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TCC finalizado(3)

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RIO DAS OSTRAS
INSTITUTO DE HUMANIDADES E SAÚDE
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
RAYSSA BESSA PINTO SOUZA
O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA DELEGACIA LEGAL
Rio das Ostras
2019
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Rayssa Bessa Pinto Souza
O Trabalho do Assistente Social no Programa Delegacia Legal
Monografia apresentada ao corpo docente da Universidade Federal Fluminense como requisito para a obtenção do título de bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Camila Nunes de Oliveira
Rio das Ostras
2019
RAYSSA BESSA PINTO SOUZA
O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA DELEGACIA LEGAL
Monografia apresentada ao corpo docente da Universidade Federal Fluminense como requisito para a obtenção do título de bacharel em Serviço Social.
Aprovação em: __________________________________
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________
Profª. Camila Nunes de Oliveira
_____________________________________________________________
Prof. Bruno Ferreira Teixeira
_____________________________________________________________
Prof.ª Priscila Rodrigues de Castro
Rio das Ostras
2019�
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu pai Jorge Luís de Souza, que me trouxe a inspiração em ampliar o meu conhecimento acadêmico/profissional, com uma pesquisa em torno do trabalho do assistente social no âmbito sócio jurídico, em especial na sua atuação junto com a Polícia Civil. E a minha mãe Verônica Bessa Pinto Souza e ao meu companheiro Otavio Toledo Costa, por toda ajuda em torno da minha pesquisa de campo sobre o tema.
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AGRADECIMENTOS 
Deixo aqui a minha imensa gratidão aos meus orientadores Bruno e Camila, que durante todo o processo me auxiliou da melhor forma e teve toda paciência para os problemas pessoais que surgiram durante essa caminhada.
Agradeço à minha família por todo apoio e incentivo dado durante todo o processo de elaboração.
Aos meus colegas de curso, que sempre se mostraram solícitos a me ajudar durante toda a graduação.
As assistentes sociais que cederam o seu tempo para me conceder uma entrevista com uma rica troca de conhecimento a respeito da sua experiência no assunto tratado no trabalho.
Tenho um agradecimento especial a minha querida amiga Thaisa Vieira, pelo imenso apoio em toda a minha trajetória acadêmica e na vida.
Ao único policial que se mostrou solicito a conversar comigo sobre o tema abordado no trabalho.
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RESUMO
O presente trabalho propõe abordar sobre o trabalho do assistente social no programa Delegacia Legal. Para isso, abordaremos o surgimento da polícia no Brasil, as mudanças corporativas, a criação do programa Delegacia Legal, sua criação, diretrizes, funcionamento e o que possibilitou o trabalho do assistente social se expandir para um atendimento geral da população e não apenas nas delegacias especializadas. Assim, apontamos a importância do Serviço Social na área de atuação sócio jurídica e especificamente na instituição policial e no Programa Delegacia Legal como um campo de avanços e de lutas.
Palavras chaves: Delegacia Legal. Humanização. Polícia Civil. Serviço Social.
ABSTRACT
The present work will start with a small approach on the emergence of the police in Brazil and some historical facts to explain how the civil police of the State of Rio de Janeiro started, with most of the changes that have occurred over the years , mainly corporate changes. The next moment will have a deepening about one of the changes, which was the creation of the Legal Department program, its creation, guidelines, operation and what made possible the work of the social worker to expand to a general service of the population and not just to police stations specialized.
It will also have an approach on how the juridical socio-legal area of ​​the Social Service profession has been expanded and expanded, its importance for this field of action and its advances and struggles over time.
Keywords: Humanization. Police Station. Social Service. 
SUMÁRIO
9INTRODUÇÃO	�
111.	UMA DISCUSSÃO HISTÓRICA E CONCEITUAL SOBRE A POLÍCIA – O PROGRAMA DELEGACIA LEGAL	�
111.1	Segurança pública nos tempos de colonização	�
131.2	A polícia do período da ditadura	�
141.3	A polícia civil e o Programa Delegacia Legal	�
191.4	O suposto fim do programa delegacia legal	�
221.5	As consequências de um programa falho	�
232.	CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA DELEGACIA LEGAL	�
232.1	O serviço social no âmbito sócio jurídico	�
272.2	A inserção e atuação do assistente social no Programa Delegacia Legal	�
322.3	O estágio curricular de Serviço Social no programa delegacia legal	�
34CONCLUSÃO	�
35REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	�
38APÊNDICE A	�
39APÊNDICE B	�
40APÊNDICE C	�
43APÊNDICE D	�
46APÊNDICE E	�
49APÊNDICE F	�
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INTRODUÇÃO
Conforme o decorrer das disciplinas do curso de Serviço Social, também nas discussões em sala de aula e até mesmo nas conversas paralelas do dia a dia, o assunto sobre violência sempre é falado, pois nos dias de hoje está em bastante evidência. E quando falamos em violência, pensamos logo na polícia, que é uma instituição criada para garantir a segurança da população e para a diminuição de tal violência. Vendo isso por uma percepção de um profissional que atua na área de garantia de direitos e convivendo com pessoas que atuam na polícia, percebe-se as falhas de um sistema e a importância de trazer em discussão o assunto da atuação do assistente social dentro da intuição da Polícia Civil.
A escolha desse tema, veio da percepção da realidade precária do trabalho do assistente social, em conjunto com a delegacia de polícia civil, e o quanto o profissional estava/está sendo negligenciado nessa área.
Nos dias de hoje, em que a violência está em bastante evidência, convivendo, desta maneira, com um aumento crescente da criminalização, é de suma importância debater sobre as instituições de segurança pública que trabalham diretamente com essas questões, realizando a crítica do quanto o sistema continua punitivo e perpetuador das diferenças de classe.
Assim, a sociedade está vivendo em um tempo no qual a intolerância e a discriminação prevalecem, repetindo o mesmo erro de tempos atrás, criminalizando negros, pobres e jovens. 
O governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, tem como proposta chefe a melhora da Segurança Pública, e algumas de suas propostas são bem extremistas, ferindo os direitos humanos. Com promessas que reforçam o discurso de que “bandido bom é bandido morto”, enfatiza a compra de drones em Israel, para o abatimento de possíveis “bandidos” que estiverem portando armas, ou que na hora julgarem ser uma arma, agindo, desta maneira, de forma inconstitucional. 
Assim, responde-se violência com mais violência, visando o Estado mais militarizado do que humanizado. A situação atual é utilizada como exemplo, para destacar que programas com proposta de humanizar, bem como, manter um melhor atendimento para a população, de fato, não estão sendo realizados.
O objeto da monografia é sobre o trabalho do assistente social no Programa Delegacia Legal. O programa traz uma proposta de uma delegacia humanizada, com equipe interdisciplinar e treinamento específico dos policiais, para lidar de forma menos punitiva e mais social – no sentindo da garantia de direitos básicos - aos seus atendimentos.
Este trabalho está dividido em três capítulos. O capítulo I contém um breve relato histórico sobre a história da polícia no Brasil e suas ações no dia de hoje, bem como, o surgimento do Programa Delegacia Legal e a sua implementação. 
 No capítulo II, abordaremos a inserção do Serviço Social no Programa Delegacia Legal e as consequências da sua atuação, e por fim, nocapítulo III debate as consequências da implementação de um programa criado para trazer humanidade e aproximação da população com uma polícia com histórico repressor. Para isto, além de uma pesquisa bibliográfica também realizamos entrevistas com três profissionais: um policial civil da 128º DP – Rio das Ostras, uma assistente social que durante a sua formação em Serviço Social cumpriu o seu estágio curricular no Programa Delegacia Legal em uma delegacia na cidade do Rio de Janeiro (citada como Assistente Social B) e uma assistente social que atuou no ano de 2012/2014 na 128º DP – Rio das Ostras (citada como Assistente Social A).
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UMA DISCUSSÃO HISTÓRICA E CONCEITUAL SOBRE A POLÍCIA – O PROGRAMA DELEGACIA LEGAL
O surgimento da polícia, seu desenvolvimento, características e conceito, desde sua formação, sempre indicou que sua função era ser um instrumento de controle do Estado para com a sociedade, mas a função que é apresentada de forma oficial para todos, explicando o porquê da criação de tal órgão, é que a polícia serve para atender os interesses da população e protegê-la, sempre mostrando e dando importância aos seus direitos e deveres como cidadão. É necessário assinalar que tais características e conceitos também se modificam, se adequando com o decorrer da história, conforme aos contextos sociais, econômicos e culturais tendo mudanças de acordo com os avanços sociais e tecnológicos. 
Segurança pública nos tempos de colonização
A Polícia no Brasil teve seu início na data de 1530, conforme documentação oficial, existente no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Porém, não existe nenhum dado especifico em relação a essa época, datando o seu início de atividade e historicidade no ano de 1802 no Rio de Janeiro, expandindo-se gradativamente para outras cidades do Brasil. Mas, antes de ser de fato um aparato do Estado, segundo Ege (2014) ela foi montada como um esquema de milícia, que eram formadas por moradores locais que eram nomeados e treinados pelo exército profissional, atendendo apenas as elites brasileiras de tal época. 
No ano de 1808, período em que a Coroa Portuguesa esteve no Brasil, se consagra a criação da Intendência Geral de Polícia da Corte, sob o comando de Paulo Fernandes Viana, que tinha o cargo de Ouvidor Geral do Crime. Este, acompanhou Dom João que veio fugido de Portugal para o Brasil. A Intendência tinha como objetivo organizar a urbanização e os cuidados públicos da cidade do Rio de Janeiro. A Intendência também acabou levando a legitimação do capitão do mato.
De acordo com o livro Dicionário da Escravidão Negra no Brasil de Clóvis Moura, suas atividades foram reorganizadas por Dom João VI através do Aviso Régio nº17 de 22 de abril de 1813, que esclarecia entre outros pontos, que somente as câmaras poderiam nomeá-los e por tempo determinado, outro ponto do mesmo Aviso Régio em conformidade com o objetivo deste trabalho, trata da distribuição da concessão da patente militar ao “capitão” do mato o que demonstra que até então estes homens gozavam das prerrogativas do posto hierárquico militar de capitão, o que transforma seus bandos em tropas, que apesar de não regulares, eram alicerçadas em hierarquia e disciplina, esta última adaptada obviamente aos usos e costumes de seus integrantes. (EGE, 2014, p.37). 
 A partir daí, em 1809 ocorreu a criação da Guarda Real de Polícia, por D. João VI, que acabou sendo o pilar da fundação da Polícia Brasileira. A criação desses dois aparatos, visava a manutenção da ordem, tendo a coerção como lema e sendo extremamente violenta com os integrantes da “ralé livre”, nome que a corte determinou para classificar os negros, mulatos e mestiços, que não tinham algum tipo de propriedade, ou seja, não fazia parte da sociedade. 
A Intendência Geral da Polícia da Corte, era a que tinha mais influência, e que estava à frente na maioria das vezes quando surgia algum problema ou demanda. No período de 1820, ela é associada diretamente ao nome de seu primeiro intendente, Paulo Fernandes Vianna, que já estava sendo caracterizado como prefeito do Rio de Janeiro. 
A Intendência Geral da Polícia da Corte e a Guarda Real da Polícia continuaram, durante uma grande parte do século XIX, a desempenhar a faceta opressora do Estado. O que gerou, desde o início, essa relação instável e por vezes, negativa, junto a sociedade.
Entre 1822 e 1824 acontece a exclusão da grande maioria da população, em relação ao direito de voto em torno das decisões sobre Segurança Pública. Na época, o cidadão precisava comprovar um valor específico de renda, determinado pelo governo para conseguir exercer o direito ao voto. Com isso, ocorrem manifestações e rebeliões, e devido à composição mestiça das tropas, muitos consideravam o risco destas se juntarem aos atos de insatisfação, o que acabou gerando um descontentamento a classe dominante e o início de uma nova estrutura para a Segurança Pública. Mas tal crise só se concretizou em julho de 1831.
O clima de agitação que vinha desde abril culminou nos dias 12 e 13 de julho de 1831, com a sublevação, no Rio de Janeiro, do 26º batalhão de infantaria, apoiado, em seguida, pelo Corpo de Polícia. Aderiram à revolta os grupos populares ligados aos exaltados interessados numa reforma profunda da sociedade. Os revoltosos apresentaram as suas exigências: reforma democrática da Constituição; deportação de alguns senadores, militares e funcionários públicos nascidos em Portugal; suspensão da emigração portuguesa por dez anos; e exoneração do ministro da Justiça. (EGE, 2014, p.49). 
Em agosto de 1831 acontece a criação da Guarda Nacional, que buscava acabar com a desconfiança que existia nas tropas. Uma das providências buscava reverter pessoas que a classe dominante julgava de confiança. Para se recrutar, tinha que ter a renda no valor mínimo de 200 mil-réis e os seus oficiais iam ser escolhidos por eleições internas. Assim a elite conseguiria de volta o controle sobre suas tropas.
Avançando um pouco mais, o ano de 1889 foi marcado pela Proclamação da República e a Abolição da Escravatura, que desencadeou um crescimento urbano intenso, e deste modo, uma maior alteração de diferenças entre as classes, o que levou às mudanças nas instituições policiais.
A polícia do período da ditadura
Em 1930, Getúlio Vargas assume o poder, com um regime autoritário e usa a polícia para concretizar tal regime. Neste momento, começa a perseguição as classes que eram julgadas como inimigas do Estado�.
Durante a Ditadura Empresarial-Militar, a polícia tinha o papel de cuidar da oposição política, e era altamente repressiva, ressaltando o uso da tortura e a subordinação direta as Forças Armadas. Durante esse período, a polícia civil foi extinguida e seus efetivos passaram a fazer parte da polícia militar.
Depois de um longo período, com o fim da Ditadura Militar, aconteceram mudanças no âmbito de segurança pública. Com isso, também foram desencadeadas mudanças na polícia, numa tentativa de mudar a identidade de repressora e inimiga da sociedade.
A ordem constitucional erigida a partir de 1988 elegeu entre seus objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza, a redução das desigualdades sociais e o respeito à dignidade da pessoa humana. (SOUZA, 2011, p.9).
Segundo Ege (2014), a história da Polícia, como exposto anteriormente, ocorreu desde a colonização do Brasil, mas não existem muitos relatos formais de sua fundação, pois até 1960 existia apenas um registro oficial do surgimento da mesma e tal registro foi feito por policiais, ou seja, não continha muitas informações. Estabelecendo a discussão para um tempo mais atual, deve ser levado em conta que, a vontade e a possibilidade de estudar a história da polícia era restrita, e não acontecia uma aproximação das universidades com a polícia, e vice e versa. Mas isso acontecia, principalmente, pelo lado da própria polícia, que demonstrava desconfiança perante a essestipos de coletas de dados, por conta da formalidade e exigências que faziam, para ter certeza de que tais pesquisas estariam de acordo com a concepção de seus comandantes.
Quando a polícia surgiu, foi com o intuito de atuar como uma parte da política – com o enfoque de gerar informações sobre o povo e de qualquer tipo de manifestação/movimento social – e com a preocupação de manter as condições de produção e reprodução das demandas, que eram geradas pela desigualdade de classes. Essa foi a ideia na teoria, o que fora planejado, mas quando, de fato, foi colocado em prática, para manter esse segundo intuito de trabalho, começou a ser uma polícia mais opressora e punitiva, especialmente com as classes mais desfavorecidas. 
Hoje a polícia não invade mais os quilombos, agora invade as favelas. Antigamente, nos quilombos aconteciam concentração do povo negro e dos mais renegados de acordo com a forma de sociedade vigente. No cenário atual, a maioria dessas pessoas estão localizadas nas favelas, local onde se concentrou a classe pauperizada, que na verdade nem mudaram seu lugar, apenas receberam um novo nome e estrutura. 
Seguindo a linha de pensando de Ege (2014), de certa forma o Estado usa a polícia como uma resposta “civilizada” – por ser de um Estado democrático – às demandas e insatisfações públicas. Em relação a violência, a percepção civilizada não dialoga com a concepção deste Estado, que apoia opressão e punições sem critérios, como forma de resposta a tais demandas, ou seja, ocorre uma percepção contraditória do papel real da polícia perante a sociedade. 
A polícia civil e o Programa Delegacia Legal
A Polícia Civil, inicialmente, era chamada de Intendência Geral de Polícia da Corte, e com a Constituição Federal de 1969, finalmente foi estabelecido o papel para cada instituição de polícia, e com isso, coube ser o papel de funcionalidade da Polícia Civil a função de polícia investigativa. Assim, passa a exercer menos o papel de uma polícia opressora, focalizando seu papel para o lado judiciário. 
Pós ditadura militar, em conjunto com as mudanças vividas pelo país, que regressava à democracia, vivenciou-se diferentes protagonismos. Primordialmente, movimentos sociais ganham destaque, e com base nas ideias de tais movimentos, começa-se o planejamento de novos direitos para a população, que consegue inserir suas demandas e ideias, para contribuir na construção da Constituição Federal de 1988. 
Em contrapartida, com o neoliberalismo se instaurando de fato, acontecem as grandes e profundas mudanças no mercado de trabalho, devido ao grande volume de privatizações, em sintonia com o processo de industrialização e globalização. 
Os reflexos deste desenvolvimento podem ser vistos nos dias atuais, acentuados pela crise que tem início nos anos 1970, com o processo de reestruturação produtiva, por exemplo, nas chamadas novas formas de trabalho onde vemos cada vez mais o trabalho formal perder espaço para as ocupações ‘informais’; e isto não significa apenas que o mercado de trabalho formal esteja saturado, mas também – e principalmente – o rebaixamento do custo de reprodução da força de trabalho, a precarização das condições de trabalho e a perda dos direitos conquistados pela classe trabalhadora. Neste contexto de hegemonia do neoliberalismo, o Estado cede seu espaço de responsabilidade para o ‘mercado’ acentuando a precarização das relações de trabalho. (MARCONDES, 2010, p.29).
Se tratou de uma época de grandes mudanças sociais, culturais, da forma de se viver e expressar. As mudanças no mercado de trabalho deixaram diversos indivíduos a margem do emprego formal, dos chamados subempregos e do desemprego, que em grande maioria são aqueles da classe subalterna, negra e de periferia deixando mais visível a sociedade de classes. 
Na década de 1990, as estruturas das delegacias que já eram precárias, foram piorando, e os recursos e materiais para atendimento continuavam a não corresponder ao cotidiano de trabalho por conta de ter que fazer o atendimento a população com uma carceragem no mesmo local, faltavam recursos mais avançados de recolhimento de dados para melhorar a dinâmica do atendimento e as investigações e até mesmo recursos básicos para o funcionamento de qualquer instituição. 
Assim, os policiais apresentam um precário atendimento, menos ocorrências abertas e cada vez mais o número de investigações diminuía, pois faltavam recursos administrativos, e também de infraestrutura para dar continuidade nos atendimentos, e algumas vezes não conseguiam ao menos fazer o primeiro atendimento, não que tivesse todo essa aparato estrutural antes, mas com as demandas da sociedade se modificando e tendo que ter uma resposta mais rápida, eles começaram a perceber tais falhas, segundo relato do policial entrevistado.
Segundo Coelho (2006) diante da precarização interna, da pouca qualidade dos serviços, da população não conseguir acessar o que era oferecido, a sociedade ainda não confiava no trabalho policial, e com isso, havia-se a crença que isso tinha acarretado problemas institucionais. O autor cita que muitos crimes cometidos não chegavam ao conhecimento da polícia, devido à desconfiança que a população tinha, de sofrer algum tipo de consequência negativa. 
Assim, perante o cenário, em 1999, Antony Garotinho ao tomar posse do seu cargo de Governador do Estado do Rio de Janeiro, campanha no qual, foi baseada na proposta de repasses financeiros para a segurança pública e a assistência social, propõe mudanças no aparato institucional.
De acordo com Coelho (2006) foi decretada “falência”� institucional da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Diante de tantas adversidades que surgiram, o Governo do Estado criou um projeto denominado Política de Segurança Pública Integrada (PSPI)�, que dele surgiram vários outros subprojetos que foram elaborados visando melhorar o sistema de segurança pública do Estado e um deles foi o Programa Delegacia Legal. E na teoria, tudo isso foi criado com o intuito de uma instituição policial mais democrática, baseada nos direitos humanos, sendo mais inovadora e inteligente.
Segundo o texto de Rodrigues (2008), o então governador fez aquisições significativas de novos equipamentos para a polícia, como armas, carros, veículos blindados, helicópteros, entre outros. Realizou também concurso para polícia civil e militar, colocou câmeras nas ruas da zona sul da cidade do RJ e reformou diversas delegacias, junto com o Programa Delegacia Legal. O que juntas, pareciam mudanças significativas na segurança pública, na prática continuou-se com ações de cunho punitivo sem respeitar o direito do cidadão, principalmente quando o atendimento era direcionado as classes menos favorecidas.
De acordo com a entrevista da assistente social A, as delegacias continuavam a ser um lugar no qual a população não tinha a confiança de entrar. Mesmo com a sua remodelagem, de um programa voltado para melhoria e humanização do atendimento, levou um tempo para a população começar a sentir que podia ter algum tipo de confiança. 
O Programa Delegacia Legal, teve seu projeto piloto implementado em 29 de março de 1999, no Rio de Janeiro�. 
O nome ‘Delegacia Legal’ remete a uma questão: as outras delegacias são ilegais? Sim, elas são ilegais, simplesmente pela existência de celas para a permanência de presos em suas dependências aguardando julgamento, constituindo uma ilegalidade. E uma prática ilegal que se tornara legitima por ser fato cotidiano na vida dos brasileiros, pela total incapacidade da estrutura carcerária do país.� 
O Programa tinha o intuito de uma completa ruptura com o modelo tradicional, buscando melhorar o atendimento, para responder às demandas dos usuários e uma qualificação, com o tripé de confiança, coleta e processamento de dados, assim criando um ambiente de trabalho com planejamento, monitoramento e avaliação de desempenho.
Uma das mudanças eram as estruturais, com a intenção de criar um ambiente mais convidativo e funcional para o cidadão e o serviçoprestado. Na intenção de um ambiente mais convidativo, houve o fim das carceragens, as delegacias passaram a ser integradas por computadores e sistemas específicos, facilitando a prestação de serviço, entre melhorias administrativas e treinamentos específicos para a equipe. E uma das mudanças também foi a criação de casas de custódias, espalhadas em várias regiões do Estado, para que os presos não tivessem que conviver no interior das delegacias e juntamente com o atendimento à população, como se tal solução fosse realmente tornar o ambiente onde a população se sentiria à “vontade”.
No programa, também se oficializou o Grupo Executivo do Programa Delegacia Legal, que cuidava do gerenciamento administrativo de todas as delegacias, sendo responsável também pelas contratações, treinamentos e supervisões dos profissionais e também dos estagiários (que ficaram responsáveis de recepcionar os usuários nas delegacias), o enfoque do grupo, por fim era fazer um gerenciamento empresarial nas delegacias, transformando-as em empresas, pois acreditavam que assim, o atendimento, o trabalho e a organização das delegacias, baseados em um perfil empresarial, funcionaria de forma mais eficiente, portanto, outra mudança significativa ocorre quando os policiais não trabalhavam mais fardados, mas sim de roupas civis formais.
De acordo com Coelho (2006), com a implementação do programa, acreditaram fielmente que tinham conseguido transformar o ambiente das delegacias em um local de prestação de serviço à comunidade, abandonando o modelo de insegurança para a população. Sendo que melhorar o ambiente com novas decorações e estagiários na recepção, não seria o que iria acabar com o “medo” da população e acabava mascarando momentaneamente os principais problemas. 
Uma das questões apresentadas por Coelho (2006), era que como alguns policiais não sabiam lidar com o sistema de coleta de dados para iniciar um atendimento, levava o policial a convencer o indivíduo que aquilo que ele estava indo ali fazer, não era necessário ser feito.
De acordo com o policial civil entrevistado para este trabalho, verificou-se nesse período um aumento no número de prisões, grande parte, pelos usuários que iam em busca do serviço. Porque com esse novo sistema, todas as pessoas que iam até a delegacia buscar qualquer tipo de serviço, passavam por uma verificação dos seus dados no sistema, ou seja, era levantada a sua ficha pois as delegacias agora estavam ligadas por um sistema de computador, e, se a pessoa já tinha sido fichada em um outro momento e não tivesse cumprido a pena determinada, eles conseguiam ter acesso a tal informação e assim executar a pena. Com isso, é perceptível um novo tipo de estratégia para aumentar o número de prisões.
De acordo com entrevista realizada com a Assistente Social A, conseguimos chegar à conclusão de se tratava de uma proposta que era para tornar o ambiente mais acolhedor para a população, tornou-se mais uma vez um ambiente de opressão, por mais que o usuário tenha algum tipo de registro em sua ficha, esse levantamento de dados não poderia ocorrer sem a autorização deste. E ainda apresentam essa proposta, com orgulho de que aumentou o número de prisões.
Nesse banco de dados, contém identificações criminais, ligadas ao Ministério Público, ao Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro e ao Detran.
Outro dado que foi constatado durante os estudos para elaboração desse trabalho, foi que houve uma queda significativa no número de registros de ocorrências, em relação ao modelo anterior. Isso está diretamente ligado à uma das mudanças sobre a atuação profissional do policial e nem tanto ao levantamento dos dados dos usuários, porque por mais que isso acontecesse, a procura da população as delegacias não diminuíram. 
Segundo o policial entrevistado, ele relatou que no antigo modelo, a atuação do policial era de que quando acontecia o registro de uma ocorrência, o policial registrava e encaminhava aos diversos setores de investigação existentes na delegacia, e agora quando o policial faz o registro da ocorrência, fica sob sua responsabilidade, até o final da investigação, o que acaba acarretando em quanto mais ocorrências o policial abrir, mais trabalho ele terá e num prazo de tempo maior. O que levou a uma prática errônea, preguiçosa e de descaso com a população da parte dos policiais, que estes chamavam de “bicar ocorrências”.
Com isso, é possível observar que a ineficiência da polícia continua existindo ainda de forma muito evidente. Não adiantou mudar o sistema e o gerenciamento, sem nem ao menos pensar se realmente seria eficiente na prática, desvinculando, desta maneira, o que é intrínseco de sua atuação nesta sociedade.
	O suposto fim do programa delegacia legal
Quando se fala no fim, não é que o programa foi encerrado pela Secretária de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, mas que está ocorrendo uma desestrutura do programa conforme entrevista com o policial civil. De acordo com ele, não há a manutenção do prédio, os equipamentos também não passam por manutenção ou atualização, houve a redução de funcionários, principalmente os funcionários da área social. 
Desde a sua elaboração, o Programa Delegacia Legal já apresentava falhas e propostas que não chegaram a ser concretizadas. E com o passar do tempo e a troca de governos, o programa foi sendo colocado de lado e outras preferências surgiram. Tanto, que no próprio site da Delegacia Legal, constam unidades que ainda estão em obras, informando de maneira pouca clara algumas notícias sobre tal situação. 
Sancionada pelo governador Sérgio Cabral e publicada na edição do dia 1º de dezembro do Diário Oficial, a Lei nº 5.336 de 28 de novembro de 2008, que autoriza o Governo do Estado a contratar operação de crédito no valor de R$ 157 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, vai garantir a conclusão do Programa Delegacia Legal. Será a primeira vez no país que o BNDES abre uma linha de crédito para projetos na área de segurança pública. Os recursos vão garantir que o Governo do Estado, através do Grupo Executivo do Programa Delegacia Legal (órgão vinculado à Secretaria de Obras). (Página da web da Polícia Civil, www.policiacivilrj.net.br, 2018). 
Sendo que isso ocorreu no ano de 2008 e até hoje não existe uma conclusão definitiva do programa, pelo contrário, hoje no ano de 2019 o programa não está ativo, e algo que já vinha ocorrendo com o passar dos anos, desde da primeira liberação de verba que aconteceu no inicio do programa no governo de Antony Garotinho. 
Em entrevista com o policial civil, que atua internamente da 128º DP da cidade de Rio das Ostras, o programa Delegacia Legal reduziu-se apenas a carcaça do prédio, não há funcionários para fazer a manutenção e nem qualquer outro serviço ou atendimento.
Existe uma precariedade nos materiais de trabalho, na estrutura e na atualização profissional. De acordo com reportagem do G1 de 01 de Abril de 2017.
O sistema de informática pra registro de crimes nas delegacias do Rio de Janeiro pode sair do ar a qualquer momento. Como mostrou o RJTV deste sábado (1º), o contrato com a empresa terceirizada responsável pelo serviço terminou e não foi renovado. O aviso de que o sistema de registro sairia do ar foi publicado no boletim interno da Polícia Civil nesta sexta. (Reportagem do site G1, www.g1.globo.com, 2017). 
O atendimento estava acontecendo por meio de um sistema que tinha/tem o intuito de facilitar o armazenamento de dados e a agilidade do trabalho do policial e agora está sofrendo as consequências do abandono do Estado junto ao programa e ainda se trata de um sistema que foi difícil a sua introdução por conta de não terem dado treinamento adequado aos policiais para mexer no mesmo, e agora, simplesmente por falta de verba, que já era pra ter a destinação certa ou já estar pago tal sistema, a delegacia corre o risco de perder e também perder a comunicação direta com o Poder Judiciário, e comas outras delegacias, que foi um dos maiores destaques que deram quando o programa foi criado. 
O que era para ser um ambiente acolhedor para o cidadão, está voltando para a estaca zero e a população continua a não se sentir à vontade e a não ter confiança no atendimento que irá buscar. 
De acordo com o policial entrevistado, nem limpeza mais existe nos prédios, pois agora trabalham na maioria deles apenas os policiais e se quiserem ter um serviço de manutenção ou qualquer outro profissional que possa colaborar para os atendimentos e funcionamento adequado, o delegado precisa fazer um pedido a prefeitura da cidade de onde está localizada a delegacia e tentar fazer uma parceria de prestação de serviço para conseguir manter tudo funcionando.
E volta-se à estaca zero também sobre um atendimento mais humanizado, porque os profissionais da área de estudos sociais, que não conseguiam exercer a sua função profissional, agora nem estão mais presentes.
A conclusão que se consegue chegar, assim sendo, é que o Programa Delegacia Legal foi simplesmente um projeto de uma campanha política específica. Quando Antony Garotinho assumiu o cargo de Governador do Estado do Rio de Janeiro, teve como carro chefe da sua campanha uma proposta de grande melhoria para a Segurança Pública do Estado. Mas, como sempre é possível observar na política brasileira, geralmente um projeto criado sob o mandato de uma pessoa, quase nunca dá continuidade quando acontece a troca, os problemas de violência, saúde e educação continuam os mesmos e na verdade, cada vez mais se agravando, e ao invés de continuar uma proposta que de fato possa melhorar, preferem deixar de lado e lançar novas propostas, no discurso que aquilo foi uma ideia que surgiu e foi colocada em prática durante o seu mandato, que sempre no papel é uma proposta, que tem tudo para dar certo e, desta forma, ilude a população de que agora a solução realmente apareceu e vai ser colocada em prática, mas quando chega no dia a dia, acontecem os mesmos ou piores erros de todas as outras. 
“O que pode ser feito é torcer e lutar agora, torcer e lutar pela legitimação do programa e que realmente ele não termine. Temos que lutar pelos nossos direitos como cidadãos e os próprios policiais tem que aderir a um posicionamento quanto a melhora do seu ambiente e condições dignas de trabalho” (Policial entrevistado).
 As consequências de um programa falho
Segundo o então governador Garotinho, este programa foi desenvolvido com o objetivo de proporcionar à polícia civil um salto de modernização em seus serviços - em particular, o de investigação criminal para que pudesse ‘vencer o desafio da impunidade’ que advém das dificuldades da polícia para estabelecer a autoria dos crimes, produzir provas e prender os criminosos. Porém, constata-se hoje que, apesar de toda a modernização que disponibilizou recursos avançados de tecnologia interligando todas as delegacias a uma única central de dados, o principal objetivo do projeto, ou seja, a melhoria nos índices de investigação criminal, não foi alcançada. Há dez anos o índice de elucidação de homicídios era de 7,8% e hoje é de apenas 1,5%. Procura-se respostas para a queda brutal da elucidação desses crimes o que contradiz com o aumento de prisões efetuadas pela polícia neste mesmo período. (RODRIGUES, 2017, p.13).
Quando se fala em consequências terão várias. Soluções de casos necessariamente não determina a quantidade de prisões feitas pela polícia. Um exemplo da falha do programa, foi a modernização e instalação de um sistema para coleta de dados de uma ocorrência ou qualquer outro atendimento/acontecimento da delegacia. Como o avanço digital chegou nas delegacias, mudou bastante a dinâmica de trabalho com toda essa modernização, de acordo com o policial entrevistado, a maioria dos policiais não sabiam lidar com o sistema ou quando fazia, era bem burocrático e acabava gerando uma certa lentidão. Então muitas vezes os policiais julgavam casos que na concepção deles não tinha tanta importância e simplesmente mandavam as pessoas embora, sem resolver nada. 
O programa foi apenas colocado em funcionamento, sem uma aplicação devida ou treinamento da equipe para conseguir uma boa comunicação e troca de conhecimentos para auxiliar nas demandas diárias e de fato fazer a integração de uma equipe interdisciplinar, que iria trabalhar realmente em conjunto, em prol de um atendimento completo para a população.
A preocupação do Estado era apenas criar uma solução imediata, com um nome que chamasse atenção e fizesse a população ter a familiaridade e uma melhor aceitação com a polícia. 
E então eles colocaram a responsabilidade administrativa para o Grupo Executivo�, com o intuito de tentar passar que a segurança pública estava buscando ter uma vertente mais empresarial, que cuidava do planejamento, da coordenação e do gerenciamento administrativo das delegacias, que já haviam tido o programa implementado. E mesmo com esse grupo cuidando de toda a parte administrativa e do treinamento da equipe, o erro continuava, ou seja, dinheiro gasto com uma administração completamente falha, que está fazendo apenas um papel representativo de que agora as delegacias vão funcionar de forma positiva.
Dessa forma, com esse panorama, o Programa Delegacia Legal com sua proposta de um atendimento policial que respeite aos direitos humanos e de cidadania comporta uma forte contradição, ocasionando, portanto, uma permanente tensão no trabalho do Serviço Social, por exemplo, tema que abordaremos no próximo capítulo.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA DELEGACIA LEGAL
O serviço social no âmbito sócio jurídico
O termo “sociojurídico foi vinculado pela primeira vez ao Serviço Social brasileiro no momento de composição do número 67 da revista Serviço Social & Sociedade, editada em setembro de 2001, quando inaugurava-se a série de Números Especiais desse periódico. A elaboração do referido número ocorreu após solicitação do editor, José Xavier Cortez, de que a assessoria editorial da área, fizesse um projeto para a edição de números especiais da revista voltados especificamente para temas com os quais os assistentes sociais estão confrontando diretamente em seu cotidiano profissional. (Borgianni, 2013, p.408)
Nesse referido momento a categoria percebeu que a área de atuação sócio jurídica estava crescendo e ficando em evidência, mas também percebeu que estava faltando uma discussão maior sobre o assunto. Em 2002, de acordo com Borgianni alguns Conselhos Regionais de Serviço Social deram início a criação de Comissões Sociojurídicas, que seriam compostas por assistentes sociais que já estavam atuando nessas instituições que tinham o contato direto com a garantia de direitos e o jurídico.
E em 2004 aconteceu o I Seminário Nacional do Serviço Social no Campo Sociojurídico, que teve suma importância e contribuição para a área que até pouco tempo não era tão explorada, assim conseguindo trazer um diálogo sobre a atuação nesse campo e troca de experiências. Pois era e é de extrema importância se atentar sobre e ter um olhar mais cuidadoso para os desafios que esse campo oferece a categoria profissional.
Na oportunidade chamei a atenção para algo que marca muito o trabalho de qualquer assistente social – ou de outro trabalhador que tenha que desempenhar suas funções de “perito” nesse “campo” - , que são as determinações complexas que emanam das polaridades antiéticas próprias da esfera jurídica, por exemplo, aquelas que considero uma das mais marcantes: garantir direitos em um espaço ou sistema que é também aquele onde se vai responsabilizar civil ou criminalmente alguém. (Borgianni, 2013, p.413)
Para a melhor compreensão do fazer profissional dos assistentes sociais no campo socio jurídico, é importante entender a trajetória que esta intervenção teve no cenário capitalista. Vinculand41o ao cotidiano profissional aspectos inerentes a esse sistema que contribuem para o que hoje conhecemos como prática profissional.Segundo Garcia (2011), o Serviço Social tem seu surgimento a partir das necessidades advindas do desenvolvimento do capitalismo no estágio monopolista (fase madura). A profissão de Serviço Social, assim como outras, se deu diante da crescente intervenção do Estado na regulação e reprodução social, por meio das políticas sociais. É nesse contexto e no surgimento de espaços no qual o assistente social se insere. 
Diante de inúmeras consequências de um sistema que sufoca a classe trabalhadora, o assistente social atua diretamente nas expressões da questão social que em síntese significa: lutas de classes engajadas pelas contradições entre burguesia e proletariado constitui o fenômeno chamado de questão social, que considera lutas de classes e se articula no interior das contradições econômicas e sociais. 
É na posição de formulação, implementação e gerenciamento de políticas sociais que o assistente social tem seu lugar na divisão sócio técnica do trabalho. Esse espaço ocupado pelo assistente social se dá como resposta a uma necessidade do Estado de contratar profissionais que executem tais atividades diante das sequelas da “questão social”. Um fato importante é que a intervenção profissional se efetiva diretamente com os segmentos com alto grau de exploração, que requisitam o trabalho do profissional diante de suas necessidades mais afloradas no cenário do capitalismo.
Pode-se afirmar que o Estado é o principal responsável não pelo surgimento (atrelado a Igreja Católica), mas pela profissionalização desta categoria, uma vez que ela se dá a partir da necessidade de agentes executores de políticas sociais públicas que respondessem de alguma forma as necessidades da classe trabalhadora.
Ao longo do processo de intervenção social no âmbito estatal/público, pode-se destacar a década de 1990 que representou “perdas” no âmbito da universalização dos direitos. É no cenário de contrarreforma do Estado (BEHRING, 2003), que emergem as novas configurações de proteção social e enfrentamento diante da “questão social” e suas sequelas.
O grande agravo em todo o processo de intervenção na esfera pública é o avanço do ideário neoliberal que enfraquece significativamente a intervenção estatal no que diz respeito às políticas sociais e consequentemente os interesses da classe trabalhadora. Essa onda neoliberal traz retrocesso no que diz respeito à expansão dos direitos como também impactos diretos para a prática profissional dos assistentes sociais (BEHRING, 2003).
Diante dos cortes nas políticas sociais, os agentes executores (assistentes sociais) sofrem impactos diretos. Nesse sentido ocorre uma desresponsabilizarão por parte do Estado e transferência para a sociedade civil, com isso tem-se o crescimento de ONG’S (Organização não governamentais), que acabam por executar funções antes postas ao Estado.
É no bojo dessas questões e rebatimentos históricos que o profissional do Serviço Social concretiza sua intervenção. As formas de enfrentamento da “questão social” dadas pelo Estado interferem diretamente na prática profissional, exigindo deste um caráter criativo de interação com outros profissionais e com outros aparelhos do Estado, fazendo sua prática crítica e ampliada. 
E quando dizemos prática ampliada, isso se encaixa na sua recente atuação no campo socio jurídico. A atuação profissional no âmbito sócio jurídico começou no Juízo de Menores na cidade do Rio de Janeiro, emergente, diante do agravamento dos problemas relacionados à ‘infância pobre’, à ‘infância delinquente’, à ‘infância abandonada (CFESS, 2014). O Serviço Social é incorporado a essa instituição como uma das estratégias de tentar manter o controle almejado pelo Estado sobre esse grave problema, que se aprofundava no espaço urbano. Ao longo do tempo a profissão se inseriu em outras instituições como Defensoria Pública, Ministério Público, Tribunal de Justiça, instituições policiais etc. 
 Como em todas as instituições que o assistente social está inserido, no campo sócio jurídico, a importância da sua atuação era a de garantir os direitos dos cidadãos, só que a demanda que recebia não ia de acordo com o que o Estado determinava ser feito, muitas vezes limitando a sua intervenção pelos instrumentos e espaço que disponibilizava para colocar em prática o seu trabalho.
Instalam-se, assim, os fundamentos do Estado burguês, em que as soluções dadas são de sua legitimação, em um esforço de ocultar as conexões determinadoras das realidades sociais, baseadas em um desenvolvimento societário pela via da exploração e das diversas formas de dominação e opressão. (CFESS, 2014, p.15)
O trabalho do assistente social na política de Segurança Pública, vincula-se a garantia dos direitos ao cidadão que está sendo atendido, num espaço que quase sempre seu direito é negado somado ao abuso de autoridade por parte dos policiais. Entende-se que,
O Serviço Social é uma profissão que se insere na divisão social e técnica do trabalho, tendo como objeto de trabalho a questão social que se constitui no conjunto das desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais que atingem a população. A partir do aprofundamento das expressões da questão social, novas demandas foram postas para o/a assistente social como a formulação, planejamento e avaliação das políticas públicas, exigindo do/a profissional uma constante qualificação ético-política, teórico-metodológica e também técnico-instrumental para que assim o/a mesmo/a seja capaz de desvendar as particularidades da realidade contraditória na qual atua e deste modo, formular propostas de intervenção mais concretas. (LIMA, 2014, p. 9)
Pelo Serviço Social se tratar de uma profissão liberal, o exercício profissional acaba sendo tensionado pela compra e venda da sua força de trabalho, o que acaba interferindo na autonomia profissional, pois o assistente social tem as demandas da instituição que o está contratando e ainda assim, colocar o seu conhecimento profissional, de acordo com o projeto ético-político profissional e seu conhecimento adquirido durante e depois da formação. O que não deixa de ser mais um desafio diário.
O fazer profissional sempre tem que ser aprimorado. Pois isso acontecendo, o profissional se torna mais apto para conseguir responder as demandas que são colocadas, usa os instrumentos da profissão de melhor forma, resumindo, se tornará um profissional devidamente capacitado para responder os desafios e as dificuldades que lhe são colocadas. 
 A inserção e atuação do assistente social no Programa Delegacia Legal
Sabe-se que a polícia não pode lidar sozinha com os problemas da sociedade, até mesmo porque não cabe aos policiais todas as atribuições que são necessárias para o atendimento correto à população, como em relação a área dos estudos sociais, e é neste momento que o Grupo Executivo do Programa Delegacia Legal percebeu a necessidade de uma equipe interdisciplinar, com diversos profissionais, dentre eles, o assistente social. Na polícia o assistente social irá trabalhar com as expressões da “questão social” em suas mais variadas expressões cotidianas, em que envolve sujeitos que vivenciam a todo instante as desigualdades sociais, que procuram os serviços nas delegacias, neste momento são direcionadas para o Serviço Social. E nesse trabalho, o profissional deve usar de sua criatividade, autonomia e instrumentos que lhe cabem, para exercer o atendimento de acordo com a demanda que é posta.
O assistente social trabalha para a comunidade e com a comunidade. Sempre buscando usar da mediação e intervenção, junto com o acompanhamento e orientações, subsidiando as ações da comunidade, garantindo o acesso da comunidade à justiça gratuita e informando sobre os direitos sociais e individuais. Buscando conjuntamente com sua equipe, desenvolver a consciência cidadã do usuário e formas de enfrentamento para tais questões.
Quando o Programa Delegacia Legal foi criado, a ideia era de uma polícia mais humanizada, com isso perceberam que havia a necessidade de compor uma equipemultidisciplinar, composta por profissionais qualificados a lidar com as demandas e fazer atendimentos mais específicos com o público.
De acordo com Forte (2002), a inserção do Serviço Social, nesse campo de trabalho, foi umas das primeiras experiências em atuação junto com a delegacia, para atendimento do público. O Serviço Social foi introduzido pela primeira vez em delegacias policiais em 1980, por meio das lutas de mulheres em torno da violência de gênero. Mas a atuação profissional ficou restrita as unidades que tinham uma área especializada ao atendimento à mulher. Mais uma conquista através de luta e resistência da população e da classe profissional. Logo depois, houve a sequência de inserção em delegacias, que tinham a especialização na defesa do idoso e proteção à infância e juventude.
E o atendimento geral à população, do Serviço Social nas delegacias de polícia, realmente só aconteceu com o Programa Delegacia Legal. 
Do ponto de vista sócio histórico, podemos dizer que o Serviço Social e a Instituição Policial apresentam uma relativa aproximação, pois são requisitados para atuarem em uma mesma direção na sociedade capitalista brasileira — a direção posta hegemonicamente pelo Estado. São áreas de trabalho que atuam como dois dos múltiplos mecanismos que o Estado recorre para efetivar o controle da classe trabalhadora. Mesmo que seus agentes assim não o queiram, ou desloquem essa perspectiva em outra direção, historicamente, a sociedade capitalista engendra essa relativa interseção. (FORTE, 2002, p.10)
Já que a população não se sentia segura dentro de uma delegacia e também se sentia oprimida pelos policiais (que eram os únicos funcionários) por seus atendimentos com o mínimo grau de humanização, os assistentes sociais, psicólogos, e afins, entraram nesse cenário, devido à percepção que ter apenas essa especialização em delegacias com atendimentos a estes problemas específicos não estava dando conta, até porque a população precisava desse tipo de atendimento, para conseguir fazer um atendimento em que se sentisse acolhida e com confiança de ir até a delegacia buscar a ajuda que lhe é de direito.
Não obstante, observa-se que, simultaneamente, há distanciamentos e mesmo divergências postos pela configuração do trabalho profissional e, em especial, pela direção política que historicamente vem sendo engendrada pelas duas referidas áreas de trabalho. Ou seja, a instituição policial tem sua intervenção voltada diretamente para a perspectiva legal e física, com um marcado conteúdo ideológico, sem que, ao menos aparentemente, haja questionamentos coletivos desse conteúdo por parte de seus agentes. Além disso, praticamente, não reverberam nessa instituição as lutas dos setores organizados da sociedade civil em contestação à sua funcionalidade histórica. O Serviço Social, por sua vez, também carrega uma dimensão ideológica, pois intervenção que incide na concretização de determinadas legislações, especialmente as sociais, e na materialidade da vida da população trabalhadora, na medida em que se insere no quadro da prestação de serviços sociais pelo Estado. No entanto, embora em suas histórias ambos os setores citados carreguem forte dimensão ideológica, contrariamente à instituição policial, no Serviço Social há uma relação dinâmica entre a direção política da profissão e as lutas travadas pelas classes sociais na sociedade brasileira. (FORTE. 2002, p.4)
Quando o Programa foi criado, uma das maiores ênfases era deixar a estrutura do prédio da delegacia mais acolhedora e junto dessas mudanças no prédio, uma delas seria uma sala específica para o atendimento do Serviço Social e Psicologia. O que não passou de apenas uma promessa, porque os profissionais tinham que trabalhar na recepção, que é a porta de entrada da delegacia.
De acordo com a entrevista feita com a assistente social A, não tinha uma sala privada para fazer os atendimentos e por não ter um lugar adequado para dar continuidade ao atendimento, o assistente social fica restrito, pois o usuário não se sente à vontade de fazer o relato na frente de todos e ainda tem a consequência de o profissional não agir de acordo com o Código de Ética Profissional, porque naquele momento não tem como ter o sigilo necessário para fazer o atendimento.
Como o trabalho se dava por escala de plantões, o caderno de registro era bem precário, pois não tinha uma ficha padronizada para coleta de dados importantes para uma possível continuidade no atendimento. Então, os registros desse caderno eram passados de um plantão para o outro, com informações básicas.
Outro instrumento de trabalho era um sistema que foi criado junto com o programa, que servia apenas para armazenamento dos dados básicos, funcionando praticamente como o caderno de registros, só que em um sistema de computador, até porque uma das inovações propostas pelo Programa, era uma delegacia completamente computadorizada e atualizada nesse quesito de coleta de dados, com a justificativa de um melhor rendimento no trabalho e no armazenamento das informações do cotidiano.
O assistente social fazia o “primeiro atendimento” quando o cidadão chegava na delegacia. E ao realizar o primeiro atendimento que se caracterizava em apenas em inserir os dados da pessoa no sistema e assim direcionar para outra instituição ou apenas abrir a ocorrência. De acordo com a entrevista feita com a assistente social A, não tinha como fazer um atendimento mais específico, para conseguir saber, de fato, qual era a demanda que estava sendo colocada ali e a possibilidade de resolução. Isso não acontecia apenas pela inexistência da sala do Serviço Social, mas também porque o profissional trabalhava enquanto uma recepcionista.
Por conta do vínculo do assistente social, na delegacia de polícia, para o atendimento geral da população ser relativamente novo, os policiais não sabiam ao certo o papel do assistente social no funcionamento da instituição, tanto que, na maioria das vezes, realmente viam o assistente social como um recepcionista e não sabiam da capacidade de auxilio que poderiam dar em uma investigação ou a qualquer demanda posta no dia a dia.
Para os profissionais de Serviço Social que atuam no Programa, parte considerável dos policiais parece desconhecer os objetivos profissionais dos Assistentes Sociais, havendo uma resistência às ideias ‘respeito aos direitos humanos e a cidadania.’ Isso se manifesta desde o descompasso entre o atendimento social que procura ser rápido, e o atendimento policial que é lento, especialmente com a população trabalhadora pobre que procura a delegacia, submetendo-a a esperas prolongadas. Manifesta-se, também, pelo comportamento, geralmente, agressivo dos policiais, especialmente com a população ‘excluída’ que cometeu ou não algum crime. Essa resistência coloca-se de forma evidente, ainda, em relação à raça/etnia e aos casos relativos à violência de gênero. (FORTE, 2002, p.10)
Em entrevista com a Assistente Social B, ela relatou que, em relação ao trabalho de equipe multidisciplinar, na maioria das delegacias a comunicação entre a equipe acontecia de forma precária, por conta de a equipe ser composta por 80% de policiais, e ainda acontecia o fato de que alguns policiais não viam necessidade de profissionais de outras áreas atuando ali.
Nas equipes em que acontecia uma comunicação mais aberta, eram elaboradas reuniões de equipe para pensarem juntos em soluções para um melhor atendimento à população, discussões de casos, entre outras demandas da instituição.
Percebemos que a atuação do Serviço Social é completamente limitada, de todos os instrumentos que o assistente social aprende a utilizar ao longo da graduação e cursos de especialização, não se consegue utilizar quase nenhum deles. Por conta das limitações estruturais e do que era imposto para ser feito a partir da sua contratação.
De acordo com a Assistente Social A que trabalhou por um curto tempo no programa, depois de tantos obstáculos, ainda houve mais dificuldades. De acordo com ela, apósum tempo de funcionamento de tal Programa, a Secretária de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, decidiu que uma empresa terceirizada iria fazer a contratação dos profissionais e, não seria mais responsabilidade do Estado cuidar da contratação. Na Delegacia de Rio das Ostras, as profissionais trabalhavam por plantão de 12h por 36h e eram contratadas pela empresa terceirizada, como “técnica de atendimento” e não como assistente social e ainda enfrentavam o problema de atraso de salário, que acontecia com uma certa regularidade. 
A atuação do assistente social na Delegacia Legal de Rio das Ostras, era mais voltada para a área de Núcleo de Proteção a Mulher, mas faziam o atendimento social em todos os casos. Realizam o atendimento social, e tem a autonomia de realizar o encaminhamento necessário de acordo com a demanda do usuário. O prontuário gerado pelo atendimento social é feito diretamente no computador e lançado no sistema, configurando-se num trabalho mecanizado. Além disso, tinha que fazer um relatório mensal para o RH, para fazer as estatísticas dos casos recebidos pela delegacia. 
É perceptível a precarização em torno da atuação profissional e o próprio descaso da Secretaria de Segurança, e até mesmo dos próprios colegas de trabalho, que não conseguem notar a importância da atuação profissional nos atendimentos. Desta forma, se ressalta que os profissionais que atuam nessa área, tem que lutar pelos seus direitos e também pelos direitos da população que é atendida, mostrando que seu trabalho é mais que necessário e usando de sua autonomia relativa, seu conhecimento teórico, o Código de Ética Profissional, para legitimar a profissão nessa área de atuação.
Com esse panorama, o Programa Delegacia Legal com sua proposta de um atendimento policial que respeite aos direitos humanos e de cidadania comporta uma forte contradição, ocasionando, portanto, uma permanente tensão no trabalho do Serviço Social, uma vez que toca nos pontos de distanciamento e divergência entre essa profissão e a Instituição Policial. Desse modo, por fim, cabe ser observado que para o Serviço Social a contradição entre a possibilidade de vigência de direitos humanos e de cidadania e a concreta existência da cultura da violência policial, que perpassa o trabalho cotidiano no Programa Delegacia Legal, é uma questão fundamental, pois a profissão possui uma crítica sobre o desrespeito a tais direitos praticados na sociedade capitalista. (FORTE, 2002, p.8). 
Assim, para as profissionais entrevistadas a atuação do assistente social junto ao Programa Delegacia Legal foi de maneira mínima, gerando consequências negativas para a população, para os profissionais e para o programa. A exemplo, como já indicado, não há sala de atendimento o que seria de grande importância, pois o profissional teria como prestar um serviço de qualidade para os usuários, que está ali com uma demanda determinada para ser resolvida, mesmo que não se tratasse de um atendimento que teria uma continuidade, mas seria uma porta de entrada bem mais acolhedora para a população e também na resolução das demandas. Além do mais, o assistente social teria a autonomia de fazer um estudo social mais qualificado, fazendo um relato detalhado do acontecimento e usando das medidas necessárias para conseguir responder a demanda que está ali imposta.
Isso não iria auxiliar apenas a população, mas também o trabalho dos policiais em si e a própria investigação, pois o profissional estaria proporcionando um ambiente acolhedor, no qual o usuário se sentiria à vontade para fazer um relato completo sobre a ajuda que ele foi procurar na instituição e ainda teria acesso a uma interpretação social do caso.
Diante dessas diversas questões, cabe ao assistente social tentar fazer o máximo para viabilizar os direitos desse indivíduo, exercer a profissão nessa esfera policial, é um desafio diário e uma forma de resistência pelos direitos humanos.
A dimensão coercitiva do Estado, marca dessas instituições, constrói estruturas e culturas organizacionais fortemente hierarquizadas, e que encerram práticas com significativo cunho autoritário. ‘Arbitrariedades’ fazem parte da dimensão do ‘árbitro’, de quem dispõe de poder legitimado para exercê-lo ‘em nome de ‘bens maiores’: a ordem e a justiça. O poder de interferir e decidir sobre a vida das pessoas, de outras instituições, de populações ou até mesmo de países, a partir do uso da força física ou da lei, confere a tais instituições ou até mesmo de países, a partir do uso da força física ou da lei, confere a tais instituições características extremamente violadoras de direitos – mesmo quando o discurso que as legitima é o de garantia dos direitos. (CFESS, 2014, p.16)
O estágio curricular de Serviço Social no programa delegacia legal
O trabalho pioneiro de implantação do setor de Serviço Social em delegacias policiais no estado do Rio de Janeiro, se deu através de uma parceria com a Escola de Serviço Social da UFRJ e a Secretária Estadual de Policia Civil do RJ, junto com a criação do Programa Delegacia Legal, visando realizar uma melhor prestação de serviços e respostas às demandas da comunidade atendida nas delegacias.
Segundo a assistente social B, se tratava de um campo de estágio remunerado no qual muitas vezes o aluno ia para o campo estagiar, sem ter nenhum assistente social na delegacia para fazer a supervisão de campo ou também acontecia de ter um espaço de plantão sem o assistente social e eles colocarem o estudante para cobrir, sem nenhum tipo de supervisão para auxiliar em como proceder o atendimento.
Assim, o vínculo do estágio do curso de Serviço Social, junto com o programa serviu apenas para ser mais uma mão de obra barata, sem se preocupar com um atendimento de qualidade ou com a formação daquele futuro profissional. Com isso, o CRESS lança uma nota pública a respeito do estágio na Delegacia Legal. Como pode ser visto no apêndice B. 
O estágio supervisionado é uma atividade curricular obrigatória na maioria das universidades, para capacitá-lo em seu exercício profissional e em sua formação crítica com a implementação das políticas sociais e a “questão social”. 
Uma das muitas dificuldades encontradas em relação ao estágio na graduação de Serviço Social é a dificuldade de inserção no campo, pelo baixo número de vagas que são oferecidas, a baixa quantidade de profissionais que querem ser supervisores de campo, pois muito alegam que é muito “papel para preencher”, que além do trabalho dele, tem que cumprir com a toda a “burocracia” e também acontece que quando o estagiário consegue se inserir em um campo, acaba recebendo outras atribuições que não são referentes ao que ele está lá para cumprir, como fazer papel de um office boy, que é ficar tirando xerox, ficar na recepção entre outras coisas. Por isso que é necessário ter um supervisor de campo que saiba como funciona o plano de estágio e sua resolução e o diálogo com a instituição.
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CONCLUSÃO
Este trabalho possibilitou o entendimento de como funciona a atuação profissional do assistente social no Programa Delegacia Legal e, desta forma, foi possível perceber o quão é importante que o curso em Serviço Social adentre mais sobre a atuação na vertente sócio jurídica.
Para a compreensão e o conhecimento sobre o tema, foram traçados quatro objetivos. O primeiro, se baseava em conseguir analisar o processo de trabalho dentro da delegacia, o segundo, desta maneira, buscava tentar passar de forma objetiva e formal como funcionava o atendimento, e quais instrumentos são utilizados no seu cotidiano de trabalho. O terceiro era identificar os enfrentamentos que o assistente social encontrava no seu campo de atuação, e o quarto e último objetivo era o de buscar fazer uma análise a respeito da atuação profissional e da contratação do mesmo pelo Programa Delegacia Legal.
Mesmo com objetivos bem definidos, no decorrer da elaboração surgiram outros assuntos pertinentes, que eram necessários para conseguir fazer um entendimento completo dos motivosque levaram à atuação deste modo nos dias de hoje, ou seja, fazer uma linha do tempo sobre a história da polícia, para avaliar suas mudanças e o que isso trouxe em rebatimentos.
Tendo em vista os aspectos observados, é possível concluir que a precarização do trabalho está muito presente e necessita de uma construção coletiva para conseguir realizar uma mudança significativa dessa realidade.
E quando se fala em construção coletiva, baseia-se em um trabalho entre todos os profissionais envolvidos no programa, sinalizando que o papel do assistente social nessa construção de melhora é primordial, pois o assistente social tem a capacidade crítica de intervenção, buscando enfrentar o caráter opressor da polícia e de fato fazer com que a proposta de implantação do Programa Delegacia Legal funcione como realmente tem que ser.
Em pesquisas futuras, cabe maior aprofundamento da atuação do assistente social nas instituições policiais. É um campo de atuação que necessita ser aprimorado e refletido, que precisa de luta e resistência.
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APÊNDICE A
Perguntas feitas na entrevista com a Assistente Social:
- Como aconteceu a inserção do Serviço Social na polícia?
- A realidade do cotidiano de trabalho correspondia ao objetivo profissional do Serviço Social de acordo com o Programa Delegacia Legal?
- Quais os instrumentos de trabalho?
- Enfretamentos sobre trabalhar em equipe multidisciplinar (agentes da polícia).
- Como funciona o atendimento do profissional de Serviço Social com a comunidade.
- Como funciona o atendimento do agente de polícia com a comunidade.
- O que aconteceu depois da contratação terceirizada dos profissionais?
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APÊNDICE B
- Perguntas feitas na entrevista com o Policial da 128DP de Rio das Ostras:
- Como funcionava o cotidiano de trabalho?
- Como foi trabalhar no Programa Delegacia Legal?
- Qual percepção ele tinha do assistente social?
- Como integrante de uma equipe multidisciplinar, como ele observava o trabalho do assistente social?
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APÊNDICE C
05/05/09
NOTA PÚBLICA DE ESCLARECIMENTO
 
PROGRAMA DELEGACIA LEGAL
 
 
                 O Conselho Regional de Serviço Social – 7ª região, vem a público esclarecer sobre os procedimentos formais que culminaram no término do Estágio em Serviço Social em unidades no Programa Delegacia Legal a partir de 1.º de julho de 2009.
                 Diante do desconhecimento da existência de quadro funcional de Serviço Social no Programa em questão, foi solicitado formalmente ao Coordenador Geral do mesmo, a lista dos assistentes sociais, supervisores de campo, tendo em vista que: constituem atribuições privativas do Assistente Social: treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social; assim como: somente os estudantes de Serviço Social, sob supervisão direta de Assistente Social em pleno gozo de seus direitos profissionais, poderão realizar estágio de Serviço Social (Lei 8662/93 artigos 5, 6 e 14 parágrafo Único, respectivamente).   
                        Desta forma, fomos informados pelo referido Programa sobre a existência de três Assistentes Sociais contratadas para ministrar a supervisão para todos os estagiários de Serviço Social, sem, no entanto, estarem atuando como Assistente Social no Programa. Embora nos parecesse contraditório, tal fato nos foi confirmado em reunião realizada na Sede do Conselho em 10 de março com a presença de representantes da Fundação MUDES (empresa responsável pela seleção, recrutamento e contratação dos estagiários) e do Programa Delegacia Legal.
Nesta ocasião, fomos informados que, de fato, não existe o cargo de assistente social no referido Programa e que os profissionais contratados na função de técnico de atendimento social são graduados em Psicologia,Serviço Social, Pedagogia e Comunicação Social, todos realizando as mesmas atividades.
                        Cabe historiar, que o Serviço Social na década de 80, realizou um trabalho pioneiro de implantação do setor de Serviço Social em delegacias policiais no estado do Rio de Janeiro, através de uma parceria entre a Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Secretaria Estadual de Polícia Civil do RJ, tendo por objetivo realizar a prestação de serviços à comunidade atendida nas delegacias e abrir campo de estágio para os alunos da referida unidade acadêmica.
                O Serviço Social tinha como eixo fundamental o desenvolvimento da consciência do usuário, através da reflexão das situações apresentadas, buscando conjuntamente formas de enfrentamento para tais questões, em nível individual e/ou coletivo, tais como, desemprego, ausência de habitação, uso abusivo de drogas, conflitos conjugais e de vizinhança, entre muitos outros. Este projeto foi desenvolvido em 10 (dez) delegacias distritais e 3 (três) Delegacias Especializadas no Atendimento À Mulher. 
              Em 1988, foi constituído pela Secretaria de Estado de Polícia Civil, um Grupo de Trabalho composto por servidores do referido Órgão, representantes do CRESS/RJ e Escola de Serviço Social/UFRJ com a finalidade de elaborar projeto de criação do Quadro de Assistentes Sociais da Polícia Civil, bem como o programa do concurso público a ser realizado para o preenchimento dos respectivos cargos (Boletim de Serviço no. 200/SEPC/21/10/1988).         
              No entanto, em 1990, diante da ausência de resolutividade por parte da então Secretaria de Estado de Polícia Civil, para dar continuidade aos encaminhamentos do citado Grupo de Trabalho, a ESS/UFRJ encerrou o convênio com o referido Órgão estadual para manutenção do Projeto de Implantação de Serviço Social em Delegacias Policiais, uma vez que não cabia à universidade manter uma determinada prestação de serviços à população, que a priori seria responsabilidade do estado do Rio de Janeiro.
                O CRESS/RJ reconhece o Programa Delegacia Legal como um campo onde potencialmente emergem diversas expressões da questão social e, neste sentido, a exemplo de outras instituições públicas, deveria ratificar a relevância profissional dos Assistentes Sociais e de outras categorias profissionais, contratando efetivamente um corpo técnico para atuar dentro das suas competências e atribuições regulamentadas.
                Contudo, diante do atual quadro apresentado onde não há especificidade profissional, não é cabível a existência de estágio em Serviço Social, no intuito de preservar a qualidade da formação do corpo discente, face às próprias legislações e resoluções existentes.
              Ademais e de acordo com as Diretrizes Curriculares para o curso de Serviço Social homologadas pelo MEC em 04/07/2002 e das Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social (Resolução CNE/CES nº15), o Estágio Supervisionado uma atividade obrigatória que se configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio institucional objetivando capacitá-lo para o exercício profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita pelo professor supervisor e pelo profissional do campo, através da reflexão, acompanhamento e sistematização, com base nos planos de estágios elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações que oferecem estágio.
           Assim, considerando as prerrogativas legais previstas na lei de regulamentação da profissão de assistente social no Brasil lei 8662/93, nas Diretrizes Curriculares em vigor e principalmente na natureza do trabalho desenvolvido atualmente pelos chamados técnicos de atendimento social presentes no Programa Delegacia Legal, o CRESS deliberou na reunião supracitada pela suspensão do referido estágio a partir de 01 de julho de 2009, visando efetivamente preservar a qualidade da formação do corpo discente e garantir o atendimento de qualidade à população usuária conforme o Projeto Ético-Político do Serviço Social.
 
Conselho Regional de Serviço Social
7ª. Região
Gestão Ética, Autonomia e Luta
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APÊNDICE D
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APÊNDICE E
	Decreto Nº 25.599, de 22 de setembro de 1999
	 
	Altera o Decreto nº 23.001, de 18 de março de 1997, o Anexo II do Decreto nº 25.162, de 01 de janeiro de 1999, modificado pelo Decreto nº 25.205, de 05 de março de 1999, cria na Estrutura da Secretaria de Estado de Segurança Pública o Grupo Executivo do Programa "Delegacia Legal" e dá outras providências.
	O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições constitucionais e legais,
Considerando a necessidade de ser institucionalizado o Grupo Executivo do Programa Delegacia Legal com a formalização de sua estrutura orgânica;
Considerando ser imperiosa a centralização do gerenciamento, do Programa para fins de agilizar e otimizar as ações gerenciais, administrativas e operacionais e;
Considerando que o Programa possibilitará a contratação de serviços de terceiros e a celebração de convênios, bem como garantirá o fluxo de recursos orçamentários e financeiros;
D E C R E T A:
Art. 1º - Fica criado o Grupo Executivo do Programa Delegacia Legal, no âmbito da Secretaria de Estado de Segurança Pública, com a finalidade de:
* "Decreto 33.363/03
Art. 1º. ( . . . ) 
Parágrafo único - Na hipótese prevista neste Decreto não se aplicam as restrições estabelecidas pelo Decreto nº 15.122, de 19 de julho de 1990."
I - planejar, coordenar, controlar e integrar todas ações técnicas administrativas e operacionais necessárias à realização da forma física, da reestruturação administrativa e da otimização dos sistemas técnico-operacionais; (Com redação dada pelo Decreto nº 34.284, de 11.11.2003)
a) de 121 (cento e vinte e uma) delegacias policiais e das delegacias especializadas do Estado do Rio de Janeiro, que compõem o Programa Delegacia Legal, e  (Com redação dada pelo Decreto nº 34.284, de 11.11.2003)
b) dos Institutos de Identificação Félix Pacheco, Médico Legal Afrânio Peixoto, de Criminalística Carlos Éboli e de Pesquisa e Perícias em Genética Forense, bem assim dos órgãos de seus desdobramentos organizacionais, sem prejuízo das finalidades previstas no inciso VI deste artigo. (Com redação dada pelo Decreto n° 39.802, de 28.08.2006)
II.  acompanhar, modificar e oferecer manutenção técnico-operacional e administrativa às delegacias a que se refere o inciso anterior, bem como aos postos de polícia técnica, durante o prazo de implantação do Programa; (Com redação dada pelo Decreto nº 33.363/03)
III. adotar providências com vista à construção, montagem e manutenção de abrigos para mulheres vítimas de violência, e
IV.  estudar e oferecer propostas para a regulamentação e prestação dos serviços de competência das delegacias, fixando metas a serem atingidas e a forma de prestação de serviço, bem como determinar parâmetros para aferição e fiscalização de sua qualidade.
V.  planejar e adotar as providências pertinentes à construção das Casas de Custódia necessárias ao Programa Delegacia Legal. (Incluído pelo Decreto nº 27.519/00)
VI.  planejar, coordenar, controlar e integrar todas as ações técnico necessárias à implantação do Programa de Modernização das Atividades Técnico-Científicas da Polícia do Rio de Janeiro. (Incluído pelo Decreto nº 33.363/03)
Art. 2º. O item 16.2 do Anexo II do Decreto nº 25.162, de 01.01.99, alterado pelo Decreto nº 25.205, de 05.03.99, fica acrescido de 01 (um) cargo em comissão de Coordenador-Geral, símbolo DG e de 05 (cinco) cargos em comissão de Coordenador-Assessor, símbolo DAS-8, todos alocados no Grupo Executivo do Programa Delegacia Legal de que trata o art. 1º deste Decreto.
§1º. Dentre os cargos em comissão de Coordenador-Assessor, 03 (três) deverão ser ocupados necessariamente por um Administrador, um Delegado de Polícia e um Procurador do Estado, sem prejuízo de suas atribuições no órgão de origem quando

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