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Revolução francesa

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Revolução francesa
Introdução:
Damos o nome de Revolução Francesa a uma série de eventos ocorridos na França entre 1789 e 1799 que derrubou a monarquia absolutista, levando a burguesia ao poder.
Causas da Revolução Francesa:
- Descontentamento do Terceiro Estado (burguesia, trabalhadores urbanos, camponeses), que era a grande maioria da sociedade, com os privilégios da nobreza e do clero;
- Os integrantes do Terceiro Estado deviam pagar altos impostos, enquanto clero e nobreza eram isentos. Esta disparidade gerava muita revolta em grande parte da população;
 - Quase todas as terras do território francês estavam nas mãos da nobreza, fato que também gerava muita revolta na população;
- As pessoas que contestavam o absolutismo na França eram presas na Bastilha (espécie de prisão política da monarquia) ou enviadas para a guilhotina;
- Péssimas condições de vida enfrentadas pelos trabalhos urbanos (carga de trabalho elevada é baixos salários) e camponeses (viviam praticamente em situação de miséria);
- Elevados gastos da nobreza com luxo (festas, banquetes, roupas caras, jóias, etc.), enquanto grande parte da população vivia em péssimas condições de vida;
- Grande vontade da alta burguesia comercial em participar das decisões políticas da França. A burguesia queria também maior liberdade econômica, com pouca interferência do governo;
- Grande influência dos ideais iluministas, que defendia o fim do absolutismo, sobre os intelectuais e integrantes da alta burguesia.
Etapas da revolução: 
Revolta dos Notáveis:
Em 1787, o controlador geral das finanças, Callone, convocou a Assembleia dos Notáveis devido aos problemas financeiros do Estado. Tal Assembleia era formada por representantes do clero e da nobreza, denominados notáveis. A principal vantagem dessas duas ordens sociais era o não pagamento de impostos, e Callone deveria convencê-los a renunciar este direito. 
No entanto, a Assembleia não adiantou, pois os notáveis não abdicaram os seus direitos e ainda causaram muitas revoltas. 
Jacques Necker substituiu Callone, e este novo controlador convenceu Luis XVI a convocar a Assembleia dos Estados-Gerais, formada pelos notáveis e pelo terceiro estado (abrangia a pequena, média e alta burguesia). 
O clero e a nobreza eram privilegiados na votação, pois o voto era por estado social, ou seja, cada estado só poderia ter um voto dentro da Assembleia, assim essas duas ordens sociais votavam juntas contra o terceiro estado. 
Assembleia dos Estados-Gerais:
 O terceiro estado propôs votação individual na assembleia, mas os notáveis insistiam em votação por estado, e foram apoiados pelo rei. Tendo sua proposta rejeitada, o terceiro estado provocou uma manifestação, prometendo não cessar enquanto o rei não aceitasse uma Constituição que limitasse seus poderes. 
 Então o rei cedeu, ordenando que o clero e a nobreza se juntassem ao terceiro estado, organizando a Assembleia Constituinte. Os produtos alimentícios ficavam cada vez mais escassos, no campo e nas cidades as revoltas começaram a surgir. Espalhavam-se rumores de conspiração aristocrática e da realeza. O rei temia o seu futuro político, então decidiu mobilizar as tropas militares para conter as revoltas burguesas e populares. Em contrapartida, a burguesia organizou milícias populares para encarar as tropas reais.
No dia 26 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional constituiu a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, este documento defendia os seguintes pontos: liberdade, igualdade, inviolabilidade da propriedade, resistência à opressão política e direito à propriedade privada. 
 No ano de 1790, os bens do clero foram confiscados pela Assembleia Constituinte. Descontentes, os religiosos e a nobreza se refugiaram da França e organizaram exércitos no exterior para reagir à Revolução Francesa. 
Assembleia Constituinte Nacional:
A proclamação da Assembleia Nacional Constituinte na França ocorreu no dia 9 de julho de 1789.
Dois anos depois, em 3 de setembro de 1791, foi adotada uma Constituição que encerrava o Antigo Regime e estabelecia a Monarquia Constitucional na França.
A Constituição Francesa tinha como características principais:
Forma e Regime de Governo:
A monarquia seria o regime de governo, mas passaria a ser constitucional. A família Bourbon continuaria reinando e Luís XVI seguiria no trono.
O rei tinha poder de veto, era o Chefe das Forças Armadas e declarava guerra e paz.
Divisão de Poderes:
A Constituição estabelecia a divisão de poderes, tal como os iluministas defendiam. Assim, a França passou a ter:
Poder Executivo: exercido pelo rei
Poder Legislativo: 745 deputados
Poder Judiciário: juízes eleitos pelos cidadãos
Igualdade Civil:
Houve a abolição do feudalismo e foi proclamada a igualdade civil, ou seja, foram suprimidos os privilégios e as ordens sociais. Ainda assim, a escravidão foi mantida nas colônias.
Os protestantes e judeus são reconhecidos como cidadãos.
Voto Censitário:
Estabeleceu-se a forma de voto censitário baseado no critério econômico. Os cidadãos foram divididos em ativos, aqueles que poderiam votar; e passivos, que não participavam das eleições, como as mulheres, judeus e ex-escravizados.
Somente poderiam votar os homens, maiores de 25 anos, estabelecidos no mesmo endereço durante um ano e que pagassem um imposto equivalente a três dias de trabalho.
Votava-se para deputados nacionais, assembleias locais, juízes, chefes da guarda nacional e padres.
Por sua vez, para se candidatar era preciso ter uma renda equivalente a cinquenta dias de trabalho.
Trabalho:
Os grêmios e corporações de ofícios foram suprimidos, assim como o direito de associação e de greve dos trabalhadores.
Religião:
Em 1790 foi aprovada a Constituição Civil do Clero, no qual os padres passaram a ser funcionários civis subordinados e pagos pelo Estado. Igualmente, os padres deveriam prestar um juramento à Constituição.
Também foram confiscados os bens da Igreja, declarado o fim dos votos perpétuos e suprimidas as ordens religiosas.
Esse conjunto de leis foi ratificado pela Assembleia Constituinte de 1791 e incorporado à Constituição.
Durante a Assembleia Constituinte ocorreu a Queda da Bastilha ou Tomada da Bastilha, pelo povo de Paris, em 14 de julho de 1789.
Esta prisão simbolizava o absolutismo e arbitrariedade da justiça francesa.
Sua queda se transformou num marco para o processo revolucionário francês.
A data de 14 de julho é comemorada como feriado nacional na França.
O Terror (1792-1794):
Internamente, a crise começava a provocar divisão entre os próprios revolucionários.
Os girondinos - representantes da alta burguesia, defendiam posições moderadas.
Por sua parte, os jacobinos - representantes da média e da pequena burguesia, constituía o partido mais radical, sob a liderança de Maximilien Robespierre.
Foi assim instalada a ditadura jacobina que introduziu novidades na Constituição como:
Voto universal e não censitário;
Fim da escravidão nas colônias;
Congelamento de preços de produtos básicos como o trigo;
Instituição do Tribunal Revolucionário para julgar os inimigos da Revolução.	
Nessa altura, foram ordenadas a morte, pela guilhotina, de várias pessoas que eram contra a revolução. As execuções tornaram-se um espetáculo popular, pois aconteciam diversas vezes ao dia num ato público.
O próprio rei Luís XVI foi morto desta forma em 1793. Meses depois a rainha Maria Antonieta também foi guilhotinada. Essa fase, entre 1793 e 1794, é conhecida como “O Terror”.
A Lei dos Suspeitos aprovava a prisão e a morte cruel dos antirrevolucionários. Nessa mesma altura, as igrejas eram encerradas e os religiosos obrigados a deixar seus conventos. Aqueles que recusavam eram executados. Além da guilhotina, os suspeitos eram afogados no rio Loire.
Para os ditadores, essas execuções eram uma forma justa de acabar com os inimigos. Essa atitude causava terror na população francesa que se voltou contra Robespierre e o acusou de tirania.
Nessa sequência,após ser detido, também Robespierre foi executado na ocasião que ficou conhecida como “Golpe do 9 Termidor”, em 1794.
Diretório (1794-1799)
A fase do Diretório dura cinco anos de 1794-1799 e se caracteriza pela ascensão da alta burguesia, os girondinos, ao poder. Recebe este nome, pois eram cinco diretores que governavam a França neste momento.
Inimigos dos jacobinos, seu primeiro ato é revogar todas as medidas que eles haviam feito durante sua legislação.
No entanto, a situação era delicada. Os girondinos atraíram a antipatia da população ao revogar o congelamento de preços, por exemplo.
Vários países europeus como a Inglaterra e o Império Austríaco ameaçavam invadir a França a fim de conter os ideais revolucionários. Por fim, a própria nobreza e a família real no exílio, buscavam organizar-se para restaurar o trono.
Diante desta situação, o Diretório recorre ao Exército, na figura do jovem e brilhante general Napoleão Bonaparte para conter os ânimos dos inimigos.
Desta maneira, Bonaparte dá um golpe - o 18 Brumário - onde instaura o Consulado, um governo mais centralizado que traria paz ao país por alguns anos.

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