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– Doenças Exantemáticas As doenças exantemáticas são, em sua maioria infectocontagiosas, sistêmicas, acompanhadas de manifestações cutâneas agudas (rash) e sendo grande parte delas acompanhadas de febre. A erupção cutânea se deve a uma ação direta do agente causador ou de seus produtos. O exantema é uma erupção aguda na pele, também muitas vezes referida como um rash cutâneo. Um enantema é uma erupção que ocorre me mucosas. Quase todas as doenças exantemáticas clássicas se iniciam com um enantema, alguns inclusive patognomônicos, como o do sarampo. Os mecanismos de agressão a pele são: 1. invasão e multiplicação direta na própria pele (ex.: varicela, herpes); 2. ação de toxinas (ex.: escarlatina, estafilococcias); 3. ação imunoalérgica com expressão na pele (ex.: algumas viroses exantemáticas); 4. dano vascular, podendo causar extravasamento capilar, obstrução e necrose da pele (ex.: meningococcemia). Geralmente estes mecanismos coexistem, mas suas reações aparecem na pele como lesões distintas. Na prática clínica é comum a associação de lesões maculopapulosas, vesicobolhosas, vesicopapulobolhosas, etc. Os exantemas podem ser eritematosos - róseos ou avermelhados e que desaparecem à vitro/digitopressão - e purpúricos, quando há extravasamento de sangue no vaso (não desaparece à vitro/digitopressão). As lesões desse último tipo de exantema podem ser pequenas (petéquias) ou maiores (equimoses). A crosta é o ressecamento da secreção serosa, purulenta, sanguínea ou mista. A escoriação é uma lesão epidérmica decorrente dos arranhões ou do ato de se coçar; denuncia, portanto, o caráter pruriginoso do exantema. Os exantemas maculopapulares, por sua vez, são classificados em: • morbiliformes: pequenas maculopápulas avermelhadas com preservação de áreas de pele sã entremeadas pelas lesões (é o exantema típico do sarampo) • rubeoliforme: semelhante ao morbiliforme, porém róseo, com lesões menores e menos pápulas (exantema típico da rubeola, por exemplo.) • escarlatiniforme: eritema difuso, puntiforme, vermelho vivo, sem áreas de pele são entremeadas (exantema típico da escarlatina) • urticariforme: erupção papuloeritematosa de contornos irregulares, com placas mais perceptíveis, róseas ou avermelhadas Principais doenças exantemáticas na infância: Os dois maiores grupos de exantemas (maculopapulares e papulovesiculares), em pediatria, abrangem as doenças exantemáticas; entretanto, esses dois tipos de erupção são encontrados em muitas outras doenças além das infecciosas exantemáticas agudas. Dentre os exantemas maculopapulares, encontram-se os das cinco febres eruptivas clássicas: sarampo (primeira moléstia), escarlatina (segunda moléstia), rubéola (terceira moléstia), eritema infeccioso (quinta moléstia) e exantema súbito - roseola infantum (sexta moléstia). A – doença de Filatow, que seria a “quarta moléstia”, hoje não é mais considerada uma entidade clínica (escarlatina atípica). O sarampo é uma doença viral exantemática aguda, altamente contagiosa, e que está em vias de erradicação em nosso meio em virtude das estratégias de imunização, embora, até recentemente, ainda provoque alguns surtos. • Etiologia: paramoximovírus (gênero Morbilivirus); • Mecanismo de transmissão: via aérea, por meio do aerossol; • Tempo de incubação: 8 a 12 dias; ➢ ANTICORPOS: Os anticorpos contra o sarampo, do tipo IgG, atravessam facilmente a barreira placentária. Os lactentes adquirem imunidade por via transplacentária as mães que tiveram ou receberam imunização contra o sarampo e as crianças nascem com título satisfatório de anticorpos e, portanto, protegidas. Essa proteção passiva vai desaparecendo à medida que os anticorpos de origem materna vão sendo catabolizados. Essa imunidade é completa pelos primeiros 4 a 6 meses de vida e desaparece numa velocidade variável. Assim, enquanto o sarampo é excepcional antes dos seis meses de idade, por volta de um ano quase todas as crianças já são suscetíveis à doença. A imunidade induzida é de longa duração, provavelmente persistindo por toda a vida. ➢ TRANSMISSÃO: A transmissão ocorre por via aérea, por meio de secreção ocular e das vias respiratórias do doente, por contato direto, pelas gotículas de Pflügge (gotículas de saliva que são expelidas durante a conversação) e por dispersão de gotículas com partículas virais no ar, principalmente em ambientes fechados como creches, escolas e meios de transporte (incluindo aviões). A contaminação de um indivíduo suscetível parece fazer-se quase exclusivamente através do contato direto com pessoas doentes. A contagiosidade começa dois dias antes do início do período prodrômico, alcança o máximo durante a fase catarral e estende-se até quatro dias após o aparecimento do exantema, diminuindo de tal maneira que, após seis dias do seu início, o paciente não é mais contagioso. A disseminação máxima do vírus dá-se por aspersão de gotículas durante o estágio catarral, havendo necessidade de isolamento respiratório do indivíduo infectado nesse período. O sarampo é muito contagioso, salientando-se que a introdução de um caso da doença no ambiente familiar faz com que cerca de 90% dos contatos familiares suscetíveis se contaminem. Raramente é subclínico. O sarampo é doença de notificação imediata e obrigatória; ou seja, diante de um caso suspeito, este deve ser notificado pelos profissionais que tiveram o primeiro contato com o paciente. ➢ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A infecção pelo vírus do sarampo pode causar uma variedade de síndromes clínicas, que incluem o sarampo clássico em pacientes imunocompetentes, o sarampo modificado em pacientes com anticorpos pré-existentes, mas com incompleta proteção, as síndromes neurológicas após a infecção do sarampo, incluindo a encefalomielite aguda disseminada e a panencefalite subaguda esclerosante (PES) e sarampo grave, em imunocomprometidos. – As manifestações clínicas do sarampo são, de modo geral, suficientemente características para permitir o diagnóstico da doença sem o auxílio de qualquer exame laboratorial. O período de incubação (entre contágio e primeiras manifestações clínicas) inicia-se após a entrada do vírus pela mucosa respiratória ou conjuntiva e é de cerca de 10 dias. A disseminação do vírus do sarampo nesse período, devido à viremia, com infecção associada do endotélio, epitélio respiratório, monócitos e macrófagos, pode explicar a variedade de manifestações clínicas e as complicações que podem ocorrer. Uma segunda viremia ocorre alguns dias após a primeira, que coincide com o aparecimento de sintomas indicativos do início da fase prodrômica. O período prodrômico, que dura cerca de três a quatro dias, caracteriza-se por febre, geralmente elevada (muitas vezes excedendo 39ºC ou mesmo 40ºC), alcançando o máximo na época do aparecimento do exantema, para desaparecer, habitualmente em lise, dois ou três dias depois. Nessa fase, sintomas gerais aparecem com grande frequência e variável intensidade: anorexia, cefaleia, dores abdominais, vômitos, diarreia, artralgias e mialgias, que associados a prostração e mesmo sonolência, que por vezes coexistem, dão a impressão de doença grave. Sintomas oculares estão presentes. A conjuntivite traduz-se por fotofobia, edema palpebral, secreção ocular, congestão e lacrimejamento. Todos esses sintomas geralmente são associados a sintomas catarrais altos: coriza e espirros. A coriza é abundante, inicialmente mucosa e torna-se mucopurulenta, às vezes com laivos de sangue, irritando o nariz e o lábio superior. Atinge o máximo de intensidade ao tempo do aparecimento da erupção e desaparece rapidamente após a defervescência. A tosse nunca falta. É inicialmente seca, intensa, contínua e incomoda o paciente. Como as demais manifestações do período prodrômico, atinge máxima intensidade àépoca do aparecimento do exantema, mas, ao contrário dessas, não desaparece quando surge erupção, podendo persistir por até quase duas semanas. Embora a coriza, a tosse e a conjuntivite muitas vezes confiram ao paciente um aspecto facial muito sugestivo de acometimento pelo vírus do sarampo (facies sarampenta), são as manchas de Koplik, o enantema que precede à erupção da pele, que confirma o diagnóstico. O enantema é a primeira manifestação mucocutânea a aparecer e é característico. Em 50% a 80% dos casos, 2 a 3 dias depois do período prodrômico (catarral) aparece o característico sinal de Koplik (patognomônico do sarampo): há hiperemia da orofaringe (com um salpicado vermelho na região de palato) e na região oposta aos dentes molares surgem manchas branco- azuladas ou acinzentadas, pequenas, de cerca de 1 mm de diâmetro, com discreto halo eritematoso ao redor. Começam em pequeno número, por vezes duas ou três apenas, só podendo ser, nessa ocasião, visualizadas com uma boa iluminação da mucosa bucal. Entretanto, rapidamente aumentam de número a tal ponto que quando do aparecimento do exantema, podem ocupar toda a mucosa da boca e mesmo parte dos lábios. O aparecimento do exantema marca também o início do desaparecimento das manchas de Koplik, e, por volta do terceiro dia a mucosa tem aspecto normal. O exantema inicia-se com tênues máculas atrás do pavilhão auricular, na região da mastoide, próximo à raiz do couro cabeludo. Dissemina-se rapidamente, em cerca de 24 horas, em sentido caudal e centrífugo, para face, pescoço, tronco, braços e atinge as extremidades inferiores por volta do terceiro dia. – O exantema é maculopapular, eritematoso e morbiliforme, com maculopápulas avermelhadas, isoladas umas das outras e circundadas por pele não comprometida. Como regra, as lesões podem confluir em algumas regiões e desaparecem à digitopressão. As áreas inicialmente atingidas (face e pescoço) são as que revelam exantema de maior intensidade. Aí as lesões podem ser confluentes, formando extensas placas avermelhadas. As palmas das mãos e as plantas dos pés são raramente envolvidas. O prurido é leve. Na fase do exantema a doença atinge o seu auge os sintomas catarrais se intensificam, ficando o paciente toxemiado, prostrado, febril, com olhos hiperemiados, queixando-se de desconforto na claridade, intensa rinorreia e tosse implacável. Geralmente tem evolução benigna e é provavelmente causada pelo vírus do sarampo. O exantema começa a esmaecer em torno do terceiro ou quarto dia, na mesma sequência em que surgiu, com o aparecimento de descamação furfurácea e uma leve pigmentação acastanhada. O quadro clínico, em geral, dura de uma a duas semanas. Desaparece rapidamente a febre, os sintomas oculares e catarrais altos e lentamente a tosse e os sintomas brônquicos. A tosse pode persistir até 1 ou 2 semanas após a infecção do sarampo. Febre persistente além do terceiro ou quarto dia de erupção sugere complicação. ➢ DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é clinico, mas todos os casos suspeitos de sarampo devem ser submetidos a exames sorológicos para identificação de IgM e IgG do vírus em amostras de soro, urina e swabs de naso e orofaringe. A identificação do vírus tem como objetivo conhecer o genótipo do mesmo para diferenciar um caso autóctone de um importado e diferenciar o vírus selvagem do vacinal, já que a vacina é feita com vírus atenuado. Para conseguir realizar essas análises, o Ministério da Saúde recomenda coleta das amostras até o 7º dia após início do exantema, sendo que o IgM é possível ser identificado desde o início da doença até 1 mês após a mesma. Importante ressaltar que, o material coletado deve ser enviado para o laboratório acompanhado daquela Ficha de Notificação O número de complicações é grande e as principais são: otite média, pneumonia e encefalite. A infecção pelo sarampo pode causar imunossupressão transitória, com diminuição de resposta das células T. A maioria das mortes se deve às complicações respiratórias ou encefalite. Os grupos de risco para complicações incluem os pacientes imunodeprimidos, desnutridos, indivíduos com deficiência de vitamina A e nos extremos de idade. ➢ TRATAMENTO: Não há tratamento específico, mas é possível realizar medidas de suporte com sintomáticos. O tratamento com vitamina A oral reduz a morbidade e a mortalidade em crianças com sarampo grave nos países em desenvolvimento. Recomenda-se a administração de vitamina A (pal- mitato de retinol) em menores de 2 anos de idade (< 6 meses: 50.000 UI, 6-12 meses: 100.000 UI e > 12 meses: 200.000 UI), 1 vez ao dia, por 2 dias. – A rubéola é uma doença contagiosa, caracterizada por sintomas leves, um exantema semelhante ao do sarampo leve e aumento e dor à palpação dos linfonodos pós-occipitais, retroauriculares e cervicais posteriores. A rubéola no início da gravidez pode causar anomalias congênitas graves, com comprometimento de múltiplos sistemas, amplo espectro de expressão clínica e longo período pós- natal de infecção ativa com excreção de vírus. • Etiologia: togavírus; • Transmissão: via aérea, por meio de perdigotos; • Tempo de incubação: 14 a 21 dias; • Tempo de contágio: de poucos dias antes até 5 a 7 dias depois da erupção; ➢ TRANSMISSÃO: A infecção é transmitida de pessoa a pessoa pela via respiratória, por meio de gotículas contaminadas de secreções nasofaríngeas e contato direto com pessoas infectadas. ➢ PERÍODO DE INCUBAÇÃO E TRANSMISSÃO: O período de incubação varia de 14 a 21 dias (algumas literaturas colocam entre 12 e 23 dias). A fase prodrômica de sintomas catarrais leves é mais curta que a do sarampo e pode ser tão leve que passa despercebida, principalmente nas crianças menores, mas em adolescentes e adultos o exantema pode ser precedido por um ou dois dias de mal-estar, febre baixa, dor de garganta e discreta coriza. O período de transmissibilidade 7 dias antes e 7 dias após o início do quadro exantemático. ➢ QUADRO CLÍNICO: O sinal mais característico é adenopatia retroauricular cervical posterior e occipital dolorosa, presente em quase todos os casos. A linfadenopatia é generalizada, afeta principalmente os gânglios suboccipitais, cervicais e retroauriculares, aparecendo desde 5 a 7 dias antes do exantema, podendo persistir até o seu desaparecimento em uma semana ou mais. Nenhuma outra doença causa o aumento doloroso desses linfonodos no grau da rubéola. O exantema começa na face sob a forma maculopapular rósea, se espalha rapidamente, atingindo o pescoço, o tronco, os membros superiores e inferiores em menos de 24 horas. As lesões da face começam a desaparecer no segundo dia, quando as maculopápulas do tronco podem coalescer. Na maioria dos casos, a erupção permanece por três dias, justificando o antigo nome dado à doença de sarampo de três dias. O exantema não é pruriginoso e não é seguido de descamação. – A mucosa faríngea e as conjuntivas ficam pouco inflamadas; Em alguns casos, nota-se petéquias no palato mole conhecidas como sinal de Forschemeir que não é patognomônico. Não há fotofobia e a febre é ausente ou baixa durante o exantema e persiste por poucos dias. Metade dos casos apresenta esplenomegalia discreta. Especialmente em meninas maiores e mulheres, pode ocorrer poliartrite e artralgias. ➢ DIAGNÓSTICO: É clínico, mas devido a dúvida diagnóstica frequentemente causada, recomenda-se a testagem sorológica de todos os pacientes em que há suspeita clínica de rubéola por meio de coleta sanguínea onde será testado IgM e IgG desta patologia. Assim como no sarampo, o Ministério da Saúde recomenda a detecção do vírus em urina e secreção de nasofaringe como forma de conhecer o genótipo do vírus, diferenciando-o os casos autóctones dos importados e os vírus selvagens do vacinal. ➢ TRATAMENTO: O tratamentoé realizado com base em sintomáticos, não havendo tratamento específico direcionado ao vírus. ➢ CUIDADO E PREVENÇÃO O isolamento domiciliar por até 7 dias após o início do exantema diminui a intensidade dos contágios. A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência de casos, não havendo evidências suficientes para realização de profilaxia pós-exposição. Após contato com caso suspeito, deve ser realizada a vacinação daqueles que ainda não foram vacinados ou maiores de 50 anos que não comprovem ter recebido alguma dose da tríplice viral. Gestantes suscetíveis e crianças menores de 6 meses devem ser afastadas do contato com casos suspeitos/confirmados e seus respectivos contatos. – O vírus varicela-zoster (VVZ), que participa da família Herpesviridae, é o responsável pelos quadros de varicela (infecção primária) e herpes- zoster (reativação endógena de infecção latente). A varicela é uma doença cosmopolita e a grande maioria dos indivíduos (90%-95%) adquire o VVZ na infância quando há predominância da doença (em indivíduos não vacinados). É rara em lactentes de menos de três meses de idade, sugerindo algum grau de proteção pela passagem placentária de anticorpos maternos. • Etiologia: vírus da varicela-zóster, do grupo herpes • Transmissão: por aerossol, contágio direto e pela transmissão vertical • Tempo de incubação: 10 a 21 dias • Tempo de contágio: do décimo dia após o contato até a formação de crostas de todas as lesões É uma doença de notificação compulsória apenas se caso grave, ou seja, que necessite internação. Em crianças imunocompetentes a varicela tem curso benigno, repentino e autolimitado. ➢ TRANSMISSÃO: As taxas de transmissão domiciliar são de 80% a 90% (é altamente contagiosa); um contato mais casual, como a exposição numa sala de aula escolar, está associado a taxas de 30% ou menos. A varicela é contagiosa desde 24 a 48 horas antes do aparecimento do exantema até que todas as vesículas encrostadas estejam presentes (três a sete dias). A transmissão ocorre em hospedeiros suscetíveis através do contato com gotículas de aerossol de secreções nasofaríngeas de um indivíduo infectado ou pelo contato cutâneo direto com o líquido das vesículas de lesões de pele. ➢ PERÍODO DE INCUBAÇÃO E DE TRANSMISSÃO: O período de incubação é de 10-21 dias e a transmissão se inicia 1-2 dias antes do surgimento do exantema e permanece até que as lesões estejam em fase de crosta. O paciente portador de herpes zoster é contaminante, podendo determinar casos de varicela em pacientes suscetíveis; entretanto, a contagiosidade do zoster é bem menor que a da varicela, possivelmente porque a transmissão do VVZ nesses casos ocorre quase exclusivamente por contato direto com vesículas infectadas. A doença pode aparecer em qualquer idade, mas a máxima incidência é em pacientes de mais de 50 anos, sendo bastante rara antes dos dez anos de idade, exceto naquelas crianças que receberam terapia imunossupressora, as que têm infecção pelo vírus da imunodeficiência humana e as que foram infectadas in útero ou durante o primeiro ano de vida. QUADRO CLÍNICO: Frequentemente, o exantema é a primeira manifestação da varicela, mas pode haver um curto período prodrômico, geralmente de menos de 24 horas de duração, constituído de febre baixa, anorexia, cefaleia e discreto mal-estar. As lesões cutâneas difusas surgem quando a infecção entra numa fase virêmica. A erupção cutânea da varicela é muito característica, tanto em seu aspecto como na rapidez de sua progressão. As lesões são inicialmente máculas, intensamente pruriginosas que envoluem para pápulas, vesículas e finalmente há a formação de crostas. A passagem do estágio da mácula para o início da formação de crostas é muito rápida. As vesículas têm um aspecto comparado classicamente à gota de orvalho (exantema em gota de orvalho sobre uma pétala de rosa!). São localizadas superficialmente na pele, são circundadas por um halo eritematoso e têm paredes finas, facilmente rompidas. Iniciam-se no couro cabeludo, face ou tronco. A turvação e a umbilicação da lesão ocorrem em 24-48 horas, evoluindo para a formação de crostas. O processo de formação da crosta inicia-se no centro da vesícula, o que lhe confere uma discreta – depressão central e, portanto, nessa fase uma aparência umbilicada. As crostas costumam se resolver em sete dias, mas podem persistir por até três semanas, particularmente se houver contaminação bacteriana secundária da lesão. As lesões aparecem em surtos, durante três a cinco dias, e acometem, predominantemente, o tronco (distribuição centrípeta), seguindo-se o pescoço, a face e os segmentos proximais dos membros, poupando a palma das mãos e a planta dos pés. Há também vesículas nas mucosas, especialmente a bucal, mas aí elas rapidamente se rompem, dando origem a úlceras rasas, indistinguíveis das encontradas em uma estomatite herpética. Lesões ulcerativas em orofaringe, mucosa nasal e vagina são comuns e podem ocorrer também lesões em pálpebras e conjuntiva. O surgimento das lesões em surtos sucessivos justifica uma das mais importantes características do exantema da varicela: o polimorfismo regional, isto é, a presença em uma mesma área de lesões em todos os estágios de desenvolvimento: máculas, pápulas, vesículas e crostas estão presentes próximas umas das outras. ➢ DIAGNÓSTICO O diagnóstico da varicela é clínico e costuma ser típico não necessitando a realização de testes comprobatórios, no entanto, é possível em casos graves quando é necessário realizar diagnóstico diferencial pode-se realizar coleta do líquido das lesões vesiculares nos primeiros 3-4 dias de erupção. Também está disponível a sorologia com IgM e IgG. ➢ TRATAMENTO O tratamento envolve o uso de sintomáticos como anti-histamínicos para atenuar o prurido, antitérmico e analgésicos (estes, não salicilatos). O tratamento específico é com Aciclovir para menores de 12 anos ou pessoas com imunocomprometimento, comorbidades ou risco para agravamento do quadro. Além disso, deve-se recomendar a lavagem das le- sões de pele com água e sabão, bem como é fundamental cortar as unhas da criança como forma de prevenir lesões de pele secundárias em decorrência o intenso prurido. Tratamento específico para varicela para crianças:
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