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Prévia do material em texto

FACULDADE SÃO MIGUEL 
CURSO LETRAS LICENCIATURA PORTUGUES/INGLÊS 
E RESPECTIVAS LITERATURAS 
 
 
 
 
GABRIELA VAZ DE ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
UM OLHAR SOBRE O ESTRANGEIRISMO NA LÍNGUA 
PORTUGUESA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
 2015 
 
 
GABRIELA VAZ DE ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UM OLHAR SOBRE O ESTRANGEIRISMO NA LÍNGUA 
PORTUGUESA 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
(Monografia) apresentado ao curso de 
Licenciatura em Letras, da Faculdade 
São Miguel, como requisito para a 
obtenção do grau de licenciatura em 
Letras com habilitação em Língua 
Portuguesa e Inglesa. 
 
Orientadora: Profª Ms. Daniele Veras. 
 
 
 
 
 
 
Recife 
2015 
 
 
GABRIELA VAZ DE ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UM OLHAR SOBRE O ESTRANGEIRISMO NA LÍNGUA 
PORTUGUESA 
 
 
Trabalho aprovado com conceito _______ em ____ /____ / 2015 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 Profª Drª Tarcísia Travassos 
Faculdade São Miguel 
 
 
 Profª Silvania Ataíde 
 Faculdade São Miguel 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A minha família e a Deus. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
A Deus, qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse ао longo dе minha vida, е 
nãо somente nestes anos como universitária, mаs que еm todos оs momentos ele é 
o maior mestre qυе alguém pode conhecer. 
A Faculdade São Miguel e todo sеυ corpo docente, direção е administração, 
qυе oportunizaram a abertura dа janela que me ajudará a abrir todas as portas do 
meu futuro para o mundo encantador da educação. Em especial ao coordenador 
Nalfran Benvida, que conseguiu fazer o nosso curso brilhar e deu ao curso um novo 
semblante. 
 Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionarem о conhecimento 
nãо apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо 
processo dе formação profissional, pоr tanto qυе sе dedicaram а mim, nãо somente 
pоr terem mе ensinado, mаs por terem mе feito aprender através de exemplos, que, 
é uma das formas mais eficazes e mais difíceis de fazer aprender, exemplificando. 
Em especial minha orientadora, Daniele Veras, que a todo momento se prontificou a 
me ajudar, me deu todos os nortes para que eu pudesse fazer um bom trabalho. 
A minha família, pelo amor, incentivo е apoio incondicional. Sem ela, eu não 
chegaria a lugar algum, sem ela eu não teria e não seria absolutamente nada nessa 
vida. 
Aos meus amigos que fizeram parte dа minha formação е qυе vão continuar 
presentes еm minha vida. Em especial, Ronaldo de Souza, Patrícia Cavalcanti e 
Maria Monteiro. Que estiveram comigo em todos os momentos desde o começo, em 
todas as lágrimas, em todos os sorrisos mais sinceros, em todos os momentos de 
angustias, em todas as vitórias e conquistas, eram vocês que estavam sempre ao 
meu lado. 
A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação e da 
minha vida, о mеυ muito obrigada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A força de transformação da cultura 
brasileira é inquestionável, pois não existe 
novidade cultural estrangeira que passe 
pelo país que não seja alterada e muita 
das vezes retocada em sua própria 
essência de origem.” 
 
Ricardo V. Barradas 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
As palavras tidas como “estrangeiras” na historia do português brasileiro, tornaram-
se por muitos vistos como negativas ou fraqueza da língua, no entanto, algumas 
pessoas esquecem, ou não sabem que toda língua considerada “natural”, sofre com 
influências de outros idiomas, de outras línguas, uma vez por que as transformações 
linguísticas sofridas por uma língua refletem o momento histórico, social e cultural 
daquele povo em questão. Este trabalho se propõe a analisar o estrangeirismo e a 
sua história cultural, social e política. Para alcançar este objetivo uma pesquisa 
bibliográfica descritiva-qualitativa, onde foram consultados livros, artigos científicos, 
monografias, além de consultas de sites especializados na internet, com intuito de 
encontrar subsídios que forneçam um melhor esclarecimento do problema exposto, 
através de coletas de dados e informações pertinentes à temática e a preocupação 
em questão. O estrangeirismo não empobrece ou desvaloriza a Língua Portuguesa, 
ele vem numa propósta de enriquecer o léxico, trazendo consigo palavras e 
expressões que não possui na Língua Portuguesa para representar algum objeto ou 
situação, ou até mesmo quando este vocábulo não traduz exatamente o que se quer 
expressar com exatidão. 
 
Palavra Chave: Língua, Estrangeirismo, História da língua, Língua Portuguesa 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The words considered "foreign" in the history of Brazilian Portuguese, became for 
many viewed as negative or language weakness, however, some people forget, or 
do not know that every tongue considered "natural", suffers from influences of other 
languages in other languages, once that linguistic transformations undergone by a 
language reflect the historical moment, social and cultural of the people concerned. 
This study purposes to analyze the foreignness and its cultural history, social and 
political. To accomplish this a descriptive and qualitative literature, where books were 
consulted, scientific articles, monographs, as well as consultations of specialized 
sites on the Internet, aiming to find grants that provide a better understanding of the 
above problem, through data collection and information relevant to the theme and the 
concern in question. The foreignness does not impoverish or devalues the 
Portuguese, it is a proposal of enriching the lexicon, bringing with words and phrases 
that do not have the Portuguese to represent some object or situation, or even when 
the word does not translate exactly what you want express exactly. 
 
Keyword: Language, Foreignness , Language History, Portuguese. 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10 
2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 13 
2.1 Estrangeirismo e sua construção .......................................................................... 13 
2.2 O Estrangeirismo e sua relevância em sala de aula ............................................ 25 
2.3 Equívocos entre estrangeirismo, neologismo e empréstimo ............................. 28 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 32 
REFERÊNCIAS 34 
Anexos 36 
 
 
 
 
10 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O termo estrangeirismo é tido como sendo um termo empobrecedor da língua, 
no entanto, o termo estrangeirismo vem sendo objeto de pesquisa de muitos 
estudiosos das áreas de linguagem, ou lexicologia (uma área da linguística que tem 
como foco estudar cientificamente o conjunto de palavras de um determinado idioma 
analisando vários aspectos), na verdade ele vem sendo aprofundado até por outras 
áreas de estudo. 
O que se conhece é que a influência do estrangeirismo dentro de uma língua 
natural acontece de modo “social”, a partir da necessidade de uso de determinados 
termos na língua, mas que inicialmente são ausentes nela, consequentemente os 
falantes buscam em outros idiomas termos que representemexatamente ou 
semelhantemente o termo que queria ser usado naquele momento social, histórico e 
cultural de um povo. 
A construção da história do povo é o primeiro passo para entender o processo 
do termo estrangeirismo. 
Não se pode negar que as línguas de maior destaque econômico e mundial 
geralmente se sobrepõem as línguas de menos destaque mundial, também não se 
pode deixar de ressaltar o regionalismo presente em cada local em que as línguas 
são faladas. Porém, esse fator não faz com que uma língua seja menos importante 
que a outra, esse pensamento tem que ser desmistificado, uma vez que tudo e todos 
estão sujeitos a qualquer tipo de influência, desde os primórdios da história. 
No caso do nosso país especificamente, não se deve deixar de lado o 
tamanho geográfico do mesmo e a forma como ele foi colonizado, uma colonização 
diferente da que conhecemos como “menos agressiva”, que é a de povoamento, 
onde as riquezas e a cultura do lugar foram mais “preservadas”, diferente do nosso 
tipo de colonização, que foi de exploração, onde nossas riquezas foram 
“arrebatadas” juntamente com nossa cultura, por esse motivo, o Brasil esteve mais 
exposto às contribuições linguísticas de outros povos em virtude do processo de 
formação de sua nacionalidade, e esses fatores dizem muito sobre nós e há de ver-
se essa história mais a frente. 
11 
 
Esse estudo em questão tem por objetivo geral analisar o estrangeirismo e a 
sua história cultural, social e política, e tem como objetivos específicos, definir o 
estrangeirismo e sua construção, identificar suas influências na construção da nossa 
língua ressaltando os estudos recentes sobre o assunto para o uso em sala de aula 
e verificar a diferenciação entre estrangeirismo, neologismo e empréstimo linguístico. 
A situação problema está relacionada a uma ideia errônea de alguns 
gramáticos ou por pessoas que se interessam em estudos de línguas, estudiosos da 
língua, que acreditam no fato que de o português falado no Brasil é ou deveria ser 
uma língua pura e única e que ela seria a representante da “nossa” identidade 
nacional. A ideia de a língua representar nossa identidade pode ser levada em 
consideração, se, tivermos em mente toda a formação histórica do Brasil bem como 
de nosso português, principalmente o fato das influências de outros países e de 
outras línguas, que aconteceram através da colonização desde os primórdios da 
história, até antes mesmo do português ser nossa língua oficial, todas as que vieram 
antes, sofreram influências a partir do contato com portugueses, africanos entre 
outros, como veremos no decorrer do trabalho. 
Esta preocupação é relevante, uma vez que se faz necessário reduzir o 
preconceito, a proibição e as críticas em relação ao uso do estrangeirismo. É 
necessário desmistificar a ideia de que o uso de palavras estrangeiras empobrece a 
língua nativa, desvaloriza, ou até mesmo a torna menos importante do que a língua 
na qual estamos pegando palavras como um empréstimo. 
 A preocupação torna-se importante também, quando nos deparamos com um 
projeto de Lei absurdo do Deputado Aldo Rabelo, na qual afirma que o uso do 
estrangeirismo seria extremamente prejudicial ao patrimônio brasileiro, e que ele 
será responsável por ameaçar a Língua Portuguesa bem como destruir a cultura e 
identidade no nosso país. O projeto absurdo, em suma, proíbe o uso de palavras ou 
expressões estrangeiras tanto por moradores país, que são nativos, quanto por 
moradores estrangeiros, mas que estão vivendo nos país a mais de um ano. 
 Esse trabalho foi construído a principio por meio de uma pesquisa 
bibliográfica descritiva- qualitativa, onde foram consultados livros, artigos científicos, 
monografias, além de consultas de sites especializados na internet, com intuito de 
encontrar subsídios que forneçam um melhor esclarecimento do problema exposto, 
através de coletas de dados e informações pertinentes à temática e a preocupação 
12 
 
em questão. 
 Como afirmam Marconi; Lakatos (2001, p.43) “trata-se de levantamento de 
toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e 
imprensa escrita”. 
“Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo 
que foi escrito sobre determinado assunto”. Segundo Oliveira (2002, p. 57) explica 
que o método é uma forma de pensar para chegar à natureza de um determinado 
problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para explicá-lo. 
De acordo com cervo de Bervian (2002, p.65) “a pesquisa bibliográfica 
procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em 
documentos”. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa 
descritiva ou experimental. Em ambos os casos, busca conhecer e analisar as 
contribuições culturais ou científicas do passado sobre um determinado assunto, 
tema ou problema. 
Nesse trabalho buscou-se, por meio da literatura consultada um elencar de 
respostas de autores renomados que se debruçam efetivamente sobre a temática 
entre eles, destaca-se os mais significativos para o feito: Bagno; Cereja; Infante; 
Orlandi, entre outros autores que também tratam da tematica com a mesma 
significancia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Este referencial teórico está dividido em três seções, intituladas: 
Estrangeirismo e sua construção; O uso do estrangeirismo e sua relevância na 
sala de aula; Equívocos entre estrangeirismo, neologismos e empréstimos. 
2.1 Estrangeirismo e sua construção 
 
Antes de entender a definição sobre o estrangeirismo tal qual conhecemos 
atualmente, faz-se necessário que se tenha uma noção sumaria em relação à 
história da língua. Não cabe aqui nesse momento, uma discussão prolongada sobre 
determinado tema, afinal, não é essa a proposta levantado inicialmente, mas não há 
como entender os processos do estrangeirismo sem entender a formação da língua 
e de que maneira falamos hoje, como conhecemos, com essas estruturas, sons, 
regras, termos e afins. 
O descobrimento do Brasil, deu-se em 1500, embora a língua portuguesa não 
começasse a ser falada naquele momento, ela é mais remota, e vem se formando 
há séculos, desde o galego, o latim, e o latim vulgar. 
Os habitantes que aqui já estavam antes da chegada dos portugueses eram 
os índios na qual falavam o tupi, língua mais difundida no litoral do Brasil. Os padres 
que vinham ao Brasil com a intenção de catequizar os índios, hora aprendiam o que 
os índios falavam hora os ensinavam outros termos para eles. 
Em dado momento da história do nosso país, o tupi, foi proibido em todo o 
território, a Corte Real em 1757 decretou a língua portuguesa como sendo a oficial 
da então colônia de Portugal, ou seja, temos aí, as marcas do tupi e do português 
falado em Portugal, sem contar com os escravos trazidos de diversas tribos da África 
que eram misturados entre si, pois os portugueses acreditavam que se os negros 
colocados juntos falassem o mesmo dialeto, poderiam formar motins e prejudicar o 
trabalho dos escravizadores. A proposta de “jogar” aleatoriamente os negros em 
navios diferentes era para dificultar o processo de comunicação entre eles. 
14 
 
Quando a Família Real chegou ao Brasil entre 1808 e 1821, e instalaram-se 
na nova capital do Brasil, o Rio de Janeiro, muitas mudanças em relação à língua 
aconteceram. 
A essa altura, não eram só os portugueses que estavam no Brasil, existiam 
também holandeses, espanhóis e povos de diversas nações que buscavam no novo 
país, as riquezas, e tudo o que essas novas terras poderiam oferecer a eles, e isso 
incluía também a sua língua. 
Esses povostraziam consigo sua cultura, seus credos e sua língua que 
também resultavam de outros processos de construção, de história e outros fatores 
que não caberiam, aqui. 
O que sabemos, é que esses povos vieram e deixaram suas contribuições na 
construção do português falado no Brasil. E como era de se esperar, o português de 
Portugal era o maior influenciador da nossa pátria, afinal, os livros eram escritos 
nesse idioma, a elite falava esse idioma, ou seja, se alguém quisesse fazer parte 
daquela porção da sociedade teria que falar também o português que a essa altura 
já não era mais tão igual ao português falado do outro lado do atlântico. 
Só até aí já se tem uma noção ampla e clara da mistura de línguas que se 
deu no país há séculos atrás. O português falado em Portugal era considerado a 
língua oficial, mas nas ruelas da capital do Brasil daquela época, a Bahia, era a 
mistura de tupi, de dialetos. Ou seja, muito do que falamos hoje tem muitas 
influências da nossa história política, econômica e cultural. Como, por exemplo, 
“jangada”, um termo que foi incorporado de origem malaia, entre outros termos que 
podem afirmar essa mistura. 
Como salienta Infante (2001, p. 193), em: 
No caso da língua portuguesa, podem-se apontar casos de palavras 
tomadas de línguas estrangeiras em tempos muito antigos. Esses 
empréstimos provieram de línguas célticas, germânicas e árabes e ao longo 
do processo de formação do português na Península Ibérica. 
Posteriormente, o Renascimento e as navegações portuguesas permitiram 
empréstimos de línguas europeias modernas e de línguas africanas, 
americanas e asiáticas. 
 
15 
 
Mas, foi com o advento de um movimento literário que os brasileiros (ainda 
que pertencentes a elite carioca), começaram a pensar numa liberdade linguística, 
embora esse movimento tenha iniciado lá atrás, ainda com José de Alencar: 
É com o Romantismo — que se estendeu no Brasil até depois de 1870 — 
que a questão da língua realmente se coloca para os escritores, O 
romancista José de Alencar (1829-1877), quando da publicação de Iracema 
em 1865, foi alvo de criticas do escritor português Pinheiro Chagas e de 
outros censores dos dois países, que o acusaram de escrever numa língua 
incorreta. O famoso problema da colocação dos pronomes átonos irritava 
sobremaneira esses rigoristas acerbos. A defesa de Alencar ficou célebre. 
Sem jamais pretender escrever numa língua diferente do português 
europeu, ele reivindica o direito a certa originalidade. O que recusa é o 
purismo mesquinho e estéril; o que procura é uma expressão nova, 
autêntica e viva. (CAMARA, 1989, p. 152) 
 
Percebe-se a necessidade de um idioma nosso, embora tenham se 
esquecido, que o português falado no Brasil aquela altura, já era bem brasileiro, mas 
não popular quando se queria. 
Mas não era só uma língua falada pelos brasileiros que o movimento moderno 
queria, e que seus membros desejavam, era a “liberdade” do nosso idioma como 
sendo nosso e não uma cópia de língua de outros países europeus, em especial 
Portugal, eles designavam uma identidade não só literária, mas também idiomática. 
Então, 
É com o Modernismo que a questão da vai retornar com um novo vigor. O 
modernismo representa para o Brasil uma mutação cultural e artística 
fundamental. O movimento teve origem na Semana de Arte Moderna de 
São Paulo, que se realizou em fevereiro de 1922. O Modernismo alia a 
recusa da tradição e dos preconceitos, recusa proclamada no estilo das 
vanguardas europeias, a um esforço tenaz para definir uma originalidade 
propriamente brasileira. É a um tempo revolucionário e nacionalista. E desta 
dupla exigência sairá a renovação da cultura brasileira contemporânea, em 
todas as áreas, desde o romance do Nordeste até à pintura, à música e ao 
cinema. Pode dizer-se, em suma, que, após a conquista da independência 
política em 1822, o Brasil esperou um século — até 1922 — para reivindicar 
a independência cultural. É evidente que essa ruptura com o passado e 
essa busca da autenticidade brasileira encontrava na questão da língua 
uma aplicação particularmente rica. E efetivamente todos os modernistas da 
primeira vaga, a que aflui de 1922 a 1930 aproximadamente, rebelam-se 
contra a gramática tradicional e o purismo lusitano. Querem escrever numa 
língua que se aproxime da fala brasileira. Mário de Andrade projetara 
escrever uma “Gramatiquinha da Fala Brasileira”. E acabou por renunciar ao 
projeto, permanece o fato de que a língua em que ele se expressava 
caracteriza perfeitamente o que se pode chamar o “brasileiro liberado”. O 
autor segue o uso brasileiro sem complexos nem reticências. É o fim dos 
tabus em matéria linguística. Idem (1989 p. 155) 
 
16 
 
A construção de um idioma não se dá apenas em dias, ou com revoluções 
localizadas, ela se dá ao longo da história, de termos que entram ou não na fala e, 
por conseguinte na escrita, hora vice-versa, essa ordem se alterna sempre e 
constante, afinal, a língua e a história estão sempre em construção e os falantes se 
apropriam dela de acordo com as necessidades linguísticas do momento que estão 
vivendo. Fazendo com que a língua se afirme como um organismo vivo que se 
altera que se transforma no decorrer do tempo. Palavras novas aparecem com 
objetivo de expressar novos conceitos, outras deixam de ser utilizadas e são 
substituídas por outras mais adequadas ou mais usuais. 
A história da língua e a construção do estrangeirismo se dão ao longo do 
percurso de um povo, de sua trajetória e devem com ele trazer suas necessidades, 
histórias, culturas, questões sociais e econômicas. Ela não representa apenas a 
forma do pensamento de um povo, ela, a língua, representa também a história desse 
povo; suas conquistas, suas percas, suas emoções, que são representadas pela 
língua, mas não apenas por ela. 
Ainda nos dias de hoje o português é incessantemente influenciado por outras 
línguas. É muito comum surgirem termos novos para dar nomes às novas 
tecnologias do mundo moderno que estão surgindo cada vez mais rápido e em 
maior quantidade, além de palavras técnicas em inglês e em vários outros idiomas 
que se destinam às descobertas da medicina, da ciência e até mesmo de jogos 
virtuais. Assim, o convívio com línguas estrangeiras faz com que se agreguem ao 
idioma outros vocábulos, em sua forma original ou aportuguesada. 
Atualmente, encontramos diversas diferenças entre o português que falamos 
no Brasil e o que se fala em Portugal. Diferenças na qual não se limitam apenas à 
pronúncia das palavras, facilmente evidenciado na linguagem oral pela rapidez na 
qual os portugueses usam da oralidade. Existem também diferenças de vocabulário 
como, por exemplo, no Brasil fala-se “ônibus”, em Portugal se fala “autocarro” e 
diferenças de construção gramatical, por exemplo, enquanto no Brasil se utiliza uma 
construção como “estou preparando o almoço.", em Portugal é preferível dizer desta 
maneira “estou a preparar o almoço”. 
 Segundo a lexicologia, ciência que estuda o acervo das palavras de um 
idioma, o estrangeirismo é tido como o emprego, na língua de uma comunidade, de 
17 
 
elementos provenientes de outras línguas. No caso do português brasileiro, 
explicado simplesmente, seria o uso de palavras e expressões estrangeiras, 
utilizadas para suprir uma ausência ou visando uma adequação mais precisa de um 
objeto ou algo que queiramos nomear ou expressar. Trata-se de fenômeno 
constante e natural através do contato entre comunidades linguísticas, também 
chamado de “empréstimo”, porém, como veremos mais a frente, é um tipo de 
empréstimo que se difere do que de fato chamamos de empréstimo linguístico. A 
noção de estrangeirismo, contudo, aplica-se ao empréstimo, uma suspeita de 
identidade irreal,carregada de valores simbólicos e culturais que estão relacionados 
aos falantes da língua que cedeu o termo que serviu como empréstimo. 
Ou seja, quando uma determinada língua passa a integrar, a encorpar dentro 
do seu léxico, expressões ou termos que vem de outros idiomas, a esse fenômeno, 
inicialmente denominando neologismo, deixa de ser um termo estranho e passa a 
ser vivo e pertencer ao idioma que o incorporou, a isso denominamos 
estrangeirismo. 
Tal definição não vem para empobrecer a linguagem, ou algo desse gênero, a 
questão vai muito além disso, o estrangeirismo trás em seu arcabouço, a vicissitude 
da língua e carrega em suas entrelinhas a necessidade de sempre repor, compor ou 
ampliar o léxico dos falantes de qualquer língua, e isso torna-se muito enriquecedor, 
uma vez que o falante poderá conhecer uma gama de novas palavras para 
acrescentar no seu vocábulo. 
Segundo Bagno (2004), “os estrangeirismos não alteram as estruturas da 
língua, a sua gramática”. Sabendo então, que é no campo semântico qual tal, 
inserção acontece, o campo sintático permanece por via de regra, inalterado, na 
maioria das vezes. 
Há uma gama de estudos nesse sentido, que diz se o estrangeirismo pode ou 
não empobrecer a língua e fazer dela um campo de cultura dos outros idiomas, 
embora haja também quem defenda que os estrangeirismos são uma parte inerente 
a qualquer língua, e seria quase impossível proteger a língua dessas “invasões” 
tidas como prejudiciais. Por tanto, o estrangeirismo é a utilização de palavras, 
expressões e construções inerente ao idioma tomado por empréstimos de outra 
língua, e esses vocábulos provenientes de outras línguas são congregados por meio 
18 
 
de um processo natural de assimilação de cultura ou ainda por conta da proximidade 
geográfica com regiões na qual idiomas oficiais sejam outros. Sendo assim, 
podemos afirmar que o estrangeirismo é um fenômeno linguístico orgânico, isto é, 
ele acontece de forma espontânea e, quando menos percebemos, estamos 
utilizando empréstimos linguísticos para reportar-nos a objetos e ideias. 
Os termos que passam a agregar o idioma, seja ele qual for, muitas vezes 
acontece porque na língua que se ocorre o empréstimo não há uma palavra 
correlata a ela, pois não possuiria então, uma palavra equivalente na língua 
portuguesa, por exemplo. 
Em outras palavras, há estudiosos que acreditam que o empréstimo 
acontece, por que não há uma palavra que designe o objeto, ou o fato em questão, 
havendo então, a necessidade de trazer de outro idioma um termo equivalente. 
Segundo Câmara Junior (1989, p. 269), os empréstimos abrangem “(...) todas 
aquelas aquisições estrangeiras que uma língua faz em virtude das relações 
políticas, comerciais ou culturais, propriamente ditas, como povos de outros países”. 
 Além de que Ziles (2004, p. 156) acrescenta dizendo: 
No campo das mudanças linguísticas, os empréstimos de palavras ou 
expressões são em geral associados a atitudes valorativas positivas do 
povo que os toma em relação língua e a cultura do povo que lhes deu 
origem. Muitas vezes e utilíssima a elite, que assim se demarca como 
diferente e superior [...] outras vezes, são felizes incidências na constituição 
indenitária e cultural de um povo. 
 
Esse tema sempre causou muitos questionamentos em estudiosos da área, e 
até por quem não é da área da linguística, há quem pense que a invasão de 
palavras estrangeiras no português brasileiro poderia empobrecer o nosso idioma, 
no entanto é preciso refletir sobre esses pensamentos, por hora, infundados e um 
tanto preconceituosos. 
Não se pode esquecer de falar a respeito dos estrangeirismos regionais, ou 
seja, termos que se agregam a certos lugares do país, que por ora não se agregam 
em outros lugares, por diversos fatores históricos, culturais, sociais ou econômicos 
diferentes, que acabam por ampliar e diversificar o léxico do português falado no 
19 
 
Brasil. A língua constitui, por tanto, um código mutável que integra as relações 
humanas e que, ao mesmo momento que sofre mudanças, participa das 
modificações que acontecem nas sociedades. Esse patrimônio social que é a língua 
e sua vivacidade é responsável pela possibilidade de se preservar o conhecimento e 
de transmiti-lo a outras gerações, suas formas, sua história e seu tempo. 
O processo de regionalização linguística causou “preconceito” ou 
“preocupação”, como a valorização da língua e de sua sustentabilidade entre seus 
falantes, da forma como o português brasileiro recebia os termos oriundos de outras 
línguas, léxicos estrangeiros, principalmente os vindos da língua inglesa, e que logo 
são incorporados na língua. Mas também é importante lembrar que a grande e maior 
preocupação deste tópico não é apenas com a incorporação diferenciada das 
palavras vindas de outras línguas para fazerem parte da nossa, a grande questão 
aqui diz muito mais a respeito de como essas novas incorporações são feitas pelos 
diversos falantes de cada lugar do nosso país, se for levada em consideração o 
tamanho geográfico e territorial de nosso país, o que pode, mesmo sem ser 
intencional, gerar conflitos de interpretação e de aceitabilidade lexical. 
Alguns pesquisadores já debruçavam seus olhares a esse tópico desde muito 
tempo atrás. João Ribeiro, Diógenes Junior, e Darcy Ribeiro são alguns deles, além 
de outros, é claro, que contribuem de sobremaneira para entendermos que cada 
lugar do nosso país tem seus próprios aspectos históricos, o que traz em seu 
arcabouço cultural, uma diferença gritante entre as formas como cada lugar do 
Brasil, se fala português. Não existem erros, existem variações, o que não é 
necessariamente o foco estudo, mas que não pode ser deixado de lado. 
Há também, os que acham que estrangeirismos deterioram a língua falada e 
deixa a língua escrita “pitoresca”, empobrecida, ou até mesmo desvalorizada, 
chegando a achar que não deveria haver em nosso pais os empréstimos linguístico, 
embora pareça uma falta de conhecimento sem tamanho em relação ao tema 
tratado, bem como um certo preconceito linguístico, a proposta de proibição do uso 
de palavras estrangeiras dentre outras situações entrou em pauta no Congresso 
Nacional, pelo Projeto de Lei nº 1676-D de 1999, levado pelo então Deputado Aldo 
Rebelo, que na época era componente do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), 
esse projeto de lei, considerou a Língua Portuguesa como: 
20 
 
 
A língua portuguesa é um dos elementos de integração nacional brasileira, 
concorrendo, juntamente com outros fatores, para a definição da soberania 
do Brasil como nação. [...] os meios de comunicação de massa e as 
instituições de ensino deverão, na forma desta lei, participar ativamente da 
realização pratica [desse objetivo] (Brasil, 1999, p. 1-2). 
 
Mas o que se pretende nesse projeto de lei é quase impossível, diante dos 
olhos dos linguistas que veem o processo de influência estrangeira da língua como 
um item importante e natural das línguas naturais, afinal elas estão sempre em 
constante transformação e ampliação, seja no sentido sintático, morfológico, 
semântico ou lexical. 
Para Bagno, a língua não pode se resumir a apenas termos gramaticais ou 
estereotipados como traz em sua estrutura a gramática normativa, para ele: 
Toda língua é uma língua em decomposição e em recomposição, em 
permanente transformação. E uma fênix que, de tempos em tempos, 
renasce das próprias cinzas. E uma roseira que, quanto mais a gente vai 
podando, flores ais bonitas vai dando. BAGNO (2015, p. 168) 
O que difere em todos os aspectos de definição do que aponta o Projeto de 
Lei nº 1676-D de 1999 do Deputado Aldo Rebelo, que propôs no Art. 5º - que: 
Todae qualquer palavra ou expressão em língua estrangeira posta em uso 
no território nacional ou em repartição brasileira no exterior a partir da data 
da publicação desta lei, ressalvados os casos excepcionados nesta lei e em 
sua regulação, terá que ser substituída por palavras ou expressões 
equivalentes em língua portuguesa no prazo de 90 (noventa) dias a contar 
da data de registro da ocorrência. 
 
Parágrafo Único: Para efeito do que dispões o caput deste artigo, na 
inexistência da palavra ou expressão equivalente em língua portuguesa, 
admitir-se-á o aportuguesamento da palavra ou expressão em língua 
estrangeira ou o neologismo próprio que venha a ser criado. (vide Anexo I) 
 
O referido Projeto de Lei, mesmo sem fundamento linguístico e tamanha 
incoerência, foi aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da 
Câmara dos Deputados em dezembro de 2007 e encontra-se atualmente na 
Comissão de Constituição e Justiça, onde recebeu a sentença favorável. É 
importante ressaltar que as consequências do estrangeirismo não correspondem ao 
empobrecimento de uma língua ou até mesmo a redução de sua importância, ela 
21 
 
consiste principalmente no empréstimo de termos que não possuem correspondente 
em uma determinada língua ou também por uma questão de adequação ou 
necessidade de um falante e de uma situação específica e também questões 
culturais. Por tanto, não há uma justificativa plausível para aprovação desta lei, por 
motivos já mencionados e agora salientados por Hall (2006, p. 40), em: 
A língua é um sistema social e não um sistema individual. Ela preexiste a 
nós. Não podemos, em qualquer sentido simples, ser seus autores. Falar 
uma língua não significa apenas expressar nossos pensamentos mais 
interiores e originais; significa também ativar a imensa gama de significados 
que já estão imbuídos em nossa cultura e em nossos sistemas culturais. 
 
É notório que as línguas mais influenciadoras e que sedem mais palavras, 
cuja outra língua toma como estrangeira, não é apenas pela necessidade de obter 
um termo que não existe na língua adotante, mas também a necessidade de se 
parecer com a língua que sede, ou seja, no caso do português brasileiro. E em dias 
atuais, a maior potência mundial são os Estados Unidos da América, que fala a 
Língua Inglesa, nada mais natural que pegarmos e usarmos termos da Língua 
Inglesa para adaptarmos a nossa língua, não apenas porque nos falta um termo que 
defina algum objeto, mas porque a cultura de sermos semelhantes nos faz querer 
ser iguais. 
 Seria muita conformidade nossa, se achássemos que integramos termos de 
outra língua, apenas porque não temos uma palavra que designe tal objeto, mas 
questões culturais também são bem relevantes na hora de dizer alguma coisa. Não 
há quantas palavras faladas em nosso português brasileiro são emprestadas, o que 
se sabe é que a formação de nossa língua sofreu influências de muitas outras e que 
todas elas deixaram registros fortemente arraigados em nosso idioma. 
 As línguas sofrem influências de outras dependendo de seus momentos 
históricos e culturais. Verificaremos abaixo alguns termos que são tidos como 
estrangeirismos. Alguns, como já dito, utilizados por ausência de correspondente no 
nosso português, outros, por uma questão de opção e/ou cultura: 
o Milk-shake (leite agitado); 
o Shopping Center (centro de compras); 
o Layout (configuração de página); 
22 
 
o Mouse (rato); 
o Impeachment (impugnação, acusação, censura), 
o Ok, Closet, entre outras. 
Nos exemplos acima, temos palavras que diariamente utilizamos e que 
possuem ou não correspondente em ambas às línguas, mas, quando possuem, nem 
sempre a “versão” no português da palavra, nos da exatamente o sentido ou até 
mesmo o significado que queremos, por isso, partimos para a versão que melhor 
comtemple nossa intenção, nesse caso, as palavras de origem inglesa. Na palavra 
Shopping Center, por exemplo, seu correspondente em português nos revela 
exatamente o mesmo sentido, porém, ainda sim, por uma questão cultural, 
utilizamos com mais frequência a da Língua Inglesa. 
Outro exemplo são palavras na qual não possuem correspondentes, como já 
mencionados acima a existência desse fator. Imagine como seria viver sem algumas 
palavras como outdoor, chip, modem, online, zoom? Na qual não existe um termo 
em português, que possa traduzir ou representar o sentido real que desejamos dar a 
essas palavras. Além desses termos, têm-se outros e outros com uma gama muito 
vasta de sentidos e conotações a depender do lugar e do grupo social que se fala. 
Mas, quando se fala mais uma vez, do referido Projeto de Lei, pois o mesmo 
não tinha a intenção de tornar a língua portuguesa “livre” das influências de outros 
idiomas, embora saibamos que essa ideologia é irreal e não fundamentada 
linguisticamente. Seria do ponto de vista do referido autor da propositura que a 
“preservação da língua como elemento de identidade nacional”. 
Como mencionado inicialmente, nossa língua já é constituída por inúmeras 
influências históricas e culturais. No Brasil, de 500 anos, se falava o tupi por quase 
todo o território nacional, que era a língua originária da qual tivemos registros. E ao 
serem colonizados os índios, primeiros moradores nativos, se viram obrigados a 
adotar o português trazido pelos colonizadores, o português acabou por se tornar a 
língua padrão, mas não só o português, mas o castelhano, o holandês, além dos 
diversos dialetos africanos, trazidos pelos inúmeros negros que já chegavam ao 
Brasil, mesmo que ainda me números pequenos. 
23 
 
Ou seja, o processo de neologismo por estrangeirismo não é novo e não 
começou em nossos dias. Como comenta Teyssier (1997, p. 8): 
Tamanha tendência apresenta registros históricos desde o período de 
colonização, época em que Portugal e a Europa serviam de referencia para 
o Brasil. Valorizava-se o que vinha de lá, desde roupas e móveis até 
expressões e valores morais. Com o passar dos anos, a situação não 
mudou: a França colaborou, mais tarde, com a sofisticação na indumentária 
e na decoração e, obviamente, enriqueceu a língua portuguesa com 
vocábulos e expressões franceses. 
 
Mesmo diante da sabedoria de que esse fenômeno sociolinguístico já não é 
novo, se tem atribuído ao termo “globalização”, grande responsabilidade, por vezes 
exagerada, de que as influências das línguas de importância mundial, como o 
mandarim, o espanhol, o francês, mas em nosso caso em especificamente a Língua 
Inglesa. 
Quando tomamos esse termo “globalização” como grande responsável pela 
avalanche de palavras oriundas da Língua Inglesa, em especial, o termo 
globalização se refere a: 
A uma força dominante e guiadora que está moldando uma nova forma de 
interconexão e movimentos entre as nações, economias e povos. Resulta 
na transformação da vida social contemporânea em todas as suas 
dimensões econômicas, políticas, culturais, tecnológicas e individuais. 
KUMARAVADIVELU apud ZALONI, (2014, p. 5) 
 
Além de apresentar alguns efeitos típicos da globalização e não só, questões 
com a “alteração de línguas”, mas também de todo um sistema cultura e social: 
[...] apesar de aparentemente apenas aproximar culturas distintas, e 
globalização apresenta dois efeitos, em certa medida, contraditórios, uma 
vez que, ao mesmo tempo em que ela propicia a homogeneização, 
colocando os países falantes da língua inglesa, principalmente os Estados 
Unidos, como o “centro do mundo”, ela também contribui para o 
fortalecimento do nacionalismo em países não falantes dessa língua, 
corroborando a heterogeneização existente no mundo. Tais países, não 
podendo escapar à globalização e ao fato de ser a LI a língua internacional, 
apegam-sea sua própria cultura como uma forma de não se mergulharem 
tão profundamente na “cultura do outro” (BUSNARDI; CASSEMIRO apud 
(ZALONI, 2014, p. 6) 
 
 A presença de tal termo como responsável por uma constante presença de 
vocábulos da cultura norte americana, reflete nitidamente o desejo, ou a 
24 
 
necessidade, por assim dizer, de se estruturar em um padrão de vida baseado no 
cotidiano do continente influenciador, e por ser um comportamento muitas vezes 
coletivo e generalizado, permite a imposição nas diversas áreas sociais e 
econômicas, mais precisamente. 
Há pesquisadores e autores que defendem o fato de que a vinculação do 
empréstimo ao processo migratório se faz principalmente pela vasta comunicação 
entre as nações já que basta que um indivíduo empregue uma unidade linguística 
estrangeira sem seu contexto, para que aconteça esse fenômeno sociolinguístico. 
No entanto, não se agregam qualquer termo, ou qualquer palavra ao léxico de 
uma língua. Necessita ser uma palavra que represente um termo reconhecido por 
todos os falantes daquele contexto em que o tempo for usado. O processo de 
integração do estrangeirismo marca uma valorização social, em outras palavras, diz-
se que não é qualquer palavra, mas palavras que tenham representação social. 
O uso exagerado de termos estrangeiros pode acabar por resultar numa 
“exclusão” ou uma “alienação”, por parte dos que não conhecem tais termos. Sabe-
se que é imprescindível que o neologismo aconteça em determinados grupos de 
falantes, os termos podem sofrer alterações de acordo com o contexto em que são 
inseridos, em que são usados, por exemplo, os termos usados abaixo, geralmente 
são empregados por pessoas que fazem tatuagens e usam as palavras de formas 
específicas e termos próprios que aqueles falantes usam com muita propriedade, 
como em: 
o Tatoo (abreviação do termo tatuagem e que por nós, já é conhecida como 
desenhos na pele); 
o Dred (uso de cabelos postiços, mas que ao tem termo semelhantes em língua 
portuguesa, que tenha a mesma carga semântica e cultural). 
São termos oriundos da língua inglesa, que nem todos os falantes da língua 
portuguesa falada no Brasil conhecem, mesmo esses termos sendo extremamente 
difundidos nem todos os falantes conhecem e nem todos deixam de serem termos 
estrangeiros, o que devemos e considerar os contextos de uso. Como afirma 
Hernandes (2015, p.14): 
25 
 
Reconstruir contextos a partir de um método das diferenças presentes na 
espécie humana ou na língua pode parecer um método um tanto estranho, 
mas é justamente esse método que tem sido empregado na linguística 
desde os comparativistas. Estes contrastaram que línguas diferentes 
mantinham algumas similaridades. Suas evidencias foram baseadas no 
léxico. Neogramáticos basearam-se na articulação do som, mas ainda 
restringiram os limites à palavra. Estruturalistas fundaram suas bases de 
observação majoritariamente na morfologia. Formalistas elegeram a sintaxe. 
Outras abordagens teóricas perseguiram caminhos alheios a essas 
restrições. 
 
Vale salientar novamente, a possível necessidade de buscar a identificação 
cultural com os termos que são trazidos de outros vocábulos, certamente o autor do 
ainda Projeto de Lei, citado anteriormente, teria temido essas influências como 
sendo uma “descaracterização da nossa língua” e que a língua portuguesa perderia 
sua essência, embora saibamos que essa “descaracterização” não exista, já que a 
língua é vida e mutável. 
 
2.2 O uso do estrangeirismo e sua relevância na sala de aula 
 
 Para termos uma ideia de como esses processos do estrangeirismo podem 
ou não influenciar de maneira positiva ou negativa a vida social dos alunos, dentro 
de uma sala de aula, recorreremos a fala de Rodrigues (2015, p.96) que diz: 
O dinamismo é uma característica inerente a qualquer língua natural. E não 
poderia deixar de sê-lo uma vez que a língua e a sociedade são 
indissociáveis. Sendo o homem um ser necessariamente social e a 
comunicação uma das condições para a existência das sociedades, não há 
como negar a inter-relação entre a sociedade e a língua, mesmo não sendo 
está a única responsável pela comunicação. Em função das 
transformações promovidas e sofridas pelas sociedades ao longo da história 
e em função da própria complexidade da natureza humana, bem como suas 
necessidades, é inimaginável conceber línguas como entidades 
completamente autônomas, estáticas e homogêneas. No entanto, só 
recentemente alguns setores da sociedade passaram a concebê-la como 
entidades dinâmicas e heterogêneas, levando em conta seus caracteres 
sociais em função de certos estudos linguísticos, e desenvolvidos a partir do 
século XX. 
 
É de fundamental importância que tanto os docentes, quanto os discentes 
tenham consciência de que a língua está em constante transformação e que ela não 
é estática, muito menos “embalada numa caixa”, como diz Bagno (2015), o ideal 
seria que os docentes desde os primeiros anos escolares já fossem orientados a 
26 
 
ministrar conteúdos referentes à história da língua e de como esses conhecimentos 
podem ajudar os alunos a se reconhecerem como seres autônomos e falantes reais 
da língua, ou seja, não seria necessário a priori que os alunos reconhecem classe 
de palavras, quantidade de sílabas, acentuação ou pontuação, não que não seja 
importante, e é, mas que a certo “tradicionalismo” no ensino de língua materna não 
tem se mostrado tão eficiente assim na hora de os falantes se reconhecerem como 
verdadeiros donos da língua que falam o que termina por assustar os estudante e 
criar neles certo bloqueio. 
Nada disso é irrelevante quando se sabe que a língua é construída ao longo 
da história, e quando se fala que os alunos e também os professores de língua 
materna, devem tomar esse conhecimento como próprio de suas salas de aulas, não 
é para ensinar puramente e simplesmente a história, como um fim em si mesmo, 
mas a construção da língua pela história e ressaltar a importância de múltiplos 
olhares nessa construção, a origem dos termos, as variações, as gírias, os 
estrangeirismos, os processos semânticos, pragmáticos e a não linearidade da 
língua, como diz Kabateck (2006, p.515): 
 
Muitas vezes pensa-se que a evolução de uma língua é um processo linear 
e eu o objetivo do historiados da língua é a reconstrução de uma espécie de 
“diacronia ideal”, a evolução da língua como se fosse uma linha. Mas na 
realidade, quando se estuda a história de uma língua, o que se estuda não 
é a língua senão textos de diferentes épocas, textos que parecem 
representativos dos respectivos estados da língua. KABATECK (2006, p. 
515) 
 
Em outras palavras, é possível sim observar como, e em que medida a norma 
de uma língua é afetada pelas transposições, atualizações ou permanência de uma 
tradição discursiva e compreender o processo de mudança linguística no contexto 
social e cultural dos indivíduos envolvidos. 
A postura do profissional de língua portuguesa é de grande valia para os 
envolvidos no processo de aprendizagem, entendam que a forma como se trata as 
palavras estrangeiras pode incluir ou excluir os falantes de determinados grupos 
sociais, o problema, portanto, não é que as pessoas ouçam e falem uma palavra de 
outro idioma, ainda nova em sua chegada à língua, o problema é pensar que só as 
27 
 
palavras da língua inglesas é que são estrangeiras e que elas estão restritas a área 
da tecnologia, ou até mesmo que a utilização de outras palavras diminui a 
importância da língua nativa falada em um determinado lugar. 
Há vários termos que já são mais antigos na fala e que ainda não estão 
dicionarizados e por vezes outras vezes, as palavras acabam sendo 
“aportuguesadas”,quando a questão fonética, já que aspectos fisiológicos podem 
comprometer a pronúncia exata da palavra, do jeito que ela realmente seria dita no 
seu país de origem. 
A absorção de um termo de outra língua na língua portuguesa falada no 
Brasil, não se dá quando um único indivíduo fala determinado termo, faz-se 
necessário que um grupo social se identifique com tal termo, já que é esse 
determinado grupo social que vai dar força cultural a certo termo, como citado em 
Kabatek (2006), que aponta que não é toda e qualquer repetição de um elemento 
linguístico que caracteriza um tradição discursiva, como a simples repetição de itens 
lexicais, em vários enunciados. É preciso, ao contrário, que haja combinação 
particular de uma série de elementos ou de uma forma textual, que uma vez 
evocada, em uma situação concreta de interação verbal, produza efetivamente uma 
repetição com valor de signo. 
Essa ideia só vem a fortalecer as teorias até agora levantadas, enriquecendo 
o estudo e fazendo com que a pesquisa valide-se em seu campo instrumental. Da 
mesma forma que o profissional de língua materna é conhecedor de certos 
arcabouços estruturais, ele também é falante da língua e usuário dela, deve também 
ater-se de que está inserido em um contexto do qual ele influência e também é 
influenciado, em todos os sentidos. O professor precisa ter em mente a importância 
de ampliar os conhecimentos dos alunos para que os mesmos tornem-se usuários 
reais da língua e interajam com ela de maneira consciente. Principalmente nos dias 
atuais, onde o contato com ferramentas na qual utilizam de expressões estrangeiras 
crescem a cada dia, como já mencionado anteriormente, em jogos, na ciência 
médica entre outros. Faz-se necessário o docente ter em mente quão importante é o 
aluno ter um vocabulário extenso e rico, com palavras de outros idiomas, tanto as 
que não existem correspondentes em nossa Língua Portuguesa tanto quanto as que 
são utilizadas por questões culturais bem como aquelas que melhor definem o que o 
28 
 
falante gostaria de expressar. É importante também, ressaltar que certas escolhas 
linguísticas acontecem por diversos fatores, como a faixa etária, a posição social, 
formação escolar, profissão e outros, podem determinar o quê certos grupos sociais 
devem escolher usar ou não, certos de que aquelas palavras podem integrar ou não 
a forma de uso. Afinal, não se pode “fugir” de um processo natural da língua. 
2.3 Equívocos entre estrangeirismo, neologismos e empréstimos. 
Cabe aqui deixar bem clara a ideia de que embora por vezes os termos sejam 
confundidos, e usados como sinônimo, esses termos tem diferenças conceituais de 
grande valia para seu uso. 
Para alguns linguistas, o padrão da norma culta, ou o normatisvistas, elucidam o 
estrangeirismo como “barbarismo”, dado que, são palavras e/ou expressões de 
construções estrangeiras que não possui um termo correspondente na língua em 
que a se propõe adotar, e complementam afirmando que as palavras continuam com 
som e escrita iguais as originais, como, por exemplo, em: 
o Login; 
o fashion; 
o ok; 
o jeans; 
o link. 
De acordo com o idioma de origem (idioma na qual pegamos alguns 
vocábulos), as palavras podem ter nomes específicos, como por exemplo anglicismo 
(do inglês), galicismo (do francês), entre outros. Porém, a maioria dos vocábulos 
adquiridos no Brasil são de palavras advindas do latim, do grego,árabe, espanhol, 
italiano, francês, ou inglês. E, como já mencionado, essas palavras são introduzidas 
por vários fatores, como por exemplo as questõs históricas, políticas, sociais, 
culturais, por motivos também que englobam a globalização, o avança tecnologico, 
que nos faz ficar em contato diário com termos e palavras estrangeiras, em jogos, 
produtos de beleza, eletrônicos como celulares, tablets, aplicativos, ou até mesmo, 
esses termos são introduzidos, pra suprir uma necessidade da própria lingua nativa, 
como defende a grande parte dos estudiosos que não levam em questão os outros 
aspectos mencionados, e se restringe apenas a questão gramatical, esquecendo de 
todo processo de troca de conhecimento e
29 
 
de riqueza que se adquire quando se está em contato com outras línguas além da 
sua nativa. Até porque seria ingênuo pensarmos que só se deve usar uma palavra 
estr
angeira quando não houver correspondente em português, uma vez que, na 
realidade, nenhuma palavra é completamente equivalente à outra. 
 Se analisarmos, já existem termos em outras línguas que são bem mais 
utilizados do que o equivalente na lingua nativa, como em nosso caso, temos o 
exemplo do termo “feedback” (Língua Inglesa) , onde o uso torna-se muito mais 
natural e o entendimento muito mais fácil e prático do que utilizar a correpondência 
em português dessa palavra que seria “retroalimentação”, como já dito, talvez o 
entendimento não fosse o mesmo, tão pouco o sentido que queremos dar a está 
palavra quando a introduzimos em um contexto. 
 Já o empréstimo, são termos que perdem força, seja na escrita, seja na língua 
oral, sofrendo alterações leves, como por exemplo, 
o "bife", originária do termo inglês "beef", 
o "football" que virou "futebol". 
Alguns linguistas também defende a ideia de que, todos os empréstimos, um 
dia já foram estrangeirismo. Por tanto, é extremamente necessário e importante que 
se tenha se entenda que não devemos tratar a língua como uma propriedade 
privada, e sim como um ambiente onde tudo pode e deve ser socializado, visando o 
enriquecimento de vocábulos por nativos, que terão oportunidade de conhecerem e 
estarem em contato com outras línguas, bem como a facilidade no processo de 
comunicação. 
No caso do neologismo, a questão é ainda mais complexa, já que os termos 
ganham vida nova, ou seja, os falantes criam novas palavras, a partir de 
instrumentos. Termos, que já conhecem, mas precisam de reforço ou ampliação de 
sentido, como termos que surgem em diversos seguimentos da sociedade. Eles 
geralmente surgem de uma linguagem natural, ou seja, uma conversa espontânea 
do dia a dia, ou até mesmo de uma linguagem mais artificial, como um bate papo 
eletrônico via rede sociais, como por exemplo, o “internetês” (a linguagem da 
internet). Outro neologismo bastante explorado são as gírias, porém essas são 
30 
 
facilmente substituídas, e variáveis de acordo com cada região. Geralmente, os 
neologismos são criados a partir de processos que já existentes na língua: 
justaposição, prefixação, aglutinação e sufixação. Os neologismos podem ser 
criados a partir de palavras da própria língua do país ou a partir de palavras 
estrangeiras. Segue abaixo alguns exemplos: 
o Faceanos; 
o twitar; 
o blogueira; 
o Zapear; 
o Deletar; 
o roqueiro
 
Por tanto, é fundamental que se saiba essa diferença, para que não se crie 
ainda mais “fantasmas” na cabeça dos falantes, pois processo de globalização vem 
permitir a quebra de barreiras e de fronteiras, o que leva ao homem a ter contatos 
com várias partes do mundo, com várias línguas, várias pessoas, e isso é importante 
para a ampliação do léxico de qualquer língua, apenas as distinções dos termos 
citados acima não são suficientes para ter a ideia de que o campo lexical de uma 
língua esta sempre em evolução, bem como seu povo, sua cultura sua identidade. 
Como defende Hall (2006, p. 74) em: 
À medida que as culturas nacionais se tornam mais expostas as influências 
externas, é difícil conservar as identidades culturais intactas ou impedir que 
elas se tornem enfraquecidas através do bombardeamento e da infiltração 
cultural. As pessoas que moram em aldeias pequenas, aparentemente 
remotas, em países pobres, to“terceiro Mundo”, podem receber, na 
privacidade de suas casas, mensagens e imagens das culturas “ricas”. 
 
O domínio linguístico foi e talvez ainda seja, motivo para dominar povos e 
culturas, mas se os falantes de determinada língua como alguns processos ocorrem 
dentro do léxico da língua que ele utiliza, não para dominá-lo ou fazê-lo dominador, 
mas para que conheça e tenha autonomia sobre a língua. Também não se diz que 
se ele conhecer esses traços da língua, ele se tornará em excepcional falante, mas 
certamente o fará mais cidadão frente a suas escolhas léxicas. Não se pode ter um 
olhar sobre outras línguas amedrontado por questões de dominação ou medo de ter 
sua língua diminuída ou inferiorizada, essa visão tem que ser desmistificada, uma 
vez que conhecer outra 
31 
 
cultura o torna muito mais rico intelectualmente, e o fato de ser receptivo a 
uma outra cultura ou a um outro idioma, não nos faz menos brasileiros, e não nos 
faz desvalorizar a língua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
3. CONSIDERAÇOES FINAIS 
 
Diante dos pressupostos colocados acima, conseguimos perpassar desde a 
história da língua na época da colonização até os dias atuais, verificamos também a 
respeito das contribuições que os povos de várias partes do mundo deixaram para a 
construção de nossa língua, até as definições e as diferenciações entre os 
estrangeirismos, neologismo e empréstimos. Apresentamos o quão importante é 
saber essas diferenciações para que possamos desmistificar algumas ideias 
aparentemente preconceituosas no que tange o uso de certas palavras assimiladas 
de outros idiomas. 
Percebendo a diferença existente entre essas três vertentes, podemos 
combater e lutar contra projetos de Leis como os do Deputado Aldo Rabelo, 
podemos defender a problemática e preocupação desde trabalho, no que tange as 
críticas e os conceitos pré-concebidos de um assunto que não se restringe mais 
apenas a estudiosos da língua, e sim, a sociedade de uma forma geral, bem como 
outras profissões como jornalistas, escritores, colunistas entre outras, discutir sobre 
uso do estrangeirismo, tornou-se um assunto público. 
É muito provável que esse assunto tenha passado a ser um foco maior, com a 
vinda da globalização, e o avanço tecnológico, através dos smartphones, tablets, 
jogos tanto de computadores como de celulares, produtos de beleza, assim como 
uma grande gama de lojas que adotam nomes estrangeiros juntamente com marcas 
de produtos diversos. 
Definiu-se o termo globalização, sua relevância para a construção e 
ampliação do léxico de uma língua, sabendo que a mesma não é estática, e sim, 
mutável e de relevância social com a comunidade falante. Por tanto, é de suma 
importância que se desmistifique a ideia pejorativa em utilização de unidades 
lexicais de outros sistemas linguísticos. 
Entendemos que é de fundamental relevância que o profissional de língua 
portuguesa conheça a importância da definição do estrangeirismo para a ampliação 
dos conhecimentos dos seus alunos, fazendo-os pensarem o estrangeirismo não 
como uma forma alienada ou sem razão, mas entendê-lo como um processo natural 
33 
 
da língua que acontece em qualquer língua natural, para ampliar a riqueza do léxico 
e que sempre acontece de acordo com a necessidade do povo ou da “imposição” da 
língua dominante, mas que não destrói uma cultura ou não faz com que uma língua 
seja esquecida ou até mesmo menosprezada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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ed. São Paulo: Parábola, 2004. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ANEXOS 
ANEXO I 
PROJETO DE LEI Nº 1676, DE 1999 (do deputado federal Aldo Rebelo). 
Dispõe sobre a promoção, a proteção, a defesa e o uso da língua portuguesa e dá 
outras providências. 
O Congresso Nacional decreta: 
Art. 1°. Nos termos do caput do art. 13, e com base no caput, I, § 1° e § 4° do art. 
216 da Constituição Federal, a língua portuguesa: 
I - é o idioma oficial da República Federativa do Brasil; 
II - é forma de expressão oral e escrita do povo brasileiro, tanto no padrão culto 
como nos moldes populares; 
III - constitui bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro. 
Parágrafo único. Considerando o disposto no caput, I, II e III deste artigo, a língua 
portuguesa é um dos elementos da integração nacional brasileira, concorrendo, 
juntamente com outros fatores, para a definição da soberania do Brasil como nação. 
Art. 2°. Ao Poder Público, com a colaboração da comunidade, no intuito de 
promover, proteger e defender a língua portuguesa, incumbe: 
I - melhorar as condições de ensino e de aprendizagem da língua portuguesa em 
todos os graus, níveis e modalidades da educação nacional; 
II - incentivar o estudo e a pesquisa sobreos modos normativos e populares de 
expressão oral e escrita do povo brasileiro; 
III - realizar campanhas e certames educativos sobre o uso da língua portuguesa, 
destinados a estudantes, professores e cidadãos em geral; 
IV - incentivar a difusão do idioma português, dentro e fora do País; 
V - fomentar a participação do Brasil na Comunidade dos Países de Língua 
Portuguesa; 
37 
 
VI - atualizar, com base em parecer da Academia Brasileira de Letras, as normas do 
Formulário Ortográfico, com vistas ao aportuguesamento e à inclusão de vocábulos 
de origem estrangeira no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa 
§ 1° . Os meios de comunicação de massa e as instituições de ensino deverão, na 
forma desta lei, participar ativamente da realização prática dos objetivos listados nos 
incisos anteriores. 
§ 2° . À Academia Brasileira de Letras incumbe, por tradição, o papel de guardiã dos 
elementos constitutivos da língua portuguesa 
usada no Brasil. 
Art. 3°. É obrigatório o uso da língua portuguesa por brasileiros natos e 
naturalizados, e pelos estrangeiros residentes no País há mais de 1 (um) ano, nos 
seguintes domínios socioculturais: 
I - no ensino e na aprendizagem; 
II - no trabalho; 
III - nas relações jurídicas; 
IV - na expressão oral, escrita, audiovisual e eletrônica oficial; 
V - na expressão oral, escrita, audiovisual e eletrônica em eventos públicos 
nacionais; 
VI - nos meios de comunicação de massa; 
VII - na produção e no consumo de bens, produtos e serviços; 
VIII - na publicidade de bens, produtos e serviços. 
§ 1° . A disposição do caput, I- VIII deste artigo não se aplica: 
I - a situações que decorram da livre manifestação do pensamento e da livre 
expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, nos termos 
dos incisos IV e IX do art. 5° da Constituição Federal; 
II - a situações que decorram de força legal ou de interesse nacional; 
38 
 
III - a comunicações e informações destinadas a estrangeiros, no Brasil ou no 
exterior; 
IV - a membros das comunidades indígenas nacionais; 
V - ao ensino e à aprendizagem das línguas estrangeiras; 
VI - a palavras e expressões em língua estrangeira consagradas pelo uso, 
registradas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa ; 
VII - a palavras e expressões em língua estrangeira que decorram de razão social, 
marca ou patente legalmente constituída. 
§ 2° . A regulamentação desta lei cuidará das situações que possam demandar: 
I - tradução, simultânea ou não, para a língua portuguesa; 
II - uso concorrente, em igualdade de condições, da língua portuguesa com a língua 
ou línguas estrangeiras. 
Art. 4° . Todo e qualquer uso de palavra ou expressão em língua estrangeira, 
ressalvados os casos excepcionados nesta lei e na sua regulamentação, será 
considerado lesivo ao patrimônio cultural brasileiro, punível na forma da lei. 
Parágrafo único. Para efeito do que dispõe o caput deste artigo, considerar-se-á: 
I - prática abusiva, se a palavra ou expressão em língua estrangeira tiver equivalente 
em língua portuguesa; 
II - prática enganosa, se a palavra ou expressão em língua estrangeira puder induzir 
qualquer pessoa, física ou jurídica, a erro ou 
ilusão de qualquer espécie; 
III - prática danosa ao patrimônio cultural, se a palavra ou expressão em língua 
estrangeira puder, de algum modo, descaracterizar 
qualquer elemento da cultura brasileira. 
Art. 5° . Toda e qualquer palavra ou expressão em língua estrangeira posta em uso 
no território nacional ou em repartição brasileira no exterior a partir da data da 
39 
 
publicação desta lei, ressalvados os casos excepcionados nesta lei e na sua 
regulamentação, terá que ser substituída por palavra ou expressão equivalente em 
língua portuguesa no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data de registro da 
ocorrência. 
Parágrafo único. Para efeito do que dispõe o caput deste artigo, na inexistência de 
palavra ou expressão equivalente em língua 
portuguesa, admitir-se-á o aportuguesamento da palavra ou expressão em língua 
estrangeira ou o neologismo próprio que venha a ser criado. 
Art. 6° . O descumprimento de qualquer disposição desta lei sujeita o infrator a 
sanção administrativa, na forma da regulamentação, sem prejuízo das sanções de 
natureza civil, penal e das definidas em normas específicas, com multa no valor de: 
I - 1.300 (mil e trezentas) a 4.000 (quatro mil) UFIRs, se pessoa física; 
II - 4.000 (quatro mil) a 13.000 ((treze mil) UFIRs, se pessoa jurídica. 
Parágrafo único. O valor da multa dobrará a cada reincidência. 
Art. 7° . A regulamentação desta lei tratará das sanções premiais a serem aplicadas 
àquele, pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que se dispuser, 
espontaneamente, a alterar o uso já estabelecido de palavra ou expressão em 
língua estrangeira por palavra ou expressão equivalente em língua portuguesa. 
Art. 8° . À Academia Brasileira de Letras, com a colaboração dos Poderes 
Legislativo, Executivo e Judiciário, de órgãos que cumprem funções essenciais à 
justiça e de instituições de ensino, pesquisa e extensão universitária, incumbe 
realizar estudos que visem a subsidiar a regulamentação desta lei. 
Art. 9°. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo máximo de 1 (um) ano a 
contar da data de sua publicação. 
Art. 10. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

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