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Conceito: O sarampo, uma das afecções clássicas da infância, é uma doença aguda e autolimitada, contagio-infecciosa, exantemática, endemo-epidêmica, de etiologia virótica e alta transmissibilidade,possui distribuição global. A taxa de mortalidade está diretamente ligada aos padrões de higiene, nutrição e desenvolvimento socioeconômico dos indivíduos. Agente Etiológico: O vírus do sarampo é um RNA vírus do subgrupo Morbillivirus., que pertence à família Paramyxoviridae e é membroO vírus do sarampo é frágil. Fora do organismo, sua sobrevida é restrita. Perde 60% de sua infectividade em três a cinco dias, em temperatura ambiente; a 37ºC, sua meia-vida é de duas horas. Sobrevive bem ao frio e é destruído rapidamente pelos raios ultravioletas e mesmo pela luz espectral visível, na ausência de substrato protéico. Forma de Transmissão: É feita pela penetração de gotículas contaminadas, que entram em contato com as mucosas, especialmente de vias aéreas superiores. O homem e o macaco são os únicos hospedeiros naturais. A fonte de contágio é constituída pelos doentes, disseminando-se aos susceptíveis através do contato direto com gotículas de secreções eliminadas pelas vias aéreas. O vírus sobrevive 36 horas, em média, no núcleo da gota à temperatura ambiente, fato que limita a transmissão indireta ou aérea. As secreções no sarampo são mais fluidas, o que facilita seu raio de distribuição, sendo elas disseminadas a maiores distâncias e sedimentadas com maior lentidão resultando na propagação rápida e maciça do vírus. O contágio ocorre a partir do final do período de incubação até cinco dias após o aparecimento do exantema. Considera-se o período pré-exantemático como o de maior contagiosidade. Epidemiologia: O sarampo é uma das doenças exantemáticas mais contagiosas na infância. A incidência da virose é variável de acordo com a idade, dependendo das condições sócioeconômicas das populações. Nas populações mais carentes, a maioria das crianças não vacinadas já tinha adquirido o sarampo antes dos três anos; nas comunidades desenvolvidas e zona rural, a doença incidia preferencialmente em crianças maiores de cinco anos. Embora possa ocorrer em recém-nascidos de mães susceptíveis, o sarampo é relativamente raro nos primeiros seis meses em decorrência da transferência transplacentária de anticorpos maternos. Clínica: 1. O período de incubação - geralmente é de 8 a 12 dias da exposição ao início dos sintomas. Os casos subseqüentes são de 14 dias, com um intervalo de 7 a 21 dias. Nesta fase o paciente não apresenta nenhuma evidência da doença. Pacientes infectados com o vírus do sarampo podem disseminar o vírus 4 dias antes da erupção até 4 dias após o surgimento das manchas na pele. Pessoas com comprometimento da imunidade podem ter excreção prolongada do vírus nas secreções do trato respiratório sendo contagiosos durante toda a duração da doença. 2. Os sintomas iniciais duram de 2 a 4 dias (variação de 1 a 7 dias). São caracterizados por febre, mal estar, tosse, coriza, conjuntivite, dor de cabeça, vômito, diarreia, aumento dos gânglios. A febre aumenta gradualmente, chegando atingir 39- 40º e desaparece 2-3 dias após o surgimento das manchas na pele. A coriza é abundante, inicialmente clara, podendo tornar-se amarelada. Conjuntivite - presença de olhos avermelhados, lacrimejamento e pode ter “inchaço” nas pálpebras. O somatório destes sintomas confere um aspecto de “facies sarampenta”. A tosse é seca, contínua a ponto de cansar o paciente, podendo persistir até duas semanas. Manchas brancas aparecem na mucosa bucal, a nível do 2º molar conhecida como sinal de koplik, antecede de 1 a 2 dias do aparecimento das manchas vermelhas na pele e desaparecem com o surjimento destas. São consideradas típicas do sarampo. 3. Três a cinco dias após o início dos sintomas surge à erupção na pele. Geralmente começam como manchas planas vermelhas que aparecem atrás das orelhas (próximo à raiz do couro cabeludo), em 24 horas acometem a face e pescoço. Espalha para tronco, braços, mãos, pernas e pés. Duram em média de 5 - 6 dias. A partir do 3º- 4º dia de erupção, elas começam a desaparecer na mesma ordem que surgiram. Descamação fina pode ocorre nas áreas mais severamente envolvidas, à medida que as ¨manchas¨desaparecem. O diagnóstico é feito através do exame clínico e, quando necessário, confirmado por exame de sangue. O paciente com sarampo deve se afastar das atividades escolares e profissionais, por até sete dias após o aparecimento das manchas na pele. Complicações: Em média 30% dos casos de sarampo apresentam uma ou mais complicações. São mais comuns entre crianças menores de 5 anos de idade, pessoas imunocomprometidas, gestantes e adultos maiores de 20 anos. As complicações mais comuns do sarampo incluem otite média, pneumonia, diarreia. Mesmo em crianças previamente saudáveis, o sarampo pode causar doença grave e requerer hospitalização. A otite média foi relatada em 7% dos casos e ocorre quase exclusivamente em crianças. A pneumonia pode ser bacteriana, viral ou sobreposta. É a principal causa de morte, responsável por 60% dos casos. Complicação neurológica como a encefalite aguda ocorre em aproximadamente 0,1% dos casos. Convulsões (com ou sem febre) são relatadas em 0,6% -0,7% dos casos. . A panencefalite esclerosante subaguda (PESS) - é uma doença rara, degenerativa do sistema nervoso central, que acredita ser devida à infecção persistente do vírus do sarampo no cérebro. O início ocorre em média 7 anos após o sarampo (intervalo de 1 mês a 27 anos) e ocorre em cinco a dez casos por milhão de relatos do sarampo. O início é insidioso, com deterioração progressiva do comportamento e do intelecto seguida por convulsões, outras alterações neurológicas e, eventualmente morte. O SSPE tem sido extremamente raro desde o início dos anos 80. A morte por sarampo acomete aproximadamente 0,2% dos casos. O risco de morte é maior entre crianças menores de 5 anos. A doença do sarampo durante a gravidez resulta em um risco maior de parto prematuro, aborto espontâneo e bebês com baixo peso ao nascer. Podem ocorrer defeitos congênitos, sem padrão de malformação. Diagnóstico Laboratorial: O sarampo clássico é diagnosticado clinicamente. Nestes pacientes, o diagnóstico virológico é excepcionalmente necessário para confirmar a suspeita. Os testes empregados do ponto de vista laboratorial são os sorológicos. Uma elevação de quatro vezes nos títulos iniciais, entre os estágios agudo e convalescente, é considerada diagnóstica para o sarampo, assim como a presença de anticorpos IgM. A dosagem de IgM específica para sarampo é considerada exame sensível e rápido, sendo o diagnóstico realizado com apenas uma dosagem; a técnica representa uma grande contribuição ao diagnóstico da doença, principalmente nas formas atípicas. Anticorpos IgM podem não ser detectáveis nas primeiras 72 horas do início do exantema e normalmente não o são 30 a 60 dias após o"rash". Além da IgM, pode-se fazer a pesquisa de IgG. Seja por aumento dos títulos dessa imunoglobulina ou por sua soroconversão. Vacinação: A única maneira de evitar o sarampo é através da vacinação. A vacina é muito eficaz. Duas doses apresentam cerca de 97% de proteção.O Ministério da saúde recomenda a vacinação da tríplice viral (SCR - sarampo, caxumba e rubéola) aos 12 meses de idade e uma dose da vacina tetra viral aos 15 meses de idade (SCRV - sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Crianças maiores, adolescentes e adultos não vacinados: duas doses com intervalo mínimo de um mês entre as doses. É considerada adequadamente vacinada a pessoa que tiver o registro de duas dosesaplicadas a partir dos 12 meses de idade. Pessoa exposta ao sarampo que não foi vacinada ou tem o esquema incompleto, deve-se vacinar nas primeiras 72 horas após a exposição, podendo assim impedir o surgimento da doença ou suavizar as manifestações clínicas. O sarampo confere proteção permanente. Quem possui histórico confirmado da doença não precisa se vacinar. Em caso de dúvidas, a vacinação está recomendada. Tratamento: Não há terapêutica específica contra o vírus do sarampo e tampouco drogas capazes de prevenir ou interromper os sintomas da doença uma vez instalados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem recomendado a suplementação de vitamina A para toda criança de áreas onde exista deficiência dessa vitamina (nível sérico inferior a 10mg/dl) e onde a taxa de mortalidade associada ao sarampo seja maior ou igual a 1%. A dose recomendada é de 100 000 Ul, por via oral, para crianças menores de doze meses de idade e de 200 000 Ul para crianças maiores de um ano. Na presença de sinais oftalmológicos de deficiência da vitamina A, tais como cegueira noturna, mancha de Bitot ou xeroftalmia, a OMS recomenda que a dose seja repetida em 24 horas e novamente quatro semanas após. Os líquidos devem ser oferecidos, de acordo com a preferência da criança, a curtos intervalos. A dieta é livre, normal para idade, porém respeitando a inapetência natural que ocorre. Os cuidados com os olhos limitam-se, na maioria das vezes, à limpeza diária com soro fisiológico; quando há intensa hiperemia com abundante secreção mucosa, pode ser feita limpeza com água boricada. Na presença de conjuntivite purulenta estão indicados os colírios de antibióticos por cinco a sete dias. Ambiente escuro é recomendado para o paciente quando a fotofobia é intensa. A hipertermia deve ser combatida com os antitérmicos usuais. Compressas frias são úteis, especialmente quando se deseja controlar com rapidez febre intensa em paciente predisposto a apresentar convulsão febril. Umidificação do ar ambiente é indicada na fluidificação das secreções, bem como no tratamento adjuvante da laringite do sarampo. Derivados codeínicos, em pequenas doses, ou barbitúricos e outros antitussígenos são necessários nos casos mais rebeldes. Referências Bibliográficas http://ftp.medicina.ufmg.br/observaped/artigos_infecciosas/SARAMPO_22_8_2014.pdf http://www.soperj.org.br/novo/imageBank/sarampo-texto-final.pdf
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