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AULA 03 FILOSOFIA

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Émile Durkheim
Émile Durkheim foi quem sistematizou a Sociologia. A seguir veja um breve histórico de sua vida:
A concepção de Sociologia como ciência positiva
O século XIX foi marcado por várias mudanças importantes. Uma delas é o fato de alguns pensadores, inclusive Émile Durkheim, terem se dedicado à fundação de uma nova ciência, cujo objetivo era dar conta das coisas da sociedade, abandonando a arte política e a simples especulação.
Alguns dos autores que influenciaram Durkheim:
Durkheim tratou de definir a Sociologia, seu objeto de estudo, seu método de trabalho e seus conceitos fundamentais. Transformou temas como o Direito, a Educação, a Religião, o Suicídio e a Moral em objetos de análise sociológica.
Preocupado com os problemas de seu tempo e convicto de que a sociedade europeia passava por um período de anomia, Durkheim sentia a necessidade de construir as novas formas sociais e, na sua concepção, a Sociologia tinha importante papel nesta tarefa, pois apenas ela estava habilitada a restaurar a noção de unidade orgânica da sociedade.
Dessa forma, a preocupação com a moral e a manutenção da ordem social foi constante em seu pensamento, o que resultou em críticas, aceitas por uns e questionadas por outros, que o caracterizaram como um sociólogo conservador, avesso mesmo às mudanças, interessado em ensinar aos homens a obedecer à ordem vigente
A nova ciência positiva: a Sociologia
Durkheim tinha como objetivo criar uma ciência positiva, autônoma (sobretudo em relação à Biologia e à Psicologia) e diferente das outras. Para tanto, esforçou-se em definir as suas bases, seu objeto de estudo e seu método, mas teve que recorrer ao exemplo de outras ciências já formadas, como a Biologia, a Química e a Física.
Atente-se para alguns conceitos:
Leis naturais
Aqui a palavra lei deve ser entendida em seu sentido científico e não no sentido jurídico ou legislativo. De acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 54), “Duas são as principais funções da lei científica: resumir grande quantidade de fatos e de fenômenos e possibilitar a previsão de novos fatos e fenômenos”. Leis naturais seriam leis invariáveis que independem, por exemplo, da vontade humana. Alguns exemplos dessas leis são: a água ferve a 100 graus; o calor dilata os metais etc.
Concepção
Apesar de esta concepção ter dominado durante muito tempo, Durkheim mostra que alguns pensadores como Aristóteles, Montesquieu e Condorcet viam a sociedade como algo natural, porém, estas ideias não tinham muito fôlego a ponto de fazer vingar uma ciência social orientada para o estudo das leis naturais que regem a sociedade.
Leis necessárias
É importante ter em mente a ideia de necessário como algo que não poderia ser diferente daquilo que é. A chuva é necessária porque não pode deixar de acontecer, por mais que eu queira que faça sol. Comer é necessário porque não posso deixar de me alimentar, sob risco de morrer de inanição.
Objeto de estudo da Sociologia: os Fatos sociais
Em As Regras do Método Sociológico, Durkheim afirma que o objeto de estudo da Sociologia é o fato social. Veja as três características que tornam os fatos sociais realmente sociais.
Agora que você já sabe o que é fato social e quais são suas características veja, a seguir, como o sociólogo deve estudá-lo.
Durkheim alerta para o fato de o sociólogo se expor a erros quando não toma as devidas precauções metodológicas quanto à distinção entre normal e patológico. Uma falha desse tipo seria classificar o crime como algo patológico.
É necessário, entender que o autor concebe crime como “um ato que ofende certos sentimentos coletivos dotados de energia e de nitidez particulares” (1972: p. 58), não se restringindo ao sentido jurídico.
Se, à primeira vista, o crime parece patológico, após uma análise meticulosa pode-se afirmar que o crime é normal e isso se deve a dois motivos. Em primeiro lugar, porque é universal, isto é, acontece em todas as espécies sociais e em todos os estágios de desenvolvimento. Em segundo lugar, porque reforça sentimentos contrários, de repulsa ao agressor e aos fatores que o motivaram a cometer o crime.
Há ainda um outro aspecto muito importante: em alguns casos, o criminoso é visto como agente de mudança e a ausência do crime tornaria a sociedade estática. Isso permitiu ao autor concluir que, além de normal, o crime é necessário e tem a sua utilidade.
Solidariedade Social
Em sua tese de doutorado A Divisão do Trabalho Social, Durkheim propõe-se a investigar a função da Divisão do Trabalho. O autor se preocupou em analisar, à luz da Morfologia Social, a evolução das sociedades e a coesão social que dela resulta, que o fez concluir que as sociedades caminham, natural e necessariamente, do estado mecânico em direção ao estado orgânico, apresentando uma solidariedade característica para cada um desses estágios. Veja a seguir:
Sociedades Mecânicas
São aquelas de tipo pré-capitalista, muito “simples”, dotadas de forte consciência coletiva, onde a divisão do trabalho se baseia principalmente nos critérios de sexo e idade.
Nesse tipo de sociedade, a identificação entre os indivíduos se dá por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes. A autoridade coletiva é absoluta e a consciência coletiva é tão forte que se sobrepõe à consciência individual. A solidariedade social de tipo mecânica é gerada pelas semelhanças entre os indivíduos que, partilhando os mesmos sentimentos e valores, diferem pouco entre si.
Sociedades Orgânicas
São mais extensas, mais complexas. Por possuírem estruturas econômicas avançadas, exigiam uma divisão do trabalho não mais baseada em sexo e idade, mas, na diversidade de funções que torna os indivíduos interdependentes.
Se nas sociedades mecânicas a consciência coletiva gerava uma irresistível coesão social, nas sociedades orgânicas a divisão do trabalho social tem por função criar a solidariedade social, pois a complexidade da vida e a ausência de semelhanças acabam por aproximar as pessoas, fazendo com que se completem.
Em sociedades com forte divisão do trabalho, as relações sociais se baseiam na especialização de tarefas. Assim, a educação tem caráter duplo, pois, ensina aos novos membros valores, crenças e conhecimentos que devem ser gerais à massa da sociedade e, por outro lado, fornece conhecimentos específicos da área profissional em que a pessoa deverá atuar.
Especialização de tarefas
A formação que um futuro médico recebe é diferente daquela recebida pelo futuro engenheiro, que difere também da dispensada ao futuro advogado. Não podemos hoje, em nossa sociedade, conceber que só se formem ou engenheiros, ou advogados ou médicos. Advogados precisam dos serviços dos engenheiros, que precisam dos cuidados dos médicos e, assim por diante.
É isso que garante a nossa coesão social: a especialização em uma área e o fato de ser leigo nas outras faz com que os profissionais de um campo dependam de outros profissionais. Durkheim utiliza o exemplo da paixão que ocorre entre o homem e a mulher que, por serem diferentes, se complementam, formando um todo.

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