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Aula 8 - Perícias em espécies

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31/08/2019 Disciplina Portal
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Teoria Geral da Investigação
e Perícia
Aula 8 - Perícias em espécies
INTRODUÇÃO
Conceito de Corpo de Delito é a veri�cação da prova da existência do crime, feita por peritos, diretamente ou por
intermédio de outras evidências, quando os vestígios, ainda que materiais, desapareceram.
OBJETIVOS
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Compreender a aplicabilidade das ciências forenses e seu signi�cado;
De�nir que os ramos das perícias são ramos cientí�cos de conhecimento especí�co;
Registrar que esses conhecimentos especí�cos, em razão da complexidade, podem se subdividir em outras
especialidades.
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EXAME DE CORPO DE DELITO
Como já estudamos na aula 6, faremos um resumo sobre o tópico do exame de corpo de delito.
• Esse exame é indispensável nos crimes que deixam vestígios, como homicídio, roubo, entre outros;
• Há diferença entre corpo de delito e instrumento do crime: O exame no cadáver perfurado por projéteis de arma de
fogo é um exame de corpo de delito; o exame feito na arma apreendida com o suspeito é exame em instrumento do
crime;
• Quanto ao juiz, as legislações penais relativas à perícia estabelecem dois sistemas: o vinculatório e o liberatório;
• O sistema liberatório deve ser analisado sob um tríplice aspecto: Quanto à conveniência, ao procedimento e à
avaliação da prova pericial.
• A prova pericial é tão importante, que sua sua ausência nos crimes que deixam vestígios é causa de nulidade
absoluta, conforme determina o art. 564, III, b, do CPP;
• Exame de Corpo de Delito pode ser Direto e Indireto: ao examinar o corpo lesionado, o perito estará fazendo um
exame direto; ao ler um relatório, �chas hospitalares, ouvir médicos e enfermeiros que atenderam a vítima, elaborará
um exame indireto;
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• A prova pericial não poderá ser suprida quando os vestígios desaparecerem por inércia dos organismos estatais
responsáveis pela persecução penal;
• Há delitos nos quais a prova pericial não pode ser suprida por nenhuma outra. Um exemplo é o porte de substância
entorpecente, quando, não havendo a apreensão da droga �cará bastante difícil sustentar a acusação apenas com
base em prova testemunhal.
EXAME GRAFOTÉCNICO
Trata-se do chamado reconhecimento de escritos, previsto no art. 174, do CPP,
que busca certi�car, admitindo como certo, por comparação, que a letra inserida em
determinado escrito pertence à pessoa investigada.
O procedimento previsto no dispositivo mencionado pode ser utilizado também para
perícias de escritos envolvendo datilogra�a ou impressão por computador.
VOCÊ SABIA?
Consoante o art. 174, incisos II e III, do CPP, justamente para contornar a falta de colaboração do interessado, prevê a
lei processual penal que a delegado de polícia se valha de outros documentos emanados do punho do investigado, cuja
autenticidade já tenha sido evidenciada em juízo ou por qualquer outro meio de prova em direito admitido. Poderá,
ainda, haver requisição de documentos constantes de arquivos ou estabelecimentos público ou privados para proceder
à comparação.
Os documentos podem ser aferidos em sentido amplo ou estrito:
• Documento em sentido amplo é qualquer coisa que represente um fato ou realização do homem;
• Documento em sentido estrito é o objeto material em que se insere uma expressão de conteúdo intelectual, por meio
de um escrito ou de quaisquer outros sinais, imagens ou sons.
O CPP, ao tratar dos documentos como meios de prova, refere-se a eles em seu sentido estrito, conforme se percebe da
leitura do art. 232 do CPP. Assim, o referido dispositivo não considera documentos, no sentido estrito do termo, as �tas
gravadas, as fotogra�as e os desenhos.
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No entanto, o próprio CPP, em algumas passagens, faz alusão a documentos grá�cos e diretos:
• Os grá�cos são representados por outra forma que não a escrita, como pinturas, esquemas, desenhos, entre outros;
• Os diretos são as fotogra�as e gravações, quando o fato é representado diretamente, com espeque nos arts. 170 e
479, do CPP.
Além desses, há, como já mencionado, os documentos escritos.
DOCUMENTOS PÚBLICOS E PARTICULARES
Os documentos são públicos quando lavrados por funcionário público no exercício da função ou
fornecidos por repartição pública; já os documentos particulares são lavrados por particular ou,
a contrario sensu da de�nição de documento público, são aqueles que não são lavrados ou produzidos
por funcionário público no exercício de sua função.
Podemos, ainda, ter documentos que são formal e materialmente públicos quando, além de terem sido
lavrados por funcionário público no exercício de suas funções, tratam de assuntos de interesse público;
ou formalmente públicos e materialmente privados quando, não obstante lavrados por funcionário público
no exercício de suas funções, tratam de interesses privados.
Atenção
, Para �ns penais e processuais penais, basta que o documento seja formalmente público para que tenha o caráter de documento
público.
ESPÉCIES DE EXAME DE CORPO DE DELITO
Vimos que o corpo de delito é objeto sob o qual recai a conduta do criminoso e esse objeto em regra, deixa elementos,
alterações no bem jurídico.
A perícia é esse exame sob o corpo de delito. O Código de Processo Penal elenca algumas espécies de corpo de delito.
Vamos ver a seguir:
Autópsia ou necropsia ou exame cadavérico (nomenclaturas sinônimas)
Alguns autores criticam o nome autópsia, pois seria equivalente a fazer o exame em si
mesmo, mas outros discordam a�rmando que não tem relação alguma com o autoexame.
A �nalidade consiste na identi�cação da causa morte, seis horas após o óbito, ou
antecipado em razão de evidência de morte à luz do art. 162, CPP.
Essa evidência pode ser em razão dos equipamentos dos peritos ou pelo tipo de morte,
como uma morte violenta por decaptação, por exemplo.
Tratando-se de uma morte violenta é necessário que se faça o exame. Em uma morte
natural não é necessário a necropsia, uma vez que não houve delito.
Portanto, só haverá a necessidade de necropsia se tiver que ser analisado algum elemento
interno.
Realização: análises externa e interna, visceral.
Geralmente a causa da morte é constatada através de análise interna, apesar de evidências
externas.
Pode ocorrer a dispensa em razão da morte natural (doença ou senelidade) e morte violenta.
162, parágrafo único, CPP. Ex: decapitação. Em outras palavras, a morte violenta que não
precisa de necropsia é aquela que se evidencia a causa morte.
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Exumação (desenterrar cadáver). Art. 163 a 166, CPP
Trata-se de ordem que há reserva de jurisdição, não havendo necessidade de representar ao
juiz para exumar um cadáver.
Não deixa de ser uma variação da necropsia. Há exames que precisam ser feitos no cadáver
após o sepultamento, porque durante a investigação se constatou que aquela pessoa foi
vítima de um erro médico, por exemplo.
A legitimidade para a realização é do Juiz ou Delegado;
Atenção: no sistema acusatório não é função do juiz atuar de ofício na investigaçãocriminal. O ato será de reserva da jurisdição quando ingressar na reserva da seara absoluta
da jurisdição. Art. 282, §2º, CPP.
Exame complementar de lesão corporal. Art. 168, §1º. CPP
Esse exame vai fornecer a extensão do dano causado na lesão corporal. Há lesões leves e
graves. Pode ser necessário o tempo para se constatar algumas lesões.
Crimes que deixam vestígios precisam de prova pericial, não podendo a testemunhal suprir
tal requisito. A exceção da prova pericial nos crimes que deixam vestígios ocorre quando for
evidente tal lesão. Os crimes que deixam vestígios são hipóteses de prova tarifada. Não
pode o juiz ter iniciativa probatória na investigação.
Perícia laboratorial, conforme o art. 170, CPP (química, biológica, física)
Em razão do material perecível os peritos guardam uma amostra em laboratório. O perito
pode decidir por ele mesmo se deve fazer essa guarda, e nada impede que o delegado
requisite a guarda desse material.
Perícia grafotécnica, art. 147, CPP
Geralmente, é o exemplo dado pela doutrina de que o investigado não é obrigado a produzir
prova contra si mesmo. Acaba, portanto, sendo discutido como inconstitucional se o
investigado for compelido a realizar, no entanto, não há impedimento se realizado
voluntariamente.
Exame de instrumento do crime. Art. 175, CPP
Se �zermos uma interpretação literal, o citado artigo determina que todos os instrumentos
do crime sejam periciados.
No âmbito do crime de roubo, o STJ já decidiu que o emprego de arma de fogo não
precisaria de perícia, pois, o art. 157, §2º, I, CP, se refere apenas em emprego de arma de
fogo. Segundo o STJ, a e�cácia da arma na situação é de causar maior perigo para a vítima
e não de efetuar disparos.
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No porte ilegal de arma de fogo, o ideal é que haja o exame pericial de que tipo de arma é
aquela. Entretanto, é um crime de perigo abstrato, ou seja, o perigo é presumido.
Quando estamos diante de um crime de furto quali�cado pela escalada, destruição e
rompimento de obstáculos, o Código exige perícia, conforme art. 171, CPP.
Da mesma forma, o crime patrimonial, quando possível constatar o objeto do crime, é
necessário o exame de Avaliação, como preconiza o art. 172, caput e parágrafo único do
CPP, podendo servir para eventual aplicação do princípio da insigni�cância ou veri�cação do
valor para a incidência do privilégio da causa de diminuição de pena nos crimes
patrimoniais, quando admitidos, para bens de pequeno valor.
Busca pessoal ou revistas
Não são intervenções corporais. A revista não é intervenção corporal, uma vez que não há
intervenção no corpo, como a introdução de objetos por nenhuma cavidade corporal.
Exames radiológicos e ecográ�cos
Nesses exames, não ocorrem a penetração no corpo humano. No entanto, há interferência
no corpo em razão dos efeitos da irradiação, consequentemente, caracteriza uma
intervenção corporal.
Intervenções corporais
Extração de sangue é uma intervenção corporal. Desnude, intervenções anais e vaginais por
se tratarem de ato invasivo, também caracterizam intervenção corporal.
Atenção
, A título de exemplo trazemos um caso concreto (galeria/aula8/docs/caso_concreto.pdf) decidido por nossos Tribunais.
ATIVIDADES
1 - Uma pessoa pode ser objeto de prova? E a dignidade da pessoa humana prevista no art. 1º, III da CR/88?
Resposta Correta
2 - Com relação a quem possui legitimidade para exumação do cadáver, podemos a�rmar que poderá(ão) determiná-la:
a) Somente o juiz.
b) Somente o delegado.
c) O perito.
d) Juiz ou delegado.
e) Parentes da vítima.
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Justi�cativa
3 - Em se tratando do estudo da �nalidade da necropsia conforme o código de processo penal, podemos a�rmar que se
presta à:
a) Identi�cação da causa da morte sempre em razão da evidência da morte.
b) Identi�cação da causa da morte, após seis horas após o óbito, ou antecipado em razão da evidência da morte.
c) Identi�cação da causa da morte imediatamente após o óbito, ou antecipado em razão da evidência da morte.
d) Identi�cação da causa da lesão corporal, após seis horas do crime, ou antecipado em razão da evidência do crime.
e) Identi�cação da causa do estupro, após seis horas do crime, ou antecipado em razão de sua evidência.
Justi�cativa
4 - Sobre os estudos do exame de corpo de delito podemos a�rmar que a necropsia pode ser dispensada quando
houver:
a) Morte por queda.
b) Morte por perfuração.
c) Morte natural, como doença ou senilidade.
d) Morte suspeita.
e) Morte por enforcamento.
Justi�cativa
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Glossário
ART. 174, INCISOS I E IV, DO CPP
Prevê a intimação da pessoa interessada a �m de que possa reconhecer documentos provenientes de seu punho, que servirão
como padrão para a comparação, ou para que forneça diretamente à autoridade o material emanado de seu punho, conforme lhe
for ditado.
Não se pode olvidar que, segundo nosso sistema constitucional, ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo e,
portanto, o suspeito não será obrigado a fornecer material para comparação e isso não caracterizará crime de desobediência e
nem poderá ser interpretado em seu desfavor.

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