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1_PROCEDIMENTOS_ESPECIAIS_I

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PROCEDIMENTOS
ESPECIAIS
Introdução
A jurisdição, como atividade estatal que é, não se divide. É a função de
compor os litígios, seja declarando qual é o direito de cada litigante, seja
realizando o direito já acertado, ou acautelando o processo.
Todavia, a própria legislação contempla divisões para a jurisdição. O
CPC/1973, mais precisamente no Livro IV, tratava dos procedimentos especiais
e os dividia em “procedimentos especiais de jurisdição contenciosa” (Título I,
arts. 890 a 1.102C) e “procedimentos especiais de jurisdição voluntária” (Título
II, arts. 1.103 a 1.210). O novo CPC, apesar de não seguir exatamente a divisão,
ao passo que insere os procedimentos especiais no livro que trata do processo
de conhecimento e do cumprimento de sentença (Parte Especial, Livro I),
continua a prever, em capítulo autônomo (Capítulo XV), os procedimentos
especiais de jurisdição voluntária. Por essa razão e, especialmente, para fins
didáticos, continuaremos utilizando a divisão proposta pelo CPC/1973.
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Jurisdição Contenciosa:
É a jurisdição propriamente dita, isto é, a função estatal exercida com o
objetivo de compor litígios.
Jurisdição Voluntária:
Por sua vez, não se presta a compor litígios. A rigor, não se vislumbra
nessa atividade estatal atuação do poder jurisdicional. A denominação “jurisdição
voluntária” advém do simples fato de o Estado-Juiz integrar um negócio privado
para conferir-lhe validade.
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No que é pertinente ao processo, o Código também contempla
divisão. Dependendo da tutela jurisdicional postulada pela parte, a
lei processual divide-o em processo de conhecimento e processo de
execução. Diz-se que o processo é de conhecimento quando a parte
solicitar a edição de uma lei (sentença) que resolva o litígio em
caráter definitivo; será de execução quando a parte, já tendo a
declaração de seu direito, invoca a tutela jurisdicional para vê-lo
satisfeito.
O nosso direito processual não contempla outra modalidade
de processo a não ser o de conhecimento e o de execução. Ocorre,
entretanto, de a atividade jurisdicional desenvolvida segundo esses
métodos, isoladamente considerados, não atingir seu objetivo, ou
seja, não tutelar o direito da parte. Isso ocorre em razão da natureza
de certos direitos materiais, cuja tutela às vezes reclama o
acertamento, o acautelamento e a execução numa só relação
processual.
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A inexistência de um processo que por si só fosse capaz de
tutelar determinados direitos levou o legislador a engendrar os
chamados “procedimentos especiais”. As técnicas de especialização
procedimental compreendem:
(a) a simplificação e agilização dos trâmites processuais, por meio da
redução de prazos e eliminação de atos desnecessários;
(b) delimitação do tema deduzido na inicial e contestação;
(c) alteração das regras relativas à legitimidade e iniciativa da parte;
(d) fusão de providências de natureza cognitiva e executiva;
(e) fixação de regras especiais de competência, bem como de citação
e suas finalidades;
(f) derrogação dos princípios da inalterabilidade do pedido e da
legalidade estrita.
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Os procedimentos especiais são denominados contenciosos
quando a jurisdição atua no sentido de compor, satisfazer ou acautelar
direitos, podendo haver a fusão de duas ou das três atividades. São
denominados jurisdição voluntária quando a atividade estatal consistir
na administração de interesses privados ou na integração em negócio
privado para dar-lhe validade.
Os procedimentos especiais estão previstos no CPC e na
legislação extravagante, como, por exemplo, o mandado de segurança
e a ação discriminatória.
Nesta disciplina vamos discorrer apenas sobre os procedimentos
previstos no CPC.
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▪ • * Ação de consignação em pagamento
▪ • * Ação de exigir contas
▪ • * Ações possessórias
▪ • * Ação de divisão e demarcação de terras particulares
▪ • * Ação de dissolução parcial de sociedade
▪ • * Inventário e partilha
▪ • * Embargos de terceiro
Procedimentos Especiais Contenciosos no NCPC
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Procedimentos Especiais Contenciosos no NCPC
▪ • * Oposição
▪ • * Habilitação
▪ • * Ações de família
▪ • * Ação monitória
▪ • * Homologação do penhor legal
▪ • * Regulação de avaria grossa
▪ • * Restauração de autos
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Procedimentos Especiais de jurisdição voluntária no
NCPC
• * Notificação e interpelação
• * Alienação judicial
• * Divórcio e separação consensuais
• * Extinção consensual de união estável e alteração do regime de bens do matrimônio
• * Testamentos e codicilos
• * Herança jacente
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Procedimentos Especiais de jurisdição voluntária no
NCPC
• * Bens dos ausentes
• * Coisas vagas
• * Interdição
• * Disposições comuns à tutela e à curatela
• * Organização e fiscalização das fundações
• * Ratificação dos protestos marítimos e dos processos testemunháveis formados a bordo
▪ (mescla entre jurisdição voluntária e procedimentos que no CPC/73 eram cautelares específicas)
(“descautelarização” implementada no NCPC)
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Procedimentos Especiais não mantidos no NCPC
• * Nunciação de obra nova
• * Venda a crédito com reserva de domínio
• * Especialização de hipoteca legal
• * Ação de usucapião (o NCPC extinguiu a ação de usucapião!? Arts. 246, §3º, e 259, inc. I ?)
* Ação de recuperação ou substituição de título ao portador
• * Ação de depósito (que acabou absorvida por uma das hipóteses de tutela de evidência,
conforme o art. 311, III).
Não foram mantidos porque, na verdade, todos eles podem se processar pelo
procedimento comum. Sempre estiveram no rol de procedimentos especiais por opção
legislativa, mas nada impede que se processem como os demais procedimentos.
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Procedimentos Especiais fora do CPC/NCPC
▪ • * Ações de locação de imóveis urbanos (despejo, revisão de aluguel e renovação
de locação)
▪ • * Mandado de Segurança
▪ • * Ações coletivas
▪ • * Ação de improbidade administrativa
▪ • * Ação de alimentos
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1) AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO: 539 A 549, NCPC / 334 A 345, CC
▪ * Nenhuma novidade substancial em relação ao CPC/73
▪ * Objetiva tutela jurisdicional que reconheça a extinção de obrigação do devedor
perante o credor relativamente à coisa devida, afastando dele os efeitos da mora,
quando o credor recusar o recebimento ou diante da impossibilidade do cumprimento
por motivos não imputáveis ao devedor.
▪ • No que tange à legitimidade, pertinente ao devedor e a qualquer terceiro
(interessado ou não), na medida em que isto decorre do próprio CC, vale ressaltar
apenas que o terceiro desinteressado deverá ajuizar a ação em nome do devedor, na
condição de legitimado extraordinariamente (art. 18), sendo-lhe vedado demandar em
nome próprio.
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▪ • Possibilidade de consignação extrajudicial com o “aproveitamento”
do depósito em juízo, caso haja recusa extrajudicial do réu (539, §3º),
desde que observado o prazo de 1 mês. Usa-se as aspas porque a ideia
de aproveitamento, aqui, é a de o credor não perder os efeitos do
afastamento da mora que obteve ao depositar extrajudicialmente. Se
ultrapassar um mês, o novo depósito é que valerá para fins de termo
inicial do afastamento da mora.
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