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� UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO Resenha Crítica de Caso Incêndio no CT do Flamengo Cristiano Santos Martins Trabalho da disciplina Proteção Contra Incêndios Tutor: Prof. Edison Teixeira Rego Florianópolis 2019 � PERGUNTAS TÉCNICAS AINDA SEM RESPOSTAS QUE ENVOLVEM O INCÊNDIO NO CT DO FLAMENGO Referência: Vicente Gomes Jorge, Mário. Perguntas Técnicas Ainda sem Respostas que Envolvem o Incêndio no CT do Flamengo, 02/2019. O autor escreve sobre o incêndio que ocorreu no CT do Flamengo, o qual matou dez adolescentes que jogavam nas categorias de base do Flamengo, no Rio de Janeiro. Segundo o autor, o foco das investigações, tem sido basicamente se o clube possui alvarás emitidos pela Prefeitura do Rio de Janeiro, certificação do Corpo de Bombeiros etc. Porém outros pontos merecem maior avaliação. Como o fato do Rio de Janeiro estar sofrendo, na semana do acidente, com fortes alterações climáticas, com tornados, que geraram variações de energia em todo o município. Uma variação de energia no sistema, poderia ter gerado um desequilíbrio no termostato, que é um dispositivo de equilíbrio do equipamento. A variação deste desequilíbrio, poderia gerar um curto circuito em todo o sistema. Podendo ser o principal gerador do foco de incêndio. O sistema de contêineres, para que possam ser utilizados como dormitórios, ou assemelhados para uso residencial, devem possuir no preenchimento entre as placas, poliuretano anticorrosivo e antichamas. Apenas uma perícia poderia apontar se a empresa fornecedora destes contêineres, estava utilizando os materiais de fabricação adequados para este tipo de projeto. Assim, estes materiais poderiam ter evitado a propagação do incêndio. O estranho, até o momento, é que a “Norma Regulamentadora”, Portaria 3.214 de 08 de junho de 1978, não foi abordada. É fundamental saber onde estão os profissionais de SESMT do clube. Eles deveriam se pronunciar sobre o ocorrido. Deveriam apresentar APR, ordens de serviço, planos de abandono, rotas de fuga etc. De acordo com a NR4, caso o clube tenha mais de mil funcionários sobre o regime CLT, deverá ser constituído de: um engenheiro de segurança do trabalho, um médico de CLT, um técnico em segurança do trabalho e um auxiliar de enfermagem do trabalho. Caso tenha menos funcionários, deverá ter um técnico em segurança do trabalho e um auxiliar de enfermagem do trabalho. Porém até o momento não foi mencionado nenhum destes profissionais no CT. Talvez por orientação jurídica do clube eles não se manifestaram ou talvez pela simples falta da presença destes profissionais. Também existe uma questão central neste tema, que foi deixada de lado, que é a Brigada de Emergência. O clube deveria ter uma brigada de plantão. São profissionais que devem estar atentos a possíveis intercorrências e não conformidades de segurança. Deveriam estar atentos a sinalização de segurança, extintores de incêndio apropriados, saídas de emergência, cumprimento de normas regulamentadoras, NR23 e NR26. A comissão interna de acidentes (CIPA), também não foi mencionada nas reportagens vinculadas na mídia. Deveria existir esta comissão, inclusive com a participação de atletas. Todas as questões mencionadas pelo autor parecem não ter resposta, impossível imaginar que um clube do tamanho e da tradição do Flamengo não tenha pensado nestes problemas de segurança. Parece que mais uma vez veremos situações de impunidade, com esta tragédia. O Brasil tem um histórico de não aprender com os erros do passado. Tivemos uma situação parecida em 2013 com o incêndio da boate Kiss, porém os causadores da tragédia, ainda aguardam julgamento e as leis criadas assim como as lições aprendidas com estes eventos trágicos, não foram suficientes para criarmos um padrão de prevenção eficaz na prevenção de incêndios. Temos uma instituição pública, considerada um exemplo pelos seus atos heroicos, que também parece estar despreparada para prevenir e proteger a sociedade. Uma instituição que aguarda por quase dez anos a solicitações de ajustes, por parte do clube, também deveria ser responsabilizada por omissão, e com rigor. Convivemos com um sistema preventivo contra incêndios, moroso, sem recursos, dependente da boa vontade de instituições, como a concessionária de energia da cidade, a Light, que até o momento não enviou o laudo comprovando se houve ou não sobrecarga de energia elétrica na rede, o que poderia ter corroborado para o início do incêndio. O fato é que não precisamos de uma perícia para entender a causa raiz do incêndio. A resposta para esta causa raiz é a impunidade que impera em nosso país. Se tivéssemos cobrado com rigor os responsáveis do passado, teríamos uma sociedade engajada contra as tragédias geradas pelos incêndios. �
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