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PSICOLOGIA ESCOLAR E A INCLUSAO

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PSICOLOGIA ESCOLAR E A INCLUSAO 
INTRODUÇAO
A Psicologia Escolar caracteriza-se pela atuação do psicólogo nas escolas. Deve-se, assim, analisar e intervir nas relações escolares, sobretudo professor-aluno, de maneira a combater dificuldades e entraves ao processo de ensino-aprendizagem. Sua prática é ainda ambígua, pois foi importada do contexto clínico. Isso resultou em uma atuação centralizada nos problemas de comportamento dos alunos, o que dificultou uma maior compreensão de sua área que possibilita uma intervenção mais ampla. 
Entre os maiores obstáculos está o da inclusão, o qual entra em vigência a partir da década de 80 e 90 com a Declaração de Salamanca, em 1994, e a Conferência de Jontiem, em 1990. Assim, o psicólogo confrontado com uma pluralidade de alunos heterogêneos enfrenta a dificuldade de intervir de maneira inclusiva plenamente, pois sua prática está ainda reduzida a um tecnicismo “e pelos reducionismo de uma pedagogia e de uma psicologia que, como regra, levaram a escola à decadência como instituição formadora das novas gerações” (PATTO, 2017, p. 78). 
Este cenário ganha forma a partir das revoluções industriais e, mais recentemente, com as transformações iluministas. A Era Moderna, assim, é construída a partir da ascensão da burguesia e seus interesses, a qual promulga um governo a partir dos moldes de Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade. Os donos dos meios de produção começam a explorar a mão de obra daqueles que não têm os meios de produção. Neste paradigma, de um Liberalismo político-econômico, o sucesso é concebido unicamente como advindo do talento pessoal e o esforço individual. Essa ideia, constituída na Europa, foi importada ao Brasil no advento da República brasileira.  Neste modo, 
Durante o Segundo Império e o advento da República brasileira, as ideias europeias chegaram ao Brasil, foram defendidas pela quase totalidade de nossos intelectuais e justificaram as diferenças de raças e de classes e a existência de duas redes de ensino: uma para as chamadas “classes superiores” e outra para as “classes inferiores”. Essa dicotomia ainda existe e acentuou o fosso que separa as redes escolares pública e privada em uma sociedade na qual, em diferentes etapas do desenvolvimento econômico, a política educacional se encarregas de redefini-las, não só tendo o objetivo de adaptá-las às novas demandas do modo de produção capitalista, mas também o de justificar a divisão de classes.
Finalmente, é importante destacar que a própria violência presente na sociedade é o que serve à manutenção social, conforme supracitado. Assim, a sociedade leva os homens às regressões psíquicas, as quais são necessárias em cada momento histórico à perpetuação desta sociedade a qual a produz (HORKHEIMER; ADORNO, 1985). Essas características, assim, estão presentes no exercício do mercado. Conforme Patto e Crochik (2012, p. 144), 
O exercício de determinadas profissões pede os ritos repetitivos do obsessivo; o desempenho de outras requer a exibição/sedução da histeria. A adaptação social é propícia ao narcisista, uma vez que fragilidade do eu precisa desesperadamente de aprovação e se submete a qualquer autoridade. Em uma época que demanda a flexibilização das ocupações e o narcisismo, em uma época que tem como características o sacrifício da consciência e a profundida do pensamento reduzida à do espelho d’água, estas farão parte da constituição dos individualistas polivalentes que sabem tudo superficialmente e não se aprofundam em nada. Mas, se o sofrimento individual tem origem na sociedade, entender que o adoecimento psíquico tem como único ou principal determinante o indivíduo, desconsiderando a esfera social, é ser cúmplice da fabricação social do adoecimento. 
Se, conforme o projeto iluminista, a ciência e a técnica permitiriam ao homem a dominação e o controle sobre a natureza, esta, contraditoriamente, leva o homem à barbárie. Assim, o que pretensamente procurava a emancipação e a liberdade humana, tornou-se opressão. O homem, na técnica e na ciência, reduz seus objetos de estudos a coisas para assim estuda-los. Sendo coisas, perdem sua autonomia e capacidade de fugir àquilo que se repete, àquilo que se mostra de forma cíclica. Modificando e dominando a natureza, o homem também se transforma, mas também domina o próprio homem. Neste sentindo, as ciências naturais, quando reduz seu objeto de estudo, o homem, como coisa, faz com que este se torne objeto morto. O que se repete não tem vida, e a ciência hegemônica tem sua base lógica formal aquilo que é captado e imobilizado por procedimentos ritualísticos.
A ciência é repetição, aprimorada como regularidade observada e conservada em estereótipos. A fórmula matemática é uma regressão conscientemente manipulada, como já era o rito mágico; é a mais sublime modalidade do mimetismo. A técnica efetua a adaptação ao inanimado a serviço da autoconservação, não mais como magia através da imitação corporal da natureza externa, mas através de sua transformação em processos cegos (HORKHEIMER; ADORNO, 1985, p. 16). 
Neste sentindo, essa racionalidade tecnológica numa lógica administrativa propicia com que a violência se instale na sociedade, em geral, e na escola, em particular. Os homens, classificados e ordenados, viram coisas. Cabe à psicologia e à educação levar em conta não só o aspecto da violência e do bullying em sua forma, mas em sua determinação social. Não se há como entender os fenômenos apenas em sua aparência. A educação, conforme Adorno (1995), tem como principal função a luta contra a barbárie e a constituição da autonomia. A reflexão deve almejar a procura das determinações estruturais objetivas dos estados vigentes das coisas, o qual, nós, humanos, somos participantes ativos. 
O presente trabalho tem como principal objetivo analisar a atuação do psicólogo na inclusão do contexto escolar. Para isso foi realizado em um primeiro momento uma revisão bibliográfica sobre a atuação do psicólogo escolar na inclusão, a qual é ainda não clara e limitada a uma intervenção clínica. E um segundo momento foi entrevistado um psicóloga que atua na área escolar no âmbito da inclusão em uma escola particular de Goiânia. Assim, pretende-se esclarecer possíveis (im) possibilidades para a inclusão plena. 
DESENVOLVIMENTO
1 – Definição Psicologia Escolar 
Conforme Cassins et al., (2007, p.17) “O Psicólogo escolar desenvolve, apoia e promove a utilização de instrumental adequado para o melhor aproveitamento acadêmico do aluno a fim de que este se torne um cidadão que contribua produtivamente para a sociedade”. Ou seja, a psicologia escolar caracteriza-se pela atuação do psicólogo nas escolas. Deve-se, assim, analisar e intervir nas relações escolares, sobretudo professor-aluno, de maneira a combater dificuldades e entraves ao processo de ensino-aprendizagem, de maneira a ter um planejamento visando um desenvolvimento dos profissionais e alunos de uma maneira mais humana. 
2 – A Formação do Psicólogo Escolar
	A psicologia escolar vem passando por muitas transformações desde que se tornou uma área de atuação do profissional de psicologia. Por muitos anos a psicologia escolar se concentrava no atendimento clinico de acordo com as demandas apresentadas na escola. Esse atendimento voltado para a clinica impossibilitava o psicólogo á atuar de forma devida nas escolas. 
	De acordo com Marinho-Araujo (2014), o psicólogo escolar deve estar preparado para lidar com situações de incerteza, conflitos, singularidades e subjetividades que estarão presentes em toda sua atuação, ou seja, ele precisa estar atento com a complexidade da subjetividade individual e social. Marinho-Araujo evidencia quatro dimensões que auxiliará o psicólogo escolar em sua atuação profissional, que são: Mapeamento institucional; Espaço de escuta psicológica; Assessoria ao trabalho coletivo e Acompanhamento ao processo de ensino aprendizado.

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