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apostila de direitos humanos

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1ª edição
Eliana dos Santos Costa Lana
Josimeire Cristina Martins
Maria Luciana Rossato
Márcia Regina Grisaro Franco
Reitor: Prof. Maurício Chermann
EQUIPE DE PRODUÇÃO CORPORATIVA
Gerência: Adriane Aparecida Carvalho
Coordenação de Produção: Diego de Castro Alvim
Coordenação Pedagógica: Karen de Campos Shinoda
Equipe Pedagógica: Graziela Franco, Rúbia Nogueira
Coordenação Material Didático: Michelle Carrete
Revisão de Textos: Adrielly Rodrigues, Aline Gonçalves
Diagramação: Amanda Holanda, Douglas Lira, Nilton Alves
Ilustração: Everton Arcanjo
Impressão: Grupo VLS / Gráfica Cintra
Imagens: Fotolia / Freepik / Acervo próprio
Os autores dos textos presentes neste material didático assumem total 
responsabilidade sobre os conteúdos e originalidade.
Proibida a reprodução total e/ou parcial.
© Copyright Brazcubas 2019
1ª edição
2019
Av. Francisco Rodrigues Filho, 1233 - Mogilar 
CEP 08773-380 - Mogi das Cruzes - SP
Sumário
Sumário 
Apresentação 5
As Professoras 7
Introdução 9
1unidade I
1Políticas de educação ambiental 11
1.1 Educação ambiental 11
1.1.1 Educação ambiental no Brasil 17
1.2 Responsabilidade social 19
1.3 Sustentabilidade 23
Referências da unidade I 28
2unidade II
2Políticas de educação em direitos humanos 31
2.1 Direitos humanos 31
2.1.1 A história dos direitos humanos 32
2.1.2 A Declaração Universal dos Direitos Humanos 33
2.1.3 Políticas públicas em direitos humanos 35
2.1.4 Educação em direitos humanos 36
2.2 Gêneros discursivos 38
2.3 Tipologia textual 40
2.4 Relações intertextuais 43
Referências da unidade II 48
3unidade III
3Políticas de relações étnico-raciais 49
3.1 Cultura e diversidade 49
3.1.1 Sociodiversidade e multiculturalismo 50
3.1.2 Sociodiversidade: multiculturalismo, tolerância e inclusão 50
3.2 Políticas públicas em relações étnico-raciais educação 53
3.2.1 Lei das Cotas 54
3.3 Regras ortográficas 55
3.3.1 Nova ortografia 55
3.3.2 Nova ortografia – Hífen 56
Sumário
3.3.3 Dúvidas em língua portuguesa: a forma como escrevemos tem 
impacto fundamental na nossa credibilidade. 59
3.4 Conotação e denotação 61
3.4.1 Figuras de linguagem 62
3.5 Funções da Linguagem 64
Referências da unidade III 67
4unidade IV
4História africana, cultura afro-brasileira e indígena 69
4.1 África: o berço da humanidade 69
4.1.1 Continente africano: um novo olhar 70
4.2 Cultura afro-brasileira 76
4.2.1 Aprender a viver e a conviver 76
4.3 Povos Indígenas 78
4.3.1 Conhecer: primeiro passo para entender 79
4.3.2 Legislação e realidade 80
4.4 Elementos estruturais do texto dissertativo e argumentativo 84
4.5 Qualidades de uma dissertação 85
4.6 Estratégias argumentativas 86
4.7 Coesão e coerência 86
Referências da unidade IV 89
Apresentação
5
Apresentação
Caro aluno,
Bem-vindo à disciplina de Formação Geral, na qual buscaremos compreen-
der um pouco mais sobre a sociedade atual a partir do estudo de diversos temas 
relacionados. 
A proposta inicial é que passemos a refletir juntos sobre as mudanças sociais 
dos últimos anos e de que maneira elas interferem em nossas vidas, tanto no âmbito 
pessoal quanto como cidadãos e profissionais. Os temas que compõem esta disci-
plina, como você poderá comprovar ao longo do curso, versam sobre assuntos como 
políticas de educação e ambiental; direitos humanos; relações étnico-raciais; ensino 
da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena.
Além dos assuntos elencados, procuramos auxiliá-lo a se apropriar dos diver-
sos métodos que possuímos para a elaboração de textos acadêmicos, com ênfase 
nos textos dissertativos, sem deixar de lado questões necessárias para esse fim, qual 
seja, as normas da Língua Portuguesa, no que diz respeito às estratégias de leitura, 
interpretação e produção de texto.
Assim, o conteúdo previsto para a disciplina de Formação Geral atende à legis-
lação do Ministério da Educação (MEC) e está dividido em quatro unidades. Além do 
livro didático, você contará com videoaulas e materiais complementares na plata-
forma virtual.
Objetivos da Disciplina:
• Propiciar a aquisição de conhecimentos voltados às ciências humanas 
e da natureza; 
• Abordar sobre o elo entre o conhecimento e as suas relações com o 
mundo, o meio ambiente e o mundo do trabalho;
• Despertar compreensão de si mesmo como indivíduo e cidadão de 
uma sociedade diversificada e em constante mudança.
Apresentação
6
Competências e Habilidades da Disciplina:
• Aquisição de habilidades de comunicação oral e escrita em Língua 
Portuguesa; 
• Consciência da responsabilidade ética quanto ao meio social e 
ambiental; 
• Desenvolvimento do pensamento crítico e analítico sobre a diversidade 
cultural e a dimensão da complexidade do viver humano histórica e 
culturalmente. 
As Professoras
7
As Professoras
Profa. M.ª Eliana dos Santos Costa Lana
Mestra em Integração da América Latina pela 
Universidade de São Paulo. Título: Políticas Públicas 
para a Educação Escolar Indígena na América Latina: 
legislações de Brasil e Bolívia. Pós-graduada em 
Literatura. Graduada em Letras pela Universidade 
Braz Cubas. Atualmente, é Docente do Centro 
Universitário Brazcubas, Mogi das Cruzes, São Paulo.
Profa. M.ª Josimeire Cristina Martins 
Mestra em Estudos Linguísticos e Literários em 
Inglês pela Universidade de São Paulo. Pós-graduada 
em Tradução e Língua Inglesa pela Unibero. Possui 
graduação em Letras, Habilitação Tradução e 
Interpretação Português-Inglês (Unibero) e em 
Pedagogia (UBC). Atualmente, é professora do Centro 
Universitário Brazcubas e professora concursada de 
Língua Inglesa na Fatec de Mogi das Cruzes.
Profa. M.ª Luciana Rossato 
Mestra em Políticas Públicas pela Universidade Mogi 
das Cruzes - UMC (2017), graduada em Pedagogia pela 
Universidade Braz Cubas (2004). Pós-graduada em 
Gestão do Trabalho Pedagógico (2009). Especialista 
em Educação Inclusiva, Especial e Políticas de Inclusão 
(2012), em Psicopedagogia Clínica e Institucional 
(2012) e em Alfabetização e Letramento (2013).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1587403293819761
As Professoras
8
Profa. M.ª Márcia Regina Grisaro Franco 
Mestra em Semiótica, Educação e Tecnologias da 
Informação pela Universidade Braz Cubas. Título: 
“Inglês Instrumental: Comunicação eficiente nas 
Relações Profissionais”. Pós-graduações: Língua 
Inglesa; Linguística em Língua Portuguesa, pela 
Universidade de Mogi das Cruzes. Graduação em 
Letras pela Universidade de Mogi das Cruzes. 
Atualmente, é docente do Centro Universitário 
Brazcubas.
Introdução
9
Introdução
O mundo atual está em constante modificação em todos os setores sociais. 
Após a revolução industrial, nada mais foi o mesmo. Por este motivo convido você 
a refletir sobre o fato.
Na disciplina de Formação Geral podemos debater, discutir e refletir acerca do 
que nos rodeia, seja na área social, seja na área política ou ambiental, e até mesmo 
a respeito das novas configurações das relações humanas, por exemplo. 
Inicialmente, você terá, no livro didático, um breve estudo das questões sobre 
as Políticas de Educação Ambiental. Sabe-se que modo de produção de mercadorias 
e as questões do uso excessivo dos recursos naturais para a produção são temas 
de inúmeros estudos, cujo intuito é produzir mais, porém com responsabilidade 
ambiental. As estratégias de leitura e escrita, bem como as qualidades de um bom 
texto, serão abordadas em conjunto com o tema principal.
A seguir, analisaremos como a sociedade lida com as questões dos Direitos 
Humanos, ou seja, com o princípio da dignidade humana e da cidadania, cujo princi-
pal objetivo é reduzir as desigualdadese ter como principal fundamento o respeito 
ao outro. Respectivamente, serão estudados gêneros discursivos, tipos textuais e 
demais assuntos referentes.
Na terceira unidade, você terá a oportunidade de participar do estudo de 
um tema muito atual, que faz parte da área de Ciências Humanas desde a década 
de 1980: as questões referentes às relações étnico-raciais, das quais fazem parte 
a sociodiversidade e o multiculturalismo. Em conjunto ao tema, estudaremos as 
novas regras ortográficas e o tira-dúvidas dos erros recorrentes encontrados em 
textos dissertativos.
Na última unidade, abordaremos questões referentes à história da África, 
afro-brasileiros, povos indígenas e as políticas de reconhecimento. Desde 2003, O 
Ministério da Educação e Cultura (MEC) incluiu na grade curricular das escolas bra-
sileiras esses temas com vistas à tolerância e ao respeito ao outro: um dos princi-
pais fundamentos de uma democracia e de um país multicultural como o Brasil. Ao 
mesmo tempo, temos que assimilar as características básicas e necessárias para a 
elaboração de um texto dissertativo, qual seja, um texto dissertativo argumentativo 
coeso e coerente.
O mundo do trabalho, como a vida e tudo o que nos cerca, tornou-se mais 
complexo. Vive-se cada dia mais inundado de informações. O conhecimento pro-
Introdução
10
duzido pela humanidade cresce a passos cada vez mais acelerados, o mundo se 
torna cada vez mais especializado e as especializações são úteis para o mundo do 
trabalho cada vez por menos tempo. Atualizar os conhecimentos e as competências 
técnicas se torna necessário em intervalos de tempo cada vez menores. 
Em complemento às competências e aos conhecimentos técnicos, existem múl-
tiplas habilidades a serem desenvolvidas e estimuladas. Podem-se destacar entre 
elas: capacidade de comunicação oral e escrita, capacidade para lidar com situações 
novas e desconhecidas, capacidade de liderança e de trabalhar em equipe, capaci-
dade de lidar com situações complexas e o enfrentamento de situações-problemas. 
Nesses novos tempos em que vivemos, o espaço de formação geral e do 
desenvolvimento de competências múltiplas se constituem como requisitos essen-
ciais na formação universitária.
Para tanto, a sociedade contemporânea, com seu avanço tecnológico, per-
mite ao estudante ter à disposição uma grande quantidade de materiais virtuais. 
No Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), você terá material complementar 
para auxiliá-lo no caminho em busca do conhecimento. São textos, vídeos, livros, 
videoaulas, filmes, entre outros. Aproveite ao máximo essa oportunidade. 
Bons estudos!
Políticas de educação ambiental unidade I
11
1unidade I
1Políticas de educação ambiental
1.1 Educação ambiental 
Antes de falarmos da Educação Ambiental como 
uma diretriz curricular que está na nossa formação, faz-
-se importante delimitar o conceito de Meio Ambiente.
Você já pensou que todos os dias alguma notícia 
nos chega sobre o meio ambiente? São os noticiários da 
TV, as redes sociais, as mídias eletrônicas, as charges, 
os “memes” e outras formas de expressão que sempre 
remetem à nossa responsabilidade com o meio em 
que vivemos, pois é dele que extraímos o maior valor 
da humanidade: a vida!
1Comando 
Tabela
Políticas de educação ambientalUnidade I
12
Acerca da expressão Meio Ambiente, esta foi utilizada pela primeira vez pelo 
naturalista francês Geoffrey de Saint-Hilaire, em 1835, ao publicar a obra conhecida 
como Études Progressives d´un naturaliste, designando meio como o lugar em que 
se movimenta ou localiza um ser vivo, e ambiente como aquilo que o rodeia. Desde 
então, esta concepção se tornou a pauta de ambientalistas, empresários e estudio-
sos no mundo inteiro, refletindo as preocupações das autoridades e instituições do 
terceiro setor sobre o uso sustentável de todos os recursos disponíveis nesse meio. 
Na legislação brasileira, o artigo 3º, I, da Lei 6.938/81, que trata da Política Nacional 
de Meio Ambiente, afirma que o Meio Ambiente é entendido como: “o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que per-
mite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. 
É importante ressaltar que somente a partir da Constituição de 1988 que 
o Meio Ambiente foi tratado como um bem tutelado juridicamente, a partir da 
promulgação de mecanismos para sua proteção e controle, em que a ques-
tão ambiental se torna deliberadamente responsabilidade do Estado (SILVA, 
2004). Conforme exposto no artigo 225 da Constituição Federal, capítulo VI, 
sobre o Meio Ambiente:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade 
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações.
 § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao 
poder público:
  I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais 
e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
  II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio 
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e 
manipulação de material genético;
  III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços ter-
ritoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, 
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de 
lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade 
dos atributos que justifiquem sua proteção;
Políticas de educação ambiental unidade I
13
  IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ativi-
dade potencialmente causadora de significativa degradação do 
meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se 
dará publicidade;
  V - controlar a produção, a comercialização e o emprego 
de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a 
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
  VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio 
ambiente;
  VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as 
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem 
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
 § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a 
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução 
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
 § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da obri-
gação de reparar os danos causados.
 § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra 
do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patri-
mônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro 
de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, 
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
 § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pe-
los Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção 
dos ecossistemas naturais.
 § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua 
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser 
instaladas.
 § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º des-
te artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que 
utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, con-
forme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas 
como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultu-
ral brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que 
assegure o bem-estar dos animais envolvidos.(BRASIL, 2017). 
Políticas de educação ambientalUnidade I
14
Aliás, no mundo todo, as pautas ambientais são motivos de encontros 
entre os Chefes de Estado em eventos que visam debater o futuro decorrente 
das ações do ser humano, bem como os pactos assinados por eles para a pre-
servação e minimização dos danos e 
impactos que a inovação tecnoló-
gica ainda impõe sobre os recur-
sos. Silva (2004, p. 20-21) explora 
o conceito de meio ambiente, 
dividindo-o em três aspectos, 
para que este, de fato, seja globa-
lizante, conforme explica a seguir: 
[...] abrangente de toda a natureza, o artificial e original, bem 
como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, 
o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio 
histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico. Dessa 
forma, o conceito de meio ambiente compreende três aspectos, 
quais sejam: Meio ambiente natural, ou físico, constituído pelo 
solo, a água, o ar atmosférico, a flora; enfim, pela interação dos 
seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação recíproca en-
tre as espécies e as relações destas com o ambiente físico que 
ocupam; Meio ambiente artificial, constituído pelo espaço urbano 
construído; Meio ambiente cultural, integrado pelo patrimônio 
histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que, em-
bora artificial, difere do anterior pelo sentido de valor especial 
que adquiriu ou de que se impregnou. 
 
A ordem e o progresso que tanto almejamos, decorren-
tes das ações e aspirações do ser humano, levam às conse-
quências caóticas quando nos referimos ao Meio 
Ambiente. O Meio Ambiente, que é o 
lugar onde o homem aplica suas trans-
formações, é, em essência, importante 
para que a vida se estabeleça e se per-
petue, independentemente das espécies 
que nele habitam. Ele nada mais é do que um 
Políticas de educação ambiental unidade I
15
patrimônio da humanidade cuja responsabilidade de preservação cabe a todos nós. 
Aires e Bastos (2007, p. 32) enfatizam que o Meio Ambiente é muito mais abran-
gente do que os espaços delimitados pela flora e fauna que territorialmente nós 
conhecemos: 
Faz-se necessário superar a concepção de ambiente como mera 
externalidade onde comparecem apenas florestas, rios, solo, di-
versidade biológica etc., e venha a se conceber ambiente como 
espaço que é igualmente processo e no qual atuam relações de 
poder, ou seja, onde tudo isso tem implicações sociais, econômi-
cas, culturais, simbólicas e ecológicas. 
Ou seja, nosso cuidado com as diferentes for-
mas de vida ultrapassam as dimensões biológicas, 
atingindo as dimensões social e cultural existentes 
em nossas inter-relações. 
Conheça mais:
Se você quer saber mais sobre a Política de Educação Ambiental Brasileira 
e suas diretrizes na íntegra, acesse o site do Ministério do Meio Ambiente, 
o link está disponível na midiateca. 
Agora que você sabe o que é o Meio Ambiente e como ele é abordado, pas-
saremos ao entendimento sobre a Educação Ambiental. De acordo com a Política 
Nacional de Educação Ambiental, por meio da Lei 9.795/1999, art. 1º, a Educação 
Ambiental se refere aos: 
[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade 
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes 
e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, 
bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida 
e sua sustentabilidade. 
Políticas de educação ambientalUnidade I
16
Sabendo que desde a Co
nstituição Federal temo
s o direito ao meio amb
iente 
ecologicamente equilib
rado, a educação ambi
ental visa conscientiza
r os dife-
rentes atores sociais em
 relação às práticas de 
conservação e preserva
ção 
da natureza, devendo 
tanto o Poder Público 
quanto a coletividade 
defender 
e preservar para as fu
turas gerações. Esses 
princípios são iguais e
m todo 
o mundo, pois implica
 a qualidade de vida e
 perspectiva dessas ge
rações, 
estando ligadas às prát
icas ecologicamente cor
retas, essenciais não só
 para 
a cidadania, mas para 
a dignidade humana. P
ensando nos aspectos
 da cida-
dania, Sauvé (2005, p. 
317) fala da educação 
ambiental como a pos
sibilidade 
deste resgate: 
Em síntese, educação am
bien-
tal tem como princípio p
ensar 
no ser humano a partir 
do 
seu caráter sócio-histór
ico, 
reestabelecendo a relaç
ão do 
homem com a naturez
a com 
vínculo indissolúvel. 
Trata-se de uma dimensão essencial da educação fundamental 
que diz respeito a uma esfera de interações que está na base do 
desenvolvimento pessoal e social: a da relação com o meio em 
que vivemos, com essa “casa de vida” compartilhada. [...] Mais 
do que uma educação “a respeito do, para o, no, pelo ou em prol 
do” meio ambiente, o objeto da educação ambiental é de fato, 
fundamentalmente, nossa relação com o meio ambiente.
Dica de Leitura:
Se você quer saber mais sobre as questões que envolvem a Educação 
Ambiental no Brasil, acesse na íntegra o livro “Os diferentes matizes da 
Educação Ambiental no Brasil: 1997-2007”, disponível na página do MMA 
cujo link encontra-se na midiateca.
Políticas de educação ambiental unidade I
17
1.1.1 Educação ambiental no Brasil 
Conforme estabelecido pelo Ministério 
do Meio Ambiente (BRASIL, 2008), a 
perspectiva da Educação Ambiental 
enquanto uma prática é a de dar conta 
das mudanças tidas como imprescindí-
veis para uma sociedade mais susten-
tável, de modo a prevalecer padrões 
de produção e consumo adequados que 
atendam às necessidades de todos, além 
da universalização dos saberes e práticas 
quanto às ações de recuperação das áreas degradadas, visando à saúde ampliada em 
todas as suas variáveis. Isto é: “a Educação Ambiental tem que desenvolver teorias 
e práticas para ser crítica, transformadora e emancipatória; construir conhecimen-
tos, habilidades, valores e atitudes, além de preparar pessoas para a participação 
efetiva na formulação e condução de seus destinos” (BRASIL, 2008, p. 9). A Educação 
Ambiental deve mobilizar os atores sociais envolvidos com foco no futuro sustentá-
vel, garantindo o uso dos recursos e ações de recuperação do Meio Ambiente. 
Sobre a sua instituição no Brasil, podemos dizer que a Educação Ambiental 
está prevista na Lei 9.795/1999, a qual estabeleceu a Política Nacional de Educação 
Ambiental - ProNEA, que visa assegurar, por meio da educação, a integração equili-
brada das dimensões social, ambiental, ética, cultural, econômica, espacial e política 
junto ao desenvolvimento do País, com foco na qualidade de vida da sociedade como 
um todo. Os artigos 1º e 2º da referida Lei têm como premissas: 
Art. 1º. Entende-se por educação ambiental os processos por 
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valo-
res sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competên-
cias voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de 
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua 
sustentabilidade.
Art. 2º. A educação ambiental é um componente essencial e 
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de 
forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo 
educativo, em caráter formal e não formal.
Políticas de educação ambientalUnidade I
18
Dica de Vídeo:
Assista ao vídeo: DCNEA Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação 
Ambiental: Aula 01 de 06, Prof. Carlinhos Costa. O link está disponível na 
midiateca. 
Desde a implementaç
ão das diretrizes curri
culares, a Educação A
mbiental, 
segundo Brasil (2008),
 teve maior evidência 
nas regiões mais indu
strializa-
das do País, em lugare
s onde a degradação a
mbientalafetava diret
amente 
a população local. As a
ções de Educação Amb
iental na sala de aula a
brange-
ram os alunos das série
s iniciais, Fundamental
, até os alunos de 6º ao
 9º anos, 
em todas as regiões do
 País, conforme o Cens
o publicado em 2002.
A Educação Ambiental como práxis e como política educacional foi criada 
com a finalidade de desenvolver uma consciência ecológica nos indivíduos, na 
medida em que os conhecimentos gerados em sala de aula pudessem mudar 
o comportamento das pessoas voltado à proteção da natureza como um todo. 
Deste modo, a criança desde cedo se preocuparia com o cuidado do meio em 
que vive, levando para a sua família e demais círculos de socialização as ações 
de proteção com o meio ambiente natural e sua responsabilidade sobre os efei-
tos que tais ações possam gerar não só no âmbito local, mas no todo. 
Conheça mais:
Se você quer saber como a Educação Ambiental é aplicada no Brasil, acesse 
o link disponível na midiateca e leia a matéria de Nathália Abreu e as dis-
cussões sobre o que se tem praticado nas escolas. 
Políticas de educação ambiental unidade I
19
Segundo Munhoz (2004), é tarefa do professor levar a educação ambiental à 
comunidade por meio de atividades extracurriculares, ensejando nos alunos a refle-
xão e a crítica sobre os problemas que vivem em seu cotidiano, incitando temáticas 
sobre respeito à ecologia, às riquezas naturais, sobre a reciclagem de materiais e o 
desenvolvimento de hábitos saudáveis com foco na conservação do ambiente, pos-
sibilitando a cidadania e o comprometimento com o futuro. 
As ações de prevenção, controle e promoção do meio ambiente possibilitam a 
reprodução da postura vigilante da criança sobre aquilo que degrada o meio, vindo 
a ser corretivas e educativas junto aos adultos, proporcionando a consciência ecoló-
gica e a responsabilidade social. A responsabilidade da consciência ambiental é de 
todos, mas deve passar primeiramente pelas crianças, pois elas são os guardiões 
do futuro, considerando as expectativas que criam sobre o mundo no qual desejam 
viver no amanhã. 
Importante!
Em 25 de junho de 2002, dois meses antes da Rio+10 e após três anos 
de trâmites, foi promulgado pela presidência da República o tão espe-
rado Decreto 4.281/02, que regulamenta a Lei 9.795/99. Abriu-se uma 
porta para que a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) “saísse 
do papel”. [...] No início de 2003, uma campanha das redes revelaria a 
força do ciberativismo, através dessas estruturas horizontalizadas. Foi a 
Campanha “Brasil Sustentável só com educação ambiental” que aconte-
ceu quando o Ministério da Educação, no início do Governo Lula, cogitou 
extinguir sua Coordenação de EA (COEA/MEC). O “toró de e-mails” para o 
ministério e outras autoridades governamentais levou o governo a voltar 
atrás na decisão (BRASIL, 2008, p.104-110).
1.2 Responsabilidade social
Uma expressão muito comum e familiar no mundo moderno é a 
Responsabilidade Social (RS). Mas você sabe o que significa, para que serve, quais 
são seus princípios? E por que hoje tanto se fala das empresas socialmente respon-
sáveis? Apesar de usualmente ouvirmos referências, trata-se de assunto complexo e 
Políticas de educação ambientalUnidade I
20
a sua aplicabilidade não é tão fácil como se parece. Até porque a Responsabilidade 
Social é mais aplicada ao mundo empresarial, cujas práticas observamos em nosso 
cotidiano. O Instituto Ethos (s/d), referência nas questões de Responsabilidade Social, 
assim a define: 
 
Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se 
define pela relação ética e transparente da empresa com todos os 
públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de 
metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento susten-
tável da sociedade. Preservando recursos ambientais e culturais 
para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promoven-
do a redução das desigualdades sociais (INSTITUTO ETHOS apud 
ONS, 2019, s/p). 
No mundo corporativo, Responsabilidade Social é agenda de reuniões, 
de encontros com investidores, acionistas e stakeholders, sendo um dos car-
tões que mais expressa a imagem das organizações com a comunidade na 
qual se encontra inserida. Para Patrícia Ashley (2003, p. 6), a responsabilidade 
social constitui uma “obrigação do homem de negócios de adotar orienta-
ções, tomar decisões e seguir linhas de ação que sejam compatíveis com os 
fins e valores da sociedade”. Contudo, ressalta-se que as discussões em torno 
da RS datam desde o início do século XX, especialmente na década de 1920, 
estendendo-se nas décadas de 1930 e 1940, com fomentações sobre o papel 
das organizações. O marco definitivo foi na década de 1950, com 
base na ideia de que a Responsabilidade Social correspon-
deria às obrigações dos empresários para alcançar 
essas políticas na tomada de decisões cujas ações 
estejam sincronizadas com os objetivos e valores 
da nossa sociedade. Muitos seguidores e adeptos 
deste movimento surgiram desde então, e a filan-
tropia, por um tempo, era o foco das empresas. 
Entretanto, carecia ainda de revisões, visto que as 
organizações devem incorporar as categorias eco-
nômica, legal, ética e discricionária do desempe-
nho dos negócios, tal como apontou Carrol (1979; 1991). 
Políticas de educação ambiental unidade I
21
Dica de Leitura:
Para saber mais sobre os princípios da Responsabilidade Social, leia o livro 
“Responsabilidade social empresarial e empresa sustentável: da teoria à 
prática”, de José Carlos Barbieri (2015), que traz as iniciativas das empre-
sas a partir dos referenciais teóricos os quais sustentam as práticas e os 
movimentos de sustentabilidade. 
Entre os seus fundamentos, a Responsabilidade Social Empresarial tem a ética 
aplicada aos negócios, de modo a regular as relações entre as empresas e entre 
estas com a sociedade. Em se tratando do mercado, a Responsabilidade Social é 
critério de competitividade. Por esta razão, a gestão das organizações atuais é orien-
tada por conceitos como virtude, igualdade, respeito à pessoa, proteção ao ambiente 
e segurança aos trabalhadores (MAXIMIANO, 2005). 
Neste âmbito, Ashley (2005) apud Lima et al. (2012, p. 31) afirma que “[...] as res-
ponsabilidades éticas correspondem a atividades, práticas, políticas e comportamen-
tos esperados (no sentido positivo) ou proibidos (no sentido negativo) por membros 
da sociedade, apesar de não registradas em leis”. 
Ou seja, tais obrigações envolvem padrões que procuram atender aos seus 
diferentes públicos, especialmente os stakeholders, levando em consideração os pre-
ceitos éticos, direitos morais e as expectativas. Caso contrário, o não cumprimento 
desses preceitos pode ser fatal à organização, comprometendo a visão de responsa-
bilidade social que, segundo Lima et al. (2012, p. 32): 
[...] ao deixar de cumprir com os preceitos éticos, os valores mo-
rais ou respeito às pessoas envolvidas em qualquer uma das 
etapas ou atividades, o caráter de RS pode inexistir. Este é, pois, 
concebido em forma do todo, fazendo parte da cultura da or-
ganização desde a gerência até a ponta da linha de sua cadeia 
produtiva.
Uma organização ética só terá respaldo em suas ações se, dentro da sociedade 
na qual se encontra inserida, desenvolver programas que satisfaçam as necessida-
des das pessoas, em se tratando do seu público interno e externo. Só deste modo ela 
cumprirá sua função social. 
Políticas de educação ambientalUnidade I
22
Em essência, temos quatro eixos ou vertentes que sustentam a Responsabilidade 
Social e que se referem ao Modelo Piramidal proposto por Carroll em 1979/1991, 
veja:
Figura 1.1 – Pirâmide social corporativaResponsabilidade Filantrópica (Bom cidadão corporativo global: 
fazer o que desejam os stakeholders)
Responsabilidade Ética (Ser ético: fazer o que esperam os 
stakeholders globais interessados)
Responsabilidade Legal (Obedecer às leis: fazer o que exi-
gem os stakeholders globais interessados)
Responsabilidade Econômica (Ser lucrativo: fazer o 
que exige o capitalismo global)
Adaptado de: CARROLL (1979; 1991) 
 A base de toda organização que utiliza a Responsabilidade Social Empresarial 
é a responsabilidade econômica, pois, ao mesmo tempo em que a empresa busca o 
lucro (responsabilidade econômica), ela precisa atender às exigências da 
Responsabilidade Legal, com ações que sejam certas principalmente no que tange os 
interesses dos stakeholders, e justas, no que tange a responsabilidade ética, além de 
ser uma empresa cidadã com responsabilidade filantrópica. São estes compromis-
sos que no campo econômico geram valor para o público interno, para, então, justi-
ficar os recursos financeiros, humanos e materiais a serem utilizados no empreendi-
mento. O compromisso legal é associado à imagem da organização quanto a sua 
idoneidade e transparência tanto para com os colaboradores quanto 
para o público externo. O compromisso ético, por sua vez, refere-
-se ao cuidado nas relações entre as partes interessadas. E o 
compromisso social remete à ideia de 
geração de valor para a sociedade, 
com a oferta de bens e serviços ade-
quados, seguros e que melhorem a 
vida das pessoas que estão na abran-
gência da organização. 
Políticas de educação ambiental unidade I
23
Conheça mais:
Se você quer saber mais sobre o tema da ética e responsabilidade social e 
ambiental, assista ao vídeo do Professor Mário Sérgio Cortella. E ainda, para 
saber das práticas empresariais, assista também ao vídeo do Observatório 
do Terceiro setor. Os links estão disponíveis na midiateca.
1.3 Sustentabilidade
Você sabia que há estreita relação entre Responsabilidade Social e sustentabili-
dade? Desde o início do século XXI, o desenvolvimento sustentável é considerado um 
movimento importante, com várias iniciativas por parte das empresas de segmentos 
específicos, como bancos, indústrias, seguradoras, hotéis, entre outras, com o obje-
tivo de demonstrar que suas práticas estão alicerçadas e comprometidas com a ideia 
de sustentabilidade (BARBIERI et al., 2010). 
Historicamente, a expressão desenvolvimento sustentável foi usada em 1987 
pela ex-primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, que, em um livro 
escrito por ela, Our Common Future, afirmou que o “Desenvolvimento sustentável 
significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações 
futuras de suprirem as próprias necessidades” (FOGAÇA, 2018, s/p). 
Contudo, muitos indagam o que é sustentabilidade e por que ela se tornou a 
matriz estratégica das organizações. Afinal, a imagem de uma empresa socialmente 
responsável também passa pelo pilar da sustentabilidade. Em síntese, sustentabili-
dade é definida como um conjunto de ações e atividades realizadas pelo ser humano 
e que visam à satisfação de suas necessidades, mas que não comprometam as gera-
ções futuras, estando ligada ao desenvolvimento econômico e material de maneira 
que não agrida ao meio ambiente, com o uso otimizado de recursos. 
Se as pessoas partem deste princípio, elas contribuem para a sustentabilidade, 
pois a preservação do meio ambiente e o uso consciente de seus recursos são as prá-
ticas mais comuns. As empresas que praticam a sustentabilidade buscam a harmo-
nia entre a sociedade e a natureza, e seguem as seguintes bases: ser ecologicamente 
correta, economicamente viável, socialmente justa e ser culturalmente diversa, tal 
como aponta Fogaça (2018). Essas bases são assim compreendidas:
Políticas de educação ambientalUnidade I
24
Ser ecologicamente correta: refere-se às práticas que não 
esgotem os recursos naturais, tratando o meio ambiente 
com respeito, em uma relação de troca, buscando o equi-
líbrio entre o que se retira da natureza e o que oferecemos 
em contrapartida; 
Ser economicamente viável: usar o viés da sustentabili-
dade como uma nova forma de pensar, buscando meios que 
propiciem o crescimento econômico da organização sem 
agredir o meio ambiente.
Ser socialmente justo: utilizar práticas que evidenciem os 
princípios éticos, a justiça social, a igualdade de direitos, 
uma educação de qualidade e trabalho decente para todos, 
com respeito e solidariedade, em prol da manutenção do 
planeta, conscientes de que uma ação isolada afeta todos.
Ser culturalmente diverso: valorizar a diversidade com 
oportunidades iguais para todos, respeitando as opções de 
gênero, raça, cor, religião, opinião, com foco no benefício 
coletivo. Para as empresas, políticas de diversidade são ino-
vações que, na visão do mercado, as tornam competitivas e 
diferenciadas (FOGAÇA, 2018). 
Dica de Vídeo:
Assista ao vídeo “Sustentabilidade: o que é e como aplicar na sua empresa”, 
e fique por dentro do que as empresas andam fazendo pelo viés social 
para se firmar enquanto cultura e imagem. 
Como coloca Barbieri et al. (2010), o desenvolvimento sustentável enquanto 
projeto foi aceito por milhares de organizações e chefes de Estado no mundo todo 
a partir de movimentos históricos importantes cujo tema da preservação do Meio 
Ambiente foi o alvo principal, gerando, por sua vez, cartas e princípios. 
Políticas de educação ambiental unidade I
25
Entre esses movimentos, citamos: a Carta de Rotterdam, as Metas do Milênio, 
o Pacto Global, a ECO 92 (no Rio de Janeiro) e os movimentos sociais no ano 2007, 
em Johannesburg (BARBIERE et al., 2010). Assim, os trabalhos das organizações pas-
saram a não ter apenas o foco social, mas a preocupação com a sociedade, cuja 
imagem de empresa socialmente responsável e sustentável se tornou a certificação 
de qualidade exigida pelos clientes e consumidores tanto dos produtos quanto dos 
serviços. Essas características do próprio público é que levaram à adesão de vários 
setores da economia pelo desenvolvimento sustentável. Deste modo, desde o final 
da década de 1980, a partir da publicação do relatório da Comissão Mundial sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), em 1987, essas mudanças têm impac-
tado as estratégias empresariais. Para Barbieri et al. (2010, p. 150), uma organização 
sustentável é aquela que: 
[...] simultaneamente procura ser eficiente em termos econômi-
cos, respeitar a capacidade de suporte do meio ambiente e ser 
instrumento de justiça social, promovendo a inclusão social, a 
proteção às minorias e grupos vulneráveis, o equilíbrio entre os 
gêneros, etc. 
Os autores ainda ressaltam que, além das inovações em produtos e serviços, 
as empresas devem se pautar em três dimensões da sustentabilidade: a dimensão 
social, a ambiental e a econômica, sendo que cada uma requer desafios específicos 
por parte da estratégia empresarial. 
Azevedo (2013) afirma que a empresa sustentável agrega vários benefícios: 
 9 Fortalece a lealdade e ajuda a atrair e a manter bons colaboradores; 
 9 Agrega valor ao clima organizacional; aumenta a satisfação dos 
funcionários; 
 9 Proporciona motivação e confiança para resolver os problemas na 
empresa; 
 9 Incentiva a criatividade, a persistência e o trabalho em grupo; 
 9 Funcionários voluntários ajudam a garantir o bom aproveitamento de re-
cursos doados ou investidos;
 9 Promove resultados eficazes com custos mínimos; 
Políticas de educação ambientalUnidade I
26
 9 Demonstra o compromisso da empresa com o crescimento do país; 
 9 Viabiliza o incentivo fiscal por meio da redução ou isenção da carga 
tributária por determinado período.Conheça mais:
Para saber mais sobre os diferentes tipos de sustentabilidade, acesse na 
midiateca o texto: “A sustentabilidade e a responsabilidade social das 
empresas: lucratividade para as organizações e geração de benefícios 
sociais”, de Oliveira et al. (2014).
Em síntese, praticar a sustentabilidade é o grande desafio das organizações e 
da sociedade como um todo. Importante destacar que o desenvolvimento susten-
tável tem como principal objetivo equilibrar o crescimento econômico, a equidade 
social e o meio ambiente natural. Se esses princípios são aplicados, as organizações 
conseguem maior lucratividade, gerando benefícios para a sociedade. Contudo, 
ainda é uma questão cultural e que envolve todos os cidadãos, gestores públicos e 
privados e governos, para que, mais adiante, consigamos diminuir a poluição, usar 
os recursos naturais de forma consciente, minimizar os impactos da miséria e da 
desigualdade. Este trabalho é de responsabilidade de todos.
Conheça mais:
Para que você consiga aproveitar todo o conteúdo da disciplina e do curso, 
convido-lhe a consultar a midiateca e ler o material disponível sobre as 
estratégias de leitura e escrita, imprescindíveis para o seu aprendizado, 
e também as diferentes produções de síntese, que, de agora em diante, 
será sua atividade principal enquanto acadêmico e futuro profissional: que 
são os esquemas, os resumos, as resenhas e as suas características e 
diferenças. 
Políticas de educação ambiental unidade I
27
Aprendemos que:
A Educação Ambiental se refere aos processos por meio dos quais o indi-
víduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habili-
dades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio 
ambiente, bem que é de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida e sua sustentabilidade. 
Vimos que a sustentabilidade enquanto práxis em sala de aula deve mobili-
zar os atores sociais envolvidos com foco no futuro sustentável, garantindo 
o uso dos recursos e ações de recuperação do Meio Ambiente. Também, 
a Responsabilidade Social é a forma de gestão que se define pela relação 
ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se 
relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem 
o desenvolvimento sustentável da sociedade, sendo a base de toda organi-
zação que utiliza a Responsabilidade Social Empresarial a responsabilidade 
econômica, atendendo às exigências da Responsabilidade Legal, alcan-
çando, ainda, as responsabilidades ética filantrópica como fechamento de 
um ciclo. 
Aprendemos que a sustentabilidade é tida como matriz estratégica das 
organizações, caracterizada como um conjunto de ações e atividades reali-
zadas pelo ser humano e que visam à satisfação de suas necessidades, mas 
que não comprometam as gerações futuras. 
Por fim, vimos em nosso material complementar que compreender e inter-
pretar os diferentes tipos de textos é essencial para o desenvolvimento da 
autonomia das pessoas, uma vez que a leitura é tida como o instrumento 
de manejo das nossas relações em uma sociedade letrada. Por esta razão, 
além das estratégias de leitura, temos as estratégias de escrita, que, sendo 
bem utilizadas, dão condições para a consolidação do conhecimento apren-
dido nas suas diferentes formas (esquema, resumo e resenhas), possibili-
tando o exercício intelectual e a autonomia do indivíduo. 
Políticas de educação ambientalUnidade I
28
Referências da unidade I
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724-2005: informação e 
documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2005.
ASHLEY, P. Responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2003.
AZEVEDO, Isabela Pereira. Responsabilidade social empresarial: benefícios para a 
sociedade gerando lucratividade para empresas. IX Congresso Nacional de Excelência 
em Gestão. 20, 21, 22 jun. 2013.
AYRES, F. G. S.; BASTOS F., J. B. O exercício das liberdades, o combate à pleonexia 
e a educação ambiental no processo do desenvolvimento. Revista Brasileira de 
Ciências Ambientais: ICTR & CEPEMA, São Paulo, n. 7, ago. 2007. Disponível em: 
Acesso em: 05/08/2011.
BARBIERE, José Carlos et al. Inovação e sustentabilidade: novos modelos e proposi-
ções. ERA – Revista de Administração Empresas, São Paulo, v. 50 , n. 2, p. 146-154, 
abr./jun. 2010.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Articulação Institucional e 
Cidadania Ambiental. Departamento de Educação Ambiental. Os diferentes matizes 
da educação ambiental no Brasil: 1997-2007. 2. ed. Brasília. MMA (Série Desafios 
da Educação Ambiental).
BRASIL. Constituição Federal. Art. 225 – Título VIII - Da Ordem Social. Capítulo VI – 
Do Meio Ambiente. Disponível em: <https://bit.ly/2CC9wTx>. Acesso em: 17/01/2019. 
CABRAL, L. S. Processos psicolingüísticos de leitura e a criança. Porto Alegre: 
Letras de hoje, 1986. 
CARROLL, A. B. A three-dimensional conceptual model of corporate performance. 
Academy of Management Review, v. 4, n. 4, p. 497-505, out. 1979. Disponível em: 
<https://bit.ly/2VSLWKO>. Acesso em: 03/01/2019.
CARROLL, A. B. Corporate social responsibility: evolution of a definitional construct. 
Business & Society, v. 38, n. 3, p. 268-295, set. 1999. 
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto. Leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996.
FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. O que é sustentabilidade?. Brasil Escola. Disponível 
em <https://bit.ly/2UW0mth>. Acesso em: 22/12/2018. 
Políticas de educação ambiental unidade I
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GUIMARÃES, D.; NUNES, G; PEREIRA, R. Esquema: um gênero facilitador na recepção 
e construção textual na universidade. Leia Escola, Campina Grande, v. 17, n. 2, p. 
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LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia 
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MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Teoria geral da administração: da revolução 
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Acesso em: 28/01/2019. 
SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa, 
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SILVA, E. T. Elementos de pedagogia da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
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2004.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artes médicas, 1998.
SOUZA, Luiz Marques; CARVALHO, Sergio Waldeck. Compreensão e produção de 
textos. Petrópolis: Vozes, 1995.
Políticas de educação em direitos humanos unidade II
31
2unidade II
2Políticas de educação em direitos 
humanos
2.1 Direitos humanos 
Os direitos humanos estão no dia a dia dos seres humanos. Ouvimos muito 
falar sobre eles e suas violações, no entanto, muitas pessoas não sabem o que isso 
significa e, consequentemente, não lutam para garantir seus direitos. 
De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), os direitos humanos 
são “direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, 
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição”.
2Comando 
Tabela
Políticas de educação em direitos humanosunidade II
32
Ou seja, são os direitos e a liberdade que cada um de nós tem, ou devemos ter, 
em todas as partes do mundo, e incluem, entre outras coisas, o direito à liberdade e 
à vida. Visam garantir o direito de cada pessoa,independentemente de quem seja, 
de onde venha, em que acredita ou como vive.
Conhecer os direitos humanos e, principalmente, lutar por eles é lembrar que 
vivemos em uma sociedade diversificada e que nossas diferenças devem ser respei-
tadas. De acordo com Fábio Konder Comparato: 
[...] a parte mais bela e importante de toda a História: a revela-
ção de que todos os seres humanos, apesar das inúmeras di-
ferenças biológicas e culturais que os distinguem entre si, me-
recem igual respeito, como únicos entes no mundo capazes de 
amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento 
universal de que, em razão dessa radical igualdade, ninguém – 
nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe social, grupo religioso 
ou nação – pode afirmar-se superior aos demais. (COMPARATO, 
2010, p. 13).
2.1.1 A história dos direitos humanos
De modo geral, se queremos que todos tenham uma boa convivência 
na sociedade, precisamos respeitar as individualidades. No entanto, as rela-
ções sociais nem sempre são cordiais. A história da humanidade sempre foi 
marcada por conflitos diversos. Desrespeitos às diferenças culturais, religio-
sas e ideológicas, tentativas de dominação, tortura e tragédias diversas têm 
acompanhado nossa história.
Os direitos humanos são frutos de conquistas históricas, debatidos ao longo 
dos séculos, em constante processo de adaptação, de acordo com o desenvolvi-
mento da humanidade. Embora a forma como nós conhecemos os direitos humanos 
hoje em dia tenha surgido com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) 
(1948), a primeira forma de declaração desses direitos é atribuída a Ciro, rei da antiga 
Pérsia, que, ao conquistar a cidade da Babilônia, em 539 a. C., libertou todos os escra-
vos da cidade, declarou o direito à liberdade religiosa e a igualdade racial. 
Políticas de educação em direitos humanos unidade II
33
Muitos outros d
ocumentos 
surgiram depoi
s disso, como 
a Petição de D
ireito elaborad
a 
pelo Parlamen
to Inglês em 
1628 como um
a declaração d
e 
liberdades civis
.
Em 1776, no processo de independência dos Estados Unidos, foi publicada 
uma declaração que tratava dos direitos individuais (direito à vida, à liberdade e à 
busca pela felicidade) e o direito pela revolução. Tais ideais influenciaram diversos 
outros eventos no mundo, como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 
fruto dos acontecimentos da Revolução Francesa, em 1789.
Todos esses documentos são importantes precursores para a criação, em 
1948, da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
2.1.2 A Declaração Universal dos Direitos Humanos
As atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial, como o Holocausto, 
levaram à formação da Organização das Nações Unidas (ONU), que tinha como obje-
tivo trazer a paz a todas as nações do mundo. Uma comissão (com representantes 
de diferentes origens e de todas as regiões do mundo) foi criada com o objetivo de 
elaborar um documento com os direitos que todas as pessoas do mundo deveriam 
ter, sem distinções. 
Nessa declaração, a ONU definiu 30 direitos e liberdade inalienáveis e indivi-
síveis, ou seja, que não podem ser transferidos, não podem ser separados de você. 
Esses direitos não podem ser negados, mas, em determinadas circunstâncias, por 
exemplo, se uma pessoa comete crime, alguns podem ser restringidos, como o 
direito à liberdade de ir e vir e os direitos políticos. 
Os direitos humanos visam garantir a dignidade da pessoa humana. São direi-
tos que devem ser protegidos pelas leis de todos os países que fazem parte da 
Políticas de educação em direitos humanosunidade II
34
Organização das Nações Unidas. Podemos, em nosso dia a dia, não valorizar sua 
importância, principalmente quando nossos direitos são respeitados. No entanto, 
nem todos têm essa garantia. Somente quando temos nossos direitos desrespeita-
dos é que nos atentamos para o seu valor. 
A DUDH (Declaração Universal dos Direitos Humanos) foi traduzida para 
mais de 500 idiomas e serviu como fonte de inspiração para a constituição 
de diversos países, entre eles nossa Constituição Federal de 1988.
A Declaração, o Pacto Internacional dos Direitos 
Civis e Políticos, o Pacto Internacional sobre os 
Direitos Econômicos Sociais e Culturais e seu 
Protocolo Opcional formam a chamada Carta 
Internacional dos Direitos do Homem.
É importante salientar que não podemos considerar os direitos humanos 
como algo estático e imutável, cristalizado pela Declaração de 1948. A evolução da 
sociedade exige que esses direitos acompanhem diferentes acontecimentos sociais, 
portanto, estão em processo de evolução constante.
Em 2018, a Declaração completou 70 anos. Muitos avanços puderam ser obser-
vados. Porém, muitos desafios ainda se fazem presentes, principalmente no que se 
refere à intolerância, ao racismo, à discriminação e à inclusão. Muitos direitos são 
ignorados e nenhum dos países membros da ONU e signatários da Declaração cum-
pre totalmente o acordo firmado pelo documento. 
Normalmente, conseguimos falar de dois ou três direitos, mas a maioria das 
pessoas desconhece os 30 direitos humanos estabelecidos na declaração. Ter cons-
ciência desses direitos é muito importante, pois quem os conhece luta por eles. E 
você, conhece seus direitos?
Conheça mais:
Acesse o link, disponível no AVA, para ler a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos.
Políticas de educação em direitos humanos unidade II
35
2.1.3 Políticas públicas em direitos humanos
Se fizermos uma avaliação no que diz respeito à dignidade da pessoa 
humana no Brasil e no mundo, veremos que há muito que ser feito para garan-
tir minimamente uma vida digna ao ser humano. Não basta legislar sobre o 
assunto. É necessária uma ação positiva dos governos com o intuito de reduzir 
as desigualdades e melhorar as condições de vida da população, como acesso 
a saúde, educação, habitação, lazer e segurança, além de proporcionar melhor 
distribuição de renda e garantir o respeito a grupos sociais minoritários. Tarefa 
difícil, pois uma coisa é falar dos direitos do homem, outra é garantir que esses 
direitos sejam respeitados. 
Para isso são criados órgãos públicos que buscam garantir esses direitos. Assim, 
uma pessoa que tenha seus direitos humanos violados pode recorrer a órgãos públi-
cos, como conselhos, secretarias, comissões, câmaras e ministérios públicos, órgãos 
que fazem parte do Programa Nacional dos Direitos Humanos e que buscam garantir 
os direitos políticos, civis, econômicos e culturais. Afinal, é função do Estado desen-
volver e implementar projetos que busquem garantir os direitos descritos na DHDU, 
começando pela dignidade humana.
Uma das palavras que ouvimos com frequência atualmente é empodera-
mento, ou seja, o fortalecimento de seus direitos de igualdade e não discriminação e 
ações afirmativas que contribuam para que isso seja posto em prática.
Isto é, o princípio da igualdade e a não discriminação impõem aos Estados a 
obrigação não apenas de não discriminar, por meio da criação de políticas públicas, 
por exemplo, mas também de proteger as pessoas que são comumente vítimas de 
comportamentos discriminatórios. São protegidos por essas medidas povos indíge-
nas e as mulheres, migrantes sem documentos, pessoas com HIV, entre outros.
Políticas de educação em direitos humanosunidade II
36
Um dos papéis do Estado é identificar os grupos que necessitam dessa atenção 
para o exercício dos seus direitos e, a partir disso, aprovar normas, criar políticas e 
planos de ação que possam garantir o acesso a esses direitos.
Temas como meio ambiente, pesca 
sustentável, direito a moradia e a terra, 
defesa de comunidades tradicionais, luta 
contra o trabalhoescravo, contra a explo-
ração sexual e o tráfico de crianças e 
mulheres; xenofobia, racismo, homofobia, 
questões indígenas, discriminação social... 
Todos estes temas se unem por um só obje-
tivo comum: a luta pelos direitos humanos.
Atuando em conjunto com o governo ou de forma independente, as ONGs 
exercem papel fundamental nessa luta. O Brasil tem hoje uma grande rede de orga-
nizações de defesa dos Direitos Humanos. Entidades como Tortura Nunca Mais, 
Anistia Internacional, Repórter Brasil, entre tantas outras, buscam identificar e divul-
gar ações que firam os direitos humanos com o intuito de construir uma sociedade 
mais justa, igualitária e democrática.
2.1.4 Educação em direitos humanos
(…) a educação em matéria de DH e a difusão de informação ade-
quada, seja ela de caráter teórico ou prático, desempenham um 
papel importante na promoção e no respeito dos DH de todas 
as pessoas sem nenhuma distinção por motivos de raça, sexo, 
idioma ou religião. (NAÇÕES UNIDAS, 1993, art. 33).
Em uma sociedade tão desigual socialmente, a educação em Direitos Humanos 
é uma das soluções para a formação de cidadãos críticos que possam contribuir para 
a construção de uma sociedade mais fraterna e plural, que respeite as diferenças e 
entenda que a violação dos direitos de uma pessoa representa a violação dos direi-
tos de todos os seres humanos.
Políticas de educação em direitos humanos unidade II
37
Dentre os inúmeros aspectos que devem ser considerados para que se possa 
constituir uma sociedade plural, inclusiva e justa, a tolerância é fator primordial. 
Norberto Bobbio (2004) afirma que: 
Tolerância em sentido positivo se opõe a intolerância (religiosa, 
política, racial), ou seja, à indevida exclusão do diferente. Tole-
rância em sentido negativo se opõe a firmeza nos princípios, ou 
seja, à justa ou devida exclusão de tudo que pode causar dano 
ao indivíduo ou à sociedade. (BOBBIO, 2004, p. 213).
Além disso, o acesso à informação, além de contribuir para a formação de 
cidadãos críticos em relação aos seus direitos, é um instrumento fundamental para 
a construção de uma noção de cidadania e participação popular, uma vez que só 
conhecendo nossos direitos poderemos lutar por sua efetivação, pois “cuidar do 
outro é cuidar de si mesmo”. 
A educação em direitos humanos pode levar à quebra de paradigmas relacio-
nados a preconceitos enraizados em nossa história, na construção de novos valo-
res, baseados no respeito integral à dignidade humana, que não nos permitam mais 
aceitar situações de tortura, trabalho escravo, discriminação, ou seja, contra todas as 
formas de opressão e violência. 
Dica de Leitura:
Você encontrará, no AVA, indicações sobre documentários e sites para 
você visitar e se inteirar mais sobre esse assunto.
Conheça mais:
No AVA, você encontra links para três pequenos artigos para você ler e 
refletir:
1. O que são direitos humanos e por que há quem acredite que seu propó-
sito é a defesa de “bandidos”?
2. Os direitos humanos não são da esquerda ou da direita. São de todos. 
3. Conheça alguns mitos e verdades sobre direitos humanos. 
Políticas de educação em direitos humanosunidade II
38
Caro aluno, os direitos humanos tiveram base, como você pôde observar, nas 
ameaças às liberdades e à dignidade de muitos povos durante a Segunda Guerra 
Mundial. Assim surge o discurso de que todo ser humano deveria ter direitos básicos 
respeitados em suas comunidades, visando à paz e ao bem-estar de cada indivíduo 
em sua particularidade. 
Desta maneira, partimos do princípio de que, para haver um discurso, deve 
haver um ou mais indivíduos e uma realidade de mundo que dê embasamento para 
tal. Ou seja, o ser humano expressa a realidade e suas ideias por meio dos textos 
orais e escritos. 
No caso dos direitos humanos instituídos pela ONU, houve a propagação de 
um discurso em busca da dignidade a todos os habitantes do planeta. 
É por meio do texto que expressamos o que ocorre em sociedade, seja apre-
sentando soluções, seja mostrando a realidade a outros grupos. Por isso é essencial 
que aprendamos os diversos gêneros discursivos, a fim de que saibamos identificá-
-los no cotidiano e que possamos usar aquele que melhor se encaixa em cada situa-
ção na qual usaremos a escrita ou a oralidade para nos expressarmos. 
A seguir, apresentarei a você gêneros discursivos, tipos textuais e intertextuali-
dade, conhecimento imprescindível para profissionais de todas as áreas. 
2.2 Gêneros discursivos
Disponível em: <https://bit.ly/2SZQ8qn>. Acesso em: 18/01/2019. 
Políticas de educação em direitos humanos unidade II
39
Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma receita; 
assim também não é superpondo frases que se constrói um tex-
to. (FIORIN e SAVIOLI, 1996). 
O processo de produção, leitura e interpretação do texto demanda um traba-
lho de construção do significado do texto não apenas a partir dos seus objetivos, do 
conhecimento do leitor/autor sobre o assunto, mas também sobre aspectos relacio-
nados à língua. Dentre esses aspectos, podemos citar o conhecimento sobre gêne-
ros discursivos, tipologia textual e relações intertextuais, que serão discutidos nesta 
unidade.
Essas produções, sejam orais, sejam escritas, baseiam-se em formas-
-padrão relativamente estáveis quanto à sua estrutura, conhecidas como 
gêneros (KOCH, 2015). Essas formas são encontradas em nossas atividades 
comunicativas ao escrever uma carta, receber um e-mail, ler um poema, 
contar uma piada ou rir de uma tirinha. 
De acordo com Bakhtin (1992): 
Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que 
sejam, estão relacionadas com a utilização da língua. Não é de 
surpreender que o caráter e os modos dessa utilização sejam 
tão variados como as próprias esferas da atividade humana [...]. 
O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de 
cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo temático e 
por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos 
da língua – recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais – mas 
também, e sobretudo, por sua construção composicional.
Políticas de educação em direitos humanosunidade II
40
Isto é, os gêneros discursivos são usados há milhares de anos. Temos um 
grande repertório desses gêneros, orais ou escritos, e em cada situação comunica-
tiva sabemos escolher o gênero adequado para aquela situação, mesmo não tendo 
consciência teórica sobre eles. Podemos dizer que temos uma “competência” que 
nos permite interagir socialmente por meio dos gêneros discursivos.
As diversas necessidades comunicativas levam ao surgimento de diferentes 
gêneros. Isso significa que temos uma quantidade infinita de situações comunicati-
vas, e que cada uma só é possível com a utilização da língua com o gênero correto: 
um bilhete, um telefonema, um diálogo em nosso dia a dia, a produção de uma rese-
nha ou de um esquema. Conhecer e utilizar o gênero correto permite que a comuni-
cação ocorra de modo eficaz. Alguns exemplos:
Piada, charge
Inquérito policialCardápio
Debate
Blog E-mail
Horóscopo
ResenhaDiário pessoal
Telefonema
Carta pessoal
Aula expositiva, virtual
Bula de remédio
Edital de concurso
Reunião de condomínio
2.3 Tipologia textual 
É muito importante que se saiba distinguir gêneros discursivos de tipos tex-
tuais. Marchuschi (2002) define o tipo textual como “uma espécie de construção 
teórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintá-
ticos, tempos verbais, relações lógicas)”, isto é, uma construção com bases em suas 
características linguísticas e gramaticais. Os tipos de texto mais conhecidos são: 
Políticas de educação em direitoshumanos unidade II
41
Fita verde no cabelo
Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e 
velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas 
que nasciam e cresciam.
Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por 
enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma 
outra e quase igualzinha aldeia.
(Fita verde no cabelo, João Guimarães Rosa)
“Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã 
de fazenda preta, bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o 
cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro, 
enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele 
tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa 
acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de 
rubis miudinhos davam cintilações escarlates.” (O Primo Basílio, Eça de Queiroz)
 
Os Relatórios das Organizações das Nações Unidas (ONU) sobre a gestão 
e desenvolvimento dos recursos hídricos alertam para a preservação e proteção 
dos recursos naturais do planeta, sobretudo da água. Sendo assim, as estatísticas 
apontam para uma enorme crise mundial da falta de água a partir de 2025, de 
forma que atingirá cerca de 3 bilhões de pessoas, e que pode provocar diversos 
problemas sociais e de saúde pública. (Disponível em: <https://bit.ly/1G83qJB>. 
Acesso em: 14/12/2019).
Políticas de educação em direitos humanosunidade II
42
“Significado de Nostalgia (s.f). Tristeza causada pela saudade de sua terra 
ou de sua pátria; melancolia. Saudade do passado, de um lugar etc. Disfunções 
comportamentais causadas pela separação ou isolamento (físico) do país natal, 
pela ausência da família e pela vontade exacerbada de regressar à pátria. Saudade 
de alguma coisa, de uma circunstância já passada ou de uma condição que (uma 
pessoa) deixou de possuir. Condição melancólica causada pelo anseio de ter os 
sonhos realizados. Condição daquele que é triste sem motivos explícitos. (Etm. do 
francês: nostalgie)”. (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS. Nostalgia. Disponível 
em: <https://bit.ly/2T0tiir>. Acesso em: 18/01/2019). 
BOLO DE CENOURA
MODO DE PREPARO Em um liquidificador, adicione a cenoura, os ovos e o 
óleo, depois misture. Acrescente o açúcar e bata novamente por 5 minutos. Em 
uma tigela ou na batedeira, adicione a farinha de trigo e depois misture nova-
mente. Acrescente o fermento e misture lentamente com uma colher. Asse em 
um forno preaquecido a 180° C por aproximadamente 40 minutos.
Como você viu, gêneros discursivos e tipos textuais são 
categorias diferentes. Os tipos textuais se manifestam nos diver-
sos gêneros discursivos que utilizamos, sendo que um gênero 
pode conter mais de um tipo textual.
Observe o exemplo a seguir:
Políticas de educação em direitos humanos unidade II
43
Figura 2.1 – Textos narrativos 
Narrativo: crônica, romance, fábula, piada, conto de fada.
Disponíveis em: <https://bit.ly/2RUgMnl>, <https://bit.ly/2U48A15> e <https://bit.ly/2Mnv4rs>. Acesso em: 21/01/2019.
Conheça mais:
Acesse o AVA para ver outros exemplos como este. 
2.4 Relações intertextuais
Observe a tirinha: 
Figura 2.2 – Tirinha (Chico Bacon)
Fonte: KOCH (2015b, p. 81).
Políticas de educação em direitos humanosunidade II
44
Muitas vezes, no processo de leitura, é necessário reconhecer outro(s) texto(s) 
para que haja a produção de sentido. No exemplo anterior, há uma “dramatização” 
da letra da música “Águas de Março”, de Tom Jobim. 
Águas de Março (trecho da música)
[...] É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração [..]
Esse (re)conhecimento é chamado de intertextualidade. Veja outro exemplo:
Monte Castelo - Legião Urbana
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria.
É só o amor, é só o amor. / Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal. / Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Carta aos Coríntios
Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos se eu não tivesse o 
amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente.
Soneto - Camões
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
Texto 1
Texto 2
Texto 3
Políticas de educação em direitos humanos unidade II
45
Segundo Koch (2015b), a intertextualidade “ocorre quando, em um texto, está 
inserido outro texto (intertexto) anteriormente produzido, que faz parte da memó-
ria social de uma coletividade”. No caso acima, a Carta aos Coríntios e o Soneto de 
Camões estão inseridos na música “Monte Castelo”, do Legião Urbana. 
Koch (2015b) ainda afirma que:
[...] a intertextualidade é elemento constituinte e constitutivo 
do processo de escrita/leitura e compreende as diversas ma-
neiras pelas quais a produção/recepção de um dado texto de-
pende de conhecimentos de outros textos por parte dos inter-
locutores, ou seja, dos diversos tipos de relações que um texto 
mantém com outros textos (Grifos do Original). 
Aspectos como a língua, o conhecimento de mundo e o gênero textual são 
importantes para esse reconhecimento, uma vez que o texto-fonte precisa fazer 
parte de nossa memória social para que possa ser recuperado. 
Veja este outro exemplo, com um dos quadros mais conhecidos do mundo, a 
Mona Lisa (Leonardo Da Vinci, 1503): 
Figura 2.3 – Mona Lisa e a intertextualidade
Disponível em: <https://bit.ly/2Nxvsn0>. Acesso em: 15/12/2019. 
Políticas de educação em direitos humanosunidade II
46
A intertextualidade se faz presente, com frequência, nas propagandas. Observe 
os exemplos:
Figura 2.4 – Intertextualidade em propagandas
Disponíveis em: <https://bit.ly/2B69rYj>, <https://bit.ly/2CuT3jC>, <https://bit.ly/2sFjBKy> e 
<https://bit.ly/2CxaQqG>. Acesso em: 15/12/2018. 
No processo de produção escrita, o escritor deixa entrever outros 
textos que se manifestam em sua produção. Em alguns casos essa mani-
festação é bem clara, como na citação direta ou indireta, no uso de aspas 
ou de outros recursos que destacam essa manifestação, como no exem-
plo anterior, em que temos várias reproduções que remetem à Mona Lisa. 
Em outros casos, cabe ao leitor ter repertório suficiente para reconhecer 
essas relações intertextuais. O hábito de ler, o acesso a fontes diferentes 
de informação e nossa vivência são fatores importantes nesse processo 
de reconhecimento.
Políticas de educação em direitos humanos unidade II
47
Conheça mais:
Acesse o AVA para outros exemplos de intertextualidade e fique atento 
para reconhecer essas relações em outras leituras que você fizer.
Importante!
Caro aluno, visite o AVA e leia o material complementar, assista aos vídeos 
e busque suas próprias leituras complementares. Participe do fórum e tra-
balhe ativamente na construção do seu conhecimento.
Dica de Leitura:
Lembre-se de que vários aspectos contribuem para o desenvolvimento de 
sua capacidade de interpretar e produzir textos. Um dos mais importantes 
é a leitura. Leia textos diversos, de diferentes gêneros discursivos e amplie 
seu conhecimento de mundo. Além disso, ler é viajar sem sair do lugar, 
caminhar sem tirar os pés do chão.
Aprendemos que:
Nesta unidade, o tema Direitos Humanos nos fez reconhecer a importância 
de repensarmosnosso conceito com relação aos direitos que todos nós, 
seres humanos, temos e como é importante lutarmos para que possamos 
construir uma sociedade mais igualitária, onde haja respeito, liberdade e 
fraternidade.
Os direitos humanos são importantes para que eu, você e todos os que nos 
cercam possamos viver com dignidade.
Além disso, pudemos discutir aspectos importantes para o processo de lei-
tura e produção de textos, como os gêneros textuais e a intertextualidade. 
Há muitas outras coisas para você no AVA. Participe dos Fóruns de 
Discussão, converse com seus colegas e tutores.
Políticas de educação em direitos humanosunidade II
48
Referências da unidade II
Direitos Humanos
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Comitê Nacional de 
Educação em Direitos Humanos. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos, 2013.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 
Subsecretaria de Edições Técnicas, 2010. 
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 7. ed. 
rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010.
ONU BRASIL. O que são os direitos humanos?. Disponível em: <https://bit.ly/2nUE-
qRv>. Acesso em: 15/12/2018. 
Gêneros discursivos, tipologia e intertextualidade
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da criação verbal. São 
Paulo: Martins Fontes, 2003.
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. São 
Paulo: Ática 1996.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção 
textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2015a.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do 
texto. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2015b.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; 
MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (org.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: 
Lucerna, 2002. 
Políticas de relações étnico-raciais unidade III
49
3unidade III
3Políticas de relações étnico-raciais
3.1 Cultura e diversidade
A diversidade cultural representa o conjunto das distintas culturas 
que existem no planeta. A cultura compreende o conjunto de costumes 
e tradições de um povo e que são transmitidos de geração em geração. 
Como elementos culturais representativos de determinado povo desta-
cam-se: língua, crenças, comportamentos, valores, costumes, religião, fol-
clore, dança, culinária, arte, entre outros.
3Comando 
Tabela
Políticas de relações étnico-raciaisunidade III
50
3.1.1 Sociodiversidade e multiculturalismo 
O que diferencia uma cultura 
das outras são os elementos 
constitutivos, que, consequen-
temente, compõem o conceito 
de identidade cultural.
Isso significa que o in
divíduo pertencente a
 determinado grupo 
se 
identifica com os fator
es que determinam su
a cultura. Muitos pesqu
isadores 
afirmam que o proces
so de globalização int
erfere na diversidade 
cultural. 
Isso porque há um inte
nso intercâmbio econô
mico e cultural entre o
s países, 
os quais, muitas vezes
, buscam a homogene
idade.
A Declaração Universal da Unesco sobre a Diversidade Cultural foi aprovada 
em 2001 por 185 Estados-Membros. Ela representa o primeiro instrumento desti-
nado a preservar e promover a diversidade cultural dos povos e o diálogo intercul-
tural. Importa referir que a diversidade é reconhecida como “herança comum da 
humanidade”. 
Cada região brasileira apresenta aspectos singulares relativos a costumes, 
crenças ou manifestações culturais e artísticas. 
3.1.2 Sociodiversidade: multiculturalismo, tolerância e inclusão 
Este tema refere-se à compreensão de uma sociedade diversificada, com múl-
tiplas formas de culturas; uma sociedade aberta e de oportunidades. Em suma: a 
sociedade brasileira.
Na origem, a ideia ou conceito de sociodiversidade foi elaborado pela 
Antropologia. Tem relação com as etnias indígenas, que formam uma sociedade à 
Políticas de relações étnico-raciais unidade III
51
parte da “chamada sociedade dominante”: a do “homem branco”. No sentido socio-
lógico, pode-se estudar ou compreender a abrangência da ideia ou o conceito de 
sociodiversidade além das questões étnicas e raciais. Isto é: além dos limites que 
compõem os costumes ou culturas de índios, brancos e negros, base da formação 
étnica do Brasil. Assim, teríamos mais do que uma sociedade diversificada etnica-
mente. Teríamos uma sociedade multicultural, com a presença, também, de várias 
comunidades de imigrantes dentro do território brasileiro. A convivência pacífica 
entre todos os tipos de imigrantes reforça esta ideia entre os especialistas: o Brasil é 
uma sociedade multicultural, tolerante quanto aos valores das comunidades e que 
promove ou pelo menos tenta promover a inclusão delas.
I. As sociedades diversificadas, de se notar, mesmo estando organiza-
das para a realização do bem comum, não estão isentas de conflitos. Os 
casos de intolerância ou rejeição do outro não são tão raros assim. 
II. Os direitos dos brasileiros, nativos ou imigrantes, estão garantidos pela 
Constituição Federal. Eles preveem a livre manifestação cultural, a acei-
tação dos valores das comunidades e o direito de participação social na 
economia. 
III. A verdadeira inclusão, infelizmente, não depende só da legislação. Em 
muitos casos de preconceitos e discriminações há lei, mas não justiça. 
Esta, nos casos polêmicos, precisa ser conquistada pacificamente pela 
luta dos interessados. Isto, aliás, é o que caracteriza a sociodiversidade: 
o direito à existência enquanto sociedade ou comunidade ou nação à 
parte da sociedade dominante é uma ação afirmativa.
IV. Sociodiversidade é riqueza cultural. Quanto mais sociodiversificada 
for uma sociedade, mais ela será rica culturalmente. Ao invés de querer-
mos o mesmo, o homogêneo como padrão, pode-se ganhar muito mais 
se incluirmos e tolerarmos o diferente, seja ele índio, estrangeiro, negro, 
homossexual ou portador de necessidades especiais. 
V. A ideia-chave em harmonia, sabendo lidar com diferenças de todos os 
tipos e valorizando-as. No caso, respeitar e valorizar culturas, ser recep-
tivo e patrocinar a integração é o sentido maior da humanidade. 
Políticas de relações étnico-raciaisunidade III
52
Étnica ou étnico são palavras derivadas de etnia, que deriva, por sua vez, do 
grego ethnos e que é usada para definir um povo com certos costumes, língua, raça e 
assim por diante. Diferentemente de raça, essa palavra não está associada a cor, por 
exemplo, ou a algum fator ou característica biológica. 
 
A sociedade brasileira é constituída por diferentes grupos étnico-raciais 
que a caracterizam, em termos culturais, como uma das mais ricas do mundo. 
Entretanto, sua história é marcada por desigualdades e discriminações, espe-
cificamente contra negros e indígenas, impedindo, desta forma, seu pleno 
desenvolvimento econômico, político e social.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
(Unesco), desde sua fundação, declara que elucidar a contribuição dos diver-
sos povos para a construção da civilização seria um meio de favorecer a com-
preensão sobre a origem dos conflitos, do preconceito, da discriminação e da 
segregação raciais que assolam o mundo. Com essa concepção, a Unesco no 
Brasil vem contribuindo com as diversas instâncias do governo, da sociedade 
civil organizada e da academia na elaboração e no desenvolvimento de ações 
que possam respeitar as diferenças e promover a luta contra as distintas for-
mas de discriminação, entre elas, a étnico-racial. 
Políticas de relações étnico-raciais

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