Buscar

9 Transtornos Neuróticos

Prévia do material em texto

Transtornos neuróticos
Transtornos de Sintomas Somáticos e Transtornos Dissociativos
Transtorno de Sintomas Somáticos
Transtorno de Ansiedade de Doença
Transtorno Conversivo
Transtorno Factício
Transtornos de Sintomas Somáticos
Transtornos de Sintomas Somáticos
Estes transtornos compartilham um aspecto comum: a proeminência de sintomas somáticos associados a sofrimento e prejuízo significativos. 
Indivíduos com transtornos com sintomas somáticos proeminentes costumam ser encontrados em contextos de atendimento primário e em outros contextos médicos, porém menos comumente em contextos psiquiátricos e em outros de saúde mental.
O principal diagnóstico nessa classe diagnóstica, transtorno de sintomas somáticos, enfatiza o diagnóstico feito com base em sinais e sintomas positivos (sintomas somáticos perturbadores associados a pensamentos, sentimentos e comportamentos anormais em resposta a esses sintomas) em vez da ausência de uma explicação médica para sintomas somáticos.
Transtornos de Sintomas Somáticos
Transtornos de Sintomas Somáticos
No DSM-IV era descrito como Transtornos Somatoformes, cuja característica dominante era a presença de sintomas físicos como dor, paralisia, cegueira ou surdez para os quais não havia causa física demonstrável.
Havia cinco Transtornos Somatoformes: somatização, hipocondria, conversão, dor e transtorno dismórfico corporal.
Padrões de sintomaspredominantes nos transtornossomatoformes(DSM-IV)
Somatização
Pessoa queixa-see busca tratamento para inúmeros sintomas físicos (fraqueza, desmaio, problemas urinários, náusea, etc.) para os quais nenhuma causa orgânica é encontrada.
Hipocondria
A pessoairrealisticamente interpreta sinais físicos (protuberâncias, irritações, dores, etc.) como evidência de doenças sérias e estas interpretações conduzem a altos níveis de ansiedade e medo.
Conversão
A pessoaexperimenta um ou mais sintomas importantes (cegueira, paralisia, etc.) para os quais nenhuma causa orgânica pode ser encontrada. Em alguns casos a pessoa não está preocupada em relação ao sintoma.
Dor
A pessoa experimenta dor severa ou prolongadaque não apresenta causa orgânica ou é mais severa do que poderia ser justificado por uma causa orgânica existente.
TranstornoDismórficoCorporal
A pessoa está preocupada com algum defeitoimaginado em sua aparência.
Fatores de risco
Fatores de Risco
Uma série de fatores pode contribuir para o transtorno de sintomas somáticos e transtornos relacionados: 
vulnerabilidade genética e biológica (p. ex., maior sensibilidade à dor);
experiências traumáticas precoces (p. ex., violência, abuso, privação);
aprendizagem (p. ex., atenção obtida por causa da doença, ausência de reforço de expressões não somáticas de sofrimento) e 
normas culturais/sociais que desvalorizam e estigmatizam o sofrimento psicológico em comparação com o sofrimento físico. 
DSM-5 
CID-10
Critérios Diagnósticos
Transtorno de Sintomas Somáticos
Indivíduos com transtorno de sintomas somáticos geralmente apresentam sintomas somáticos múltiplos e atuais que provocam sofrimento ou resultam em perturbação significativa da vida diária, embora às vezes apenas um sintoma grave, mais comumente dor, esteja presente. 
Os sintomas podem ser específicos (p. ex., dor localizada) ou relativamente inespecíficos (p. ex., fadiga). Por vezes representam sensações ou desconfortos corporais normais que geralmente não significam doença grave.
Os sintomas podem ou não estar associados a uma outra condição médica.
Transtorno de Ansiedade de Doença
Envolve uma preocupação com ter ou contrair uma doença médica grave não diagnosticada. 
Sintomas somáticos não estão presentes ou, caso estejam, são de intensidade apenas leve. 
Uma avaliação completa não consegue identificar uma condição médica grave que justifique as preocupações do indivíduo, mas seu sofrimento é oriundo não da queixa física em si, e sim de sua ansiedade a respeito do significado, da importância ou da causa da queixa.
Transtorno Conversivo
Pode haver um ou mais sintomas de diversos tipos. 
Sintomas motores incluem fraqueza ou paralisia; movimentos anormais, como tremor ou movimentos distônicos; anormalidades da marcha; e postura anormal de membro. 
Sintomas sensoriais incluem sensação cutânea, visão ou audição alteradas, reduzidas ou ausentes. 
Episódios de tremores generalizados de membros com aparente prejuízo ou perda de consciência podem assemelhar-se a convulsões epiléticas (também denominadas convulsões psicogênicas ou não epiléticas). Pode haver episódios de ausência de resposta semelhantes a síncope ou coma. 
Outros sintomas incluem volume da fala reduzido ou ausente (disfonia/afonia), articulação alterada (disartria), uma sensação de “bola” ou caroço na garganta (globus) e diplopia (visão dupla).
Transtorno Factício
A característica essencial é a falsificação de sinais e sintomas médicos ou psicológicos em si mesmo ou em outro associado a fraude identificada. 
Indivíduos com transtorno factício também podem buscar tratamento para si mesmos ou para outro depois da indução de lesão ou doença. 
O diagnóstico requer a demonstração de que o indivíduo está agindo de maneira sub-reptícia para falsear, simular ou causar sinais ou sintomas de doença ou lesão na ausência de recompensas externas óbvias. 
Os métodos de falsificação de doença podem incluir exagero, fabricação, simulação e indução.
CID-10
F45 Transtornos somatoformes
A característica essencial diz respeito à presença repetida de sintomas físicos associados à busca persistente de assistência médica, apesar que os médicos nada encontram de anormal e afirmam que os sintomas não têm nenhuma base orgânica. Se quaisquer transtornos físicos estão presentes, eles não explicam nem a natureza e a extensão dos sintomas, nem o sofrimento e as preocupações do sujeito.
CID-10
F45.0 Transtorno de somatização
Transtorno caracterizado essencialmente pela presença de sintomas físicos, múltiplos, recorrentes e variáveis no tempo, persistindo ao menos por dois anos.
F45.1 Transtorno somatoforme indiferenciado
F45.2 Transtorno hipocondríaco
F45.3 Transtorno neurovegetativo somatoforme
F45.4 Transtorno doloroso somatoforme persistente
Transtorno Dissociativo de Identidade
Amnésia Dissociativa
Transtorno de Despersonalização/Desrealização
Transtornos Dissociativos
Transtornos Dissociativos
São caracterizados por perturbação e/ou descontinuidade da integração normal de consciência, memória, identidade, emoção, percepção, representação corporal, controle motor e comportamento.
Ou seja, há uma grave separação de funções da personalidade de modo que o indivíduo não está consciente de ou perde contato com aspectos importantes da própria personalidade.
O termo dissociativo é usado por supor-se que os indivíduos com sintomas como amnésia ou personalidade múltipla estão “fungindo” de partes de sua personalidade que suscitam estresse.
Os transtornos dissociativos são encontrados com frequência como consequência de traumas, e muitos desses sintomas, incluindo constrangimento e confusão acerca dos sintomas ou um desejo de ocultá-los, são influenciados pela proximidade ao trauma.
Transtornos Dissociativos
Transtornos Dissociativos
Sintomas dissociativos são vivenciados como: 
a) intrusões espontâneas na consciência e no comportamento, acompanhadas por perdas de continuidade na experiência subjetiva (i.e., sintomas dissociativos “positivos”, como fragmentação da identidade, despersonalização e desrealização) e/ou 
b) incapacidade de acessar informações e de controlar funções mentais que normalmente são de fácil acesso ou controle (i.e., sintomas dissociativos “negativos”, como amnésia).
Padrões predominantes de sintomas nos transtornos dissociativos (DSM-IV)
Amnésia
Umaincapacidade súbita de lembrar informações pessoais importantes. A incapacidade de lembrar não pode ser explicada por esquecimento comum.
Fuga
Viagem súbitapara longe de casa ou lugar de trabalho com a incapacidade de recordar do próprio passado. Durante a fugauma nova identidade é desenvolvida.
Transtornode Identidade Dissociativa
A presença dentro do indivíduode duas ou mais personalidades distintas. As várias personalidades assumem controle completo do comportamento do indivíduo em momentos diferentes e uma personalidade pode não estar consciente da outra.
Despersonalização
A experiência de ser desapegado dopróprio eu e observar o eu da posição de um observador externo ou a experiência de sentir-se mecânico ou como se estivesse em um sonho.
Transtornos Dissociativos
DSM-5
CID-10
Critérios Diagnósticos
Transtorno Dissociativo de Identidade
A característica definidora do transtorno dissociativo de identidade é a presença de dois ou mais estados de personalidade distintos ou uma experiência de possessão e episódios recorrentes de amnésia. 
Entretanto, a manifestação ou dissimulação desses estados de personalidade variam em função da motivação psicológica, do nível de estresse, de conflitos e dinâmicas internas e da resiliência emocional.
Em muitos casos de transtorno dissociativo de identidade na forma de possessão, e em uma pequena proporção de formas que não envolvem possessão, as manifestações de identidades alternadas são bastante claras.
Quando estados de personalidade alternados não são observados diretamente, o transtorno pode ser identificado por dois conjuntos de sintomas:
1) alterações ou descontinuidades repentinas no senso de si mesmo e de domínio das próprias ações e 
2) amnésias dissociativas recorrentes.
Transtorno Dissociativo de Identidade
A amnésia dissociativa de indivíduos com transtorno dissociativo de identidade manifesta-se de três formas principais: como 
1) lacunas na memória remota de eventos da vida pessoal (p. ex., períodos da infância ou adolescência; alguns eventos de vida importantes, como a morte de avô/avó, o próprio casamento, dar à luz um filho); 
2) lapsos na memória normalmente confiável (p. ex., do que aconteceu hoje, de habilidades bem aprendidas, como as ocupacionais, usar um computador, ler, dirigir); e 
3) descoberta de evidências de ações e tarefas cotidianas que eles não lembram terem feito (p. ex., encontrar objetos inexplicáveis em suas sacolas de compras ou entre seus pertences; encontrar escritos ou desenhos incompreensíveis que eles devem ter criado; descobrir ferimentos; “voltar a si” no meio de algo que estava fazendo).
Transtorno Dissociativo de Identidade
A forma de possessão do transtorno dissociativo de identidade manifesta-se, em geral, como comportamentos que surgem como se um “espírito”, um ser sobrenatural ou uma entidade externa tivesse assumido o controle, de tal forma que o indivíduo começa a falar e agir de maneira claramente diferente.
Entretanto, a maioria dos estados de possessão no mundo inteiro é normal, geralmente parte de práticas espirituais e não satisfaz os critérios de transtorno dissociativo de identidade.
Transtorno Dissociativo de Identidade
Transtorno Dissociativo de Identidade
Indivíduos com transtorno dissociativo de identidade apresentam-se geralmente com depressão, ansiedade, abuso de substância, automutilação, convulsões não epiléticas ou outros sintomas como comorbidade.
Comumente relatam múltiplos tipos de maus-tratos sofridos durante a infância ou a idade adulta. Também podem ser descritas formas que não envolvem maus-tratos, mas que reúnem eventos precoces opressivos na vida, como múltiplos procedimentos médicos prolongados e dolorosos. 
Automutilação e comportamento suicida são frequentes.
Amnésia Dissociativa
É caracterizada por incapacidade de recordar informações autobiográficas incompatível com o esquecimento normal.
Esse tipo de amnésia pode ser localizada (p.ex., um evento ou período de tempo), seletiva (p.ex., um aspecto específico de um evento) ou generalizada (p.ex., identidade e história de vida). 
Ela pode ou não envolver viagens intencionais ou perambulação sem rumo (p.ex., fuga).
Amnésia Dissociativa
A maioria dos indivíduos com transtornos dissociativos inicialmente não têm consciência de suas amnésias ocorrendo apenas quando a identidade pessoal é perdida ou quando circunstâncias os defrontam com a ausência de informações autobiográficas.
Os indivíduos são acometidos mais comumente por amnésia localizada ou seletiva, sendo a generalizada um fenômeno raro. 
A fuga dissociativa é incomum em pessoas com amnésia dissociativa, porém comum no transtorno dissociativo de identidade.
Transtorno de Despersonalização/Desrealização
É caracterizado por despersonalização (p.ex., experiências de irrealidade ou distanciamento da própria mente, de si ou do corpo) e/ou desrealização (p.ex., experiências de irrealidade ou distanciamento do ambiente ao redor) clinicamente persistente ou recorrente. 
Essas alterações da experiência ocorrem sem que haja prejuízo ao teste de realidade. 
Não há evidência de nenhuma distinção entre indivíduos com sintomas predominantes de despersonalização versus desrealização. Portanto, indivíduos com esse transtorno podem ter despersonalização, desrealização ou ambos.
A experiência de despersonalização pode ser descrita como uma experiência “como se” em relação ao eu (p.ex., como se estivesse em um sonho, como se estivesse fora de seu corpo).
A natureza “como se” é importante porque o distingue da esquizofrenia.
Os indivíduos mostram-se preocupados de que poderiam estar “ficando loucos”, portanto o sintoma é muitas vezes acompanhado de ansiedade.
Transtorno de Despersonalização/Desrealização
CID-10
F44 Transtornos dissociativos [de conversão]
Os transtornos dissociativos ou de conversão se caracterizam por uma perda parcial ou completa das funções normais de integração das lembranças, da consciência, da identidade e das sensações imediatas, e do controle dos movimentos corporais. Os diferentes tipos de transtornos dissociativos tendem a desaparecer após algumas semanas ou meses, em particular quando sua ocorrência se associou a um acontecimento traumático. A evolução pode igualmente se fazer para transtornos mais crônicos, em particular paralisias e anestesias, quando a ocorrência do transtorno está ligada a problemas ou dificuldades interpessoais insolúveis. No passado, estes transtornos eram classificados entre diversos tipos de “histeria de conversão”. Admite-se que sejam psicogênicos, dado que ocorrem em relação temporal estreita com eventos traumáticos, problemas insolúveis e insuportáveis, ou relações interpessoais difíceis. 
CID-10
Os sintomas traduzem frequentemente a ideia que o sujeito se faz de uma doença física. O exame médico e os exames complementares não permitem colocar em evidência um transtorno físico (em particular neurológico) conhecido. Por outro lado, dispõe-se de argumentos para pensar que a perda de uma função é, neste transtorno, a expressão de um conflito ou de uma necessidade psíquica. Os sintomas podem ocorrer em relação temporal estreita com um “stress” psicológico e ocorrer frequentemente de modo brusco. O transtorno concerne unicamente quer a uma perturbação das funções físicas que estão normalmente sob o controle da vontade, quer a uma perda das sensações. Os transtornos que implicam manifestações dolorosas ou outras sensações físicas complexas que fazem intervir o sistema nervoso autônomo, são classificados entre os transtornos somatoformes (F45.0). Há sempre a possibilidade de ocorrência numa data ulterior de um transtorno físico ou psiquiátrico grave.
CID-10
F44.0 Amnésia dissociativa
F44.1 Fuga dissociativa
F44.2 Estupor dissociativo
F44.3 Estados de transe e de possessão
F44.4 Transtornos dissociativos do movimento
F44.5 Convulsões dissociativas
F44.6 Anestesia e perda sensorial dissociativas
F44.7 Transtorno dissociativo misto [de conversão]
F44.8 Outros transtornos dissociativos [de conversão]
F44.9 Transtorno dissociativo [de conversão] não especificado

Continue navegando