Buscar

SEGUNDO REINADO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SEGUNDO REINADO: a vinda dos imigrantes 
A diminuição de fornecimento de escravos levou os latifundiários a buscarem novas 
formas de organizar o trabalho nas fazendas, sendo uma das soluções o incentivo à 
imigração. 
As primeiras experiências de imigração para o trabalho na lavoura de café ocorreram na 
década de 1840, na província de São Paulo. O modelo de estímulo à vinda dos imigrantes 
foi dado pelo cafeicultor e senador Nicolau de Campos Vergueiro, que tinha propriedades 
na região de Limeira. Entre 1847 e 1857, Vergueiro estimulou a vinda de famílias belgas, 
alemãs, suíças e portuguesas para trabalhar em suas lavouras em regime de parceria. 
A parceria consistia no pagamento das despesas do deslocamento das famílias para o 
Brasil pelo fazendeiro, além dos custos referentes ao tempo em que tais famílias não 
começassem a produção. Era uma espécie de adiantamento dado pelos fazendeiros. Essa 
iniciativa teve algumas consequências. Inicialmente, tornou-se modelo para outros 
fazendeiros. 
Nicolau de Campos Vergueiro fundou a empresa de colonização Vergueiro & 
Companhia. Vários funcionários da empresa percorriam o continente europeu em busca 
de pessoas que se interessariam em trabalhar no Brasil. Os agentes da empresa realizavam 
uma propaganda informando sobre a possibilidade de enriquecimento no país e que o 
Brasil era uma terra promissora, onde todos teriam grandes oportunidades. Além dessa 
efetiva propaganda, os funcionários da empresa Vergueiro & Companhia ofereciam um 
adiantamento na remuneração dos trabalhadores. Essa era uma forma de seduzir ainda 
mais os europeus. 
Motivo dos imigrantes 
O principal motivo da vinda de imigrantes foi a falta de emprego provocada pela 
Revolução Industrial a partir do século XVIII e XIX, pois o avanço tecnológico das 
máquinas dispensou grande parte do trabalho humano nas fábricas. Dessa forma, sair do 
país de origem foi a solução que os imigrantes buscaram para contornar o desemprego. 
 
Sistemas de Imigração 
 Parceria 
A imigração iniciou-se no nosso país baseada em um sistema chamado “parceria”, 
idealizado por um grande fazendeiro, o Senador Vergueiro, na década de 1840. Por esse 
sistema, o fazendeiro pagava as despesas da viagem do imigrante, fornecia a alimentação 
a crédito, as ferramentas, alguns pés de café e um lote de terra para que plantasse gêneros 
de subsistência. 
Quando os pés de café começavam a produzir o imigrante deveria ressarcir o fazendeiro, 
pagando-lhe o capital investido com jurus, além de entregar metade de sua produção de 
café. O imigrante dificilmente conseguia pagar o fazendeiro e ficava preso à fazenda, o 
que causava tensões e conflitos entre trabalhadores e patrões. O sistema de “parceria” não 
deu certo, muito embora tenha sobrevivido por um longo tempo no campo brasileiro. 
Os imigrantes exerciam diversas funções em seus países de origem, eram artesãos, 
trabalhadores da indústria doméstica e, mesmo sendo camponeses, não sabiam cuidar dos 
pés de café. Além disso, recebiam dos fazendeiros as piores terras, pouco produtivas, e 
viviam endividados. Entretanto, o problema mais grave da imigração residia no 
tratamento dispensado aos imigrantes pelos fazendeiros que, acostumados com a 
escravidão, tratavam os trabalhadores como se fossem escravos. 
Por isso tudo, várias revoltas eclodiram, o que aconteceu inclusive na fazenda Ibicaba, de 
propriedade do idealizador do sistema de parceria. Apesar de o sistema não funcionar 
como fora idealizado, o projeto de Vergueiro, um homem muito além de seu tempo, era 
muito interessante. Em primeiro lugar, o senador acreditava que os imigrantes, livres dos 
débitos, poderiam se estabelecer por conta própria. 
Também se preocupava com a educação primária e secundária dos trabalhadores do 
campo, além de criar uma fazenda modelo para ensinar práticas agrícolas aos imigrantes. 
Como se pode perceber pelo projeto de Vergueiro, uma vez que o imigrante pagasse as 
dívidas contraídas, poderia se estabelecer por conta própria. Isto quer dizer que era 
possível que o imigrante abandonasse seu empregador e se estabelecesse em um pequeno 
lote de terra. 
E esse era um grande problema que tinha de ser resolvido. Se o trabalhador não era mais 
cativo, a terra não podia continuar a ser livre como fora desde os tempos coloniais. O 
governo brasileiro não queria que a agricultura brasileira se desenvolvesse por meio de 
pequenas unidades de produção. Defendia a continuidade da agricultura de exportação 
baseada na grande propriedade de terra. Nessa medida, o governo imperial precisava 
encontrar uma forma de impedir que os imigrantes se aproximassem da terra livre que 
existia, em abundância no Brasil. 
 
Subvencionada 
Além de dificultar o acesso à terra no Brasil, o governo passou a subvencionar a 
imigração, garantindo mão de obra para as grandes propriedades. Pela imigração 
subvencionada, o Estado pagava as despesas da viagem do imigrante para o Brasil, 
garantia-lhe um salário fixo e participação na colheita. Como do sistema de parceira 
resultaram maus-tratos e exploração dos imigrantes, a imagem do Brasil ficou 
comprometida no exterior. Para melhorar a imagem do país e despertar o interesse dos 
europeus em imigrar para cá, o governo brasileiro passou a fazer uma intensa propaganda 
das vantagens que o país e a imigração subvencionada ofereciam aos imigrantes. 
 
Cabe lembrar que, a partir de 1870, a conjuntura internacional era bastante favorável ao 
Brasil, em razão das crises enfrentadas por Itália e Alemanha – que elevaram o 
desemprego e o custo de vida nesses países – além da política de restrição à imigração 
adotada pelos Estados Unidos.Com as novas vantagens oferecidas aos imigrantes, 
gradativamente, os cafeicultores substituíram a mão de obra escrava pela livre. 
Os imigrantes viajavam como passageiros de terceira classe, em vapores, que levavam 
semanas para chegar ao seu destino. Após a chegada ao Brasil e depois de passar pela 
inspetoria de imigração, os recém-chegados iam para as hospedarias de imigrantes, 
existentes no Rio de Janeiro, Juiz de Fora e São Paulo, de onde partiam para as fazendas 
de café ou para as áreas de colonização no Sul do país. 
 
 
Colonização no Sul 
O governo incentiva ainda a imigração estrangeira para as províncias do sul do país, que 
se tornam estratégicas depois da Guerra do Paraguai. No caso, o objetivo é menos o de 
substituir a mão-de-obra escrava do que o de povoar áreas de densidade demográfica 
muito baixa. Até a proclamação da República (1889), mais de 1,5 milhão de imigrantes 
portugueses, espanhóis, italianos, alemães e eslavos, entre outros, chegam ao Brasil. A 
maioria vai para as plantações de café do Sudeste, mas muitos se dirigem às colônias do 
Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. 
 
 Imigrante Italiano no Brasil 
(Carta publicada no La Battaglia (A Batalha), no jornal paulistano de tendência 
anarquista que denunciava abusos dos cafeicultores para com os imigrantes 
italianos) 
A sua Excelência Cônsul da Itália em São Paulo Há três anos trabalhado na fazenda na 
qual o administrador tem o vício infame de maltratar os pobres filhos do trabalhador, em 
especial o italiano. Ora, é preciso que sua Excia. saiba que o abaixo assinado é um pobre 
pai de família com quatro filhos menores e mulher, o que quer dizer, unicamente dois 
braços à disposição do serviço da fazenda. Caí doente há 3 meses e não pude trabalhar 
por 30 dias, sendo, desde então, objeto de escárnio e maus tratos por parte dos empregados 
da fazenda. Resisti pacientemente, até que, não podendo mais suportar as humilhações, 
resolvi abandonar a fazenda há 15 dias e não receber o que tinha direito. Partideixando 
meus familiares, com a esperança de que o fazendeiro em pouco tempo os deixasse livres 
para partir, mas, até hoje não os vi, o que me fez acreditar que estão proibidos de sair da 
fazenda. 
(Fonte: La Battaglia, São Paulo, 23/07/1911)

Continue navegando