Buscar

Pesquisa e Pratica Educativas - Thayná

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CE – CENTRO DE EDUCAÇÃO
PEDAGOGIA – EDUCAÇÃO DO CAMPO
DISCIPLINA: PESQUISA E PRÁTICA EDUCATIVAS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO II
DOCENTE: Drª EUNICE SIMÕES LINS
DISCENTE: THAYNÁ ARAÚJO FERREIRA DE PONTES
O PAPEL DA PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA NA ESCOLA DO CAMPO
JOÃO PESSOA
2019
1 JUSTIFICATIVA
A Educação do Campo manifesta-se na necessidade de uma proposta de educação que esteja ligada à realidade dos sujeitos do campo e que remeta às questões do trabalho, da cultura, do conhecimento e das lutas sociais dos camponeses. Uma educação que vai além da escola e que é organizada nos movimentos sociais, valorizando a identidade dos seus sujeitos. Diante disso, é preciso considerar a diversidade contida no âmbito rural, a fim de incidir sobre políticas públicas de educação a partir dos interesses sociais das comunidades camponesas.
O interesse pelo tema proposto nesta pesquisa parte da necessidade de estudar e buscar alternativas educacionais para as escolas do campo, visando analisar soluções para os problemas enfrentados pelos jovens residentes na zona rural que querem permanecer frequentando a escola. É nesse contexto que surge o papel da Pedagogia da Alternância nas escolas do campo, uma modalidade educativa que constrói e desenvolve seus currículos de acordo com a realidade dos sujeitos do campo, conciliando estudos com o trabalho na propriedade rural, possibilitando o enfrentamento da exclusão social no meio campesino. 
Outro aspecto relevante para a escolha do tema é a contribuição do mesmo para o meu desenvolvimento e crescimento profissional. É indispensável que o educador do campo se comprometa e se envolva com o contexto no qual está inserida a escola, construindo o seu sentimento de integração com o cotidiano do educando.
Sendo assim, este trabalho é de extrema importância, pois o tema analisa a construção de uma organização escolar que possibilite a permanência do jovem no campo e na escola do campo. Além de verificar a contribuição de estudos de autores extremamente importantes para a educação no cenário campesino.
2 PROBLEMA 
Ao longo dos tempos, a educação tem sido um mecanismo de transformação social, sobretudo no que diz respeito às grandes revoluções ocorridas. A escola, como principal fonte sistematizadora de conhecimento, tem um papel fundamental na sociedade. O direito a permanência na escola é garantido por lei. Nesse sentido, constata-se que a educação do campo fosse fornecida de acordo com as necessidades e especificidades da cultura camponesa.
O artigo 23 da LDB/96 explica sobre a organização das séries que podem ser anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, etc., sempre atendendo ao interesse do processo de aprendizagem. Esse mesmo artigo estabelece no seu § 2º que o calendário escolar nas escolas do campo deverão adequar-se “às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei.” (BRASIL, 1996).
Embora seja garantido por lei a adequação do calendário escolar ao contexto da escola do campo, a realidade é bem diferente, e muitos alunos se vêm incapazes de permanecer frequentando a escola quando precisam relacionar o trabalho na propriedade rural com a educação. Inviabilizando a interdisciplinaridade e a valorização do conhecimento do aluno numa interação escola-família-comunidade no processo de aprendizagem. 
Desse modo surge nosso problema: Como construir um modelo pedagógico que seja capaz de integrar a educação e a agricultura familiar no meio rural?
3 OBJETIVOS 
3.1 OBJETIVO GERAL
	Descrever sobre a contribuição da pedagogia da alternância para o desenvolvimento social, econômico, cultural e educacional dos educandos do campo, suas famílias e comunidade.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Contextualizar o que é educação do campo, agricultura familiar e pedagogia da alternância 
Ressaltar a importância de um modelo pedagógico adequado ao contexto do campo
Apresentar a relevância da interação escola-família-comunidade no processo de ensino-aprendizagem dos sujeitos do campo
4 METODOLOGIA
A metodologia trata das formas de se fazer ciência. Segundo Demo (1985) “a metodologia cuida dos procedimentos, das ferramentas e dos caminhos para se atingir a realidade teórica e prática, pois essa é a finalidade da ciência”.
Utilizando livros, artigos e revistas como ferramentas, afim de compreender e analisar o processo de aprendizagem do campo, a metodologia desta pesquisa se constitui em uma abordagem descritiva, conforme explicitado por PRODANOV e FREITAS (2013, p. 52): 
“Tal pesquisa observa, registra, analisa e ordena dados, sem manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador. Procura descobrir a frequência com que um fato ocorre, sua natureza, suas características, causas, relações com outros fatos. Assim, para coletar tais dados, utiliza-se de técnicas específicas, dentre as quais se destacam a entrevista, o formulário, o questionário, o teste e a observação.”
Como se trata de uma pesquisa que tem como objetivo recolher, analisar e interpretar as contribuições teóricas já existentes sobre a Pedagogia da Alternância, a pesquisa é bibliográfica. Além da abordagem ser qualitativa, pois seu foco é no caráter subjetivo do objeto analisado; ou seja, ela identifica e analisa dados que não podem ser mensurados. 
 
5 FUNDAMENTAÇÃO-TEÓRICA
A respeito da Educação do Campo 
Ao longo dos anos, os movimentos sociais e sindicais do campo se organizaram e desenvolveram-se em um processo nacional de luta pela garantia de seus direitos, associando as exigências desses direitos à terra com as lutas pelo direito à educação. 
A partir das demandas dos movimentos sociais e organizações de trabalhadores rurais, a educação do campo descreve uma nova ideia quanto a população campesina, fortalecendo o caráter de classes nas reivindicações em relação à educação. Se opondo a visão de que sujeitos do campo são relacionados ao prejulgamento de que a vida no âmbito rural é arcaica e atrasada, a educação do campo busca o reforço identitário das práticas sociais da população do campo e busca enfatizar o campo como lugar de trabalho, moradia, lazer, sociabilidade, identidade, como local de criação de novas alternativas de reprodução social e de desenvolvimento sustentável.
É em função desse protagonismo que o conceito “Educação do Campo” se vincula ao contexto no qual se desenvolvem os processos educativos e os graves conflitos que ocorrem no meio rural brasileiro, em decorrência dos diferentes interesses econômicos e sociais em disputa pela utilização desse território. Desse modo, partilhamos da afirmação de Lemos e Silva (2010, p. 02) quando pontuam que: 
“A Educação do campo a partir das últimas reflexões e lutas dos movimentos Sociais como o Programa de Educação de Reforma Agrária (PRONERA) e o legislativo com as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo aprovada em 2001, trazem uma perspectiva de Educação do Campo como meio de possibilidades de organização social, identidade, lazer, sociabilidade e sustentabilidade. Onde a Educação do Campo tratada no meio rural é concebida como espaço heterogêneo destacando a diversidade cultural e econômica de atividades agrícolas e não- agrícolas.”
Cabe, portanto, à educação do campo, contribuir para a desconstrução do imaginário coletivo acerca da visão hierárquica que há entre o campo e a cidade, através do seu papel de fomentar reflexões que acumulem forças e produção de saberes. 
Como consequência direta dessas lutas em prol de uma Educação do Campo diferenciada, Licenciaturas em Educação do Campo e Especializações são criadas em várias universidades do país, financiadas pelo Governo Federal e por alguns Estados, respondendo às reivindicações
por uma capacitação cada vez mais aprimorada dos educadores do campo. Vale ressaltar que mesmo com alguns avanços e legislações educacionais voltadas para a educação do campo, a realidade das escolas para a população rural continua precária e a luta por melhorias é uma constância.
A respeito da Agricultura Familiar
Segundo o PRONAF (Programa Nacional de Agricultura Familiar), conforme a Lei nº 11.326/2006, é considerado agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, possui área de até quatro módulos fiscais, mão de obra da própria família, renda familiar vinculada ao próprio estabelecimento e gerenciamento do estabelecimento ou empreendimento pela própria família. Desse modo, como afirma Martins (1990), citado por Perondi (1999, p. 03): 
“Esses agricultores se caracterizam, portanto, por deter os seus meios de produção ao mesmo tempo que trabalham diretamente no estabelecimento rural, sendo definidos por muitos autores e instituições como: “agricultores familiares”. Um conceito que abrange muitas categorias sociais, inclusive a do campesinato, uma conceituação política da pequena produção familiar rural.”
A agricultura familiar é indispensável na economia regional e nacional, pois se adapta a diferentes processos de produção. Todavia, é necessária a estimulação de políticas governamentais que a priorizem.
“O seguimento da agricultura familiar chega a superar a agricultura patronal na produção de carnes suínas e aves, leite, ovos, batata, trigo, cacau, banana, café, milho, tomate, mandioca e laranja. (...) a grande capacidade de absorver mão-de-obra a transforma numa alternativa socialmente desejada, economicamente produtiva e politicamente correta para evitar grande parte dos problemas sociais urbanos derivados do desemprego rural e da migração descontrolada na direção campo-cidade.” (PRONAF, 1996).
É neste contexto, da importância da agricultura familiar para o meio rural, que surge a necessidade de estabelecer uma política educacional de qualidade voltada para os sujeitos que vivem nesse contexto, afim de valorizar a realidade dos mesmos. E é a partir da Pedagogia da Alternância que o jovem do campo tem a oportunidade de estudar em uma escola no campo, se profissionalizar e contribuir com suas obrigações familiares, para o desenvolvimento pleno das atividades na propriedade.
A respeito da Pedagogia da Alternância
A educação rural, na maioria dos casos, parte de uma metodologia idealizada para o meio urbano, transmitindo conteúdos pedagógicos e valores de cidadãos que não têm ligação com a realidade escolar do campo. Sendo, infelizmente, uma proposta de educação que não valoriza as histórias e saberes do jovem rural.
“(...) entendemos por educação rural como sendo aquela que parte da necessidade de estar diretamente relacionada ao seu meio e voltar-se à solução dos problemas aí evidenciados (...) a prática educativa no meio rural, que para a sua efetivação deve levar em consideração a realidade histórica do processo de transformação da mentalidade do homem da roça e o seu significado para a superação do processo de exploração inerente à sociedade de classes.” (BATISTELA, 1997, p. 25)
A Pedagogia da Alternância é, portanto, uma proposta de educação rural voltada ao pleno desenvolvimento do sujeito do campo que almeja, além da valorização do contexto onde está inserido, o desejo de frequentar plenamente a escola sem prejudicar sua contribuição na propriedade rural familiar. Essa proposta educativa originou-se na França. No Brasil, seguindo a mesma tendência, foi introduzida primeiramente no estado do Espírito Santo, onde predominavam as pequenas propriedades rurais, denominadas também de Agricultura Familiar. 
Embora esta modalidade educativa tenha conseguido superar alguns desafios, outros persistem, impossibilitando, muitas vezes, de desenvolver todas as potencialidades que a mesma oferece. Dentre alguns desses desafios, podemos citar: a implementação de uma alternância verdadeiramente integrativa; a formação e permanência dos educadores; a participação das famílias no exercício dos atributos educativos.
Desse modo, na Pedagogia da Alternância, é necessária a relação escola-família-comunidade no processo de ensino-aprendizagem. “(...) muitos dos problemas que afetam a população rural nos países subdesenvolvidos podem ser solucionados a nível de comunidade, com recursos comunitários, e com a intervenção de fora limitada à educação e à ajuda técnica.” (STAVEHAGEM apud SPEYER, ibid, p. 57)
Assim, para que ocorra o crescimento, faz-se necessário que a base familiar e a comunidade em geral tenham uma ligação direta com a educação em alternância e seus educadores, fazendo uma alternância verdadeiramente integrativa.
Integrando educação com trabalho e a família, o jovem tem a oportunidade de inserção a partir do diálogo e da responsabilidade, resgatando, com isso, a inserção entre o teórico e o prático no seu meio. Dessa forma, a alternância garante uma educação inovadora e participativa.
	
6 CRONOGRAMA
	Atividades
	2019
Jul.
	2019
Ago.
	2019
Set.
	2019
Out.
	Revisão de Literatura 
	
	
	X
	X
	Pesquisa Bibliográfica Documental
	X
	X
	X
	
	Mitocritica
	
	X
	X
	
	Redação do trabalho 
	
	X
	X
	
	Revisão Teórico-metodológica
	X
	X
	X
	
	Revisão Ortográfica
	
	
	X
	X
	Entrega Final
	
	
	
	X
7 REFERÊNCIAS
GIMONET, J. Praticar e compreender a pedagogia da alternância dos CEFFAs. Petrópolis: Vozes, 2007.
GNOATTO, Almir Antônio et al. Pedagogia da alternância: uma proposta de educação e desenvolvimento no campo. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 44., 2006, Fortaleza. Anais... Fortaleza: SOBER/BNB, 2006. p. 20.
PACHECO, Luci Mary Duso. Pedagogia da alternância: práticas educativas escolares de enfrentamento da exclusão social no meio rural. São Paulo: CRV, 2016.
NOSELLA, Paolo. Origens da Pedagogia da Alternância. Tese de Mestrado-União Nacional Das Escolas Famílias Agrícolas Do Brasil (Unefab), Brasília: Edufes, 2007.
SOUZA, M. A. Educação do Campo: Políticas, práticas pedagógicas e Produção Científica. Educação & Sociedade. Campinas, vol.29, n. 105, p. 1089-1111, set/dez.2008.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais