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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Teoria e Prática Cambial Aula 4 Prof. Joni Tadeu Borges CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Pode-se considerar que, pelo menos até o primeiro trimestre de 2016, a economia brasileira vem enfrentando uma situação extremamente delicada. Segundo os principais analistas econômicos, esta condição persistirá por um longo tempo ainda. O principal motivo é evidente, a crise política, por qual passa o país, vem causando grande instabilidade em todas as áreas, diretamente ou indiretamente, relacionadas ao processo produtivo brasileiro. Desta maneira, a demanda interna desabou, deixando as empresas brasileiras com grandes dificuldades. Porém, como dizem os ditados populares “é na crise que se encontram as oportunidades”. É verdade! Se as empresas não conseguem, ou estão lutando para se manter no mercado interno, por que não buscar outros mercados fora do Brasil? Sabe-se que não é tão simples assim, mas, para as empresas que estão preparadas, esta é a ocasião de iniciar ou aumentar as vendas para o exterior. Um fato para animar as empresas exportadoras: no primeiro quadrimestre de 2016 houve um superávit de USD 4,86 bilhões. Sendo que, de janeiro a abril, o saldo positivo chegou à marca de USD 13,24 bilhões. Em algum momento os valores citados anteriormente, ou a maior parte deles, deverão ingressar no Brasil. Para isso ocorra, haverá a obrigação de fazer a conversão da moeda (contratação de câmbio) amparada nas legislações cambiais vigentes. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Curiosidade: acompanhe o movimento da balança comercial brasileira em: http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=245 Contextualizando É recomendado para o exportador que quer ingressar em determinado mercado ou aumentar as vendas para o exterior, contratar os serviços de um profissional que, de preferência, conheça o produto a ser vendido e, principalmente, como se comporta o mercado comprador (aspectos econômicos e financeiros, aspectos geográficos, aspectos legais e culturais). A comissão na exportação é calculada sobre o valor FOB da mercadoria, sendo o percentual máximo definido de acordo com a NCM. O controle da comissão de agente é de responsabilidade da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX)e deve ser feito previamente ou após o Registro da Exportação, podendo a qualquer momento solicitar, ao exportador, os documentos comprobatórios da negociação. Vamos praticar por meio de um exemplo. Considerando que uma empresa fez uma exportação de USD 10.000,00 na condição Free on board (FOB) e negociou 10% de comissão de agente com seu representante no exterior, apresente, para os três tipos de modalidades de comissão de agente: Valor da fatura commercial; O valor do contrato de câmbio de exportação; O valor da comissão de agente; Como o valor da comissão será pago ao agente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Ao final da aula você será capaz de responder com segurança as questões propostas. Saiba mais! Para saber mais sobre a comissão de agente na exportação consulte: artigos 213 e 214 da Portaria Secex nº 10/10. Pesquise Tema 1: Legislação Cambial na Exportação A Circular nº. 3691 dispõe sobre as normas e procedimentos do mercado de câmbio relativo à Resolução nº 4.568, de 29 de maio de 2008, que destaca as operações de compra e venda de moeda estrangeira por instituição autorizada a operar com câmbio pelo Banco Central do Brasil. O artigo 2º, dessa circular estabelece: As pessoas físicas e as pessoas jurídicas podem comprar e vender moeda estrangeira ou realizar transferências internacionais em reais, de qualquer natureza, sem limitação de valor, sendo contraparte na operação o agente autorizado a operar no mercado de câmbio, observada a legalidade da transação, tendo como base a fundamentação econômica e as responsabilidades definidas na respectiva documentação. (Artigo 2º, da Circular nº 3691, da Resolução nº 4.568, do Banco Central do Brasil, referente a Legislação Cambial na Exportação) Nesta mesma Circular, o Banco Central do Brasil coloca em vigor as normas e procedimentos das operações no mercado de câmbio relativas às exportações de mercadorias e serviços contempladas no título IV, capítulo 1, do artigo 90 ao 107. Outros aspectos que devem ser considerados nas operações relacionadas às exportações de mercadorias e serviços para o exterior é a entrada ou não de divisas no país. Desta maneira, podemos classificar as CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 operações cambiais em operações sem cobertura cambial e com cobertura cambial. 1.1 Operações cambiais em operações sem cobertura cambial As exportações são consideradas sem cobertura cambial quando não há a contrapartida de entrada de divisas, em relação à saída de mercadorias do país. São exemplos de exportação sem cobertura cambial: Exportação em consignação: Envio de mercadoria ao exterior, para um consignatário, com a finalidade de venda. O prazo de permanência da mercadoria no exterior é previsto na legislação. Durante este período, caso a mercadora seja vendida, o exportador tem que comprovar a cobertura cambial. Produtos permitidos a esta modalidade, e demais informação, encontram-se disponíveis na Portaria SECEX nº. 23, de 14 de julho de 2011. Envio de amostras, participação no exterior em feiras, doação, devolução de mercadoria etc. As exportações enquadradas como sem cobertura cambial dependem de autorização prévia ao embarque do Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex). 1.2 Operações cambiais em operações com cobertura cambial Na exportação com cobertura cambial, por sua vez, há a entrada de divisas em relação à saída de mercadorias, ou, simplesmente, ocorre quando o exportador brasileiro vende sua mercadoria ao importador estrangeiro. A exportação brasileira pode ser realizada em qualquer moeda, inclusive CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 o Real, mas, na prática, são negociadas em moedas conversíveis. É muito importante a escolha da modalidade de pagamento, isto é, como o exportador vai receber por sua venda. As quatro modalidades predominantes no comércio exterior são: o pagamento antecipado, remessa sem saque, cobrança documentária internacional e carta de crédito. São elas que vão determinar os riscos que o exportador e importador vão assumir na negociação. As modalidades de pagamento estão relacionadas diretamente com as legislações cambiais vigentes no Brasil. Nos financiamentos à exportação brasileira como o ACC, Proex, Pré- Pagamento à Exportação e as diversas linhas de financiamento à exportação do BNDES, se faz necessário observar, também, se foi cumprida a legislação cambial. São vários os cuidados que o exportador tem que cumprir, relacionados aos aspectos cambiais na exportação, tais como: meios de transferências dos recursos, prazos, documentos, contratação do câmbio, entre outros. Além disso, estas condições observadas, na aérea cambial, devem estar interagindo com as legislações administrativas do comércio exterior, bem como com a legislação aduaneira e tributária. Link para texto de leitura obrigatória! Para ler a íntegra da Circular nº. 3691 consulte: http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/ Lists/Normativos/Attachments/48815/Circ_3691_v5_P.pdfTema 2: Meios de recebimentos na exportação As negociações mercantis realizadas pelas empresas brasileiras, com as empresas estrangeiras, estão normalmente, oficializadas por meio de um CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 contrato comercial de compra e venda, fatura comercial ou outro documento equivalente que estabelece as condições da negociação, entre as quais, a maneira de como será efetuado o pagamento pelo comprador (importador) ao vendedor (exportador). Previamente à negociação, de preferência no planejamento à exportação, o exportador brasileiro deve observar as normas cambiais em relação às diversas maneiras que pode receber por sua venda, sem correr no risco de fazer uma operação desamparada nas normas ou que venha prejudicar a negociação com o importador. O Banco Central do Brasil estabelece como o exportador pode receber por suas exportações. 2.1 Mediante crédito em conta corrente em um banco no exterior, em nome do exportador. O Banco Central do Brasil permite que empresas brasileiras abram conta no exterior, em qualquer banco e país, para receber os valores relativos às suas vendas mercantis. Atualmente, é permitido, ao exportador, manter no exterior até 100% dos valores de suas exportações. Normalmente, são as grandes empresas que utilizam dessa alternativa, uma vez que reduz o custo financeiro por não haver a necessidade de fazer as operações cambiais, além de protegê-las da variação cambial, tendo em vista que podem utilizar, por exemplo, os recursos creditados nesta conta pra pagar suas importações. O exportador brasileiro, que escolher por manter uma conta no exterior para receber os valores oriundos da exportação, deve, anualmente, declarar à CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Receita Federal, por meio de dispositivos específicos. Já as pequenas empresas, devido à necessidade de precisarem dos recursos relacionados às suas vendas para o exterior, para manter suas atividades no Brasil, não utilizam dessa prática. 2.2 Mediante crédito em conta no exterior mantida por banco autorizado a operar com câmbio no Brasil. Esta forma é a mais utilizada pelos exportadores brasileiros. Neste caso, o exportador tem que instruir o importador a fazer o crédito na conta de banco no exterior, autorizado pelo Banco Central do Brasil. O valor creditado nesta conta é do exportador, que é o beneficiário do crédito. Quando ocorre este procedimento, o exportador vende a moeda estrangeira ao banco, recebendo os reais equivalentes na sua conta corrente aqui no Brasil. 2.3 Recebimento em espécie. O recebimento em espécie também não é uma prática comum, uma vez que envolve o risco do manuseio da moeda estrangeira. Quando o valor da moeda estrangeira, que vai ingressar no país para o pagamento de uma exportação, for superior ou igual a R$ 10.000,00, será necessário que o portador do dinheiro, ao ingressar no Brasil, providencie junto à Receita Federal (alfândega) a Declaração de Porte de Valor (DPV) –, informando a este órgão a sua finalidade, dentre as quais temos: identificação do beneficiário pelo recebimento do valor (exportador) e o número da fatura comercial da exportação. O exportador brasileiro, após receber o valor em moeda estrangeira, deve vender ao seu banco de relacionamento. Esta operação deve, ainda, ser formalizada por meio de um contrato de câmbio. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 2.4 Recebimento por meio de cartão de crédito, cheques ou vale postal. Há outras maneiras, mais de menor expressão como o recebimento por meio de cartão de crédito, cheques de viagem ou vale postal. Seja a alternativa que o exportador escolher para receber por suas vendas ao exterior, sempre terá que observar alguns pontos que os deixarão mais seguro, são eles: legislação em vigor, riscos e custos envolvidos. Imagem 01: SWIFT Fonte: Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=tipos+mensagens+swift&espv=2&source=lnms&tbm=isch &sa=X&ved=0ahUKEwiy6ZvLidDMAhUFFZAKHQrVAzkQ_AUIBgB&biw=1366&bih=667#imgrc =oSp8fTP3EoH9IM%3A. Acessado em: 19/09/2016. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Tema 3: Prazos Utilizados para a Contratação de Câmbio na Exportação Os pagamentos realizados pelos importadores podem ser concretizados em moeda estrangeira, independente da moeda constante nos documentos comerciais representativos da exportação, ocorrendo previamente ou depois do embarque da mercadoria. 3.1 Pagamento prévio Previamente ao embarque, o exportador brasileiro pode contratar o câmbio, em até 360 dias antes do embarque. Isso significa que, o exportador pode receber adiantadamente por sua venda e posteriormente embarca a mercadoria. O prazo de embarque é negociado entre as partes, de acordo com a necessidade de cada um. O risco de pagar antecipado é do importador estrangeiro. Neste caso, o importador deve ter um bom conhecimento sobre a empresa brasileira. As operações realizadas, nestas condições, normalmente ocorrem entre empresas que já possuem um relacionamento comercial. Basicamente, na prática, ocorrem as seguintes etapas: 1. Negociação entre o exportador e importador. 2. Exportador emite a fatura proforma e envia para o importador. 3. O Importador efetua o pagamento no seu banco de relacionamento. 4. O banco de relacionamento do importador envia o pagamento para o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 banco de relacionamento do exportador. 5. O banco de relacionamento do exportador compra a moeda estrangeira (valor da exportação) e entrega os reais equivalentes para o exportado.; 6. Na data acordada, o exportador providencia o embarque da mercadoria para o importador. 7. O exportador envia os documentos representativos da exportação para o importador. 8. O importador, de posse dos documentos, retira a mercadoria na sua alfândega. Se, por algum motivo, o exportador recebe, antecipadamente, o valor de sua exportação por meio da formalização de um contrato de câmbio, mas não consegue embarcar a mercadoria dentro do prazo (360 dias) previsto pelo Banco Central do Brasil, este fica em situação irregular. As alternativas para a regularização perante o Banco Central do Brasil são: Devolver o valor para o importador. Transformar o pagamento recebido em investimento direto. Transformar o pagamento recebido em empréstimo. 3.2 Pagamento posterior Para as operações a prazo, o exportador pode contratar o câmbio até o último dia, do 12º mês subsequente ao embarque da mercadoria. Em termos práticos, o exportador pode dar prazo de pagamento ao importador, desde que CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 não ultrapasse as condições acima. O exportador pode vender a prazo, porém deve negociar a modalidade pagamento que ofereça menor risco. A escolha da modalidade dependerá da negociação entre as partes, a qual pode ser: 3.2.1 Remessa sem saque ou remessa direta de documentos O exportador embarca a mercadoria e envia os documentos representativos da exportação diretamente ao importador, assumindo o risco, uma vez que o importador terá a posse dos documentos originais, dando-lhe o direito de retirar a mercadoria na alfândega de seu país. 3.2.2 Cobrança documentária Nesta modalidade ao invés de enviar os documentos representativos da exportação diretamente para o importador, o exportador envia os documentos por meio de seu banco de relacionamento, para o banco do importador. O banco doimportador deverá entregar os documentos para o importador, respeitando as instruções de cobrança. Risco menor para o exportador. 3.2.3 Carta de crédito Garantia, normalmente, exigida pelo exportador ao importador, operação que garante ao exportador o recebimento por sua venda. Caso o importador não efetue o pagamento, o banco emissor da carta de crédito honra o compromisso com o exportador. Para os prazos diferentes dos informados anteriormente, também são possíveis na exportação brasileira, mas será necessária a autorização prévia do Banco Central do Brasil. Para o pagamento antecipado, com prazo superior a 360 dias, deverá CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 ser registrado o Registro de Operações Financeiras (ROF) , já para as operações a prazo acima de 360 dias deverá ser registrado o Registro de Crédito (RC). As duas modalidades de registro serão apresentadas com mais detalhes na última aula, na qual trataremos das operações cambiais financeiras. Tema 4 – Formalização do Contrato de Câmbio A formalização das operações de câmbio relacionadas às exportações se dá por meio do contrato de câmbio de compra. Nesta operação, o banco compra a moeda estrangeira do exportador e credita os reais equivalentes na conta do exportador. Caso o exportador entregue a moeda estrangeira ao banco na mesma data ou até dois úteis da data da contratação, o câmbio é considerado de liquidação pronta. No caso da entrega da moeda estrangeira for maior do que dois dias úteis, o câmbio é considerado para liquidação futura. Na negociação do câmbio, o exportador também pode escolher a data do crédito dos reais em sua conta, podendo ser no mesmo dia da contratação (D-0), no dia útil seguinte da contratação (D-1) ou em dois dias úteis após a contratação (D-2). A escolha determinará uma diferença na taxa de câmbio negociada. Fica a critério do banco negociador do câmbio, o qual poderá solicitar os documentos necessários para comprovar a operação comercial. Em regra geral podem ser: Fatura proforma; Fatura commercial; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Conhecimento de embarque; Registro de exportação averbado. Outra condição prevista pela norma é que o exportador deve ser o beneficiário pelo recebimento da sua venda, não pode ser terceiros, exceto nos casos de: Comissão de agente; Exportações conduzidas por intermediário de terceiros no exterior com valores até USD 10.000,00 por operação. Imagem 02: Mercadorias para exportação Fonte: https://brasilagro.wordpress.com/2016/01/25/siscomex-lembra-alteracao-na- CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 licenca-de-importacoes-de-barras-laminadas/. Acessado em: 19/09/2016. 4.1 Regularização do contrato de câmbio Regularização cambial é o procedimento que deve ser realizado pelo banco financiador com a concordância do exportador (à exceção da baixa do contrato de câmbio). A regularização do contrato de câmbio de exportação (ACC ou ACE) é utilizada para que este não fique em desacordo com a legislação cambial. Nos financiamentos de ACC e ACE, são utilizados os contratos de câmbio de compra – O banco compra a moeda estrangeira que será entregue em uma data futura pelo exportador (contrato de câmbio para liquidação futura) e entrega o equivalente em moeda nacional, por meio de crédito em conta corrente do exportador. Normalmente acontece em até dois dias úteis da data contratação do câmbio. No ato da contratação das operações de ACC e ACE, ficam definidas a taxa de câmbio, o deságio, o prazo do financiamento, o prazo da entrega dos documentos representativos da exportação, o prazo da liquidação (vencimento) do contrato de câmbio e a data do crédito dos reais na conta do exportador. Mas pode acontecer de o exportador não poder cumprir aquilo que ficou definido na contratação do câmbio (financiamento que o banco concedeu ao exportador), por motivos alheios à vontade do exportador. Neste caso, é de responsabilidade das partes verificar os fatos e providenciar a regularização do contrato de câmbio, dentro das normas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil. A regularização cambial pode ser realizada por meio de: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 4.1.1 Liquidação A liquidação do contrato de câmbio ocorre quando o exportador entrega o valor da moeda estrangeira (valor do ACC ou ACE) ao banco negociador do câmbio, o que acontece após o pagamento efetuado pelo importador. Neste momento, o exportador paga o deságio (juros) e liquida seu endividamento com o banco. 4.1.2 Prorrogação A prorrogação do contrato de câmbio pode ser solicitada pelo exportador, caso ele não consiga cumprir o prazo do financiamento inicialmente pactuado. Nesta situação, há a necessidade de justificar o pedido de um novo prazo. Havendo a concordância do banco, o prazo de entrega dos documentos (ACC) ou das cambiais (ACE) é alterado. A prorrogação da entrega dos documentos não pode ultrapassar o prazo máximo permitido para o ACC, que é de 360 dias da data da contratação do câmbio. Já para o ACE, o prazo da prorrogação não pode transpor ao último dia útil do décimo segundo mês subsequente ao do embarque da mercadoria, ou da data da emissão da fatura de prestação de serviço. Obs: Em situações especiais, normalmente quando ocorrem crises internacionais, o Banco Central do Brasil pode determinar novos prazos para prorrogação. 4.1.3 Cancelamento do contrato de câmbio O cancelamento do contrato de câmbio ocorre quando o exportador não puder cumprir uma das obrigações estabelecidas no contrato de câmbio como, por exemplo, a não entrega da moeda estrangeira no prazo acordado ou no prazo máximo permitido pelo Banco Central do Brasil. Sendo assim, havendo o consenso das partes, o contrato deverá ser cancelado. Isto significa que o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 exportador tem que devolver os reais equivalentes ao valor do contrato em moeda estrangeira, respeitando a taxa de câmbio do dia do cancelamento mais o encargo financeiro, caso a mercadoria não tenha sido embarcada. 4.1.3 Baixa do contrato de câmbio Já a baixa do contrato de câmbio é aplicada quando o exportador não tem perspectivas de cumprir os prazos pactuados no contrato de câmbio. Não havendo um acordo entre as partes, o banco pode, unilateralmente, baixar o contrato de câmbio. Isto ocorre quando o importador não efetua o pagamento e, consequentemente, o exportador não entrega a moeda estrangeira ao banco. O exportador também não devolve os reais referentes ao adiantamento, e, nesta situação, o banco financiador executa a dívida por meio de cobrança judicial. Tema 5 – Comissão de Agente na Exportação As empresas exportadoras, com o intuito de facilitar a venda de determinada mercadoria ao comprador no exterior, muitas vezes podem utilizar os serviços de um representante ou de um agente residente, ou não, no país . A função de um agente é representar a empresa brasileira no exterior e intermediar a venda da mercadoria nas condições mais favoráveis para o produtor (exportador). Por este serviço, o agente cobra uma remuneração que é um percentual sobre as vendas. É vantajoso para o exportador ter um profissional que conheça o mercado e facilite a venda dos seus produtos. O valor da comissão de agente é negociado entre o exportador e o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 agente e é aplicado sobre o valor damercadoria no local de embarque, sendo que o percentual estabelecido depende da classificação da mercadoria (NCM). Quanto maior for o grau de sofisticação da mercadoria, maior poderá ser o percentual da comissão de agente. Porém, o percentual máximo para cada NCM é estabelecido pelo Decex. Na exportação a comissão de agente classifica-se em: A remeter – O exportador recebe o valor integral da venda e, em operação separada, porém vinculada à venda, remete a comissão por meio de transferência financeira. Conta gráfica – A comissão integra o valor total faturado contra o importador, porém o banco no exterior é instruído a reter seu valor para pagamento ao agente, remetendo ao exportador somente o valor líquido da operação. Dedução da fatura – Na própria fatura comercial é deduzida a comissão e registrado o valor líquido, de modo que o importador fica com a incumbência do acerto financeiro com o agente (situação comum nas operações entre empresas vinculadas). Resolução dos exercícios propostos em aula: 5.1 Conta gráfica Valor da exportação: USD 10.000,00 - Comissão de agente 10% Procedimentos: ao negociar esta modalidade de comissão de agente, o exportador deve informar no Registro de Exportação (RE) o percentual e a modalidade da comissão de agente. Após, deve informar ao banco negociador do câmbio o domicílio bancário do agente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Qual o valor da fatura comercial? O valor da fatura comercial será no valor integral, no caso, USD 10.000,00. Qual o valor do contrato de câmbio? O importador efetuará o pagamento de USD 10.000,00 para o exportador brasileiro, o exportador deve informar ao banco sobre a comissão de agente, que também deve estar registrado no RE. O contrato de câmbio será de USD 9.000,00 (valor sem a comissão de agente). O valor da comissão de agente de USD 1.000,00 será transferido para a conta do agente, conforme instrução repassada pelo exportador. 5.2 Deduzida da fatura Valor da exportação: USD 10.000,00 - Comissão de agente 10% Procedimentos: ao negociar esta modalidade de comissão de agente, o exportador deve informar no Registro de Exportação (RE) o percentual e a modalidade da comissão. Qual o valor da fatura comercial? O valor da fatura comercial será no valor integral da exportação, deduzindo o valor da comissão de agente. O valor final da fatura comercial será de USD 9.000,00. Qual o valor do contrato de câmbio? O importador efetuará o pagamento da fatura pelo valor de USD 9.000,00. O contrato de câmbio de exportação será no valor de USD 9.000,00. Esta modalidade ocorre, normalmente, quando o agente é o próprio importador. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 5.3 A remeter Valor da exportação: USD 10.000,00 - Comissão de agente 10% Procedimentos: ao negociar esta modalidade de comissão de agente, o exportador deve informar no Registro de Exportação (RE) o percentual e a modalidade da comissão. Qual o valor da fatura comercial? O valor da fatura comercial será no valor de USD 10.000,00. Qual o valor do contrato de câmbio? O importador efetuará o pagamento de USD 10.000,00. O exportador fechará o contrato de câmbio de exportação no valor de USD 10.000,00 e, na data acordada entre exportador e agente, o exportador efetuará o pagamento de USD 1.000,00 para o agente por meio de uma transferência financeira, que acontecerá no banco autorizado em operar em câmbio pelo Banco Central do Brasil. Trocando Ideias Suponha que você ou a empresa em que trabalha precise exportar um determinado produto e a venda para o exterior será por meio de um agente. Você quer saber qual o percentual máximo de comissão de agente que pode negociar. Para isto, descreva o produto a ser exportado, identifique a sua classificação fiscal (NCM) e pesquise com as empresas exportadoras, ou despachantes aduaneiros, o percentual da comissão de agente que pode ser negociado e informe no fórum da seguinte maneira: NCM Descrição da Mercadoria Percentual CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Síntese A legislação cambial prevê que os pagamentos relativos às exportações brasileiras sejam conduzidos de várias maneiras. A mais utilizada é a transferência do crédito para a conta de um banco brasileiro no exterior, em regra geral em Nova Iorque. Quando este procedimento acontecer, será necessário, por parte do exportador, vender a moeda estrangeira ao banco autorizado a operar com câmbio, pelo Banco Central do Brasil. Fato este conhecido como negociação do câmbio ou conversão de moeda, formalizado por meio do contrato de câmbio. A importância que o exportador tem que dar, ao realizar as operações cambiais, deve ser máxima para não incorrer em penalidades previstas em lei. Também, vimos às modalidades de transferências internacionais e como podem ser utilizadas pelos exportadores. Outro tema abordado foi como se formaliza uma operação de compra e venda de moeda estrangeira, por meio de contrato de câmbio. Por último, vimos a relevância que tem para os exportadores, a intermediação nas negociações internacionais, visando ganhar novos mercados ou aumentar as vendas para os já existentes. Colocamos em prática uma situação que uma empresa faz, ou seja, uma exportação de USD 10.000,00 com comissão de agente 10% com as três modalidades. Procuramos, assim, definir o valor da fatura, do contrato de câmbio e da comissão de agente para cada modalidade. Referências BORGES, Joni Tadeu. Câmbio. Editora Ibpex: Curitiba, 2008. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 BORGES, Joni Tadeu. Financiamento ao Comércio Exterior. Editora Ibpex: Curitiba, 2012. BANCO CENTRAL DO BRASIL, Circular nº 3688, referente ao Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos ( CCR). Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/ Lists/Normativos/Attachments/48813/Circ_3688_v1_O.pdf. Acessado em: 19/09/2016. BANCO CENTRAL DO BRASIL, Circular nº Circular 3689, referente ao capital estrangeiro no País e sobre o capital brasileiro no exterior. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/ Lists/Normativos/Attachments/48812/Circ_3689_v2_P.pdf. Acessado em: 19/09/2016. BANCO CENTRAL DO BRASIL, Circular nº 3690, referente a classificação das operações no mercado de câmbio. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/ Lists/Normativos/Attachments/48816/Circ_3690_v2_P.pdf. Acessado em: 19/09/2016. BANCO CENTRAL DO BRASIL, Circular nº Circular 3691, referente ao mercado de câmbio. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/ Lists/Normativos/Attachments/48815/Circ_3691_v5_P.pdf. Acessado em: 19/09/2016.