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Arthur Engel - Introdução À Psicanálise de Freud e Lacan

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Obrigado por seu interesse no e-book “Introdução à psicanálise: Freud e 
Lacan”.
Aqui, você encontrará um resumo de informações referentes à psicanálise, 
essa teoria e prática fundada por Sigmund Freud há mais de 100 anos, e 
que se mantém tão atual. Vemos provas disso tanto dentro quanto fora do 
consultório.
Além disso, você encontrará também as primeiras noções para se 
familiarizar com a psicanálise lacaniana. Sendo considerado por muitos o 
psicanalista mais importante da história (claro, depois de Freud), Lacan 
propõe um retorno à Freud, trazendo de volta o foco da psicanálise (depois 
da morte de seu fundador) para a escuta do paciente, as manifestações do 
inconsciente, e dando grande ênfase à linguagem.
Boa leitura!
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Sobre o autor:
Arthur Gustavo Muniz Engel (CRP: 05/32234) é psicólogo e psicanalista, 
tendo se formado em 2004, pela Universidade Federal Fluminense. Fez sua 
pós-graduação em Psicanálise e Laço Social, também pela UFF.
Além da prática clínica em consultório particular 
desde 2004, oferece supervisão clínica a 
psicanalistas, grupos de estudo sobre Freud e 
Lacan, e cursos de psicanálise, tanto presenciais 
quanto on-line. Possui também uma lista de 
transmissão no whatsapp.
Concluiu recentemente um curso de extensão em 
FCCL-Rio (Formações Clínicas do Campo Lacaniano).
Whatsapp para contatos: 21-98112-8139
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Índice
1 – Surgimento da psicanálise ................................................................ 
2 – O inconsciente e suas manifestações ............................................... 
3 – Complexo de Édipo …....................................................................... 
4 – Alguns conceitos fundamentais ….......….......................................... 
5 – A retomada de Lacan ….....................................................................
6 – O inconsciente estruturado como linguagem …................................ 
7 – Real, simbólico e imaginário ….......................................................... 
8 – A psicanálise hoje …..........................................................................
9 – Encerramento …................................................................................ 
10 – Bibliografia …................................................................................... 
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1 – Surgimento da psicanálise
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Sigmund Freud (foto) iniciou sua carreira como médico, e pesquisador, em 
Viena. Especializou-se em neurologia, e desenvolveu um grande interesse 
pelos fenômenos psíquicos, depois de já ter estudado bastante a anatomia 
cerebral.
Ao voltar de um período de estudos em Paris com Charcot, principal 
referência na época em tratamentos sobre histeria, Freud direciona seus 
estudos para as psiconeuroses, juntamente a Breuer, seu mestre na 
universidade de Viena.
O tema das histerias, bastante polêmico na época, 
ganha a atenção dos dois, que atendem diversos 
casos desse gênero, e escrevem artigos e livros
em conjunto.
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Breuer e Freud acreditavam que os sintomas surgiam através de traumas 
ocorridos na infância do paciente, e que não tiveram uma reação adequada 
no momento. Como se fosse houvesse gerado uma “energia”, que ficou 
retida, e que muitos anos depois se transformaria em sintoma. 
Com isso, a ideia era trazer de volta esse trauma, para poder efetuar uma 
reação adequada, liberando essa energia, e acabando com o sintoma do 
paciente.
Nessa época, a hipnose era o método mais utilizado para tratar casos desse 
tipo. Porém, Freud percebe, aos poucos, que a hipnose não era de tão 
grande ajuda nesse processo. Ela facilitava a chegada a essas lembranças 
traumáticas, mas o paciente não fazia trabalho nenhum, e isso diminuía a 
efetividade do método, ocasionando o retorno dos sintomas. Através da 
associação livre, Freud percebe que o paciente também consegue chegar 
a essas lembranças, mas agora de uma forma consciente, e com melhores 
resultados.
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Essa é considerada a grande descoberta de Freud, e que tornou possível a 
criação da psicanálise: ele deu ouvidos à histérica; apostou que havia um 
saber, um conhecimento ali (mesmo que ela não percebesse isso), que 
deveria ser levado a sério, ao contrário do que acontecia na época 
(considerava-se muitas vezes que a histeria era “encenação” da paciente).
Mais tarde, Freud percebe também que esses traumas infantis estão 
sempre relacionados a algum evento sexual. Segue essa linha de raciocínio 
até perceber, mais à frente, que muitos dos relatos de 
sedução infantil que ouvia nunca tinham ocorrido. Eram 
uma “invenção” da paciente. Mais precisamente, fantasias.
Essa descoberta levou Freud a pensar na relevância da 
fantasia. E também a concluir pontos importantes sobre sua 
teoria, como a existência da sexualidade infantil, que era 
um enorme tabú na época. Também o auxiliou a criar sua 
teoria do Complexo de Édipo, baseado no mito de Sófocles. 
(imagem: “Édipo e a Esfinge”, pintura de Gustave Moreau, 1864)
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2 – O inconsciente e suas manifestações 
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Um dos conceitos fundamentais da psicanálise é o inconsciente. Alguns 
outros autores já haviam sugerido algo sobre a possibilidade de 
pensamentos ou ideias que não acessam a consciência; mas não chegaram 
a desenvolvê-las. Foi Freud quem nos trouxe o conceito de inconsciente, de 
uma forma bem desenvolvida, como uma instância do aparelho psíquico ao 
qual não temos acesso, e que influencia nossa vida o tempo todo.
Entre outras coisas, existiriam conteúdos (ideias, conceitos, etc.) que o 
aparelho psíquico “julga” que não devem atingir a consciência, a fim de 
manter uma quantidade mínima de estímulos. Seriam, portanto, muito 
“fortes” para chegar à consciência.
Freud nos diz que o aparelho psíquico atua sob o domínio do princípio do 
prazer, ou seja: um excesso de estímulo causaria desprazer, e uma redução 
de estímulo, prazer. Por isso, esse “filtro”, essa “censura”, evitando a 
entrada de certos conteúdos na consciência.
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 Acontece que esse material retido no inconsciente continua tentando se 
manifestar de alguma forma. Ocorrendo, assim, diversas maneiras de 
manifestação do inconsciente, tais como:
 atos falhos
 sonhos
 chistes
 esquecimentos
 Apenas para citar alguns exemplos. É como se o inconsciente esperasse
por “brechas” para se manifestar. E essas brechas surgem nos sonhos, no
meio da fala, através de uma brincadeira, etc.
 Esse conteúdo não vai deixar de tentar ressurgir à consciência. E nas
citadas manifestações acima, quando consegue aparecer, é de forma
velada, pouco ou muito modificada, de forma que ainda existe uma
censura em seu conteúdo.
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3 – Complexo de Édipo 
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Segundo Freud, o primeiro objeto de amor, tanto na vida dos meninos 
quanto na vida das meninas é a mãe (ou alguém que ocupe este lugar). É a 
figura que alimenta, cuida, que dá o seio... no início da vida, o bebê sequer 
sabe onde começa e termina seu corpo e o da mãe. Ela é a pessoa que 
supre todas as suas necessidades básicas.
No caso dos meninos, esse objeto de amor se manterá (mãe), e haverá 
também uma identificação com o pai, que posteriormente se tornará 
rivalidade, por achar que o pai é seu rival, pois também deseja e é desejado 
pela mãe. Apenas no final do Édipo essa relação se alterará, e o menino 
voltará a identificar-se com esse pai, e buscará outra figura feminina, entre 
outras opções.
Já nas meninas, o complexo de castração surge antes do complexo de 
Édipo, ao perceberem, por comparação, que lhes falta algo. Elas, então, 
endereçam uma hostilidade em direção a mãe, que julgam culpada por não 
ter lhe dado um falo. Ela busca, então, o amordaquele que ela julga ter o 
falo, o pai. Mais tarde, na saída do Édipo, algumas opções irão surgir, tanto 
para as meninas quanto para os meninos, fundando assim o sujeito para a 
psicanálise.
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4 – Alguns conceitos fundamentais
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Outro conceito fundamental para a psicanálise é a transferência. Freud 
percebeu sua importância logo no início, quando começou a atender 
pacientes de acordo com a associação livre.
Ele percebeu que, na medida em que os sintomas do paciente iam 
desaparecendo, e ele os dava alta, acontecia um fenômeno curioso: os 
sintomas todos retornavam. Mesmo já tendo desaparecido há um certo 
tempo durante o tratamento, bastava sua interrupção, e os mesmos 
regressavam. 
Freud, então, notou que o laço, o vínculo que se estabelecia entre o ele e o 
paciente era muito forte, e que continha algo ali. Não era um laço que podia 
simplesmente ser desfeito de uma hora pra outra. Mais tarde, ele dirá dizer 
que a “batalha” que o tratamento trava contra o sintoma vai passar para o 
campo transferencial, essencial para seu sucesso. Mas que, mesmo assim, 
a transferência também vai trazer a resistência, também será um 
complicador ao tratamento. É uma peça fundamental, mas também fonte de 
resistência.
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Resistência essa na qual podemos incluir tudo o que impede o andamento 
do tratamento psicanalítico. O conjunto de forças que não quer que as 
coisas tenham seu estado alterado, colocando de forma bem resumida. Ela 
pode operar das formas mais diversas, inclusive levando o paciente a se 
auto sabotar no tratamento.
O recalque, por exemplo, opera a serviço da resistência, pois sua função é 
manter o conteúdo que não passa pelo crivo do aparelho psíquico fora da 
consciência. Muitas vezes, nessa tarefa, o recalque inclusive impede a 
entrada ou remove da consciência ideias que são apenas levemente 
relacionadas à ideia recalcada. Porém, como falamos anteriormente, esse 
conteúdo recalcado vai continuar tentando alcançar a consciência.
 
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Id, ego e superego – considerada uma das últimas grandes mudanças 
teóricas feitas por Freud na psicanálise, a criação das três instâncias do 
aparelho psíquico (chamada de 2a tópica) veio em 1923. Ao invés de 
trabalhar com os conceitos de consciente ou inconsciente, Freud preferiu 
trabalhar com outra forma de divisão. 
Essa mudança surgiu ao perceber que o ego não era todo consciente, que
haviam partes dele que eram inconscientes também. Por exemplo, a parte
que filtra o conteúdo que pode chegar à consciência.
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1818
Compulsão à repetição e pulsão de morte – conceitos muito importantes, 
e que ocasionaram uma reviravolta na teoria freudiana. Havia muito tempo 
que o fenômeno da repetição já havia sido detectado, e documentado por 
Freud, como algo que prejudicava o andamento do tratamento.
Porém, foi apenas em 1920, em “Além do princípio do prazer”, que ele vai 
perceber que sua teoria do princípio do prazer não cobre tudo. Há algo que 
escapa a isso, que não se enquadra nesse esquema, e Freud irá associá-lo 
justamente com a compulsão à repetição, e criar uma nova dualidade: 
pulsão de vida x pulsão de morte, substituindo a dualidade anterior, pulsão 
do ego x pulsão sexual. 
(imagem: “Hércules lutando
contra a morte”, pintura de
Frederic Leighton, 1870)
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1919
5 – A retomada de Lacan
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2020
Após a morte de Freud, em 1939, os rumos da psicanálise ficaram em 
suspenso por um período. Em seguida, os chamados “pós-freudianos” 
começaram a levar a psicanálise para caminhos não trilhados 
anteriormente, explorando temas e conceitos novos, diferentes dos 
propostos pelo pai da psicanálise.
Alguns temas passaram a ganhar mais foco, como o 
estudo do ego, por exemplo. Além disso, temas como 
a psicanálise de bebês, e também a contratransferência 
ganharam muito espaço. 
Muitos viram tal movimento como um rompimento com
a psicanálise criada por Freud. Lacan (foto), então, 
decide fazer o que ficou conhecido como um “retorno à Freud”, 
trazendo de volta o foco da psicanálise para a escuta do 
paciente, para as manifestações do inconsciente. 
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Sua entrada na psicanálise foi através do texto “O estádio do espelho como 
formador da função do eu”, de 1949. Nesse texto, ele fala da sensação de 
júbilo que a criança experimenta ao perceber que aquele corpo no espelho é o 
seu. É um corpo completo, perfeito, ao contrário da sensação de um corpo 
desajeitado, despedaçado, que ela ainda sente. Falo mais sobre esse tema 
nesse artigo.
O estilo particular de Lacan, e especialmente a questão do corte analítico, que 
fazia com que a sessão tivesse duração variável (podendo ser menor ou maior 
que os 50 minutos propostos pela IPA – Associação Internacional de 
Psicanálise), foi revolucionário, o que fez com que muitos o seguissem, ao 
mesmo tempo que muitos questionavam suas inovações. Atritos surgiram, o 
que acabou gerando sua expulsão da própria IPA, e da perda do local onde 
ministrava seus famosos seminários.
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Aliás, seus seminários (foto: capa do Seminário 6) se tornaram sua marca 
registrada. Ministrados todos os anos, tinham um tema específico que era 
tratado em sala de aula, sempre às 4as feiras ao meio-dia. Essa forma de 
passagem de conhecimento também era diferente da forma tradicional, já 
que não havia nada escrito. Era uma transmissão oral, 
onde o estilo de Lacan também já criava uma ruptura 
com o formato tradicional de aula.
Apenas depois de mais de uma década de seminários
é que surgiu o primeiro volume dos “Escritos” (1966),
reunindo artigos e textos publicados por Lacan em
diversas revistas, jornais, coletâneas, etc.
 
Agora, toda a sua obra escrita estava reunida. Muitos
anos depois de sua morte, foi publicado o volume “Outros Escritos” (2001), 
com tudo o que produziu por escrito entre a publicação
dos “Escritos” e sua morte, em 1981.
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Nos anos 70, seus seminários, que eram todos estenografados, 
começaram a ser organizados e publicados por Jacques Alain-Miller, 
psicanalista, assíduo frequentador dos seminários, e, posteriormente, seu 
genro.
 
As publicações, especialmente dos Escritos, mas também as dos seminários, 
difundiram ainda mais a teoria lacaniana, dando grande fama a Lacan, que 
passou a ser requisitado para palestras em diversas partes do mundo.
Infelizmente, ainda não foram publicados todos os 
seminários, apesar de todo o tempo decorrido. 
Os seminários inéditos tem sido publicados
lentamente, gerando grande expectativa entre os
psicanalistas.
Na foto, a capa do seminário 11, o primeiro a ser
publicado (em 1974).
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6 – O inconsciente estruturado como linguagem
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Lacan deu ênfase, em seus estudos, ao tópico da linguagem. Falo um 
pouco disso em um artigo na plataforma Medium, e faço um resumo abaixo.
Inspirando-se em textos freudianos como “A interpretação dos sonhos”, “A 
psicopatologia da vida cotidiana” e “Os chistes e sua relação com o 
inconsciente”, Lacan irá dizer que o inconsciente se estrutura como uma 
linguagem, na qual os significantes se encadeiam de forma singular para 
cada sujeito.
Aliás, o conceito de significante foi tirado de Saussure, eminente linguista 
francês, que diz que a linguagem é formada por signos, e que cada signo 
contém um significante e um significado unidos, como os dois lados de uma 
moeda. Porém, alerta que essa junção é artificial, definida pelo ser humano, 
nada tem de natural. Saussure diz ainda que a primazia é do significado, 
pois ele é que tem o sentido; o significante é uma palavra, uma imagem 
acústica que se convencionou colar àquele sentido. 
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Lacan vai discordar desse ponto; irá argumentar que a linguagem é formada 
por significantes, e que eles é quetem importância; os significados, ou seja, 
o sentido por trás daquele significante, será individual para cada sujeito.
Em resumo: o significante, que usamos o tempo todo na linguagem, é que 
traz junto de si um sentido, dado pelo próprio sujeito. E é nessas ligações 
entre significantes que o sujeito vai estar, vai “deslizar”, como diz Lacan, 
sem nunca ser representado por nenhum deles 
(pelo menos, não totalmente).
E essas relações entre significantes, com os 
sentidos e interpretações dadas pelo sujeito 
(guiado, como sempre, pelo inconsciente) é que
vão ser, por exemplo, causa de sofrimento; 
é assim que normalmente recebemos o paciente 
no consultório.
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E através da análise, o sujeito consegue elaborar essas ligações, esses 
significantes, e reelaborá-los de outra forma, por assim dizer, saindo 
daquele lugar fixado que estava. 
É uma nova forma, nesse deslizamento na cadeia significante, de se 
posicionar, assumir uma nova posição em sua própria história de vida.
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7 – Real, simbólico e imaginário
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Outro ponto muito importante na teoria lacaniana são os conceitos de real, 
simbólico e imaginário, três registros psíquicos, os “registros essenciais da 
realidade humana”, segundo Lacan.
O imaginário é relacionado com o conceito de imagem. Do que se vê, do 
que se imagina, do que se ouve... É do campo da imagem, do que 
visualizamos, captamos com nossos sentidos, ou imaginação. É o registro 
no qual, normalmente, os pacientes estão mais focados. A análise não atua 
nesse registro, e sim no simbólico.
O simbólico é instaurado pela fala, e é a forma como o ser humano tenta 
organizar o mundo, as relações, criar vínculos entre si. O simbólico serve 
para colocar “ordem na casa”, estruturando o mundo tal qual o conhecemos. 
Rompe o domínio do registro imaginário, que, na relação entre um sujeito e 
outro, pode ser bastante assustador (se compararmos a civilização com o 
mundo selvagem, por exemplo). 
Porém, o registro do simbólico não consegue abranger tudo. Tem algo que 
escapa, que não é capaz de ser simbolizado. Estamos falando do registro 
do real.
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O real, como dizia Lacan, é “aquilo que não cessa de não se escrever”. É o 
intraduzível, o que não se pode colocar em palavras, pois se pudéssemos, 
já estaria no campo do simbólico. É um instante esvanecido, é o impossível 
de simbolizar. O que é da ordem do real normalmente é percebido 
brevemente, num instante, como algo da ordem do avassalador, ou do 
choque.
Os 3 registros unidos, real, simbólico e imaginário, formam o nó 
borromeano, usado muito por Lacan na fase final do seu ensino. Como três 
anéis que suportam um ao outro – e se um deles falha, toda a estrutura 
colapsa. 
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8 – A psicanálise hoje
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Ao contrário do que muitas vezes se ouve ou se lê uma parcela da mídia, a 
psicanálise segue firme e forte em sua trajetória. Após a morte de Jacques 
Lacan, muitos outros analistas surgiram, obtendo lugar de destaque, como o 
já citado Jacques Alain-Miller, ou Charles Melman, para citar apenas dois.
No Brasil, também temos um cenário promissor: as Escolas de Psicanálise 
tem ampliado sua presença em diversos municípios brasileiros; tivemos em 
2016 um documentário contando a história da psicanálise no Brasil 
(“Hestórias da psicanálise”, de Francisco Capoulade), trazendo novamente o 
tema para a mídia. Além dos excelentes livros e contribuições apresentadas 
a todo momento por psicanalistas como Antonio Quinet, Christian Dunker, 
Marco Antônio Rodrigues, Sonia Alberti, entre muitos outros.
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E vemos cada vez mais, não só pela clínica, mas também através dos fatos 
do dia a dia, como a psicanálise de Freud e Lacan continua bastante atual.
Seja Freud falando sobre a neurose de angústia (que hoje se classifica de 
“síndrome do pânico”) em diversos textos, desde 1892 até 1932; ou falando 
sobre discursos de ódio aos diferentes, em 1920; seja Lacan falando sobre 
“gadgets”, aparelhos eletrônicos que no futuro “caberão na palma da mão, e 
as pessoas não tirarão seus olhos deles”, em 1970. 
São apenas alguns exemplos de como o trabalho desses dois autores é tão 
atual quanto o de qualquer escritor contemporâneo. E permanece 
importantíssimo, servindo de base para os estudos de qualquer pretendente 
a psicanalista, no mundo inteiro.
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9 – Encerramento
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Faço aqui um encerramento e alguns agradecimentos. Relembro que os 
conceitos aqui abordados foram feitos de forma bem superficial, por ser 
esse justamente o objetivo desta obra. Ou seja, convocar o leitor a buscar 
um aprofundamento, instigá-lo a procurar mais leituras.
A transmissão da psicanálise, de uma forma ética, da ética da psicanálise, é 
algo que gosto bastante, e que exerço com paixão já há alguns anos. Seja 
através de grupos de estudo, workshops, cursos, palestras, etc. E esse e-
book é mais uma forma de tentar transmitir um pouco dessa teoria 
fascinante.
Deixo aqui os agradecimentos a todos que foram importantes na confecção 
desse projeto: Carolina Moreirão, amiga e sócia de estudos psicanalíticos, 
consultório, cursos, etc., cuja ajuda foi fundamental na realização desse e-
book; Bruno Rodrigues, que abriu várias portas pra mim, e para tantos 
outros psicólogos, através de seu curso e seu trabalho como um todo; 
Walber de Paula, mestre na arte de confeccionar e-books; e a todos os 
colegas, que sempre contribuem nos bate-papos psicanalíticos.
Muito obrigado a todos, e até o próximo projeto!
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10 – Bibliografia
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Leituras utilizadas durante a criação deste e-book:
- “O sujeito lacaniano”, Bruce Fink
- “Obras completas”, Sigmund Freud:
 “A interpretação dos sonhos”, vol. IV e vol. V
 “Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, vol. VII
 “A dinâmica da transferência”, vol. XII
 “O recalque”, vol. XIV
 “Novas conferências introdutórias sobre psicanálise”, vol. XXII
- “Escritos”, Jacques Lacan
- “Seminário 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise”, 
Jacques Lacan
- “As 4+1 condições para análise”, Antonio Quinet
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