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AP2 - Lit Port I - Gabarito

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Disciplina: Literatura Portuguesa I
Coordenadora: Profª Maria Lúcia Wiltshire de Oliveira
Gabarito da Avaliação PRESENCIAL 2 – 2014 / 2
Instruções dadas:
Escreva à tinta (azul ou preta) e com a maior legibilidade possível. Não escreva em tópicos. 
Escreva as respostas em texto coerente e coeso, em registro linguístico compatível com o trabalho acadêmico formal.
Utilize o mínimo de 5 (cinco) e o máximo de 15 (quinze) linhas para cada resposta dissertativa.
Boa prova!
No livro Camões e a viagem iniciática, o poeta e ensaísta Helder Macedo escreve: “o valor da história, para Camões, parece portanto ter mais a ver com a determinação do futuro do que com a celebração do passado” (MACEDO, 1980, p. 38). Como essa forma de ver a história assemelha-se à leitura de passado feita por Jorge de Sena e Manuel Alegre? (valor da questão 2,5)
Resposta comentada
Jorge de Sena e Manuel Alegre empreendem, em diversos momentos de suas obras, retomadas do passado histórico, literário e mitológico de Portugal e do mundo. Vimos, por exemplo, Sena voltar os olhos para a violência da Guerra Peninsular na “Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya”, na qual deseja que o sofrimento dos oprimidos não tenha sido em vão e chama a atenção para a necessidade de ter o mundo “com cuidado”, como coisa “que não é nossa” e que precisamos guardar “respeitosamente”. Também observamos como, no poema “Explicação de Alcácer Quibir”, Manuel Alegre traz a mítica batalha para o presente – “Alcácer Quibir és tu Lisboa.” – para desnudar o quanto o país permanece governado por “fantasmas” (D. Sebastião) de um passado supostamente glorioso. Acompanhamos, ainda, um pouquinho do diálogo que ambos travam com a obra camoniana – não com o objetivo de fazer mera reverência a Camões, mas para repensar a construção da identidade portuguesa e buscar novos caminhos de atuação reflexiva. Os dois poetas do século XX, portanto, têm em comum com Camões a releitura crítica do passado, com vistas a denunciar um presente insatisfatório e buscar um futuro diferente. 
Comente as implicações políticas da concepção antibiográfica de Fiamma Hasse Paes Brandão, Ruy Belo e Maria Gabriela Llansol, sua insistência na afirmação da inexistência do sujeito poético. Baseie-se nos fragmentos que se seguem (valor da questão 2,5):
“ (…) história / progressivamente mítica / que partiu desde a igualdade / entre uma palavra e uma imagem, /até ao hermetismo de uma biografia / memorável.(...) 
(BRANDÃO, 2006, p.292-3)
“A minha vida passou para o dicionário que sou. A vida não interessa. Alguém que me procure tem de começar – e de se ficar - pelas palavras.” (BELO, 2000, 259)
“Tens que começar numa palavra. Numa palavra qualquer se conta. Mas, no ponto-voraz, surgem as imagens. Não ligues excessivamente ao sentido. A maior parte das vezes, é impostura da língua. (…) O indizível é feito de mim mesma, Gabi, agarrada ao silêncio que elas representam.” (LLANSOL, 1991, p.112-3)
Resposta comentada
A negação da existência do sujeito poético e a recusa da transparência biográfica do texto mostram o caráter linguageiro do sujeito, pois ele se faz em meio aos discursos, como revelam os versos de Fiamma Brandão (“o hermetismo de uma biografia”), de Ruy Belo (“o dicionário que sou”) de Llansol (“O indizível é feito de mim mesma”). O poder procura controlar os sujeitos, oferecendo-lhes espelhos míticos de identificação (“ (…) história / progressivamente mítica”), feitos igualmente de linguagem, como a pátria, o herói, a beleza ideal, etc. Ao negarem a sua “realidade”, sua substancialidade como sujeito, as poéticas dos autores citados negam e fragilizam as noções de real e verdade veiculadas pelo discurso vigente, apontando para a falência do ideal de uma unidade nacional, seja ela política ou cultural. Aos espaços geopolíticos de dominação, os poetas propõem um espaço cultural não hierarquizado, agregador de diferenças e singularidades, indefinível, sempre sujeito à transformação ativa.
Por outro lado, a esta concepção de espaço, surge um outro tipo de sujeito. Não mais aquele que se reconhece numa pátria, ou aquele que sofre no exílio à espera de um retorno, mas o nômade, o anônimo, aquele que não é mais capturado pelos imperativos do estado. Fazem, portanto, do deambular sua aventura, sem ponto de chegada, e sua terra aquela que se encontra sob seus pés.
A propósito da obra de José Saramago, relacione a coluna da direita com a esquerda. (valor da questão: 1,5)
	Obra
	Uma das características
	1 Manual de pintura e caligrafia
	(14) alegoria crítica em favor da liberdade e da democracia
	2 Levantado do chão
	(15 ) narrativa memorialística 
	3 Memorial do convento
	(6) metaficção historiográfica sobre as origens de Portugal no século XII
	4 O ano da morte de Ricardo Reis
	( 3) romance metaficcional historiográfico sobre Portugal no século XVIII 
	5 A jangada de pedra
	( 1 ) romance de fundo autobiográfico 
	6 História do cerco de Lisboa
	(8) alegoria contra a alienação da sociedade moderna
	7 O evangelho segundo Jesus Cristo
	(12 ) paródia do Antigo Testamento 
	8 Ensaio sobre a cegueira
	( 13 ) alegoria reflexiva sobre a morte 
	9 A caverna 
	( 2 ) romance sobre a ocupação da terra no Alentejo
	10 Todos os nomes
	( 5 ) alegoria contra o europeísmo 
	11 O homem duplicado
	( 4 ) romance em diálogo intertextual com Fernando Pessoa 
	12 Caim
	(11) alegoria crítica contra as identidades falsas da sociedade moderna 
	13 Intermitências da morte
	(10 ) alegoria sobre a solidão 
	14 Ensaio sobre a lucidez
	(7) rescritura crítica do Segundo Testamento 
	15 As pequenas memórias
	(9) alegoria sobre o consumismo da sociedade moderna 
14. “Toda leitura é necessariamente intertextual, pois, ao ler, estabelecemos associações desse texto do momento com outros já lidos. Essa associação é livre e independente do comando de consciência do leitor, assim como pode ser independente da intenção do autor. Os textos, por isso, são lidos de diversas maneiras, num processo de produção de sentido que depende do repertório textual de cada leitor, em seu momento de leitura.” (PAULINO e outros, 1995, p. 54). Baseado na citação, desenvolva um argumento que comprove a natureza intertxtual de uma das obras acima de José Saramago. (valor da questão: 3,5)
Resposta Comentada
Lembremos que a temática do romance Levantado do chão ultrapassa os limites de Portugal, podendo ser encontrada em obras de autores brasileiros. Além disso, pode-se dizer que uma obra gera outras e, muitas vezes, em outras formas midiáticas. No primeiro caso, temos a temática da fome e da opressão, que foi tratada no romance regionalista brasileiro e, em especial, na peça Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto. No segundo caso, a intertextualidade pode ser reconhecida no diálogo intencional realizado entre o romance, os poemas de Chico Buraque de Holanda e as fotografias de Sebastião Salgado. Além disso, a Literatura dialoga intertextualmente com a História de Portugal, mostrando uma versão crítica do discurso oficial do Estado, da Igreja e do latifúndio sobre o Alentejo e o país na primeira metade do século XX até a Revolução dos Cravos. O romance mostra as lacunas da História assim como o ponto de vista dos esquecidos e oprimidos, aquela “gente miúda” que atravessa várias gerações.

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