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Teoria Geral da Administração 1 Teoria Geral da Administração Jonas Lobato 2ª e di çã o Teoria Geral da Administração 2 DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Marcio Barros Dutra DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Diretora Claudia Antunes Ruas Guimarães Assessora Andrea Jardim FICHA TÉCNICA Texto: Jonas Lonato Revisão: Lívia Antunes Faria Maria e Walter P. Valverde Júnior Projeto Gráfico e Editoração: Andreza Nacif, Antonia Machado, Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus Ilustração: Leonardo Siebra, Tatiana Galliac e Eduardo Bordoni Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 © Departamento de Ensino a Distância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). L796t Lobato, Jonas. Teoria geral da administração / Jonas Lobato. – Niterói, RJ: UNIVERSO, 2010. 348 p. 1. Teoria da administração. 2. Relações humanas. 3. Comportamento organizacional. 4. Teoria dos sistemas. 5. Administração de presas. I. Título. CDD 658 Teoria Geral da Administração 3 Informações sobre a disciplina Carga horária: 75 horas Créditos: 04 Ementa: Introdução ao estudo da Teoria Geral da Administração; Teorias da Administração; Funções Administrativas. Objetivo geral: Mostrar o perfil esperado para o administrador, as perspectivas, a natureza de a administração ser ciência, técnica ou arte, os antecedentes ou influências sofridas, a evolução e natureza das teorias que compõem a Teoria Geral da Administração e as funções administrativas. Conteúdo programático: UNIDADE 1: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Perfil do Administrador Perspectivas Profissionais Administração: Ciência Técnica ou Arte? Antecedentes da Administração UNIDADE 2: ABORDAGEM CLÁSSICA Administração Científica Teoria Clássica Teoria Geral da Administração 4 UNIDADE 3: TEORIAS DAS RELAÇÕES HUMANAS Origens da Teoria das Relações Humanas. As quatro fases da pesquisa de Elton Mayo. Liderança. As principais críticas dirigidas à Teoria de Relações Humanas. UNIDADE 4: TEORIA DA BUROCRACIA Max Weber (1864-1920). Uma noção de Burocracia. Críticas à Teoria da Burocracia. UNIDADE 5: TEORIA COMPORTAMENTAL Origens da Teoria Comportamental. Concepções da Teoria Comportamental. Conflito entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais. Teorias da motivação. Estilos de administração. Críticas à Teoria Comportamental. Dimensões bipolares da Teoria Comportamental. UNIDADE 6: TEORIA ESTRUTURAL Origens da Teoria Estruturalista. A abordagem quanto à organização. As características do homem organizacional segundo os estruturalistas. Teoria Geral da Administração 5 Tipos de poder como forma de controle para a obtenção da disciplina. Tipos de organizações conforme as formas de utilização do poder. UNIDADE 7: TEORIA DE SISTEMAS Origem da Teoria dos Sistemas. O que é um sistema? Classificação dos sistemas. Características das organizações como Sistemas Abertos abordadas por Katz e Kahn (1970). Conceitos importantes surgidos com a Teoria dos Sistemas. Principais críticas ou comentários sobre a Teoria de Sistemas UNIDADE 8: TEORIA NEOCLÁSSICA Origens da Teoria neoclássica. Biografia de Peter F. Drucker, o pai da Teoria Neoclássica. Administração para Peter F. Drucker. Características da Teoria Neoclássica. Princípios de organização assumidos pela Teoria Neoclássica. Teoria Geral da Administração 6 UNIDADE 9: TEORIA DA CONTINGÊNCIA Origens da Teoria da Contingência. Tipologia de tecnologia de James D. Thompson. Novas abordagens de Desenho Organizacional. Abordagens em Redes (rede dinâmica ou organizações virtuais). As principais críticas dirigidas à Teoria da Contingência. UNIDADE 10: FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS Planejamento. Organização. Controle. Referências: Bibliografia Básica: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. 7ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria Geral da Administração: Da Escola Científica a Competitividade em Economia Globalizada. São Paulo: Atlas, 1997. Bibliografia Complementar: KATZ, Daniel; KAHN, L. Robert. Psicologia Social das Organizações. São Paulo: Atlas, 1967. MONTANA, J, Patrick; CHARNOV, H. Bruce. Administração. 2ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003. TAYLOR, W. Frederick. Princípios de Administração Científica. 7ª edição. São Paulo: Atlas, 1978. Teoria Geral da Administração 7 Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona.Seja bem-vindo à UNIVERSO Virtual! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora Teoria Geral da Administração 8 Sumário 1. Apresentação da disciplina ....................................................................................................... 09 2. Plano da disciplina ........................................................................................................................ 10 3. Unidade 1 – Introdução ao Estudo da Teoria Geral da Administração ................. 12 4. Unidade 2 – Abordagem Clássica da Administração .................................................... 32 5. Unidade 3 – Teoria das Relações Humanas ....................................................................... 85 6. Unidade 4 –.Teoria da Burocracia ......................................................................................... 106 7. Unidade 5 – Teoria Comportamental................................................................................... 126 8. Unidade 6 – Teoria Estruturalista ........................................................................................... 156 9. Unidade 7 – Teoria de Sistemas .............................................................................................. 174 10. Unidade 8 –. Teoria Neoclássica ............................................................................................. 200 11. Unidade 9 – Teoria da Contingência..................................................................................... 236 12. Unidade 10 – Funções Administrativas ............................................................................... 261 13. Considerações finais..................................................................................................................... 336 14. Conhecendo o autor .................................................................................................................... 338 15. Referências ....................................................................................................................................... 339 16. Anexos ................................................................................................................................................ 341 Teoria Geral da Administração 9 Apresentação da Disciplina Caro aluno, Seja bem-vindo à disciplina Prática I. Inicialmente, parabéns por ter escolhido o Curso de Administração, já que fez a opção por uma das profissões que mais crescem no país. Nosso curso tem como um de seus diferenciais a relação teoria e prática. Nesse sentido, a disciplina de Prática I apresenta, como proposta, a concretização dessa relação a partir de conteúdos aplicáveis no seu dia-a-dia. As demais disciplinas do curso, embora ainda não estudadas por você, serão exploradas na Prática I de forma introdutória. Abordaremos temas relativos ao mercado de trabalho do administrador bem como suas habilidades e competências. Essa temática se torna importante para o entendimento do papel do administrador, que é o de promover mudanças e transformações organizacionais, contribuindo para o desenvolvimento de um mundo melhor. O desenvolvimento está intimamente ligado à geração e distribuição de riquezas de forma sustentável. Tendo em vista essa abordagem, crítica e, ao mesmo tempo, prática, procuramos desenvolver essa disciplina, que vai além do que, nesse exato momento, você domina sobre administração. Partimos do pressuposto de que, através da leitura, análise crítica e posicionamento que você tomará, o domínio do conteúdo será uma prazerosa viagem, que começará agora. Qualquer dúvida não hesite em nos contatar. Durante sua jornada na disciplina Prática I estaremos prontos para ajudá-lo. Esperamos que tenha sucesso! Teoria Geral da Administração 10 Plano da Disciplina A disciplina Prática I não se iguala às demais disciplinas do Curso de Administração. Ela tem uma forma específica e peculiar de ser conduzida, ou seja, ela não obedece a uma seqüência linear de conteúdos. Nossa disciplina, aqui, é um diferencial. Ela trabalha com uma abordagem teórico-prática e busca, nos vários conceitos, técnicas e ferramentas, sua base fundamental. É por isso que, em determinados momentos, parecerá que estamos trabalhando conteúdos de outras disciplinas. Isso é verdade na medida em que buscarmos a base teórica mas, ao mesmo tempo, estaremos trabalhando com conceitos aplicáveis. OBJETIVOS GERAIS: Estimular e desenvolver a capacidade administrativa bem como a consciência sobre a importância da profissão do Administrador no Mercado de Trabalho e suas implicações dentro das Organizações e na Sociedade, apoiando-se na interação entre as disciplinas do período e as empresas. Seu principal foco é relacionar a teoria com a prática empresarial. O conteúdo programático foi dividido em quatro unidades que versarão desde as questões relativas ao mercado de trabalho do administrador até a orientação de carreira e seu projeto de vida. Segue apresentação de cada unidade: UNIDADE 1: O MERCADO DE TRABALHO DO ADMINISTRADOR Objetivos: Oferecer condições ao aluno para que ele possa: - contextualizar conceitos inerentes à profissão de administrador; - identificar o ambiente de trabalho do administrador; - identificar habilidades e atitudes necessárias à profissão de administrador. Teoria Geral da Administração 11 UNIDADE 2: O PAPEL DO ADMINISTRADOR NAS ORGANIZAÇÕES Objetivos: Oferecer condições ao aluno para que ele possa: - ser pró-ativo diante do ambiente organizacional; - conceituar e entender a visão sistêmica; - identificar e compreender os objetivos organizacionais; - compreender as implicações éticas da atuação profissional. UNIDADE 3: AS BASES CIENTÍFICAS DA ATUAÇÃO DO ADMINISTRADOR Objetivos: Oferecer conhecimentos ao aluno para que ele possa: - identificar as principais terminologias utilizadas em administração; - identificar as variáveis básicas da Teoria Geral da Administração; - identificar as principais funções do administrador em uma Organização e seu caráter sistêmico. UNIDADE 4: ORIENTAÇÃO PARA A CARREIRA DE ADMINISTRADOR Objetivos: Oferecer conhecimentos ao aluno para que ele possa: - identificar possibilidades de atuação na carreira de administrador; - elaborar seu currículo profissional. Teoria Geral da Administração 12 Introdução ao estudo da Teoria Geral da Administração O perfil do profissional que exerce a profissão de Administrador. O que se espera do futuro Administrador. Campos privativos do Administrador. Perspectivas profissionais. A Administração é Ciência, Técnica ou Arte? Antecedentes da Administração. 1 Teoria Geral da Administração 13 Nesta primeira unidade, estudaremos a introdução ao estudo de Teoria Geral da Administração, envolvendo: o perfil do profissional que exerce a profissão de Administrador; quem emprega os administradores; o porquê da escolha do curso; o que se espera do futuro Administrador - os conhecimentos, as habilidades, competências, atitudes e os campos privativos do administrador; as perspectivas profissionais; questionaremos se a Administração é ciência, técnica ou arte. E ainda veremos os antecedentes da Administração. OBJETIVOS DA UNIDADE: Conhecer o perfil atual do profissional de administração; as características do empregador; o que se exige de conhecimentos; as habilidades, competências, atitudes e os campos privativos do administrador; a natureza da Administração, ciência, técnica ou arte?Os antecedentes históricos da Administração. PLANO DA UNIDADE: O perfil do profissional que exerce a profissão de Administrador. O que se espera do futuro Administrador. Campos privativos do Administrador. Perspectivas profissionais. A Administração é Ciência, Técnica ou Arte? Antecedentes da Administração. Bons estudos! Teoria Geral da Administração 14 O perfil do profissional que exerce a profissão da Administrador Em relação ao perfil do administrador, ao que se espera do administrador, às perspectivas profissionais e aos campos privativos do administrador, você está lidando com dados oficiais de mercado em relação ao Brasil, extraídos do trabalho produzido pelo Conselho Federal de Administração e organizada pelo seu presidente, prof. adm. Rui Otávio B. de Andrade e equipe, Pesquisa Nacional: Perfil. Formação, atuação e Oportunidades de Trabalho do Administrador. (Verificar) É importante salientar que esta pesquisa, de caráter nacional, foi obtida através de questionário recebido de 115.623 respondentes. As questões relacionadas às habilidades, competências, atitudes e conhecimentos, admitiam mais de uma resposta, por isto sua soma será superior a 100%. O perfil do administrador A maioria: São do sexo masculino, casados e sem dependentes; Estão na faixa etária de até 30 anos; São egressos de universidades particulares; Concluiu o curso de administração entre 2000 e 2005. Recebem de 6 a 20 salários mínimos; Trabalha nos setores de serviços, indústria e em órgãos públicos Fonte: CFA, Pesquisa Nacional:Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do Administrador. 2006. Teoria Geral da Administração 15 Quem emprega os administradores A maioria : São proprietários. Atua na área de Administração Geral. O faturamento apurado foi de R$ 121.000,00 a R$ 1.200.000,00. Seu quadro de pessoal é de até 10 empregados, sendo que mais de 50% têm curso universitário e destes 5% são administradores. Até 5% dos administradores ocupam cargos de presidência, diretoria ou gerência. Fonte: CFA, Pesquisa Nacional: Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do Administrador. 2006 O porquê da escolha do curso As principais respostas: 24,97% afirmaram que o motivo principal foi o seu PROJETO PROFISSIONAL (abrir empresa, ampliar negócio, carreira, etc.); 21,52 % visaram a uma FORMAÇÃO GENERALISTA E ABRANGENTE; 15,81 % dos administradores pesquisados escolheram cursar Administração por VOCAÇÃO. Fonte: CFA, Pesquisa Nacional: Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do Administrador. 2006. O que se espera do futuro Administradror Conhecimentos, Habilidades, competências e atitudes indicadas por administradores, professores e empregadores. Teoria Geral da Administração 16 Conhecimentos Os conhecimentos necessários aos Administradores e oferecidos aos alunos pelas universidades, destacam-se os conhecimentos relacionados a “administração de pessoas” e “financeira e orçamentária”: Administração de pessoal /equipe. 62,19% Administração Financeira e Orçamentária. 60,12% Administração Estratégica. 57,45% Visão ampla, profunda e articulada de conjunto das áreas de conhecimento. 54,60% Administração de vendas e marketing 51,90% Fonte: CFA, Pesquisa Nacional: Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do Administrador. 2006 Teoria Geral da Administração 17 Habilidades Nas habilidades, destaca-se a “visão do todo” como imprescindível na formação do administrador e o “ relacionamento interpessoal”, o que remete ao quadro anterior que apontava a gestão de pessoas, como principal conhecimento específico necessário ao administrador: Fonte: CFA, Pesquisa Nacional: Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do Administrador. 2006. Competências “Identificar problemas, formular e implantar soluções” é a principal competência exigida dos administradores: Identificar problemas, formular e implantar soluções. 71,19% Desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico sobre a realidade organizacional. 63,13%% Assumir o processo decisório das ações de planejamento, organização, direção e controle. 60,50%% Desenvolver e socializar o conhecimento alcançado no ambiente de trabalho. 54,91%% Elaborar e interpretar cenários 46,80% Fonte: CFA, Pesquisa Nacional: Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do Administrador. 2006. Visão do todo. 74,04% Relacionamento interpessoal 71,50 % Adaptação e transformação. 61,79% Liderança. 61,07% Criatividade e inovação. 55,37% Teoria Geral da Administração 18 Atitudes Como não poderia deixar de ser, o “comportamento ético” é a atitude sinalizada como a mais importante para o profissional de administração: Comportamento ético. 75,21% Profissionalismo. 73,05% Comprometimento. 71,16% Aprendizado contínuo. 69,61% Atitude empreendedora / iniciativa. 62,32% Fonte: CFA, Pesquisa Nacional: Perfil, Formação, Atuação e Oportunidades de Trabalho do Administrador. 2006. CAMPOS PRIVATIVOS DO ADMINISTRADOR Fonte: CFA, ANGRAD, FIA/USP. Pesquisa: o Administrador e o Mercado de Trabalho 2003. Teoria Geral da Administração 19 Perspectivas profissionais – Uma pesquisa recente CFA, 13/04/2006 Alunos de Administração sofrem menos com o desemprego A Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicada em fevereiro, aponta que 46,3% dos desempregados do país estão na faixa dos 16 a 24 anos. Destes, 20,3% buscam sua primeira oportunidade de emprego. Em contraste com a realidade nacional, 47,5% dos estudantes de Administração que se formam já estão atuando na área, segundo dados elaborados pelo Observatório Universitário com base no Provão do Ministério da Educação de 2003. Nos últimos anos, os investimentos em tecnologia e automação reduziram o número de vagas na indústria. E os setores de serviço e comércio não se expandiram o suficiente para absorver toda a mão-de-obra excedente. Dessa forma, os mais criativos e especializados conseguiram uma maior inserção no mercado de trabalho ou passaram a montar seus próprios negócios. Este dado é constatado pelo Observatório Universitário, que aponta que 17,3% dos estudantes de Administração buscam abrir empresas depois da conclusão do curso de bacharelado. Os jovens em busca de sua primeira oportunidade necessitam de cursos de qualificação profissional para conseguir uma chance. Esta informação demonstra que a alta taxa de estudantes da área inseridos no mercado de trabalho, apontada pelo Observatório Universitário, está relacionada com a formação generalista do profissional, que prima por uma base sólida de conteúdos – conhecimentos científicos, técnicos, culturais e práticos. Estes dados serão comprovados no dia 12 de novembro, quando o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade, 2006), avaliará pela primeira vez, os alunos dos cursos de bacharelado em Administração. Teoria Geral da Administração 20 A Administração é ciência, técnica ou arte? Não encontraremos uma posição unânime entre os autores, mas vejamos a posição de um autor consagrado, Chiavenato (1998, p.11-12) [...] “pelo que vimos a respeito do conteúdo da arte, concluímos que é impossível considerar a administração uma arte, pois nelanão cabem vivências espirituais nem as interpretações subjetivas da realidade”; [...] “A administração é uma ciência que estuda as organizações e as empresas com fins descritivos para compreender seu funcionamento, sua evolução, seu crescimento e seu comportamento. Neste sentido, como ciência, a administração gera teorias e hipóteses que permitem uma abordagem prescritiva e normativa intimamente vinculada à técnica de administração, que trata de conduzir as organizações e empresas aos objetivos visados. Sem a técnica, sem o conhecimento, do que está acontecendo, ela passa a ser um ensaio meramente empírico e não científico. Assim, Ciência e técnica de administração atuam de forma complementar e interativa: o campo explicativo da ciência alimenta a técnica; dos progressos da técnica surge a realimentação para o campo da avaliação e redefinição das explicações científicas. Estes revertem logo ao campo explicativo e aprofundam, reorientam ou recriam o conhecimento científico”. Antecedentes da Administração Ao longo do tempo, a Administração foi sofrendo a influência de várias fontes, dentre elas podemos considerar: dos filósofos; da organização da igreja católica; da organização militar; da revolução industrial; Teoria Geral da Administração 21 dos economistas liberais e dos pioneiros da administração, a exemplo dos atores da Abordagem Clássica: Administração Científica e Teoria Clássica da Administração. Filósofos (Século A. C.) Platão - Contribuição para a Administração Pública. Considerou as três formas de Administração Pública: 1. Monarquia (uma pessoa governa); 2. Oligarquia (uma elite governa); 3. Democracia (o povo governa). Descartes - criou o método cartesiano cujos principais fundamentos são: 1º - Princípio da análise “Dividir cada dificuldade em tantas partes quantas sejam possíveis e se tornem necessárias, para sua melhor solução.” 2º - Princípio da síntese “Conduzir ordenadamente os nossos pensamentos, começando pelos objetos mais simples e fáceis de conhecer para ascendermos, gradualmente, aos mais complexos e difíceis”; Método cartesiano: Descartes institui a dúvida: Constituindo o Ceticismo Metodológico onde duvida-se de cada idéia que pode ser duvidada. Neste método só se pode dizer que existe aquilo que possa ser provado. Teoria Geral da Administração 22 3º - Princípio da enumeração “Fazer, em tudo, recontagens tão completas e revisões tão gerais que se fique seguro de nada haver omitido”. Igreja Católica Contribuição quanto à forma de constituição de sua estrutura organizacional, conhecida como estrutura organizacional em linha. Revolução Industrial (Séculos XIX e XX) Contribuição em relação ao avanço da tecnologia nos processos produtivos; aos desenvolvimentos do transportes, do aumento das populações nas cidades e da necessidade de criar meios de aumento do volume de produção para atender a um consumo em massa. Economistas Liberais (Século XVIII) Corresponde à época de maior desenvolvimento da economia capitalista, quando se estabeleceu a idéia da livre concorrência, do confronto de objetivos entre capital e trabalho, sendo representativa a obra de Adam Smith “A Riqueza das Nações”. Agora que você domina as informações básicas sobre a profissão de administrador, a natureza da Administração, ciência, técnica ou arte e seus antecedentes históricos, vamos para o próximo passo, ou seja, estudar a segunda unidade: A abordagem clássica da administração. DICA Qualquer dúvida sobre a profissão, legislação e o Curso, a pessoa mais indicada para orientá-lo é o Coordenador do Curso, converse com ele! Ele vai gostar de falar com você! Teoria Geral da Administração 23 LEITURA COMPLEMENTAR Sobre os primórdios da administração, influências, ciência e arte, e habilidades, leia em a Parte 1 “Administração: uma visão Geral” ANDRADE, Rui O. & AMBONI Nério. Teoria Geral da administração. Edição. Local de publicação: M. Books, ano de publicação. Total de páginas Sobre a Pesquisa Nacional, procure a revista na biblioteca da Universidade. LINK Você também poderá ter acesso à pesquisa Nacional no site do Conselho Federal de Administração: www.cfa.org.br. Consulte também no site, os campos privativos do administrador; no link formação profissional veja a bibliografia básica ideal ao curso e as Diretrizes curriculares Nacionais do Curso de Administração; no link legislação: veja a Lei 4769, de 09/09/65, que dispõe sobre o exercício da profissão de administrador e criou no Brasil a profissão que até então não era regulamentada. É HORA DE SE AVALIAR! Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA) .Interaja conosco! Teoria Geral da Administração 24 Ao resolver os exercícios, caso você apresente mais de um erro, é sinal de que precisa aprimorar o seu nível de compreensão de texto, de que precisa aumentar a sua atenção ou freqüência na leitura ou as duas coisas. Aliás, este é o desafio permanente para todos nós, ler cada vez mais para aumentar o nosso nível de compreensão. Vamos para a Unidade II estudar a abordagem clássica da administração. Teoria Geral da Administração 25 Exercícios unidade 1 1- Entre os campos de atuação do administrador não podemos considerar: a) administração de material (estoques de matérias-primas, produtos acabados, compras, armazenagem, movimentação, etc.). b) planejamento econômico do país. c) administração mercadológica (pesquisa de marketing, segmentação de mercado, concorrência, posicionamento, imagem institucional, lançamento de produtos, análise e fixação de preços, divulgação de produtos, distribuição,vendas, etc.). d) administração da produção (planejamento e controle da produção). e) administração financeira (busca e aplicação de recursos monetários, análise das demonstrações financeiras, etc.). 2 - Em relação aos antecedentes da Administração, conforme o nosso texto introdutório, a administração veio recebendo fundamentalmente a influência de várias fontes para efeito de consolidação. Entre essas fontes NÃO podemos incluir: a) filósofos. b) igreja católica. c) revolução industrial. d) economistas liberais. e) os historiadores. Teoria Geral da Administração 26 Baseando-se apenas no texto abaixo, responda à questão 3. A Fábrica de Alfinetes Ao visitar uma fábrica de alfinetes, o economista liberal, Adam Smith observou: “Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, o terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto a afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer uma cabeça de alfinete requerem-se 3 a 4 operações diferentes; montar a cabeça já é uma operação independente, alvejar os alfinetes é outra, a própria embalagem dos alfinetes também constitui uma atividade independente”. Assim, a atividade de fabricar um alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas, as quais em algumas manufaturas são executadas por pessoas distintas, ao passo que em outras , o mesmo operário às vezes executa 2 ou 3 delas”. (Smith, Adam- A Riqueza das Nações. São Paulo. Editor Victor Civita, 1983, p.42) 3 -Identifique entre as alternativas abaixo, a que retrata fundamentalmente o que foi observado por Adam Smith: a) a produtividade do trabalhador - maior produção por período de tempo. b) a autonomia de cada operário poder optar por fazer um trabalho inteiro, do início até o fim. c) competitividade dos operários, à medida que cada um desejará produzir mais do que o outro. d) fragmentação de um trabalho inteiro (fabricar alfinete do início ao fim), ou seja, a divisão do trabalho em várias tarefas realizadas por operários diferentes. e) aumento da satisfação de cada operário por saber fabricar completamente um alfinete. Teoria Geral da Administração 27 Baseando-se apenas no texto abaixo, responda às questões 4 e 5. A Fábrica de Alfinetes “Vi uma pequena manufatura desse tipo, com apenas 10 empregados, e na qual alguns desses executam 2 ou 3 operações diferentes. Essas 10 pessoas trabalhando conjuntamente, cada um realizando uma a duas tarefas necessárias à fabricação de um alfinete, no final de um dia conseguiam produzir 48.000 alfinetes. De outro modo, se cada um dos empregados trabalhasse isoladamente, sem ter sido treinado, não conseguiria produzir 20, ou mesmo um alfinete por dia”. (Smith, Adam- A Riqueza das Nações. São Paulo. Editor Victor Civita, 1983, p.42) 4-Identifique entre as alternativas abaixo, a que retrata a conclusão fundamental a que chegou Adam Smith: a) aumento da produtividade do trabalhador, por poder executar sozinho ou isoladamente todas as tarefas necessárias à produção completa de um alfinete. b) redução da produtividade, devido à subdivisão de um trabalho inteiro em várias tarefas perfeitamente identificáveis. c) aumento da autonomia de cada operário por poder ter a iniciativa de fazer o trabalho inteiro da maneira que preferissem. d) o trabalhador não precisa ser treinado. e) aumento da produtividade, devido à subdivisão de um trabalho inteiro em várias tarefas perfeitamente identificáveis. Teoria Geral da Administração 28 5 - Do princípio da “Divisão do Trabalho”, denominado pelo filósofo e economista liberal Adam Smith, aplicado a um grupo de trabalhadores numa determinada fábrica, podemos concluir que: a) cada operário no estágio anterior, antes da prática da divisão do trabalho, produzia isoladamente e proporcionalmente mais unidades quando comparado com a produção dele mesmo, quando submetido ao princípio da divisão do trabalho, trabalhando conjuntamente com outros operários. b) cada operário quando submetido ao princípio da divisão do trabalho produzia mais quando participava de um conjunto de operários, onde cada qual realizava uma parte de um trabalho inteiro, do contrário não estaria sequer, realizando um trabalho ou um produto por inteiro. c) embora se sentido mais realizado por realizar apenas uma parte de um trabalho completo, o operário ficou menos especializado no que faz quando submetido ao princípio da divisão do trabalho. d) não houve relação direta entre divisão do trabalho e especialização do operário na realização da tarefa específica a ele destinada. e) a divisão do trabalho é que resultou da especialização do operário e não o contrário. Baseando-se apenas no texto abaixo, responda às questões 6 e 7 A Fábrica de Alfinetes Segundo Adam Smith “Esse grande aumento da quantidade pelo trabalho , em conseqüência da divisão do trabalho, o mesmo número de pessoas é capaz de realizar, é devido a três circunstâncias distintas: em primeiro lugar, devido a maior Teoria Geral da Administração 29 destreza existente em cada trabalhador; segundo, à poupança daquele tempo, que geralmente seria costume perder ao passar de um tipo de trabalho para outro; finalmente, à invenção de máquinas que facilitam e abreviam o trabalho, possibilitando a uma única pessoa fazer o trabalho que, de outra forma, teria que ser realizado por muitas”. (Smith, Adam- A Riqueza das Nações. São Paulo. Editor Victor Civita, 1983, p.43) 6 - Segundo Adam Smith, uma das circunstâncias favoráveis ao aumento de produtividade foi o(a): a) invenção de máquinas. b) estilo de chefia ou liderança adotado pelos supervisores. c) aumento do número de operários na fábrica. d) contratação de mais operários. e) aumento de tempo para a fabricação de alfinetes. 7 - O texto menciona tarefas intermediárias, que são aquelas executadas obrigatoriamente pelo operário quando tem que realizar todas as tarefas necessárias à conclusão de um trabalho pelo método tradicional. Por exemplo: ao ter que executar uma tarefa, ele mesmo caminha, procura o material, separa, transporta, procura a ferramenta, pega a ferramenta, inicia a tarefa, executa, conclui, passa por tarefas intermediárias até iniciar a próxima tarefa e assim por diante até concluir o trabalho inteiro. Teoria Geral da Administração 30 Em relação às tarefas intermediárias, quando executadas pelo mesmo operário que execute uma tarefa produtiva, elas influenciam na: a) redução do tempo de execução de cada tarefa. b) aumento da produtividade. c) redução do custo de fabricação. d) aumento do tempo de execução de cada tarefa. e) melhoria da especialização do operário. 8 - Em relação ao princípio da “divisão do trabalho”, o modelo “fábrica de alfinetes” significa: a) o funcionamento de uma fabricação tradicional. b) o desempenho de uma fabricação rudimentar. c) referencial exemplar. d) funcionamento de uma fabricação improvisada. e) um sistema de fabricação em que o operário tem livre iniciativa para trabalhar. Leia o texto abaixo, para responder às questões 9 e 10. A Kimóvel Ltda é uma empresa que está iniciando a fabricação de móveis padronizados em grande escala, destinados ao mercado de massa. Seus produtos principais são: mesas para escritórios e mesas com suporte para o conjunto: computador e impressora, de uso residencial. Teoria Geral da Administração 31 A empresa contratou 5 marceneiros e 4 auxiliares do tipo “faz tudo”, para cada um, num total de 20 auxiliares. Cada marceneiro é responsável pela fabricação de um único tipo de mesa. Ele inicia e executa todas as tarefas necessárias para a fabricação de uma mesa, com ajuda de seus auxiliares. 9 -Considerando o que foi observado por Adam Smith na fábrica de alfinetes, o que está certamente acontecendo na empresa Kimóvel Ltda em relação ao tipo de processo de fabricação utilizado, e a influência em relação ao tempo necessário para a fabricação de cada mesa, e na produtividade de cada marceneiro e respectivos auxiliares ? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 10 - Que decisão deverá ser tomada pelos sócios da Kimóvel Ltda, de modo a reduzir o tempo de fabricação de cada mesa e conseqüentemente obter maior eficiência e produtividade na fábrica? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Teoria Geral da Administração 32 A Administração Científica. Principais críticas dirigidas a Teoria da Administração Científica. Idéias novas trazidas pela Teoria Administração Científica. A Teoria Clássica – Fayolismo. Principais críticas dirigidas a Teoria Clássica. Idéias novas trazidas pela Teoria Clássica. 2 Abordagem clássica da Administração Teoria Geral da Administração 33 Nesta unidade, estudaremos a abordagem clássica da Administração que se subdivide em duas partes: Administração Científica e Teoria Clássica. Na primeira, estudaremos as origens e a biografia de Frederick W. Taylor, os fundamentos da Administração Científica e seus princípios, as contribuições da Administração Científica, a organização racional do trabalho, as experiências de Henry Ford e as principais idéias e críticas. Na segunda, seremos apresentados à biografia e às contribuições de Henri Fayol, às seis funções da empresa e funções administrativas, à definição de administração, à importância relativa das diversas capacidades do pessoal das empresas, aos princípios gerais de administração, aos elementos da administração, às principais idéias e críticas. OBJETIVOS DA UNIDADE: identificar as condições que possibilitaram o surgimento da Administração Científica, seus fundamentos e suas contribuições. PLANO DA UNIDADE A Administração Científica. Principais críticas dirigidas a Teoria da Administração Científica. Idéias novas trazidas pela Teoria Administração Científica. A Teoria Clássica – Fayolismo. Principais críticas dirigidas a Teoria Clássica. Idéias novas trazidas pela Teoria Clássica. Bem-vindo à primeira unidade de estudos. Teoria Geral da Administração 34 Administração Científica Origens A Administração Científica é considerada a primeira abordagem da Teoria Geral da Administração. Sua origem se localiza no conjunto das experiências obtidas de trabalhos efetivos, acompanhadas de estudos mediante ao emprego de métodos empíricos sobre a realização do trabalho, em algumas fábricas americanas, nas quais Taylor prestou trabalho durante, praticamente, toda uma vida. A força impulsionadora desse esforço foi a de reduzir a improvisação e o desperdício nas fábricas, trazendo o conseqüente benefício para empregadores e empregados. Segundo Silva (1974), ao relatar algumas palavras de Taylor no último discurso de sua vida “o aumento da riqueza real do mundo... O aumento da felicidade do mundo... O advento de menos horas de trabalho, a oportunidade de melhor educação e mais recreação, de cultura artística, de música, de tudo enfim que torna a vida digna de ser vivida se relaciona com o aumento de produção do indivíduo”. Vejamos, agora, uma breve biografia de Taylor, um dos pioneiros da Administração. Taylor Teoria Geral da Administração 35 Em 1874, aos 18 anos, Taylor empregou-se como aprendiz em uma pequena fábrica de bombas de água, em Filadélfia, de onde saiu torneiro mecânico. Mais tarde, fez carreira de engenheiro-chefe na Midvale Stell Company. Entre 1883 e 1890, nosso pioneiro colou grau de Engenheiro Mecânico e deixou a Midvale para trabalhar de diretor-geral da Manufacturing Investment Company, empresa que explorava em larga escala a indústria de papel. Três anos mais tarde, assumiu a profissão de systematizer, da qual foi criador e primeiro titular. Nessa qualidade de systematizer, Taylor foi contatado pela Bethlehem Steel Company, que estava interessada no seu sistema de administração industrial e no seu método de cortar metais. Em 1901, Taylor , resolveu dedicar sua vida à propagação gratuita de seu sistema de administração. Até a morte, Taylor não recebeu qualquer remuneração pelos discursos e conferências que pronunciou, artigos e livros que escreveu, reuniões em sua própria casa, em estabelecimentos industriais e em escolas e universidades a que compareceu para explicar os fundamentos do seu sistema. Como última homenagem, em sua sepultura, em Philadelphia, gravaram a inscrição ‘Frederick Winslow Taylor – Pai da Administração Científica’. VAMOS REFLETIR! Mas por que Frederick Winslow Taylor pode ser considerado o ‘Pai da Administração Científica’? De que forma, esse homem contribuiu para a nossa Administração? Veremos, então! As contribuições de Taylor para a Administração dividiram-se em dois períodos. Teoria Geral da Administração 36 Primeiro período de contribuições de Frederick Winslow Taylor Segundo Chiavenato (1999), o primeiro período corresponde à época da publicação do seu livro, Shop Management (Administração de Oficinas), em 1903, no qual se preocupa com as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio do Estudo de Tempos e Movimentos (motion-time Study). Taylor começou seu trabalho, junto com os operários, decompondo os seus movimentos e processos de trabalho, aperfeiçoando-os e racionalizando-os gradativamente. Desta forma, percebemos que a abordagem de Taylor foi direcionada para o “fazer” e não fundamentalmente para a administração que se processa nos escritórios, aquela que se ocupa com a área comercial (termo da época), financeira, Administração de Pessoal, etc., conforme se ocuparão os estudiosos das próximas teorias da Administração. Podemos citar como contribuições de Taylor: 1. O objetivo da Administração é pagar salários altos e ter baixos custos de produção. Para alcançar esse objetivo, a Administração deve aplicar métodos científicos e estabelecer processos padronizados que permitam o controle das operações, os empregados devem ser cientificamente colocados em serviços com materiais e condições de trabalho adequados, para que as normas possam ser cumpridas e devem ser treinados para aperfeiçoar suas aptidões e executar uma tarefa para cumprir uma produção normal. Racionalização – tornar racional; tornar mais eficiente, aperfeiçoar (processos, métodos) para que se evitem perda de tempo e desperdícios. AMORA, Soares. Minidicionário da Língua Portuguesa. Teoria Geral da Administração 37 “... uma atmosfera de cooperação entre Administração e trabalhadores para garantir esse ambiente psicológico”. Claude (1968) A atuação de Taylor foi pioneira e ainda hoje muitos de seus princípios são utilizados por inúmeras empresas, apesar de ser a teoria mais severamente criticada, dentre todas as outras, conforme abordaremos mais adiante. Segundo período de contribuições de Frederick Winslow Taylor Para Chiavenato (1999), o segundo período se dá em 1911, com a publicação do livro Princípios de Administração Científica, quando Taylor concluiu que a racionalização do trabalho operário deve ser acompanhada de uma estruturação geral da empresa para tornar coerente a aplicação de seus princípios. Foi nesse período que se desenvolveu os seus estudos sobre a Administração Geral, denominada Administração Científica, sem deixar de se preocupar com a tarefa do operário. Taylor não parou por aí! Para ele, a Administração Científica tinha 7 fundamentos: 1. O objetivo principalda administração deve ser o de assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, ao empregado; 2. Identidade de interesses de empregadores e empregados - A Administração Científica tem, por seus fundamentos, a certeza de que os verdadeiros interesses de ambos são que a prosperidade do empregador não Teoria Geral da Administração 38 pode existir, por muitos anos, se não for acompanhada da prosperidade do empregado e vice-versa, e que é preciso dar ao trabalhador e ao empregador o que eles mais desejam. Ao primeiro, altos salários e, ao segundo, baixo custo de produção; VAMOS REFLETIR Diante do que você leu acima, você concorda com Taylor? Sim? Não?... Então, vou deixar a pergunta para mais tarde e vamos em frente! 3. Influência da produção na prosperidade de empregadores e empregados - O objetivo mais importante para ambos deve ser a formação e o aperfeiçoamento do pessoal da empresa, de modo que os homens possam executar em ritmo mais rápido e com maior eficiência os tipos mais de trabalho, de acordo com suas aptidões naturais; 4. Vadiagem no trabalho - O trabalhador, às vezes, faz menos do que realmente poderia – e isso vale também para a produção. Não mais do que um terço ou metade de um dia de trabalho é eficientemente preenchido; 5. Ignorância dos Administradores sobre o tempo necessário para a execução dos serviços – O patrão ignorante, em relação ao tempo para realizar os trabalhos, auxilia o operário no objetivo de diminuir suas possibilidades de produção; Teoria Geral da Administração 39 6. Substituição dos Métodos Empíricos por Métodos Científicos – Em cada operação, dentre os vários instrumentos utilizados, existe sempre um melhor e mais rápido do que os demais. VAMOS REFLETIR Para Taylor, esse fundamento significa substituir a improvisação por métodos científicos. Você concorda com ele? 7. Divisão do trabalho entre a gerência e os trabalhadores - A administração pode e deve planejar e executar muitos trabalhos dos quais os operários são encarregados. Os atos dos trabalhadores devem ser precedidos de atividades preparatórias que os habilitem a fazer seus trabalhos mais rápido e melhor. Cada homem deve ser instruído diariamente e receber o auxílio cordial de seus superiores, ao invés de ser coagido ou, em situação oposta, entregue à sua própria inspiração. A fim de que o trabalho seja feito de acordo com leis científicas, é necessário melhor divisão de responsabilidades entre a direção e o trabalhador. Efeitos da Administração Científica Não apresentamos aqui panacéia para resolver todas as dificuldades da classe obreira e dos patrões. Como certos indivíduos nascem preguiçosos e ineficientes e outros ambiciosos e grosseiros, como há o vício e crime, também sempre haverá pobreza, miséria e infelicidade. Nenhum sistema de administração, nenhum expediente sob controle de um homem ou grupo de homens pode assegurar prosperidade permanente a trabalhadores e patrões. A prosperidade depende de muitos fatores, inteiramente livres de controle de grupo humano, Estado ou Nação, e assim todos passam inevitavelmente por certos períodos e devem sofrer um pouco. Sustentamos, entretanto, que sob a administração científica, fases intermediárias serão muito mais prósperas, felizes e livres de discórdias ou dissensões. Também períodos de infortúnios serão em menor número, mais curtos e menos atrozes. E isso se tornará Teoria Geral da Administração 40 particularmente verídico no país, região ou Estado que em primeiro lugar substituir a administração empírica pela administração científica. O autor está plenamente convencido de que esses princípios tornar-se-ão de uso geral, no mundo civilizado, mais cedo ou mais tarde e, quanto mais cedo, tanto melhor para todos. (Taylor ) Princípios de Administração Científica ou Administração das Tarefas Veja o quadro a seguir: a proposta da Administração Científica de Taylor para substituir a Administração Tradicional (Iniciativa e Incentivo). Comparação da Administração Tradicional (Iniciativa e Incentivo) com a Administração Científica CARACTERÍSTICAS ADMINISTRAÇÃO (Iniciativa e Incentivo) ADMINISTRAÇÃO (Científica) Responsabilidade pela execução do trabalho. Quase toda é do trabalhador. Divisão eqüitativa entre direção e operário. Orientação para a execução da tarefa. Orientação pessoal e empírica do trabalhador. A administração se esforça para obter iniciativa do trabalhador para produzir, o que raramente consegue. Orientação da Administração. A gerência deve reunir todos os conhecimentos tradicionais até então utilizados pelos trabalhadores e classificá-los, tabulá-los e reduzi-los a muitas normas, leis e fórmulas úteis aos trabalhadores para a realização do trabalho diário. Teoria Geral da Administração 41 Uso dos dados científicos. Não existe. Requer uma sala com livros, anotações de rendimentos máximos e uma mesa para o planejador de tarefas, que não é o trabalhador. O homem para planejar e executar as tarefas. É o mesmo para planejar ao seu critério e também para executar. Um homem da direção para planejar e o operário para executar, sob relação cordial e cooperativa. Como planejar a execução da tarefa? Empirismo. A forma mais econômica, mediante a divisão do trabalho (especialização), em cada operação mecânica, precedida de vários estudos preparatórios, realizados por outros homens – Padronização. Estudo dos tempos e movimentos. Empirismo. 1º - Encontrar de 10 a 15 trabalhadores hábeis, de várias empresas e regiões e fazer o trabalho que vai ser analisado; 2º - Estudar o ciclo das operações ou movimentos e os instrumentos que cada um desses homens emprega; 3º - Estudar com o cronômetro o tempo para cada movimento e escolher os meios mais rápidos; 4º - Eliminar todos os movimentos falhos, lentos e inúteis; 5º - Afastar todos os movimentos desnecessários, reunir em um ciclo os movimentos melhores e mais rápidos, assim como os melhores instrumentos. Seleção de pessoal. Os homens selecionam-se para realizar as tarefas na empresa. Seleção científica do trabalhador. Remuneração. Pagamento uniforme. Adicional de salário quando o trabalhador ultrapassar o maior desempenho do trabalho comum. Quadro organizado pelo Prof. Jonas P. Lobato, mediante cotejo das contribuições de Frederick W Taylor. Teoria Geral da Administração 42 Em relação ao estudo dos tempos e movimentos da tabela acima, Taylor, em suas experiências, atentou para dois percentuais: do período de tempo que o trabalhador pode carregar peso e do período de tempo que ele deve ficar livre, sem carregar peso. A essa constatação, ele deu o nome de “Lei da Fadiga”, o que veremos mais detalhadamente adiante. Outras contribuições da Administração Científica A Administração Científica não tem contribuições apenas de Taylor, considerado pioneiro e o seu maior expoente, mas de outros estudiosos e também pioneiros da Teoria Geral da Administração. É da Administração Científica que recebemos os estudos e as publicações sobre a organização e racionalização do trabalho. Se pesquisarmos em Chiavenato (1999) veremos que a Organização Racional do Trabalho (ORT) baseia-se em alguns aspectos: 1º - Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos Devemos encontrar de 10 a 15 trabalhadores de várias empresas e diferentes regiões com habilidade para o trabalho que será analisado.Depois, estudar as operações ou movimentos que cada homem empregará ao executar o trabalho, como também os instrumentos usados e, com o cronômetro de parada automática, verificar o tempo utilizado para cada movimento e, então, escolher os meios mais rápidos de realizar as fases do trabalho. Ao final, eliminamos todos os movimentos falhos, lentos e inúteis, afastamos os movimentos desnecessários e reunimos em um ciclo os movimentos melhores e mais rápidos, assim como os melhores instrumentos. Teoria Geral da Administração 43 Para esse autor os objetivos de tempos e movimentos são: eliminação do desperdício; adaptação dos operários à tarefa; treinamento dos operários; especialização do operário; estabelecimento de normas de execução do trabalho. Os estudos de tempo e movimento encontram em Frank Bunker Gilbreth (1868-1924), engenheiro americano, e sua esposa Lilian Gilbreth os seus maiores expoentes. 2º - Estudo da fadiga (Lei da fadiga ou do trabalho penoso) Taylor deu início ao estudo do esforço humano de modo a obter o que denominou de lei da fadiga. A fadiga é o cansaço do trabalhador resultante da realização de esforço em relação a um trabalho penoso. Ele procurou mostrar isso após alguns tipos de experiências com trabalhadores, carregando cargas com determinados pesos, 45Kg e 22kg, e os respectivos percentuais do tempo de um dia de trabalho no qual o trabalhador deveria trabalhar e descansar respectivamente. Teoria Geral da Administração 44 Taylor, Gilbreth e outros estudiosos da Administração Científica, deram o passo inicial para o desenvolvimento da moderna ergonomia - ciência responsável pela adaptação do trabalho ao homem, ao contrário da Administração Científica, que procurava adaptar o homem ao trabalho. Variáveis do trabalhador. (dependente) Variáveis do ambiente, equipamentos e utensílios. Variáveis do movimento 1 – anatomia. 1 - qualidade dos utensílios. 1 - aceleração. 2 – musculatura. 2 – roupas. 2 – automação. 3 – motivação. 3 – cores. 3 - combinação com outros movimentos e seqüências. 4 – credo. 4 - distrações (músicas...). 4 – custo. 5 - capacidade produtiva. 5 - temperatura, refrigeração e ventilação. 5 – direção. 6 – experiência. 6 – iluminação. 6 – efetividade. 7 – fadiga. 7 - qualidade do material. 7 - pés-libras 8 – hábitos. 8 - recompensas e castigo. 8 - inércia momentum vencida. 9 – saúde. 9 - tamanho da carga. 9 – comprimento. 10 - modo de viver. 10 - recursos especiais para reduzir a fadiga. 10 – necessidade. 11 – nutrição. 11 - salubridade e atrativos. 11 – caminho. 12 – tamanho. 12 – utensílios. 12 – movimento. 13 – agilidade. 13 - regulamentos sindicais. 13 – velocidade. 14 – temperamento. 14 - peso da carga. 15 – treino. Fonte: Adaptação de A. Nogueira de Faria, A. Introdução a Administração. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1993. 3º - Divisão do trabalho e especialização do trabalhador Como planejar a execução da tarefa para redução de custo e aumento de produtividade? Teoria Geral da Administração 45 A forma mais econômica é mediante a divisão do trabalho, visando o aumento da eficiência mediante a especialização, em cada operação mecânica, precedida de vários estudos preparatórios realizados por outros homens. Conseqüentemente, o trabalhador perde a autonomia, a liberdade e a iniciativa para escolher o método de realizar o trabalho e passa a executá-lo de forma mecânica e repetitiva, por isso o trabalhador submetido a essa condição passou a ser denominado de homem-máquina. Um trabalho inteiro passa a ser fragmentado em partes para ser realizado por operações ou tarefas manuais, simples e repetitivas (monótonas). VÍDEO Assistiu ao filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin? Não? Pois, então, recomendo que assista. Você verá a grande crítica feita através desse filme e identificará o que acabamos de ler. Teoria Geral da Administração 46 4º - Desenho (design) dos cargos e tarefas O estudo de racionalização em relação aos cargos se inicia sobre o modo como o cargo é desempenhado para se chegar ao modo com que ele deve ser desempenhado. Taylor foi o primeiro a realizar tentativas para estabelecer racionalmente os cargos e as tarefas. Em seguida, ele passa a conceituar e apontar as principais vantagens da racionalização dos desenhos dos cargos: Admissão de empregados com qualificações e salários mínimos, a fim de diminuir os custos de produção; Baixar os custos de treinamento; Diminuição de erros na execução e dos refugos e rejeições; Facilidade de supervisão, melhor controle de um número maior de subordinados; Aumento da eficiência do trabalhador e, conseqüentemente, maior produtividade. Podemos acrescentar aqui outras vantagens: Facilidade de balanceamento das cargas (pelo estudo da fadiga); Redução dos riscos dos acidentes de trabalho pela redução de atos inseguros. Cargo: conjunto de tarefas executadas de maneira cíclica e repetitiva. Tarefa: é toda e qualquer atividade executada por uma pessoa no seu trabalho. É a menor unidade dentro da divisão do trabalho em uma organização. Desenhar um cargo é especificar seu conteúdo (tarefas), métodos de executar as tarefas e as relações com os demais cargos existentes. Teoria Geral da Administração 47 5º - Incentivos salariais e prêmios de produção A partir de uma quantidade média de produção padronizada, ultrapassada, o trabalhador receberia um pagamento adicional, “um prêmio” pela eficiência, além do pagamento normal pelo dia de trabalho. 6º - Conceito de homo economicus Aqui, o homem seria motivado a trabalhar por causa da fome e da necessidade de dinheiro para viver. Assim, um pagamento adicional e os prêmios de produção influenciariam muito os esforços de cada trabalhador na sua tarefa, fazendo com que ele se envolvesse cada vez mais na produção. Esta visão de ‘o homem econômico’ via no operário da época, um indivíduo limitado, preguiçoso e culpado pelo desperdício das empresas. 7ª - Condições ambientais de trabalho, como iluminação, conforto, etc. Taylor, juntamente com seus seguidores, verificou que a eficiência dos trabalhadores não se concentra somente no incentivo salarial, mas também em um conjunto de condições trabalhistas que garantam o bem-estar físico e diminuam a fadiga do trabalhador. Essas condições de trabalho seriam: Instrumentos e ferramentas adequados ao trabalho, minimizando, assim, o esforço do operador e a perda de tempo na execução da tarefa; Distribuição espacial das máquinas e equipamentos em geral, objetivando melhores fluxos de produção; Um ambiente físico de trabalho com menos ruído, maior ventilação, boa iluminação; Instrumentos e equipamentos especiais, a fim de reduzir movimentos desnecessários. Teoria Geral da Administração 48 8ª - Padronização de métodos e de máquinas Como você já deve saber, padronização vem de padrão e este é uma medida, um critério a ser adotado. Aqui, falamos em padronização das máquinas e equipamentos, instrumentos de trabalho, matérias primas, etc., a fim de reduzir a diversidade no processo produtivo e, por conseguinte, eliminar o desperdício, aumentando a eficiência. 9ª - Supervisão funcional Taylor também propunha a supervisão funcional, ou seja, diversos supervisores, cada um especializado em determinada área, possuindo, assim, autoridadefuncional. Encerramos aqui o estudo das contribuições da Administração Científica. Mas será que já aprendemos tudo sobre essa administração? Claro que não! Uma Administração Científica não se faz assim, da noite para o dia, e nem somente de contribuições. Precisamos empregar princípios para colocar tudo isso em prática. E já que falamos em princípios... que tal falarmos um pouco sobre eles agora? Os princípios da Administração Científica Segundo Chiavenato (1999), a Administração Científica possui alguns princípios, dos quais veremos abaixo. Padronização é a aplicação de padrões em uma organização ou sociedade para obter a uniformidade e reduzir os custos. Teoria Geral da Administração 49 1º - Princípio do planejamento Substituir o critério individual do operário, a improvisação, a atuação empírico-prática pelos métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela ciência, por meio do planejamento dos métodos. 2º - Princípio de preparo (Aplicação do método racional) Seleção e aperfeiçoamento científico do trabalhador, selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões, e prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado. Além do preparo da mão de obra, também as máquinas e equipamentos de produção, o arranjo físico e a disposição racional das ferramentas e materiais. 3º - Princípio do Controle Controlar o trabalho para certificar que está sendo executado de acordo com as normas estabelecidas e o plano previsto. 4º - Princípio da execução Distribuir as atribuições e as responsabilidades, para que execução do trabalho seja feito pelos operários. Até aqui estudamos a Administração Científica, sob o ponto de vista de um dos seus precursores – Taylor. Daqui em diante, continuaremos o nosso conteúdo, agora sobre o prisma de Henry Ford, o ‘Pai da produção em série’. Teoria Geral da Administração 50 1.2. Henry Ford (1863-1947) As experiências de Henry Ford Por ter nascido em fazenda, Henry se preocupava em encontrar meios de melhorar os transportes, “o carro sem cavalos”, tendo como acontecimento mais importante de sua vida ter encontrado um locomóvel, em 1875, na estrada de Detroit. Essa máquina o encantou desde o início e o levou a estudar carros automotores. Aos dezessete anos Henry deixou a escola e ingressou nas oficinas Drydock como aprendiz. Apesar da dificuldade, conseguiu diplomar-se em mecânico. Em 1879, Ford passou a trabalhar na Westinghouse Company, como técnico de montagem e consertos de locomóveis, mas não se agradou muito, por causa do peso e custo das máquinas, que só os grandes fazendeiros poderiam adquirir. Na condição de mecânico produziu, em 1893, o seu primeiro automóvel, “um calhambeque à gasolina”. Ele era barulhento, assustava os animais, congestionava o trânsito graças à curiosidade que causava e aos problemas com os agentes de polícia. Foi o primeiro e durante muito tempo o único automóvel de Detroit. Tendo percorrido nele 1.500 quilômetros, Henry depois o vendeu por 200 dólares. Henry Ford examinou um carro alemão, Benz, exposto em Nova York em 1895, mas não constatou nenhum aperfeiçoamento interessante, também usava correias e era pesado. Sendo assim, no ano seguinte, construiu seu segundo carro muito parecido com o primeiro, porém mais leve, ainda com correias como meio de transmissão. Teoria Geral da Administração 51 Alguns anos mais tarde Ford fundou sua primeira fábrica, que não deu certo. Mas ele não desistiu, continuou tentando e fazendo suas pesquisas, quando em 1903 fundou a Motor Company, visando fabricar e vender carros a preços ao alcance da população. Estabeleceu o “sistema de vendas Ford” e o “serviço Ford”. Os carros adquiriam fama de resistentes, firmes, bem construídos. A fábrica produzia algumas peças, mas, na verdade, era uma atividade de montagem. Seu fundador trabalhava com a idéia de fabricar um modelo universal. De 1905 a 1906 fabricavam-se somente dois modelos de carros: um de 4 cilindros de 2.000 dólares e outro destinado ao turismo por 1.000 dólares. Em 1907, tendo adquirido a maioria das ações, Ford decidiu mudar o rumo dos negócios: parou de fabricar o carro de turismo, fabricou um carro de 600 dólares e outro de 750 dólares. Conseguiu vender 8.423 carros, significando 20% apenas das melhores vendas anteriores. A partir dessa experiência, ele resolveu fabricar somente um modelo. Foram vendidos 10.000 carros e adquiriu-se um novo espaço para a construção de uma nova fábrica, introduzindo-se a Linha de produção. Entre 1910 e 1911, já com as novas instalações de produção, foram vendidos 34.528. A partir daí se iniciou uma sistemática redução de preços. Em 1914 estabeleceu o salário mínimo de 5 dólares por dia de oito horas, quando na maioria dos países, a jornada era de 10 a 12 horas, com salários muito mais baixos. Teoria Geral da Administração 52 VAMOS REFLETIR! Desculpe interromper seu raciocínio um instante, mas o que você achou, especialmente, sobre o parágrafo acima? Ford estabeleceu um salário mínimo de 5 dólares por 8 horas de trabalho, enquanto que em outros países a jornada era de 10 a 12 horas e os salário bem mais baixos. Será que ele era ‘bonzinho’ (com todo o respeito)? Ou será uma tática para incentivar seus funcionários? Deixarei essas e outras perguntas para você responder! Continuemos então! Segundo Moitinho (1961), em 1915, saiu das fábricas de Ford um milhão de carros, observando ainda os desempenhos em relação aos anos de 1926 a 1928. Em 1926 possuía 88 usinas Ford e empregava entre homens e mulheres mais de 150 mil pessoas, fabricando dois milhões de carros por ano; já em 1927 foi encerrada a fabricação do “modelo T” (Ford de bigode) e em 1928, nos primeiros dias do ano, foi lançado o “modelo A”, que iniciava uma nova fase dos carros da Ford. Curiosidade: No período de 1927 a 1930, Henry Ford desejando livrar-se do monopólio inglês da borracha, decidiu investir no cultivo da seringueira para a obtenção do látex na Amazônia brasileira, no Pará, às margens do Rio Tapajós. Para essa finalidade construiu uma vila com o nome de Fordlândia, que chegou a atrair mais de duas mil pessoas. Entretanto, esse projeto foi abandonado pela Ford em virtude de uma praga que atacou as folhas das seringueiras. A vila Fordlândia deu lugar à cidade de Belterra, que ainda guarda várias memórias daquela época, devido ao estilo arquitetônico das casas e objetos trazidos dos EUA. Atualmente, constitui-se numa área de turismo para a região. Enquanto Taylor, Gilbreth, Anderson, Gantt e outros realizavam estudos na condição de empregados em empresas industriais, Henry Ford pôde exercitar a Administração na condição de empreendedor, tendo que, antes de tudo, criar um produto viável para o mercado. Sendo assim, ele pôde nos transmitir informações mais gerais do que as experiências obtidas apenas no espaço da fábrica. Teoria Geral da Administração 53 Todas essas informações desse item foram extraídas de forma resumida do Livro de Henry Ford. Princípios da Prosperidade. Rio de Janeiro: Editora BRAND, 1954, volume único, contendo seus três livros: Minha Vida e Minha Obra; Hoje e amanhã e Minha Filosofia de Vida, especificamente do Livro Minha Vida e Minha Obra. Sobre: Idéias de Henry Ford 1- Negócio. “Primeiro fazer bem o trabalho para o freguês depois receber a justa recompensa”. ”O compromisso que o fabricanteconstrói com o freguês não termina no ato da venda; este ato apenas se inicia.” 2 - Métodos de Trabalho na linha de montagem. Produção em massa para a redução do preço. “Trazer o trabalho ao operário ao invés de levar o operário ao trabalho” “Nenhum operário deve ter mais que um passo a dar para realizar o seu trabalho.” Princípios da Montagem: 1º Trabalhadores e ferramentas devem ser dispostos na ordem natural da operação de modo a ter a menor distância a percorrer; 2º Empregar planos inclinados ou aparelhos para transferir peças de um trabalhador para outro, de modo que cada uma seja conduzida pelo próprio peso, sempre para um mesmo lugar; 3º Usar uma rede de correias transportadoras das peças para que a montagem se distribua em distâncias convenientes. Resultados esperados: Economia de pensamento e redução dos movimentos dos operários. Sendo possível deve-se “fazer uma só coisa com um só movimento”. Especialização. Adotar a especialização. Não permitir que nenhum operário se considere fixo numa tarefa determinada, de modo a não poder trabalhar noutra. Teoria Geral da Administração 54 Trabalho. Princípio econômico - é o elemento humano que nos permite auferir benefícios. Princípio moral - é o direito que cada um tem sobre o seu trabalho. Igualdade dos homens. Não há maior absurdo. A natureza os fez desiguais e toda concepção democrática que tenta igualá-los resulta em esforço que retarda o progresso. Homens capazes que dirigem as massas permitem que os menos capazes vivam com menor esforço. Natureza humana. Nunca encontrei um homem completamente mau. No pior há sempre um lado bom. As pessoas, em nossas fábricas, não são aceitas ou repelidas pelo passado. Remuneração. Salário justo é o mais alto que a empresa possa pagar. Em 1914 reparte parte do controle acionário com os empregados da empresa. Lucro. O público constrói nossas indústrias consumindo nossos produtos, possibilitando lucro. Devemos nos obrigar a reduzir o preço como uma espécie de retribuição a um investimento que fazem. Fonte: FORD, Henry. Princípios da Prosperidade. Rio de Janeiro: Editora BRAND, 1954. Dados e informações organizados pelo prof. Jonas P. Lobato. Os três princípios básicos de Ford Henry Ford tinha três princípios: de intensificação, economicidade e produtividade. O primeiro trata da diminuição do tempo de duração com o emprego dos equipamentos e matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado; o segundo fala sobre a redução do estoque da matéria-prima em transformação. A intenção é que a velocidade da produção seja rápida, tão rápida que o produto seja pago à empresa antes mesmo do pagamento da matéria-prima; e o terceiro princípio preza pelo aumento da capacidade de produção do operário por meio da especialização e da linha de montagem. Assim, empresa e operário ganham. Teoria Geral da Administração 55 Apesar de tudo isso, algumas críticas foram dirigidas à Administração Científica. Aliás, em todos os aspectos, temos que ver as vantagens e desvantagens, ouvir os aplausos e as críticas. Então, vamos lá! Críticas dirigidas à Teoria da Administração Científica Segundo Chiavenato (1999), as críticas são as seguintes: Mecanicismo da Administração Científica Embora a organização seja constituída de pessoas deu-se pouca atenção ao elemento humano e concebeu-se a organização como um “arranjo rígido e estático de peças” Katz & Kan (1970), ou seja, assim como construímos uma máquina dentro de uma série de peças e especificações, também construímos uma organização de acordo com um projeto. Daí, a denominação “a teoria da máquina”. Worthy (1950). Não só para a Administração Científica, mas para toda a Teoria Clássica da Administração. Superespecialização do operário [...] “à medida que as tarefas vão se fracionando, a maneira de executá-las torna-se padronizada”. Katz & Kan (1979). “Essas formas de organização de tarefas não apenas privam os trabalhadores de satisfação no trabalho, mas, o que é pior, violam a dignidade humana”. Scott (1962). O filme Tempos Modernos, que recomendei a você anteriormente, retrata pitorescamente as agruras do operário americano robotizado pela extrema especialização de tarefas e pelo excesso de padronização dentro das fábricas. Teoria Geral da Administração 56 Visão microscópica do homem [...] refere-se ao homem como empregado tomado individualmente, ignorando que o trabalhador é um ser humano e social. Ausência de comprovação científica [...] pretende elaborar uma ciência, sem, todavia, apresentar comprovação científica das suas proposições e princípios. Os engenheiros americanos utilizaram pouquíssima pesquisa e experimentação científica para comprovar suas teses. Os aspectos mais importantes referem-se ao como e não ao porquê da ação do operário. Abordagem incompleta da organização [...] é considerada uma abordagem incompleta, parcial e inacabada, por se restringir apenas aos aspectos formais da organização, omitindo completamente a organização informal e, principalmente, os aspectos humanos da organização [...] é também criticada por limitar-se aos problemas da fábrica, omitindo as demais áreas e partes da organização. Limitação do campo de aplicação As observações de Taylor e seguidores foram limitadas a problemas de produção na fábrica não considerando os demais aspectos da vida da empresa, como financeiros, comerciais, etc. Teoria Geral da Administração 57 Abordagem prescritiva normativa [...] visualizava a organização como ela deveria funcionar, ao invés de explicar o seu funcionamento. [...] procura padronizar situações para poder padronizar a maneira como elas deverão ser administradas. Abordagem do sistema fechado [...] visualiza as empresas como se elas existissem no vácuo ou como se fossem entidades autônomas, absolutas e hermeticamente fechadas a qualquer influência vinda de fora delas. Diante das críticas dirigidas à Administração Científica, devemos proceder com cautela e considerar determinadas condições econômicas, sociais e de concorrência da época eram diferentes das condições atuais. Também devemos considerar a Teoria Clássica, que teve um foco importante na busca pelo aumento da produtividade na empresa. Após a Administração Científica, praticamente não surgiu nenhuma teoria com proposta para aumento da produtividade e eliminação dos desperdícios. A busca pelo aumento da produtividade só foi retomada com o movimento da qualidade total nos anos 80, quando as empresas passaram a sofrer uma concorrência intensa por parte dos países denominados de tigres asiáticos, tendo o Japão como o mais atuante. E ainda, diante de qualquer das teorias ou questões, é recomendável que ao invés de aprovar ou negar tudo, procuremos extrair os aspectos positivos e os negativos e fazer as considerações. Teoria Geral da Administração 58 Idéias novas trazidas pela Administração Científica Teoria Clássica - Fayolismo Da mesma forma que fizemos com a Administração Científica, nos conduziremos, agora, ao estudo da Teoria Clássica. Um dos grandes contribuidores dessa teoria foi Henri Fayol, sobre o qual conheceremos um pouco da sua história. Teoria Geral da Administração 59 Henri Fayol (1841-1925) Engenheiro francês, Henri Fayol nasceu em Constantinopla, em 29 de
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