.1932, votado em plebiscito em 19.03.1933,
entrando em vigor em 11.04.1933, dia da publicação do resultado do plebiscito.
Contém apenas duas partes: as Garantias Fundamentais e Organização Política do
Estado, além das disposições complementares, mas pulverizou de revisão constitucional,
conforme expõe J. J. Gomes Canotilho: "A Constituição de 1933, que sedimenta os
fundamentos jurídicos do Movimento de 28 de maio de 1926, fez tábua rasa do
procedimento de revisão fixado pela Constituição de 1911. Finalmente, o poder
constituinte emergente da Revolução de 25 de abril de 1974 pulverizou os
procedimentos de revisão estabelecidos pela Constituição de 1933. O texto de abril é,
pois, um texto de ruptura, um momento de descontinuidade inserido no ciclo longo de
descontinuidade do constitucionalismo português". 23
O constituinte de 1933 regulou melhor os direitos sociais, econômicos e culturais, como
salienta Jorge Miranda: "... o caráter autoritário do regime dos direitos, liberdades e
garantias, com leis especiais a regular o exercício das liberdades de expressão, de
ensino, de reunião e de associação, 'devendo, quanto à primeira, impedir,
preventivamente ou repressivamente, a perversão da opinião pública na sua função de
força social' (...). O aparecimento, enquadrados no projeto corporativo, de vários direitos
sociais - proteção da família, associação do trabalho à empresa, direito à educação e à
cultura (...). A atribuição, quer individual, quer institucional dos direitos fundamentais,
por incumbir ao Estado definir e fazer respeitar os direitos e garantias resultantes da
natureza ou da lei, em favor dos indivíduos, das famílias, das autarquias locais e das
corporações morais e econômicas". 24
Quanto à educação, a Constituição lhe dedicava um título autônomo, segundo Jorge
Miranda: "A Constituição de 1933, além de garantir a liberdade de ensino, embora
sujeita a lei especial (art. 8.º, n. 5 e § 2.º), dedicava à educação, ao ensino e à cultura
um título autônomo da Parte I. Deste título constava que a educação e a instrução eram
obrigatórias e pertenciam à família e aos estabelecimentos oficiais ou particulares em
cooperação com ela (art. 42.º); que o Estado mantinha escolas de todos os graus (art.
43.º); que o ensino primário elementar era obrigatório (art. 43.º, § 1.º); que o ensino
ministrado pelo Estado era independente de qualquer culto religioso, não o devendo,
porém, hostilizar (art. 43.º, § 3.º); que não dependia de autorização o ensino religioso
nas escolas particulares (art. 43.º, § 4.º); e que era livre o estabelecimento de escolas
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particulares paralelas às do Estado, ficando sujeitas à sua fiscalização e podendo ser por
ele subsidiadas ou oficializadas para o efeito de concederem diplomas, verificando certos
requisitos (art. 44.º). A Lei 1.910, de 23 de maio de 1935, viria dispor que o ensino
ministrado pelo Estado visaria à formação de todas as virtudes morais e cívicas,
'orientadas aquelas pelos princípios da doutrina e moral cristã, tradicionais do País' (art.
43.º, § 3.º). E a Lei 3/1971, de 16 de agosto, viria estipular que o Estado procuraria
assegurar a todos os cidadãos o acesso aos vários graus de ensino e aos bens da cultura
sem outra distinção que não fosse a resultante da capacidade e dos méritos, e que o
ensino básico seria obrigatório (art. 4.º, corpo, e § 1.º, novo)". 25
A Constituição de 1933 consagrou a soberania nacional, sendo órgãos de soberania o
Chefe de Estado, a Assembleia Nacional, o Governo e os Tribunais. O Chefe de Estado é
eleito por sufrágio direto por sete anos. Na Assembleia Nacional também é eleito, por
sufrágio direto por quatro anos, um órgão legislativo. O Governo é nomeado e demitido
pelo Presidente da República, é formado pelo Presidente do Conselho e pelos Ministros.
Surgem, como órgãos auxiliares, uma estrutura corporativa, a Câmara Corporativa e o
Conselho de Estado. A Câmara Corporativa é composta de representantes das autarquias
locais e dos interesses sociais; o Conselho de Estado é de natureza consultiva, e
funcionava junto ao Presidente da República. Segundo Jorge Miranda, o sistema de
governo era qualificado de sistema representativo simples de chanceler: "É, sim, umsistema representativo simples, porque a pluralidade de órgãos governativa fica
encoberta pela concentração de poderes no Chefe de Estado - considerado o mais direto
representante da comunidade nacional de quem dependem quer a Assembleia Nacional,
quer o Governo (que ele nomeia e demite livremente). E sistema de chanceler, porque o
Presidente da República não governa, está acompanhado de um Governo com
competência própria (pela primeira vez no direito constitucional português) e não pode
agir sem o Presidente do Conselho de Ministros, que referenda quase todos os seus atos
e perante o qual respondem politicamente todos os Ministros". 26
A vigência da Constituição de 1933 foi até 1974, e nesse período sofreu várias revisões
constitucionais e era de regime político chamado de Estado Novo, como afirma Jorge
Miranda: "... pode-se afirmar, sem hesitação, que o regime político de 1933
chama-se-lhe 'Estado Novo', salazarismo ou corporativa -, e se integra de pleno entre os
regimes autoritários de direita". 27
Foi, também, o período de se fazer viver o respeito às instituições tradicionais, como
observa Jorge Miranda: "... em face de um regime conservador, preocupado com fazer
viver 'habitualmente' os portugueses no respeito das instituições tradicionais e não sem
nostalgia do miguelismo. Uma dessas instituições tradicionais era precisamente a militar:
vindo de um regime civil, embora sempre de base militar, e viria a cair, quando, por
causa das convulsões ultramarinas entre 1961 e 1974, essas mesmas Forças Armadas
lhe retiraram o apoio". 28
2.6 A Constituição de 1976
A Revolução de 25 de abril de 1974 foi o movimento das Forças Armadas influenciado
pela mobilização dos cidadãos contra o regime autoritário, antipartidário e antipluralista
representada pela Constituição de 1933, como assinala Jorge Miranda: "(...) de
harmonia com a ortodoxia constitucional democrática, o Movimento das Forças Armadas
se propunha a devolver o poder ao povo num prazo relativamente curto: nisto se
distinguia de quase todas as revoluções militares do nosso tempo. Deveria ser o povo,
através da eleição dos Deputados à Assembleia Constituinte, a determinar o sistema
político e econômico-social em que desejaria viver - porque 'a vontade do povo é o
fundamento da autoridade dos poderes públicos e deve exprimir-se através de eleições
honestas a se realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto".
29
Dessa forma, a Constituição República Portuguesa de 1976 foi redigida pela Assembleia
Constituinte, eleita após as primeiras eleições gerais livres em 25.04.1975 e no primeiro
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aniversário da Revolução dos Cravos.
Entretanto, na Constituição de 1976 houve três circunstâncias particulares que
assinalaram o processo de elaboração final, na exposição de Jorge Miranda: "Mas três
circunstâncias particulares, sem paralelo em épocas anteriores, viriam a assinalar o
processo que se desenrolaria até a Constituição. A primeira viria a ser a turbulência dos
dois anos entre a revolução e a Constituição, derivada de condicionalismos de vária
ordem (descompressão política e social imediatamente após a queda dum regime
autoritário de 48 anos, descolonização dos territórios africanos feita em 15 meses após
ter sido retardada em 15 anos, luta pelo poder logo desencadeado) e traduzida, a partir
de certa altura, num conflito de legitimidades e de projetos de revolução. A segunda
circunstância viria a ser, como efeito direto dessa turbulência e dos desvios que se
verificaram em relação ao Programa do Movimento das Forças Armadas, a celebração de
duas 'Plataformas de Acordo Constitucional' entre os principais partidos políticos e o
Movimento das Forças Armadas (...). A terceira nota específica foi o pluralismo partidário
que brotou no País e que se manifestou na Assembleia Constituinte (...). Dessas
circunstâncias resultariam uma Constituição elaborada no compromisso baseado no
princípio democrático". 30
A Constituição de 1976 apresenta um preâmbulo e 312 artigos, tendo na Parte I os
direitos e deveres fundamentais; na Parte II, a organização econômica; na Parte III, a
organização do poder político; na Parte IV, a garantia e revisão da Constituição e as
disposições finais e transitórias. Ressalta a exposição de Gomes Canotilho: "É uma
Constituição-garantia e, simultaneamente, uma Constituição prospectiva. (...) é uma
Constituição muito preocupada com os direitos fundamentais dos cidadãos e dos
trabalhadores e com a divisão do poder. Mas, surgida em ambiente de repulsa do
passado próximo em que tudo parecia possível, procura vivificar e enriquecer o conteúdo
da democracia, multiplicando as manifestações de igualdade efetiva, participação,
intervenção, socialização, numa visão ampla e não sem alguns ingredientes de utopia.
(...) é também uma Constituição compromissória. O caráter compromissório da
Constituição está presente em cada uma das suas quatro partes". 31
Na Parte II da Constituição da República (LGL\1988\3) Portuguesa de 1976, relativa aos
direitos econômicos, sociais e culturais, encontra-se uma ampla lista de direitos sociais
em duplo sentido, conforme salienta J. J.Gomes Canotilho: "Estes direitos apelam para
uma democracia econômica e social num duplo sentido: em primeiro lugar, são direitos
de todos os portugueses (segurança social, saúde, habitação, ambiente e qualidade de
vida, como se pode ver, por ex., através dos arts. 63.º, 64.º, 65.º, 66.º e 67.º); em
segundo lugar, pressupõem um tratamento preferencial para as pessoas que, em virtude
de condições econômicas, físicas ou sociais, não podem desfrutar destes direitos (arts.
63.º/4, 64.º/2, 65.º/3, 67.º, 68.º, 69.º, 70.º, 71.º e 72.º). Um terceiro sentido se
poderá ainda apontar à dimensão da democracia econômica e social no campo dos
direitos sociais: a tendencial igualdade dos cidadãos no que respeita às prestações a
cargo do Estado. Isto aponta, por ex., para um 'sistema de segurança social unificado'
(art. 63.º/2), para um 'serviço nacional de saúde, universal, geral e tendencialmente
gratuito' (art. 64.º/2) e para uma 'política nacional de prevenção e tratamento,
reabilitação e integração dos deficientes' (art. 71.º/2)". 32
O título dos direitos econômicos, sociais e culturais é uma consequência política e
lógico-material do princípio democrático; está incluído nos limites materiais de revisão,
dentre os quais o direito à educação e o direito à cultura. Consequentemente, não pode
ser modificado pelas leis de revisão constitucional, nos termos que expressa Jorge
Miranda: "O sentido da elevação de certos direitos econômicos, sociais e culturais a
limites materiais de revisão vem então a ser: a) que o conteúdo essencial de cada um
deles não pode ser diminuído por revisão constitucional; b) que o regime específico
desses direitos, sobretudo no que concerne às suas formas de proteção e garantia, tão
pouco pode ser afetado". 33
A Constituição Portuguesa de 1976 consagrou a forma de governo do regime misto
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parlamentar presidencial, como descreve J. J.Gomes Canotilho: "(1) dois órgãos
(Presidente da República e o Parlamento) eleitos por sufrágio direto; (2) dupla
responsabilidade do governo (gabinete) perante o Presidente da República e perante o
Parlamento; (3) dissolução do Parlamento por decisão e iniciativa autônoma do
Presidente da República (diferentemente do que existe quer no regime presidencial, quer
no regime parlamentar); (4) configuração do gabinete como órgão constitucional
autônomo (diversamente do regime presidencial e analogamente ao regime
parlamentar); (5) Presidente da República com poderes de direção política próprios (à
semelhança do regime presidencial, mas diversamente do regime parlamentar)". 34
No Título II da Parte IV da Constituição é explicitada a matéria da revisão constitucional,
com procedimentos específicos na garantia da Constituição.Segundo J. J. Gomes
Canotilho, a Constituição Portuguesa é do tipo rígido: "Da leitura dos arts. 284 e
seguintes conclui-se que a Constituição é do tipo rígido, pois exige para a sua
modificação um processo agravado em relação ao processo de formação das leis
ordinárias. Todavia, ao contrário do que muitas vezes se afirma, não é a existência de
um processo de revisão estabelecedor de exigências específicas para a modificação da
Constituição que caracteriza a rigidez da Constituição. Este caráter deve procurar-se em
sede do poder constituinte. As normas de revisão não são os fundamentos da rigidez da
Constituição, mas os meios de revelação da escolha feita pelo poder constituinte. Esta
escolha de um processo agravado de revisão, impedindo a livre modificação da lei
fundamental pelo legislador ordinário (constituição flexível), considera-se uma garantia
da Constituição". 35
E a Constituição da República (LGL\1988\3) Portuguesa de 1976 sofreu sucessivas
revisões constitucionais: em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001, 2004 e 2005.
Assim, a história constitucional de Portugal se acha vinculada a eventos, como o levante
liberal de Sinédrio no Porto, que originou a Constituição de 1822, com ideais essenciais
da democracia, assinalando o princípio democrático, o princípio representativo, o
princípio da separação de poderes, o princípio da igualdade jurídica e o do respeito pelos
direitos pessoais. A Carta Constitucional de 1826 foi outorgada por D. Pedro I no dia em
que abdicou ao trono de Portugal, com os seguintes princípios: o princípio monárquico
acrescido do poder moderador atribuído ao Rei, o princípio da divisão de poderes, o
princípio censitário, isto é, o exercício do poder limitado a uma minoria e o
reconhecimento de direitos civis e políticos dos cidadãos portugueses. Já a Constituição
de 1938 foi pactuada entre as cortes e o rei com um compromisso assentado no
princípio monárquico entre os defensores da soberania nacional e os partidários da
monarquia constitucional. O constitucionalismo cartista dura até 1910. A Constituição de
1911 emergiu da Revolução Republicana de 5 de outubro de 1910, rompendo com a
Carta Constitucional de 1826. É a primeira Constituição Republicana (LGL\1988\3)
elaborada pela Assembleia Constituinte, que reafirmou os princípios da democracia
política liberal, elegeu o caráter unitário da República, proibiu a interferência do
Executivo nos corpos administrativos, impôs a representação das minorias nos corpos
administrativos e admitiu o referendo. Com a Constituição de 1933 estabelece-se em
Portugal o regime político-constitucional autoritário inspirado nas ideias fundamentais do
Estado Novo, num Executivo forte, independente do órgão legislativo. A Constituição
portuguesa de 1976 nasceu da Revolução de 25 de abril de 1974, do movimento das
Forças Armadas, influenciado pela mobilização dos cidadãos contra o regime autoritário,
antipartidário e antipluralista representada pela Constituição de 1933. Agora a
Constituição Republicana (LGL\1988\3) de 1976 é uma Constituição-garantia,
compromissória e prospectiva, com fundamentos na democracia representativa e na
liberdade política, preocupada com os direitos fundamentais do cidadão português, dos
trabalhadores e com a divisão do poder. Consagrou a forma de governo do regime misto
parlamentar presidencial.
3. A educação na Constituição portuguesa
O direito à educação está previsto na Parte I - Dos direitos e deveres fundamentais,
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dentro do Título III - Dos direitos e deveres econômicos, sociais e culturais, com o
Capítulo III chamado de Direitos e deveres culturais da Constituição Republicana
(LGL\1988\3) de 1976:
"Art. 73.º:
"1 - Todos têm direito à educação e à cultura.
"2 - O Estado promove a democratização da educação e as demais condições para que a
educação, realizada através da escola e de outros meios formativos, contribua para a
igualdade de oportunidades, a superação das desigualdades econômicas, sociais e
culturais, o desenvolvimento da personalidade e do espírito de tolerância, de
compreensão mútua, de solidariedade e de responsabilidade, para o progresso social e
para a participação democrática na vida coletiva.
"3 - O Estado promove a democratização da cultura, incentivando e assegurando o
acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural, em colaboração com os órgãos
de comunicação social, as associações e fundações de fins culturais, as coletividades de
cultura e recreio, as associações de defesa do patrimônio cultural, as organizações de
moradores e outros agentes culturais.
"4 - A criação e a investigação científica, bem como a inovação tecnológica, são
incentivadas e apoiadas pelo Estado, por forma a assegurar a respectiva liberdade e
autonomia, o reforço da competitividade e a articulação entre as instituições científicas e
as empresas.
"Art. 74.º:
"1 - Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades
de acesso e êxito escolar.
" 2 - Na realização da política de ensino incumbe ao Estado:
"a) assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito;
"b) criar um sistema político e desenvolver o sistema geral de educação pré-escolar;
"c) garantir a educação permanente e eliminar o analfabetismo;
"d) garantir a todos os cidadãos, segundo as suas capacidades, o acesso aos graus mais
elevados do ensino, da investigação científica e da criação artística;
"e) estabelecer progressivamente a gratuidade de todos os graus de ensino;
"f) inserir as escolas nas comunidades que servem e estabelecer a interligação do ensino
e das atividades econômicas, sociais e culturais;
"g) promover e apoiar o acesso dos cidadãos portadores de deficiência ao ensino e
apoiar o ensino especial, quando necessário;
"h) proteger e valorizar a língua gestual portuguesa, enquanto expressão cultural e
instrumento de acesso à educação e da igualdade de oportunidades;
"i) assegurar aos filhos dos emigrantes o ensino de língua portuguesa e o acesso à
cultura portuguesa;
"j) assegurar aos filhos dos imigrantes o apoio adequado para efetivação do direito ao
ensino.
"Art. 75.º:
"1 - O Estado criará uma rede de estabelecimentos públicos de ensino que cubra as
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necessidades de toda a população.
"2 - O Estado reconhece e fiscaliza o ensino particular e cooperativo, nos termos da lei.
"Art. 76.º:
"1 - O regime de acesso à universidade e às demais instituições do ensino superior
garante a igualdade de oportunidade e a democratização do sistema de ensino, devendo
ter em conta as necessidades em quadros qualificados e a elevação do nível educativo,
cultural e científico do país.
"2 - As universidades gozam, nos termos da lei, de autonomia estatutária, científica,
pedagógica, administrativa e financeira, sem prejuízo de adequada avaliação da
qualidade de ensino.
"Art. 77.º:
"1 - Os professores e alunos têm direito de participar na gestão democrática das escolas,
nos termos da lei.
"2 - A lei regula as formas de participação das associações de professores, de alunos, de
pais, das comunidades e das instituições de caráter científico na definição da política de
ensino.
"Art. 78.º:
"1 - Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem como o dever de preservar,
defender e valorizar o patrimônio cultural.
"2 - Incumbe ao Estado, em colaboração com todos os agentes culturais:
"a) incentivar e assegurar o acesso de todos os cidadãos aos meios e instrumentos de
ação cultural, bem como corrigir as assimetrias existentes no país em tal domínio;
"b) apoiar as incentivas que estimulem a criação individual e coletiva, nas suas múltiplas
formas e expressões, e uma maior circulação das obras e dos bens culturais de
qualidade;
"c) promover a salvaguarda e a valorização do patrimônio cultural, tornando-o elemento
vivificador da identidade cultural comum;
"d) desenvolveras relações culturais com todos os povos, especialmente os de língua
portuguesa, e assegurar a defesa e a promoção da cultura portuguesa no estrangeiro;
"e) articular a política cultural e as demais políticas setoriais.
"Art. 79.º:
"1 - Todos têm direito à cultura física e ao desporto.
"2 - Incumbe ao Estado, em colaboração com as escolas e as associações e coletividades
desportivas, promover, estimular, orientar e apoiar a prática e a difusão da cultura física
e do desporto, bem como prevenir a violência no desporto."
Além desses artigos específicos referentes à educação, existem preceitos relevantes no
texto constitucional, como:
"Art. 9.º: São tarefas fundamentais do Estado:
"f) assegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a difusão
internacional da língua portuguesa;
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"Art. 36.º:
"3 - Os cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à capacidade civil e política e à
manutenção e educação dos filhos.
"5 - Os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos.
"Art. 41.º:
"5 - É garantida a liberdade de ensino de qualquer religião praticada no âmbito da
respectiva confissão, bem como a utilização de meios de comunicação social próprios
para o prosseguimento das suas atividades.
"Art. 43.º:
"1 - É garantida a liberdade de aprender e ensinar.
"2 - O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes
filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.
"3 - O ensino público não será confessional.
"4 - É garantido o direito de criação de escolas particulares e cooperativas.
"Art. 58.º:
"2 - Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover:
"c) a formação cultural e técnica e a valorização profissional dos trabalhadores.
"Art. 59.º:
"2 - Incumbe ao Estado assegurar as condições de trabalho, retribuição e repouso a que
os trabalhadores têm direito, nomeadamente:
"f) a proteção das condições de trabalho dos trabalhadores estudantes.
"Art. 66.º:
"2 - (...)
"g) promover a educação ambiental e o respeito pelos valores do ambiente.
"Art. 67.º:
"2 - Incumbe, designadamente, ao Estado para proteção da família:
"c) cooperar com os pais na educação dos filhos.
"Art. 68.º:
"1 - Os pais e as mães têm direito à proteção da sociedade e do Estado na realização da
sua insubstituível ação em relação aos filhos, nomeadamente quanto à educação, como
garantia de realização profissional e de participação na vida cívica do país.
"Art. 70.º:
"1 - Os jovens gozam de proteção especial para efetivação dos seus direitos econômicos,
sociais e culturais, nomeadamente:
"a) no ensino, na formação profissional e na cultura.
"Art. 90.º: Os planos de desenvolvimento econômico e social têm por objetivo promover
o crescimento econômico, o desenvolvimento harmonioso e integrado de setores e
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regiões, a justa repartição individual e regional do produto nacional, a coordenação da
política econômica com as políticas social, educativa e cultural, a defesa do mundo rural,
a preservação do equilíbrio ecológico, a defesa do ambiente e a qualidade de vida do
povo português.
"Art. 164.º: É da exclusiva competência da Assembleia da República legislar sobre as
seguintes matérias:
"i) bases do sistema de ensino.
Assim, a Constituição da República (LGL\1988\3) Portuguesa trata da educação no título
de direitos, liberdades e garantias, no art. 43, e o direito à educação, na Constituição
portuguesa, está inserido no capítulo dos direitos econômicos, sociais e culturais por
prender-se à tarefa fundamental do Estado de promover a efetivação desses direitos.
Com as incumbências do Estado e de outras entidades especiais, todos os artigos
buscam a efetivação do direito à educação, como expõe Jorge Miranda: "Como se sabe,
as tarefas equivalem a fins do Estado manifestados em certo tempo histórico, em certas
situações político-constitucionais, em certo regime, em certa Constituição em sentido
material. Traduzem um determinado enlace entre o Estado e a sociedade. (...) as
incumbências, que são, ao mesmo tempo, metas e ações a que o Estado fica
constitucionalmente adstrito em face dos direitos, interesses ou instituições que lhe cabe
garantir, promover ou tomar efetivos (...). Aquela tarefa e essas incumbências aparecem
estreitamente correlacionadas, com a Constituição econômica, desde logo porque a
efetivação dos direitos se faz mediante a transformação e modernização das estruturas
econômicas e sociais". 36
Os direitos econômicos, sociais e culturais estão sujeitos ao regime geral dos direitos
fundamentais e não são beneficiados pelo regime especial dos direitos, liberdades e
garantias. Muitos dos direitos incluídos na categoria dos direitos econômicos, sociais e
culturais consistem em direitos às prestações ou atividades do Estado, como a saúde,
educação, segurança social, e são políticas sociais ativas, conforme J. J. Gomes
Canotilho: "O direito à prestação significa, em sentido estrito, direito do particular a
obter algo através do Estado (saúde, educação, segurança social). (...) políticas sociais
ativas conducentes à criação de instituições (ex.: hospitais, escolas), serviços (ex.:
serviços de segurança social) e fornecimento de prestações (ex.: rendimento mínimo,
subsídio de desemprego, bolsa de estudos, habitações econômicas). (...) é líquido que as
normas consagradoras de direitos sociais, econômicos e culturais da Constituição
portuguesa de 1976 individualizam e impõem políticas públicas socialmente ativas". 37
Segundo Jorge Miranda, as normas dos direitos econômicos, sociais e culturais são
quase todas normas programáticas, e a sua prestação segue o regime comum de tutela
jurisdicional: "As normas que consagram direitos econômicos, sociais e culturais são
quase todas normas programáticas, conforme se sabe, e a inconstitucionalidade por
omissão (art. 283.º da Constituição) é a sua violação mais característica. (...) os direitos
derivados a prestações seguem o regime comum de tutela jurisdicional, de tutela do
Provedor de Justiça e dos restantes meios de proteção assegurados aos cidadãos". 38
Também, J. J. Gomes Canotilho afirma: "As normas consagradoras de direitos sociais,
econômicos e culturais são, segundo alguns autores, normas programáticas. As
constituições condensam, nestas normas programáticas, princípios definidores dos fins
do Estado, de conteúdo eminentemente social". 39
Assim, o direito à educação, na Constituição da República (LGL\1988\3) Portuguesa de
1976, está consagrado no capítulo dos direitos econômicos, sociais e culturais por
prender-se à tarefa fundamental do Estado de promover a efetivação desses direitos,
com as incumbências do Estado e de outras entidades especiais. A violação dos direitos
derivados das prestações segue o regime comum de tutela jurisdicional, de tutela do
Provedor de Justiça e outros meios de proteção assegurados aos cidadãos. E todos os
artigos da Constituição referentes à educação buscam a efetivação desse direito.
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4. Direito à educação
Como já referimos, as Constituições portuguesas dedicaram-se à educação desde a
Constituição de 1822, e na Constituição de 1976 os preceitos da educação sofreram
alterações nas revisões constitucionais, com reforço no alargamento das tarefas do
Estado e do pluralismo escolar.
A Constituição portuguesa atual garante a todos os portugueses o direito ao ensino com
igualdade de oportunidade de acesso e êxito na escola, cabendo ao Estado assegurar o
ensino básico universal, gratuito e obrigatório. Ainda, o Estado tem de criar rede de
escolas públicas para atender a toda a população, para eliminar o analfabetismo.
Promovendo a democratização do ensino, o Estado contribui para dar oportunidades
iguais a todos, além de criar condições para a superação das desigualdadeseconômicas,
sociais e culturais, como dispõe o art. 73.º.
Podemos distinguir que há normas que atribuem direitos quando dispõem que todos têm
direito à educação e à cultura; à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar;
os professores e alunos, de participarem na gestão democrática das escolas; à fruição e
criação cultural; à cultura física e desporto; ao acesso aos graus mais elevados do
ensino, da investigação científica e da criação artística.
São normas de deveres as que estabelecem a elevação do nível educativo e cultural e
científico do país; a participação das associações de professores, de alunos, das
comunidades e das instituições de caráter científico na definição da política de ensino; o
dever de preservar, defender e valorizar o patrimônio cultural; a defesa e a promoção da
cultura portuguesa no estrangeiro; aos pais, o dever de educação dos filhos.
As normas de garantias institucionais são as que prescrevem a existência e o
reconhecimento de escolas particulares e cooperativas; a existência de um setor público
de educação pré-escolar; a autonomia científica e pedagógica das universidades; a
participação democrática nas escolas; a existências de escolas públicas.
Promover a democratização da educação, da cultura; promover e apoiar o acesso dos
cidadãos portadores de deficiência ao ensino e apoiar o ensino especial; promover a
salvaguarda e a valorização do patrimônio cultural; promover a prática e difusão da
cultura física e desportiva - são normas impositivas de incumbência do Estado. Além
dessas incumbências, o Estado tem as normas de competência, que determinam a
criação de um sistema público e desenvolvem o sistema geral de educação pré-escolar;
o ensino básico universal, obrigatório e gratuito; progressivamente, a gratuidade de
todos os graus de ensino; a garantia de educação permanente; a criação de uma rede
de estabelecimentos públicos de ensino que cubra as necessidades de toda a população.
As normas organizatórias são as que dispõem sobre o reconhecimento, a fiscalização do
ensino particular e cooperativo; a rede de estabelecimentos públicos de ensino; a
avaliação da qualidade de ensino das universidades; a política de ensino.
Assim, como afirma Jorge Miranda, "uns e outros direitos e as respectivas normas têm
de ser entendidas sistematicamente, buscando uma síntese operativa. Ao fim e ao resto,
a efetivação do direito à educação e à cultura destina-se a fazer que todos passem a
usufruir da liberdade de criação e fruição cultural e da liberdade de aprender e ensinar,
em igualdade". 40
A Constituição portuguesa contempla princípios importantes na educação, que servirão
para nortear toda a atividade legislativa, administrativa e judiciária, e nenhum dos
titulares dessas atividades poderá agir em desacordo com tais princípios.
Assim, o princípio da igualdade de oportunidade de acesso e êxito escolar, participação,
permanência na escola. É imprescindível que o ensino seja usufruído por todos, e para
essa realização é garantido o ensino básico universal, obrigatório e gratuito; o acesso
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dos cidadãos portadores de deficiência ao ensino e o apoio ao ensino especial; aos filhos
dos emigrantes, o ensino da língua portuguesa e o acesso à cultura portuguesa; aos
filhos de imigrantes, o apoio adequado para efetivação do direito ao ensino; a igualdade
de oportunidade de acesso ao ensino superior.
O segundo princípio trata da liberdade de aprender e ensinar, que são inseparáveis dos
direitos e deveres dos pais; liberdade de expressão e informação; liberdade de
consciência e de religião; liberdade de associação; liberdade criação cultural. E, segundo
Jorge Miranda, a liberdade de educação decompõe-se em três aspectos: "Sob esta
perspectiva, a liberdade em função da escola de educação ou liberdade de ensino
decompõe-se em três aspectos fundamentais: 1) em direito de escolha da escola; 2) em
direito de criação de escolas distintas das do Estado, sem prejuízo do direito à existência
de escola pública; 3) em liberdade de professores e alunos na escola. Os três aspectos
encontram-se consignados nos preceitos constitucionais". 41
Outro princípio importante no sistema educacional português é aquele que determina a
gestão democrática das escolas, deixando a regulamentação por lei. A gestão
democrática dá oportunidade de toda comunidade escolar participar da discussão e
elaboração do projeto pedagógico da escola. É a descentralização administrativa para
atender às necessidades da escola e às peculiaridades locais. Entretanto, segundo Jorge
Miranda, a participação na gestão das escolas não gere as escolas: "A ideia de
participação e não a de assunção exclusiva - os professores e alunos participam na
gestão das escolas, não gerem as escolas; as associações, comunidades e instituições
participam na definição, não são elas que definem a política do ensino". 42
A autonomia universitária é outro princípio de previsão constitucional, determinando que
as universidades gozem de autonomia estatutária, científica, pedagógica, administrativa
e de gestão financeira, tendo como limite essa autonomia a avaliação da qualidade de
ensino.
Assim, na Constituição portuguesa, nas disposições referentes à educação, encontram-se
normas que atribuem direitos, deveres; normas que garantem a existência e o
reconhecimento de escolas particulares e cooperativas; que impõem incumbências ao
setor público, à comunidade escolar; normas de competência do Estado, tanto do Poder
Executivo e Legislativo; e normas de organização do sistema de ensino, na fiscalização,
avaliação e reconhecimento de escolas. Ainda, contempla princípios importantes na
educação e que servirão para nortear toda a atividade legislativa, administrativa e
judiciária, e nenhum dos titulares dessas atividades poderá agir em desacordo com tais
princípios. São os princípios da igualdade, liberdade de educação, gestão democrática
das escolas, autonomia universitária. Todos os preceitos constitucionais da educação
concorrem para a superação das desigualdades econômicas, sociais e culturais, para o
desenvolvimento da personalidade e do espírito de tolerância, de compreensão mútua,
de solidariedade e de responsabilidade do educando para o progresso social e para
participação na vida coletiva.
5. O sistema de ensino português
Entende-se por sistema de ensino o conjunto de escolas, instituições e pessoas que se
dedicam e cuidam da educação dos indivíduos de uma sociedade em harmonia com as
peculiaridades econômicas, sociais e culturais do meio que o produziu. Assim define
Querino Ribeiro: "Por sistema escolar se entende um conjunto de escolas que, tomando
o indivíduo desde quando, ainda na infância, pode ou precisa distanciar-se da família,
leva-o até que, alcançado o fim da adolescência ou a plena maturidade, tenha adquirido
as condições necessárias para definir-se e colocar-se socialmente, com a
responsabilidade econômica, civil e política". 43
Também Edivaldo M. Boaventura define: "Em educação, o vocábulo sistema é entendido
como um conjunto de instituições educacionais e de normas vinculadas a determinada
esfera da administração, sejam a União, os Estados e os Municípios. Esse conjunto de
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normas e instituições que formam um sistema é uma realidade, objetiva e atuante,
principalmente no que loca à criação, autorização de funcionamento e reconhecimento
de cursos e estabelecimentos". 44
O termo sistema de ensino na Constituição portuguesa está empregado nos arts. 76.º,
n. 1, e 164.º, alínea i, compreendendo todas as escolas de todos os graus definidos
pelos arts. 74.º a 77.º. Também a Lei 9/1979 dá a noção de sistema nacional de ensino
no art. 2.º. Como descreve Jorge Miranda: "... na Lei 9/1979, a noção de 'sistema de
ensino', com atividades e estabelecimentos declarados de 'interesse público' (art. 2.º), a
tricotomia escola públicas, particularese cooperativas, em função da responsabilidade
pela sua criação e pelo seu funcionamento (art. 3.º) e a exclusão do sistema das escolas
de ensino eclesiástico e de formação de ministros de confissões religiosas (art. 5.º, n. 1)
e das escolas de formação de quadros de partidos ou organizações políticas (art. 5.º, n.
2). Na Lei 46/1986, o art. 1.º, n. 3: 'O sistema educativo desenvolve-se segundo um
conjunto organizado de estruturas e de ações diversificadas, por iniciativa e sob
responsabilidade de diferentes instituições e entidades públicas, particulares e
cooperativas'; bem como os arts. 54.º e ss., máxime o 55.º, no Dec.-lei 108/1988, o
art. 2.º, n. 1: 'As escolas particulares e cooperativas passam a fazer parte integrante da
rede escolar, para efeitos de ordenamento desta'. E no Dec.-lei 16/1994, o art. 7.º, n. 1:
'O reconhecimento de interesse público a um estabelecimento de ensino determina a sua
integração no sistema educativo'". 45
Como determina a Constituição da República (LGL\1988\3) Portuguesa, foram
publicadas: a Lei de Bases do Ensino Particular e Cooperativo, Lei 9/1979; a Lei de
Bases do Sistema Educativo, Lei 46/1986; o Dec.-lei 108/1988, que trata da expansão
da rede escolar; o Dec.-lei 16/1994, que trata do Estatuto do Ensino Superior Particular
e Cooperativo; e o Dec.-lei 128/1990, que trata da Concordata entre a Santa Sé e
Portugal.
É interessante ressaltar a observação de Jorge Miranda sobre o art. 20.º e a instituição
da Universidade Católica Portuguesa na Concordata entre a Santa Sé e Portugal: "O art.
20.º da Concordata corresponde a uma garantia jurídico-internacional do direito da
Igreja Católica de estabelecer e manter escolas - sejam 'escolas particulares paralelas às
do Estado, ficando sujeitas, nos termos do direito comum, à fiscalização deste e
podendo, nos mesmos termos, ser subsidiadas e oficializadas', sejam seminários ou
outros estabelecimentos de formação ou alta cultura eclesiástica, cujo regime interno
'não está sujeito à fiscalização do Estado'. A distinção é bem clara. (...) Foi ao abrigo da
Concordata que a Igreja (diretamente pela Santa Sé) instituiu a Universidade Católica
Portuguesa, a qual, por causa disso (e, também, desde 1976, em parte por força do art.
41.º, n. 5, da Constituição), seria objeto de um diploma legal de reconhecimento pelo
Estado português separado do estatuto do ensino superior particular e cooperativo: esse
diploma é hoje o Dec.-lei 128/1990, de 17 de abril". 46
Ficam de fora do sistema de ensino as escolas destinadas à formação de ministros de
confissões religiosas e de dirigentes de partidos políticos. E o ensino ministrado por
entidades ou instituições internacionais, como a Igreja católica, não faz parte do ensino
público nem do ensino particular e se conforma com o seu regime jurídico.
Assim, o sistema de ensino português conforma todas as escolas de todos os graus
declarados de interesse público, e apenas as escolas destinadas à formação de ministros
de confissões religiosas e de dirigentes de partidos políticos estão excluídas do sistema
das escolas de ensino.
6. Conclusão
A história de Portugal apresenta diversos denominadores comuns com as nações
europeias mais antigas, cujas origens remontam ao início da Idade Média e que se
tornaram grandes potências durante a Era dos Descobrimentos. Após o apogeu como
potência mundial, Portugal perdeu muito do seu reconhecimento devido às políticas dos
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reinos da Dinastia Filipina (1580 a 1640), ao terremoto de 1755 em Lisboa, à ocupação
nas guerras napoleônicas e à Independência do Brasil, em 1822. Uma revolução em
1910 depôs o regime monárquico e, após 16 anos de república parlamentar instável, o
país foi governado pelo regime ditatorial de Antonio Oliveira Salazar (salazarismo)
durante 48 anos. Em 1974, a ala política de esquerda liderou a Revolução dos Cravos,
procedendo a grandes reformas democráticas e consentindo na independência das
colônias africanas.
Todos esses fatos políticos influenciaram na formulação das Constituições ao longo da
história das Constituições portuguesas, bem como houve influências de ideais, valores,
instituições presentes em cada época da história universal.
A história constitucional de Portugal se acha vinculada a eventos, como o levante liberal
de Sinédrio no Porto, que originou a Constituição de 1822, com ideais essenciais da
democracia, assinalando o princípio democrático, o princípio representativo, o princípio
da separação de poderes, o princípio da igualdade jurídica e do respeito pelos direitos
pessoais. A Carta Constitucional de 1826 foi outorgada por D. Pedro I no dia em que
abdicou ao trono de Portugal, com os seguintes princípios: o princípio monárquico,
acrescido do poder moderador atribuído ao rei; o princípio da divisão de poderes; o
princípio censitário, isto é, o exercício do poder limitado a uma minoria; e o
reconhecimento de direitos civis e políticos dos cidadãos portugueses. Já a Constituição
de 1938 foi pactuada entre as cortes e o rei, como um compromisso entre os defensores
da soberania nacional e os partidários da monarquia constitucional assentado no
princípio monárquico. O constitucionalismo cartista dura até 1910. A Constituição de
1911 emergiu da Revolução Republicana de 5 de outubro de 1910, rompendo com a
Carta Constitucional de 1826. É a primeira Constituição Republicana (LGL\1988\3)
elaborada pela Assembleia Constituinte, que reafirmou os princípios da democracia
política liberal, elegeu o caráter unitário da República, proibiu a interferência do
Executivo nos corpos administrativo, impôs a representação das minorias nos corpos
administrativos e admitiu o referendo. Com a Constituição de 1933 estabelece-se em
Portugal o regime político-constitucional autoritário, inspirado nas ideias fundamentais
do Estado Novo, num Executivo forte, independente do órgão legislativo. A Constituição
portuguesa de 1976 nasceu da Revolução de 25 de abril de 1974 do movimento das
Forças Armadas influenciadas pela mobilização dos cidadãos contra o regime autoritário,
antipartidário e antipluralista representada pela Constituição de 1933. Agora a
Constituição Republicana (LGL\1988\3) de 1976 é uma Constituição-garantia,
compromissória e prospectiva, com fundamentos na democracia representativa e na
liberdade política, preocupada com os direitos fundamentais do cidadão português e dos
trabalhadores e com a divisão do poder. Consagrou a forma de governo do regime misto
parlamentar presidencial.
Quanto ao direito à educação nas Constituições anteriores, foi-lhe dedicado alguma
atenção. A Constituição de 1822 dizia que em todos os lugares, onde conviesse, haveria
escolas suficientes, e declarava que o ensino público era aberto a todo cidadão. A Carta
Constitucional e a Constituição de 1838 estabeleciam a instrução primária gratuita e
previam colégios e universidades ou estabelecimentos em que se ensinassem as
ciências, letras e artes; e a Constituição de 1838 ainda garantia a liberdade do ensino
público. A Constituição de 1911 tinha como novidade a obrigatoriedade e a gratuidade
do ensino primário elementar. Ao mesmo tempo, impunha a neutralidade em matéria
religiosa do ensino ministrado, quer em escolas públicas, quer em escolas particulares
fiscalizadas pelo Estado. A Constituição de 1933 dedicava à educação, ao ensino e à
cultura um título autônomo. Garantia a liberdade de ensino, mas sujeita a uma lei
especial deste título. A educação e a instrução eram obrigatórias e pertenciam à família
e aos estabelecimentos oficiais ou particulares em cooperação com o Estado. O Estado
mantinha escolas de todos os graus, sendo o ensino primário elementar obrigatório, e o
ensino ministrado era independente de qualquer culto religioso. Permitia o ensino
religioso nas escolas particulares. O estabelecimento de escolas particulares paralelas às
do Estado era livre, mas sujeitas à sua fiscalização, e poderiamser subsidiadas ou
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oficializadas para concessão de diplomas, com certos requisitos. As leis posteriores
disciplinaram o ensino visando à formação de todas as virtudes morais e cívicas pelos
princípios da doutrina e moral cristã, tradicionais do País; e estipularam que o Estado
asseguraria a todos os cidadãos o acesso aos vários graus de ensino e aos bens da
cultura sem distinção, por meio da capacidade e dos méritos; e que o ensino básico seria
obrigatório.
O direito à educação, na Constituição portuguesa de 1976, está inserido no capítulo dos
direitos econômicos, sociais e culturais por prender-se à tarefa fundamental do Estado
de promover a efetivação desses direitos, com as incumbências do Estado e de outras
entidades especiais. A violação dos direitos derivados das prestações segue o regime
comum de tutela jurisdicional, de tutela do Provedor de Justiça e outros meios de
proteção assegurados aos cidadãos. E todos os artigos da Constituição referentes à
educação buscam a efetivação desse direito.
Além disso, na Constituição portuguesa, nas disposições referentes à educação,
encontram-se normas que atribuem direitos e deveres; que garantem a existência e o
reconhecimento de escolas particulares e cooperativas; que impõem incumbências ao
setor público e à comunidade escolar; de competência do Estado, tanto do Poder
Executivo como do Legislativo; e normas de organização do sistema de ensino, na
fiscalização, avaliação e reconhecimento de escolas. Ainda contempla princípios
importantes na educação, que servirão para nortear toda a atividade legislativa,
administrativa e judiciária, e nenhum dos titulares dessas atividades poderá agir em
desacordo com tais princípios. São os princípios da igualdade, liberdade de educação,
gestão democrática das escolas, autonomia universitária. Todos os preceitos
constitucionais da educação concorrem para a superação das desigualdades econômicas,
sociais e culturais, para o desenvolvimento da personalidade e do espírito de tolerância,
de compreensão mútua, de solidariedade e de responsabilidade do educando para com o
progresso social e para a participação na vida coletiva.
O sistema de ensino português conforma todas as escolas, de todos os graus e de
qualquer titularidade, declaradas de interesse público, e apenas as escolas destinadas à
formação de ministros de confissões religiosas e de dirigentes de partidos políticos estão
excluídas do sistema das escolas de ensino.
Como na Constituição brasileira o direito à educação visa ao pleno desenvolvimento da
pessoa, preparando-a para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho,
também a Constituição Portuguesa visa ao desenvolvimento da personalidade e do
espírito de tolerância, de compreensão mútua, de solidariedade e de responsabilidade do
educando para com o progresso social e para a participação na vida coletiva.
Assim, o direito à educação na Constituição da República (LGL\1988\3) Portuguesa atual
está classificado no título "Direitos econômicos, sociais e culturais", por se tratar de
direito social, uma questão social, pois os direitos sociais são o desenvolvimento de
todas as potencialidades para uma vida melhor e são direitos de libertação da
necessidade e de promoção. Como afirma João Carlos Espada, "quanto mais as pessoas
ascenderem a patamares mais elevados de educação, cultura e segurança econômica,
mais livres ficam para escolher entre diversos caminhos de vida, mais recusam a
uniformização e o autoritarismo, assim como mais se sentem membros da mesma
comunidade". 47
Desse modo, o direito à educação é um dos mais importantes direitos sociais, e é
essencial para o exercício de outros direitos fundamentais.
7. Bibliografia
BOAVENTURA, Edivaldo M. União, estados, municípios e os sistemas de educação.
Revista de Informação Legislativa, Brasília, Subsecretaria de Edições Técnicas, abr.-jun.
1994.
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BONAVIDES, Paulo. Constitucionalismo luso-brasileiro: influxos recíprocos. In: MIRANDA,
Jorge (org.). Perspectivas constitucionais nos 20 anos da Constituição de 1976. Coimbra:
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CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. 5. ed. Coimbra: Almedina, 1991.
______. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003.
CUNHA, Paulo Ferreira. Para uma história constitucional do direito português. Coimbra:
Almedina. 1995.
ESPADA, João Carlos. In: MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. 6. ed. rev. e
atual. Coimbra: Coimbra Ed., 1997. t. IV.
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. 6. ed. rev. e atual. Coimbra: Coimbra
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RIBEIRO, Querino. Racionalização do sistema escolar. In: BREJON, Moysés (org.).
Estrutura e funcionamento do ensino de 1.º e 2.º graus. São Paulo: Biblioteca Pioneira
de Ciências Sociais, 1973.
TEIXEIRA, J. H. Meirelles. Curso de direito constitucional. Org. e atual. Maria Garcia. São
Paulo: Forense Universitária, 1991.
1. TEIXEIRA, J. H. Meirelles. Curso de direito constitucional. p. 83-86.
2. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. t. I, p. 243.
3. CUNHA, Paulo Ferreira. Para uma história constitucional do direito português. p. 148.
4. Idem, p. 199.
5. MIRANDA, Jorge. Op. cit., t. I, p. 261.
6. MIRANDA, JORGE. OP. CIT., T. I, p. 265.
7. Idem, ibidem.
8. MIRANDA, JORGE. OP. CIT., T. I, p. 269.
9. BONAVIDES, Paulo. Constitucionalismo luso-brasileiro: influxos recíprocos.
Perspectivas constitucionais nos 20 anos da Constituição de 1976. vol. 1, p. 47-48.
10. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. t. I, p. 273, e t. IV, p. 430.
11. CUNHA, Paulo Ferreira da. Para uma história constitucional do direito português. p.
386.
12. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. t. I, p. 281.
13. Idem, p. 282.
14. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. p. 305.
15. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. t. IV, p. 430.
16. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. p. 307.
Resultados da Pesquisa
Página 21
17. CUNHA, Paulo Ferreira da. Para uma história constitucional do direito português. p.
418.
18. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. p. 196.
19. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. p. 326.
20. Idem, p. 327.
21. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. t. I, p. 288, e t. IV, p. 431.
22. Idem, t. I, p. 293.
23. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. p. 196.
24. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. t. I, p. 301-301.
25. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional, t. IV, p. 431.
26. Idem, t. I, p. 310.
27. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional, t. I, p. 323.
28. Idem, t. I, p. 324.
29. Idem, t. I, p. 328.
30. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional, t. I, p. 328-329.
31. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. p. 348-351.
32. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. p. 482-483.
33. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. p. 402.
34. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. p. 591.
35. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. p. 1059.
36. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. t. IV, p. 386.
37. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. p. 408-409.
38. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. t. IV, p. 400.
39. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. p. 556.
40. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. t. IV, p. 435.
41. MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. t. IV, p. 435.
42. Idem, p. 443.
43. RIBEIRO, Querino. Racionalização do sistema escolar. In: BREJON, Moysés (org.).
Estrutura e funcionamento do ensino de 1.º e 2.º graus.

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