Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL III 
 
Daniela Costa de Medeiros 
 
AUTORES UTILIZADOS: BITENCOURT, CEZAR ROBERTO; GRECO, ROGÉRIO. 
 
OBS: O resumo/fichamento não substitui o estudo doutrinário, normativo e jurisprudencial da matéria. Deve-se 
usá-lo apenas para revisão. 
 
 
DOS CRIMES CONTRA A VIDA 
 
 
 
HOMICÍDIO (ART. 121, CP) 
 
Homicídio simples 
 
Art. 121. Matar alguém: 
 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
Caso de diminuição de pena 
 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 
Homicídio qualificado 
 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
Feminicídio 
 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
 
I - violência doméstica e familiar; 
 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
Homicídio culposo 
 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
Aumento de pena 
 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa 
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é 
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária. 
 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo 
de extermínio. 
 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
 
 
 
CRIME COMUM 
Pois pode ser praticado por qualquer pessoa independentemente de 
condição ou qualidade especial. 
 
CRIME MATERIAL 
Pois somente se consuma com a ocorrência do resultado, que é 
uma exigência do tipo. O resultado é empírico, natural; estão 
sujeitas à percepção do sentido (ex.: podemos tocar, sentir o odor, 
ver o cadárver). 
 
SIMPLES 
Pois protege somente um bem jurídico: a vida humana, ao contrário 
do chamado crime complexo. 
 
DE DANO 
Pois o elemento subjetivo orientador da conduta visa ofender o 
bem jurídico tutelado e não simplesmente coloca-lo em perigo. 
INSTANTÂNEO DE 
EFEITO 
PERMANENTE 
Pois se esgota com a ocorrência do resultado. Não significa que será 
praticado rapidamente, mas, uma vez realizados os seus elementos, 
nada mais poderá fazer para impedir sua consumação. 
 
NÃO TRANSEUNTE 
Pois deixa vestígios, logo, o exame de corpo delito, direto ou indireto, 
será obrigatório. 
MONOSSUBJETIVO ou 
UNISSUBJETIVO 
Pois pode praticado por apenas um sujeito, entretanto, 
admite-se a coautoria e a participação. Pode ser plurissubjetivo 
por “acidente”, mas não é regra. 
 
PLURISSUBSISTENTE 
Pois pode ser constituído por vários atos que fazem parte de uma 
única conduta (admite a forma tentada). Possui inter criminis. 
 
 
HOMICÍDIO SIMPLES 
 
Caracteriza-se como a realização estrita da conduta tipificada de MATAR ALGUÉM. O núcleo matar diz respeito à 
ocisão da vida de um homem, por outro homem. Deve-se pontuar que ao longo do tempo, solidificou-se corrente 
jurisprudencial segundo a qual a ausência de motivo não caracteriza futilidade da ação, ou seja, a absoluta ausência de 
motivo é menos grave do que a existência de algum motivo, ainda que irrelevante (Súmula 162, STF). 
Quando o homicídio simples é cometido em atividade típica de grupo de extermínio, mesmo que por um único 
executor, é definido como CRIME HEDIONDO. Extermínio é a matança generalizada, a chacina que elimina a vítima pelo 
simples fato de pertencer a determinado grupo ou classe social ou racial. Mesmo que seja morta uma única pessoa, desde 
que se apresente a impessoalidade, caracterizar-se-á a ação de extermínio. 
 
 
 
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO 
A expressão homicídio privilegiado, embora largamente utilizada pela doutrina e pela jurisprudência, nada mais é 
do que uma causa especial de redução de pena, tendo influência no terceiro momento da sua aplicação. Se afirmada no 
caso concreto, obrigará a redução da pena, não se tratando de faculdade do julgador, mas, sim, direito subjetivo do agente. 
A ação continua punível, apenas sua reprovabilidade é mitigada, na medida em que diminui o seu contraste com as 
exigências ético-jurídicas da consciência comum. Deve-se sempre lembrar, ainda, que o homicídio qualificado-privilegiado 
NÃO poderá ser considerado crime hediondo. 
 
 
Motivo de relevante valor social é aquele que tem motivação e interesse coletivos, quem mata sob a pressão de 
sentimentos nobres segundo a concepção da moral social, como por exemplo, por amor à pátria. Podemos traçar um 
paralelo com a morte de um político corrupto, por um agente revoltado com a situação de impunidade no país. 
 
Motivo de relevante valor moral é aquele que, embora importante, é considerado levando-se em conta os 
interesses do agente, como por exemplo: o pai que mata o estuprador de sua filha; a compaixão ou piedade ante o 
irremediável sofrimento da vítima, ou seja, a eutanásia. Aqui, teremos uma ética individual. 
Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima significa que o agente deve 
estar completamente dominado pela situação. [EMOÇÃO é uma descarga emocional, passageira, de vida efêmera; PAIXÃO 
é o estado crônico da emoção, que se alonga no tempo, é mais duradouro; NÃO EXISTE CRIME PASSIONAL NO DIREITO 
PÁTRIO]. É necessário atentar ao fato de que não se exclui a imputabilidade quando houver emoção ou paixão. Não é 
qualquer emoção que pode assumir a condição de privilegiadora, no homicídio, mas somente a emoção intensa, violenta, 
que domina, segundo os termos legais, o próprio autocontrole do agente, que age sob o ímpeto do choque emocional. 
Vale mencionar que é fundamental que a provocação tenha partido da própria vítima e seja injusta, que justifique, de 
acordo com o consenso geral, a repulsa do agente, a sua indignação. Logo em seguida denota relação de imediatidade, de 
proximidade com a provocação injusta a que foi submetido o agente. Isso não significa, contudo, que logo em seguida não 
permita qualquer espaçode tempo. O que a lei busca evitar, com a utilização dessa expressão, é que o agente que, 
provocado injustamente, possa ficar “ruminando” sua vingança, sendo, ainda assim, beneficiado com a diminuição da 
pena. Injusta provocação não se confunde com injusta agressão, uma vez que esta última permite a atuação do agredido 
em legítima defesa, afastando a ilicitude da conduta. 
 
Quando reconhecida uma privilegiadora, é INADIMISSÍVEL, pelo mesmo motivo, admiti-la como atenuante, para se 
evitar o BIS IN IDEM, que, no caso concreto, beneficiaria, injustamente, o infrato. 
 
 
HOMICÍDIO QUALIFICADO 
 
O homicídio qualificado é definido como crime hediondo (Lei nº 8.072/90) e as circunstâncias que qualificam o 
homicídio dividem-se em: MOTIVOS, MEIOS, MODOS e FINS. 
 
MOTIVOS qualificadores: 
 
1) Mediante paga ou promessa de recompensa: A paga é o valor ou qualquer outra vantagem, tenha ou não natureza 
patrimonial, recebida antecipadamente, para que o agente leve a efeito a empreitada criminosa. Já na promessa de 
recompensa, como a própria expressão demonstra, o agente não recebe antecipadamente, mas, sim, existe uma 
promessa de pagamento futuro. Respondem pelo crime qualificado o que praticou a conduta e o que pagou o 
prometeu a recompensa (STJ, HC 99.144/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, 6ª T., j. em 4/11/2008). É um crime 
mercenário. 
2) Motivo torpe: Torpe é o motivo que atinge mais profundamente o sentimento ético-social da coletividade, é o 
motivo repugnante, vil, indigno. Alguns exemplos seriam: matar para receber uma herança; matar a esposa por 
negar-se à reconciliação; matar a namorada por saber que não era mais virgem. Deve-se esclarecer que a vingança 
e o ciúme, isoladamente, não podem ser caracterizados como motivo torpe. 
 
3) Motivo fútil: Fútil é o motivo insignificante, banal, desproporcional à reação criminosa. NÃO deve ser confundido 
com ausência de motivo. Em que pese o estado de embriaguez possa, em tese, reduzir ou eliminar a capacidade do 
autor de entender o caráter ilícito ou determinar-se de acordo com esse entendimento, tal circunstância não afasta 
o reconhecimento da eventual futilidade de sua conduta. 
 
MEIOS qualificadores: 
 
1) Emprego de veneno: Veneno é toda substância, biológica ou química, que, introduzida no organismo, pode 
provocar lesões ou causar a morte. É indispensável que a vítima desconheça a circunstância de estar sendo envenenada, 
logo, sua administração forçada ou com o consentimento da vítima não qualifica o crime. Além disso, uma substância 
inofensiva pode assumir a condição de venenosa de acordo com as condições especiais da vítima, como por exemplo, 
ministrar açúcar em quantidades razoáveis à pessoa diabética. O envenenamento exige a prova pericial toxicológica. 
 
2) Emprego de fogo ou explosivo: A utilização de fogo também qualifica o homicídio, uma vez que se trata de meio 
extremamente cruel à sua execução. Explosivo é qualquer objeto ou artefato capaz de provocar explosão ou qualquer 
corpo capaz de se transformar rapidamente em uma explosão. Infelizmente, a mídia tem noticiado, com certa 
frequência, a utilização de fogo em mortes de mendigos, índios, enfim, de pessoas excluídas pela sociedade, que 
vivem embaixo de viadutos, em praças públicas etc. 
 
3) Emprego de asfixia: Asfixia é a supressão da respiração, o impedimento da função respiratória com a consequente 
falta de oxigênio no sangue do indivíduo. A asfixia mecânica pode ocorrer: a) por oclusão dos orifícios respiratórios 
(nariz e boca) ou sufocação direta; b) por oclusão das vias aéreas (glote, laringe, traqueia, brônquios); c) por 
compressão da caixa torácica (sufocação indireta); d) por supressão funcional do campo respiratório. Já a asfixia tóxica 
pode ser produzida por gases deletérios, como o óxido de carbono, o gás de iluminação, o cloro, o bromo etc. 
 
4) Emprego de tortura: Se, ao torturar alguém, o sujeito ativo agir com animus necandi, deverá responder pelo crime 
de homicídio qualificado pela tortura. Contudo, se o resultado da morte for preterdoloso, estaremos diante da figura 
capitulada na Lei nº 9.455/97, que configura uma nova modalidade. Se durante a tortura o sujeito ativo resolve matar 
a vítima, há dois crimes em concurso material: tortura e homicídio. 
 
5) Meio insiduoso: Insiduoso é o meio disfarçado, ardiloso, que objetiva surpreender a vítima desatenta e indefesa. 
 
6) Meio cruel: É aquele que causa um sofrimento excessivo, desnecessário à vítima enquanto viva, obviamente, pois a 
crueldade praticada após a sua morte não qualifica o delito. 
 
7) Meio de que possa resultar perigo comum: é aquele que pode atingir um número indefinido ou indeterminado de 
pessoas. 
 
 
MODOS qualificadores: 
 
1) À traição: Trair significa enganar, ser infiel, de modo que, no contexto do homicídio, é a ação do agente que colhe 
a vítima por trás, desprevenida, sem ter esta qualquer visualização do ataque. O ataque súbito, pela frente, pode 
constituir surpresa, mas não traição. Traição, como qualificadora do homicídio, é a ocultação moral ou mesmo 
física da intenção do sujeito ativo, que viola a confiança da vítima; é a deslealdade. 
2) De emboscada: É a tocaia, a espreita, verificando-se quando o agente se esconde para surpreender a vítima. O 
criminoso aguarda escondido a passagem da vítima desprevenida, que é surpreendida. Nessa modalidade, a vítima 
não tem nenhuma possibilidade de defesa. 
 
3) Mediante dissimulação: O sujeito ativo dissimula, isto é, mostra o que não é, faz-se passar por amigo, ilude a 
vítima, que, assim, não tem razões para desconfiar do ataque e é apanhada desatenta e indefesa. 
 
4) Recurso que dificulta ou impossibilita a defesa: A fórmula genérica contida na parte final do inc. IV em estudo faz 
menção à utilização de recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. Dificultar, como se 
percebe, é um minus em relação ao tornar impossível a defesa do ofendido. Naquele, a vítima tem alguma 
possibilidade de defesa, mesmo que dificultada por causa da ação do agente. Tornar impossível é eliminar, 
completamente, qualquer possibilidade de defesa por parte da vítima, a exemplo da hipótese em que esta é morta 
enquanto dormia. O recurso que dificulta ou torna impossível a defesa do ofendido é aquele que se assemelha à 
traição, emboscada ou dissimulação. Não basta que a vítima não espere o ato agressivo, é necessário que se 
configurem hipóteses de surpresa para a vítima. Essa qualificadora traduz um modo insidioso da atividade 
executiva do crime, que obsta a defesa da vítima, comprometendo total ou parcialmente seu potencial defensivo. 
 
5) Surpresa: Constitui um ataque inesperado, imprevisto e imprevisível. Além disso, é necessário que a vítima não 
tenha razão para esperar a agressão ou suspeitar dela. 
 
FINS qualificadores: 
 
1) Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime: Toda vez que for 
aplicada a qualificadora em estudo, o homicídio deverá ter relação com outro crime, havendo, 
outrossim, a chamada conexão. Na primeira hipótese, “assegurar a execução”, tem como exemplo, 
quem, para sequestrar alguém, mata o guarda-costas que pretendia evitar o sequestro responderá pelo 
homicídio qualificado, mesmo que, a seguir, desista de efetuar o sequestro. Já no caso de assegurar 
ocultação ou assegurar impunidade, a finalidade do sujeito é destruir a prova de outro crime ou evitar- 
lhe as consequências jurídico-penais. Em assegurar vantagem, a intenção é garantir o êxito do 
empreendimento delituoso. É irrelevante que o autor do homicídio aja no interesse próprio ou de 
terceiro. O outro crime pode ter sido praticado por outra pessoa. Fala-se em qualificadora por conexão. 
Nesse caso, o homicídio é cometidopara garantir a prática de outro crime ou evitar suas descobertas. 
 
FEMINICÍDIO 
O Brasil adotou a Lei nº 13.104/15, criando a qualificadora do “Feminicídio”. O feminicídio (inciso VI do art. 
VI) constitui a manifestação mais extremada da violência machista, fruto das relações desiguais de poder entre os 
gêneros. O sexo pode ser fisiológico, psicológico e jurídico. É uma política repressora da criminalidade discriminatória da 
mulher. Deve-se entender que o legislador não criou nenhum outro tipo penal, apenas acrescentou uma qualificadora 
especial para ampliar o combate á violência de gênero. 
 “Matar alguém” continua sendo homicídio, que, se for motivado pela descriminação da condição de 
mulher (ou quem se identifique como), ou seja, por razões de gênero, será qualificado, e essa qualificadora recebeu 
expressamente o nome de Feminicídio. 
Considera-se que há razões de gênero quando o crime envolve: I → violência doméstica e familiar; II → 
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Segundo o STJ e o STF, o Feminicídio é uma qualificadora de 
natureza objetiva. 
Não se trata de dar um tratamento vantajoso para as mulheres às custas dos homens, senão de se 
conceder uma tutela reforçada a um grupo da população cuja vida, integridade física e moral, dignidade, bens e 
liberdade encontram-se expostas a uma ameaça específica e especialmente intensa, evitando violarmos o princípio da 
proteção deficiente. Esta qualificadora serve não só como norma sacionatória, mas como instrumento de debate, de 
conscientização popular. O substantivo mulher abrange, logicamente, lésbicas, transexuais e travestis, que se 
identifiquem como do sexo feminino. Além das esposas, companheiras, namoradas ou amantes, também podem ser 
vítima desse crime filhas e netas do agressor, como também mãe, sogra, avó ou qualquer outra pessoa que mantenha 
vínculo familiar com o sujeito ativo. 
O legislador criou também uma majorante para esta qualificadora, prevendo o acréscimo de 1/3 até a metade se 
o crime for praticado: I → durante a gestação ou nos 3 meses posteriores ao parto; II → contra pessoa menor de 14 anos, 
maior de 60 anos ou com deficiência; III → na presença de ascendente ou descendente. Para que haja a causa de aumento, 
no caso do inciso I, o autor deve ter conhecimento de gestação ou dos 3 meses pós-parto. 
 
 
HOMICÍDIO COMETIDO CONTRA INTEGRANTES DE ORGÃOS DA SEGURANÇA PÚBLICA 
E SEUS FAMILIARES 
A Lei nº 13.142, de 6 de julho de 2015, inseriu o inciso VII, ao §2º do art. 121 do Código Penal, 
criando mais uma modalidade qualificada, na hipótese em que o agente praticar o crime de homicídio contra 
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e 
da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu 
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. 
De acordo com a redação constante do inciso VII do § 2º do art. 121 do Código Penal, são 
considerados sujeitos passivos os integrantes: I – das Forças Armadas – Exército, Marinha ou Aeronáutica 
(art. 142 da CF); II – da Polícia Federal (art. 144, I, da CF); III – da Polícia Rodoviária Federal (art. 144, II, da 
CF); IV – da Polícia Ferroviária Federal (art. 144, III, da CF); V – das Polícias Civis (art. 144, IV, da CF); VI – das 
Polícias Militares e corpos de Bombeiros Militares (art. 144, V, da CF); VII – das Guardas Municipais (art. 144, 
§ 8º, da CF); VIII – do Sistema Prisional; IX – da Força Nacional de Segurança Pública (Lei nº 11.473/2007). 
Apesar de o legislador dizer “parente consanguíneo”, a CF proíbe quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação, logo, para o texto constitucional é inadmissível a antiga adjetivação de 
filho adotivo, legítimo, ilegítimo, etc. Filhos são todos iguais. 
Regra geral, todos os agentes e autoridades integrantes do sistema de segurança pública, com a 
aposentadoria deixam de ser alcançados por esta qualificadora. Contudo, excepcionalmente, o servidor 
aposentado também poderá ser alcançado por essa proteção penal, se mesmo após estar aposentado, um 
policial é reconhecido e, por retaliação de sua atuação funcional, é assassinado por alguém por vingança de 
determinado caso em que atuou, não há como se deixar de aplicar essa qualificadora. 
 
 
HOMICÍDIO CULPOSO 
 
Diz-se o crime culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
 
1) Imprudência: É a prática de uma conduta arriscada ou perigosa, e tem caráter comissivo, por exemplo, o motorista 
que, embriagado, viaja dirigindo seu veículo automotor, com visível diminuição de seus reflexos e acentuada liberação 
de seus freios inibitórios. 
 
2) Negligência: É a falta de precaução (o descuido), a indiferença do agente, que, podendo adotar as cautelas 
necessárias, não o faz. É não fazer o que deveria ser feito. Negligente será, por exemplo, o motorista de ônibus que 
trafegar com as portas do coletivo abertas, causando a queda e morte de um passageiro. 
 
3) Imperícia: É a ausência de capacidade, despreparo ou insuficiência de conhecimentos técnicos para o exercício da 
arte, profissão, arte ou ofício. Não se confunde com erro profissional. 
 
A tipicidade do crime culposo decorre da realização de uma conduta não diligente causadora de uma lesão ou de 
perigo a um bem jurídico-penalmente protegido. No plano da tipicidade, trata-se, apenas, de analisar se o agente agiu 
com cuidado necessário e normalmente exigível. O questionamento sobre as condições pessoais do agente, para 
constatar se podia agir com a diligência necessária e se lhe era exigível, nas circunstâncias concretas, tal conduta, é 
objeto do juízo de culpabilidade. 
A inevitabilidade do resultado exclui a própria tipicidade. Ou seja, é indispensável que a inobservância do cuidado 
devido seja a causa do resultado tipificado como crime culposo. Se houver inobservância de um dever de cuidado, e o 
resultado não sobrevier, não haverá crime. 
O Código Penal prevê o aumento de 1/3 (um terço) da pena no homicídio culposo nas seguintes hipóteses: I → se o 
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício; II → se o agente deixa de prestar imediato 
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante. 
O aumento da pena se deve ao fato de que o agente, mesmo tendo os conhecimentos das técnicas exigidas ao 
exercício de sua profissão, arte ou ofício, não os utiliza por leviandade, sendo maior, portanto, o juízo de reprovação 
que deve recair sobre o seu comportamento. Não há confundir a imperícia, elemento subjetivo do homicídio culposo, 
com a inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício descrita no § 4º do art. 121 do CP, pois, naquela, o 
agente não detém conhecimentos técnicos, ao passo que nesta o agente os possui, mas deixa de empregá-los. 
Aquele que, culposamente, ofende, inicialmente, a integridade corporal ou a saúde de alguém deve fazer o possível 
para que se evite a produção do resultado mais gravoso, vale dizer, a morte da vítima. A negação do socorro demonstra 
a maior reprovabilidade do comportamento, que merecerá, consequentemente, maior juízo de reprovação. Da mesma 
forma, aumenta- -se a pena aplicada quando o agente não procura diminuir as consequências de seu ato, que não tenta, 
na medida do possível, atenuar o dano ocasionado por sua culpa, como quando, por exemplo, deixa de transportar a 
malferida vítima ao primeiro posto hospitalar ou a uma farmácia, ou omite qualquer providência indicada pela 
necessidade do seu urgente tratamento. 
Deve ser destacado o fato de que se a vida do agente correr perigo, como acontece quando o seulinchamento é 
iminente, tendo em vista a manifestação de populares que se encontravam no local do acidente, não se lhe pode exigir 
que permaneça no local dos fatos, afastando-se, outrossim, a majorante. 
 
PERDÃO JUDICIAL 
Será cabível na hipótese de homicídio culposo, podendo o juiz deixar de aplicar a pena se as consequências da 
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Há situações em que 
o julgador deverá, caso a caso, verificar a viabilidade ou não da aplicação do perdão judicial. Imagine-se a hipótese 
daquele que, querendo mostrar sua arma ao seu melhor amigo, acidentalmente, faz com que ela dispare, causando-lhe 
a morte. Seria aplicável, aqui, o perdão judicial, uma vez que o agente que causou a morte de seu melhor amigo ficou 
tremendamente abalado psicologicamente, pensando, inclusive, em dar cabo da própria vida, em razão da sua 
imprudência? A resposta virá, como dissemos, no caso concreto, não se podendo generalizar, como nas situações em 
que houver uma relação de parentesco próximo entre o agente e a vítima, conforme destacamos anteriormente. 
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito 
condenatório (Súmula 18, STJ). 
 
Homicídio praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de 
segurança, ou por grupo de extermínio 
Ao se referir à milícia privada está dizendo respeito àquela de natureza paramilitar, isto é, a uma organização não 
estatal, que atua ilegalmente, mediante o emprego da força, com a utilização de armas, impondo seu regime de terror 
em determinada localidade. Se o homicídio, portanto, for praticado por algum membro integrante de milícia privada, 
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, a pena deverá ser especialmente 498 aumentada de 1/3 (um 
terço) até a metade. Assim, por exemplo, imagine-se a hipótese em que um integrante da milícia, agindo de acordo com 
a ordem emanada do grupo, mate alguém porque se atribuía à vitima a prática frequente de crimes contra o patrimônio 
naquela região, ou mesmo que a milícia determine a morte de um traficante que, anteriormente, ocupava o local no 
qual levava a efeito o tráfico ilícito de drogas. As mortes, portanto, são produzidas sob o falso argumento de estar se 
levando a efeito a segurança do local, com a eliminação de criminosos. 
Nesses casos, todos aqueles que compõem a milícia deverão responder pelo delito de homicídio, com a pena 
especialmente agravada, uma vez que seus integrantes atuam em concurso de pessoas, e a execução do crime praticada 
por um deles é considerada uma simples divisão de tarefas, de acordo com a teoria do domínio funcional sobre o fato.

Mais conteúdos dessa disciplina