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Gestão de Custos ??????????? Gestão de Custos Organizado por Universidade Luterana do Brasil Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas, RS 2016 Gabriela de Bem Fonseca Conselho Editorial EAD Andréa de Azevedo Eick Ângela da Rocha Rolla Astomiro Romais Claudiane Ramos Furtado Dóris Gedrat Honor de Almeida Neto Maria Cleidia Klein Oliveira Maria Lizete Schneider Luiz Carlos Specht Filho Vinicius Martins Flores Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da ULBRA. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. ISBN: 978-85-5639-198-8 Dados técnicos do livro Diagramação: Marcelo Ferreira Revisão: Igor Campos Dutra Esta obra tem como objetivo apresentar a você alguns conceitos fun-damentais sobre custos e sua gestão, considerando uma abordagem inicial no primeiro capítulo com a evolução histórica do tema e suas ter- minologias, analisando suas classificações com focos diferenciados e to- dos os conceitos necessário para compreender a dimensão do tema e sua importância no contexto empresarial. No Capítulo 2, iremos trabalhar os custos de materiais que envolvem a diferenciação entre o preço de com- pra da Nota Fiscal e o custo de compra nominal, essa diferença é muito importante para tornar a empresa mais competitiva no mercado em que atua, assim como no capítulo seguinte veremos métodos de avaliação de estoques que impactam diretamente no resultado da empresa. O Capítulo 4 trata do custo de mão de obra, conhecido como “custo de pessoal”, tanto horista como mensalista, suas diferenças e semelhanças e seu impacto no cálculo no preço de venda, já o Capítulo 5 retrata os cus- tos patrimoniais e tudo que envolve a depreciação, amortização, exaustão e todos os demais acontecimentos com os bens das empresas, refletindo seu conhecimento no ganho ou perda de capital. O Capítulo 6 trata dos custos indiretos de fabricação também conhecidos como CIF’s e como eles são abordados no mapa de localização de custos das empresas. Na sequência, iremos trabalhar com sistemas de custeio que será abor- dado no Capítulo 7, dando ênfase ao sistema de custeio por absorção e ao sistema de custeio variável e seus impactos nos resultados das empresas. O Capítulo 8 vai abordar a relação custo x volume x lucro e todos os seus desdobramentos no contexto financeiro, levando em conta as diferentes fórmulas de cálculo e suas respectivas análises. Apresentação Apresentação v Por fim, o Capítulo 9 trata da margem de segurança e da alavancagem operacional, suas fórmulas e impactos na gestão de custos para interpreta- ção de resultados e tomada de decisão, culminado no último tópico, que é o objetivo principal de todo o nosso aprendizado, a formação do preço de venda e a utilização do mark up como ferramentas econômicas financeiras essenciais na tomada de decisão, na competitividade e na gestão como um todo de todas as atividades empresarias. Bom Estudo! 1 Conceitos Básicos – Terminologias .........................................1 2 Custos com Materiais ..........................................................17 3 Método de Avaliação do Estoque ........................................29 4 Custos com Mão de Obra ...................................................41 5 Custos Patrimoniais ............................................................54 6 Custos Indiretos de Fabricação e Mapa de Localização de Custos .........................................................66 7 Sistemas de Custeio ............................................................79 8 Relação Custo x Volume x Lucro ..........................................97 9 Margem de Segurança e Alavancagem Operacional .........110 10 Preço de Venda e Mark up ................................................119 Sumário Gabriela de Bem Fonseca1 Capítulo 1 Conceitos Básicos – Terminologias 1 Especialista em Gestão Contábil com Ênfase em Tributária, Contadora, Técnica em Plásticos. Atua como professora na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), ministrando disciplinas ligadas às áreas de Finanças e Contabilidade e trabalha com Consultoria Financeira. 2 Gestão de Custos Introdução Neste tópico, serão abordadas as terminologias usuais na Gestão de Custos, pois muitos termos são bem peculiares para o tema e devem ser observados cuidadosamente para a corre- ta classificação e apropriação dos gastos de forma geral. Você irá perceber ao longo deste livro que o entendimento correto das terminologias é a base para toda a estrutura da gestão de custos. 1 A importância da Contabilidade de Custos Contabilidade Financeira: até a Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia essa contabilidade, desenvolvida na “era” Mercantilista. Nessa época, as empresas viviam pratica- mente do comércio e não da fabricação. Contabilidade de Custos: surgiu após a Revolução Indus- trial devido à necessidade de incorporar ao custo do produ- to os valores dos fatores de produção utilizados para sua obtenção. Essa forma de obtenção tem sido seguida até os dias atuais, principalmente por duas razões: 1) a Auditoria In- terna e Externa, uma necessidade da globalização acabou por consagrar essa forma de valorização dos estoques, em que o valor de compra é substituído pelo valor de fabricação. 2) O advento do Imposto de Renda adotou o mesmo critério para a medida do lucro tributável. Capítulo 1 Conceitos Básicos – Terminologias 3 Contabilidade Gerencial: há poucas décadas, com o cres- cimento das empresas, a contabilidade de custos passou de mera auxiliar na avaliação de estoques e lucros para impor- tante aliada no controle empresarial e nas decisões gerenciais. Resumo: a Contabilidade de Custos nasceu da Contabili- dade Financeira quando da necessidade de se avaliar os es- toques nas indústrias. E, com a globalização e a necessidade de uma gestão mais completa dos processos, entrou em cena a Contabilidade Gerencial, que se tornou uma grande ferra- menta de gestão empresarial. Evolução da relação de Custos X Preços no Brasil: 1965-1990 Preço = Custo + Resultado (Característica: Preço é função do custo) 1990 > Preço = Custo – Resultado (Característica: Preço é fun- ção do mercado) 2000 > Custo = Preço – Resultado (Característica: Custo é fun- ção do preço e da taxa de retorno sobre o investimento) Em termos gerais, podemos afirmar que a contabilidade de custos tem duas grandes áreas de atuação que são interliga- das e possuem a maior parte dos conceitos iguais: a. CUSTO FISCAL – Custo Contábil: conceitos e técnicas voltados para a apuração do custo dos produtos e dos serviços para fins de contabilização (lançamento con- tábil) e atendimento às necessidades legais e fiscais. 4 Gestão de Custos b. CUSTO GERENCIAL: conceitos e técnicas voltados para a gestão econômica dos produtos e serviços da empresa, suas atividades, unidades de negócios e seus gestores responsáveis, envolvendo as necessidades de controle, avaliação do desempenho e tomada de de- cisão. 2 Abrangência e Finalidade do Cálculo de Custos na Atividade Empresarial Esta abrangência é muito ampla nos dias atuais, em uma sim- ples averiguação de caráter pessoal, podemos constatar que nossas decisões diárias de todos os tipos envolvem em maior ou menor escala a variável CUSTOS; nas empresas não é dife- rente. Existem pelo menos 4 campos distintos de abrangência e aplicações dos custos: 1. Aplicações Contábeis do Custo: as principais aplicações contábeis estão relacionadas à avaliação dos estoques e CPV (Custo ProdutoVendido), avaliação de imobilizações próprias e avaliação de bens de fabricação própria para uso futuro na empresa. Â Avaliação dos Estoques: no prisma contábil, este é um dos aspectos mais importantes do cálculo dos custos nas empresas. É necessário ressaltar que a variação de esto- ques em um período influencia diretamente no resultado do mesmo, ou seja, uma variação positiva nos estoques implica um aumento do resultado no período. O esto- Capítulo 1 Conceitos Básicos – Terminologias 5 que pode apresentar-se de diversas formas, dependen- do do ramo de atividade da empresa, em sua forma mais ampla, ele se configura nas empresas industriais em materiais adquiridos e ainda não utilizados, produ- tos em fase de elaboração e produtos prontos. Â Avaliação de Imobilizações Próprias: em muitas empre- sas, ocorre a produção própria de bens que integram o seu ativo permanente, como ferramentas, móveis, má- quinas, edificações; nesses casos, deve-se manter um documento para controlar e agrupar todos os materiais consumidos, assim como a mão de obra agregada. No seu encerramento, deve-se imobilizá-lo contabilmente e, então, depreciá-lo para efeitos de custos. Â Avaliação de bens de fabricação própria para uso fu- turo: é uma ocorrência possível em algumas organiza- ções, nesse caso as empresas processam internamente produtos que serão utilizados futuramente na atividade fim. Também se deve controlar em documento próprio todos os materiais consumidos e a mão de obra empre- gada. Sua transformação em custo ocorrerá por ocasião de seu consumo futuro. 2. Abrangência e Aplicações vinculadas ao planejamento: entre as aplicações, destacam-se aplicação relacionada ao orçamento, projeção de planos de venda e produção, estudos de viabilidade e análise de investimentos. Â Para essas abrangências, a utilização adequada do sis- tema de custeio é fundamental na tomada de decisões e 6 Gestão de Custos na gestão empresarial. Tendo nele um poderoso instru- mento para avaliação de resultados. 3. Abrangência e Aplicações na gestão Econômico-Financei- ra, Mercadológica: as aplicações nessas áreas são inú- meras como: formação do preço de venda, avaliação do desempenho de produtos e serviços, formulação das po- líticas de produtos e preços, formulação de políticas de distribuição e segmentação e avaliação do desempenho de negociações. 4. Abrangência e Aplicações voltadas ao controle: custos é também, em sua essência, um instrumento de controle que pode assumir várias dimensões, dentre elas: controle do planejamento, controle dos materiais, controle do proces- so e da administração e controle do ciclo operacional. Planejamento e Controle se complementam em uma boa gestão, pois só se justifica o planejamento através de um bom controle. Â Custo Fabril: custo total de fabricação, ou seja, a soma dos custos primários (Matéria-Prima + Mão de Obra Direta + Embalagem) com os custos indiretos de fabri- cação. Â Custos de Produção: corresponde à expressão Custo Fa- bril + Estoque Inicial de Produtos em Processo – estoque final de produtos em processo, e representa o valor da produção de determinado período. Â Custo de Transformação ou Conversão: é o custo total do processo produtivo e é representado pela soma da Capítulo 1 Conceitos Básicos – Terminologias 7 mão de obra direta com os custos indiretos e representa o custo de transformação da matéria-prima em produto acabado. 3 Terminologias Gastos: aquisição de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacri- fício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). Exceção: custo de oportuni- dade ou juros sobre o capital próprio, uma vez que estes não implicam na entrega de ativos. Ex.: gasto na compra de MP, gasto com honorários da diretoria. Segundo Martins (2010, p. 22), o termo referido trata-se da “compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sa- crifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de ativos (normalmente dinheiro)”. Custos: gasto relativo a bem ou serviço utilizado na pro- dução de outros bens ou serviços, portanto custo é tudo aquilo que está ligado com a atividade fim da empresa. Ex.: matéria- -prima. Já para Megliorini (2011), custos estão relacionados a par- te dos gastos incorridos no ambiente da fábrica, os quais serão absorvidos para a fabricação dos produtos, pela compra de mercadorias para a revenda e para a realização dos serviços. 8 Gestão de Custos Despesas: bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas, ou seja, gastos necessários para vender e distribuir os produtos ou serviços geralmente ligados as áreas administrativas e comerciais. Ex.: comissão do ven- dedor. No que se refere às despesas, tudo o que compreende à parcela dos gastos consumidos para a administração da em- presa e na realização das vendas, sendo o que gera receita, considera-se despesa. Megliorini (2011). Investimentos: gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro período. Podem ser de diversas naturezas e de períodos de ativação variados; exceção, a ma- téria-prima é um gasto contabilizado temporariamente como investimento circulante. Ex.: máquinas. Bernardi (2010) afirma ainda que investimentos são os gastos indispensáveis utilizados nas áreas de produção e ven- das, que serão beneficiados em períodos futuros, os quais são considerados ativos de caráter permanentes e de longo prazo, que através da depreciação ou amortização tornarão custos ou despesas, de acordo com a sua origem e natureza. Perdas: são os fatos ocorridos em situações excepcionais que fogem à normalidade das operações da empresa. São consi- derados não operacionais e não devem fazer parte do custo de produção. Ex.: perdas com incêndio. Dutra (2010) complementa que o gasto normal da ma- téria prima que excedente na produção, ainda que não faça parte do produto final, trata-se de um custo, pois foi empre- Capítulo 1 Conceitos Básicos – Terminologias 9 gado esforço para obtenção de receita, já no que diz respeito à matéria-prima e demais itens perdidos por acidentes, como inundações, incêndios, entre outros, são caracterizados como perdas e não custos. Desperdícios: este conceito pode englobar os custos e as despesas utilizados de forma não eficiente, ou seja, todas as atividades que não agregam valor e que resultam em gasto de tempo e dinheiro. Ex.: sucata. Desembolsos: pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. Pode ocorrer antes, durante ou após a entrada da uti- lidade comprada, portanto defasada ou não do momento do gasto. Segundo Dutra, o pagamento de parte ou do total do ad- quirido, elaborado ou comercializado, isto é, é a parcela ou o todo do gasto que foi pago. Simplificadamente, “desembolsar é tirar do bolso, significa pagar ou quitar. Ele ocorre após a aquisição da propriedade de um bem ou serviço, porém antes ou após sua posse” (2010, p. 17). 4 Classificações dos Custos Quanto à tomada de decisões: Os custos podem ser classificados como relevantes ou não relevantes, levando em consideração uma única decisão a ser tomada, sendo válida apenas para aquela decisão. 10 Gestão de Custos Custos Relevantes: são aqueles que se alteram dependen- do da decisão tomada. Custos Não Relevantes: são os que independem da deci- são tomada. Quanto à identificação: Custos Diretos: são os gastos facilmente apropriáveis às unidades produzidas, ou seja, são aqueles que podem ser identificados como pertencentes a este ou àquele produto, sem a necessidade de rateios, bastando haver uma medida de consumo (quilogramas de materiais consumidos, horas demão de obra utilizada). Os principais custos diretos são maté- ria-prima e mão de obra direta. Custos Indiretos: são os gastos que não podem ser alo- cados de forma direta ou objetiva aos produtos ou serviços, e quando atribuídos são mediante critérios de rateios. Os custos indiretos se caracterizam basicamente, por serem de caráter genérico e não específicos a produtos finais. Ex.: gastos com gerência ou diretoria da fábrica. Quanto ao volume de produção: Custos variáveis: são os custos que estão diretamente relacionados com o volume de serviço ou produção em um determinado período, ou seja, quanto maior for o volume de serviço e produção, maiores serão os custos. Aumentam ou diminuem na mesma proporção. Capítulo 1 Conceitos Básicos – Terminologias 11 Custos fixos: são aqueles gastos que, no curto prazo, se mantêm constantes, independente da alteração do volume de serviço ou produção. Obs.: custos fixos e variáveis são classificações que não levam em consideração o produto, e sim o relacionamento entre o valor total do custo em um período e o volume de produção. Fixos e variáveis são classificações também aplicadas às des- pesas, enquanto diretos e indiretos são classificações aplicá- veis somente ao “custo”. Recapitulando Neste capítulo, o principal conceito apresentado foi a diferen- ça entre custos e despesas, essa diferença será fundamental na 12 Gestão de Custos classificação e apropriação dos gastos para formação do pre- ço de venda e posterior planejamento estratégico de custos. Referências BERNARDI, Luiz Antônio. Manual de formação de preços: políticas, estratégias e fundamentos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. DUTRA, René Gomes. Custos: uma abordagem prática. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Pau- lo: Atlas, 2010. MEGLIORINI, Evandir. Custos: análise e gestão. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. Atividades 1) Assinalar Falso (F) ou Verdadeiro (V) à luz da terminologia contábil: ( ) A contabilidade de custos é mais ampla que a contabi- lidade gerencial. ( ) A falta de conciliação entre Contabilidade de Custos e Contabilidade Geral traz distorções para a empresa. Capítulo 1 Conceitos Básicos – Terminologias 13 ( ) Cada componente do processo de produção é uma despesa que, no momento da venda, transforma-se em perda. ( ) Só existem custos em empresas industriais de manufatu- ra, nas demais, só há perdas. ( ) Gastos com folha de salários da mão de obra, durante um período de greve prolongada, são custos de produção do período contábil em questão. ( ) Não se confunde perda com despesa, uma vez que a primeira envolve os conceitos de imprevisibilidade e invo- luntariedade. ( ) Ao comprar matéria-prima, há uma despesa. 2) Classifique os eventos descritos a seguir, relativos a uma indústria de manufatura, em (I) Investimentos, (C) Custo, (D) Despesa, (P) Perda ou (DP) Desperdício: 1) ( ) Compra de matéria-prima; 2) ( ) Consumo de energia elétrica na Fabrica; 3) ( ) Salário do pessoal da produção; 4) ( ) Consumo de combustível carros da diretoria; 5) ( ) Salário do pessoal do faturamento; 6) ( ) Deterioração do estoque de matéria-prima por en- chente; 7) ( ) Aquisição de máquinas industriais; 14 Gestão de Custos 8) ( ) Depreciação dos computadores do setor comercial; 9) ( ) Honorários da administração; 10) ( ) Consumo de matéria-prima na fabricação de pro- dutos; 11) ( ) Aquisição de embalagens; 12) ( ) Geração de sucata no processo produtivo; 13) ( ) Consumo de energia elétrica do setor comercial; 14) ( ) Comissões proporcionais às vendas; 15) ( ) Remuneração do tempo dos funcionários em greve. 3) Dados os seguintes eventos ocorridos no mês de janeiro de uma empresa industrial: 1 – Compra de Matéria-prima R$ 6.000,00; 2 – Pagamento dos salários relativos ao mês de Dezembro sendo: R$ 2.800,00 pessoal da produção e R$ 1.350,00 pessoal da administração; 3 – Uma enchente inesperada destruiu R$ 800,00 do esto- que; 4 – Energia elétrica consumida R$ 440,00 sendo um ¼ para a área administrativa e o restante para a produção; 5 – Consumo de R$ 3.300,00 da matéria-prima, compra- da no item 1, na produção da indústria; 6 – Consumo de R$ 200,00 da matéria-prima, comprada no item 1, no setor administrativo; Capítulo 1 Conceitos Básicos – Terminologias 15 7 – Aquisição de uma máquina injetora nova por R$ 48.000,00. a) Classificar os eventos e calcular o valor total dos cus- tos, despesas, investimentos e perdas no período. 4) Classifique os eventos descritos a seguir, relativos a um banco comercial, em (I) Investimentos, (C) Custo, (D) Des- pesa ou (P) Perda: a) ( ) Compra de impressos e material de escritório; b) ( ) Gastos com salários do pessoal operacional da agência; c) ( ) Gastos com transporte de numerário (carro forte); d) ( ) Utilização de impressos para acolher depósitos; e) ( ) Gastos com envio de talões de cheque aos clientes; f) ( ) Consumo de material de escritório na administra- ção; g) ( ) Remuneração do pessoal da contabilidade geral; h) ( ) Desfalque de valores por fraudes; i) ( ) Depreciação de prédios de agências. 5) Dados os seguintes eventos ocorridos no mês de abril de uma empresa industrial: a) Compra de matéria-prima R$ 4.500,00; 16 Gestão de Custos b) Pagamento dos salários relativos ao mês de março sen- do: R$ 5.000,00 pessoal da produção e R$ 3.000,00 pessoal da administração; c) Uma enchente inesperada destruiu R$ 500,00 da ma- téria-prima comprada no item “a”; d) Energia elétrica consumida R$ 800,00 sendo um ¼ para a área administrativa e o restante para a produ- ção; e) Consumo de parte da matéria-prima adquirida no item a, sendo: na administração R$ 2.300,00 e na produção R$ 1.000,00; f) Contabilização da depreciação do mês, sendo: dos equipamentos da produção R$ 980,00 e dos veículos da diretoria R$ 800,00; g) Compra de uma máquina para produção no valor de R$ 10.000,00. Pede-se: Classificar os eventos e calcular o total dos cus- tos, das despesas, dos investimentos e das perdas. Capítulo 2 Gabriela de Bem Fonseca1 Custos com Materiais 1 Especialista em Gestão Contábil com Ênfase em Tributária, Contadora, Técnica em Plásticos. Atua como professora na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), ministrando disciplinas ligadas às áreas de Finanças e Contabilidade e trabalha com Consultoria Financeira. 18 Gestão de Custos Introdução A relevância dos gastos com matérias no contexto da gestão de custos será abordada neste capítulo, detalhando de forma prática o que pode e o que não pode ser creditado na forma- ção do custo de matérias para posterior lançamento e avalia- ção do estoque. Na identificação dos custos, falou-se em custos diretos e indiretos, você lembra? Agora, quando falarmos em materiais, eles podem ser, tanto materiais diretos quanto materiais indire- tos. Pode-se exemplificar como materiais diretos ou insumos os que fazem parte do produto final: matéria-prima, componen- tes, embalagens. E como materiais indiretos os que são con- sumidos no processo de fabricação, mas não fazem parte do produto final: material de expediente, materiais de manuten- ção. O ponto referencial para classificar os materiais diretos é a sua identificação na estrutura do produto, ou seja, na lista de materiais que compõem cada produto final especificado. Tipos de Materiais: a. Mercadoria (M): material adquirido externamente que não sofrerá nenhuma transformação, sendo apenas revendido. b. Matéria-prima (MP): material adquirido externamente a ser transformado em peças. c. Componentes (C): material adquirido externamente que não sofrerá nenhuma transformação interna(man- tendo-se no padrão do fornecedor), integrando-se ao Capítulo 2 Custos com Materiais 19 produto mediante junção, encaixe, fixação ou solda- gem. d. Materiais Indiretos: materiais de expediente, materiais de limpeza, materiais de manutenção. O que integra o custo com materiais? Em termos fiscais, é importante destacar a diferença entre preço de compra e custo de compra, para efeito de controle de estoques e entrada no resultado, o que interessa para a análise é o custo da compra. Segue a seguir alguns exemplos de composição: 1. Mercado Interno: ($) Preço de compra inicial (+) IPI (+) Despesas adicionais: fretes, seguros, despesas acessó- rias (–) Descontos incondicionais e abatimentos (=) Preço de Compra Total (–) Impostos recuperáveis (IPI, ICMS, COFINS e PIS s/NF) (–) ICMS recuperável sobre o frete (=) Custo de Compra 2. Mercado Externo: ($) Preço de compra (+) II (Imposto de Importação) 20 Gestão de Custos (+) IPI, ICMS, PIS e COFINS na Importação (+) Despesas aduaneiras e despesas complementares (=) Preço de compra da importação (–) Impostos recuperáveis: IPI, ICMS, PIS, COFINS e ICMS s/frete (=) Custo da Importação Para tornar mais claro o cálculo desse custo, segue outro exemplo: calcular o preço de compra nominal (fiscal) e o custo de compra nominal, utilizando a tabela a seguir, de um ma- terial para aplicação alternativa como: matéria-prima (insumo para industrialização), mercadoria (comércio), investimento (imobilizado) e consumo (despesa, sem crédito dos impostos), considerando-se as seguintes premissas: 100 unidades ao preço de R$ 1,00 p/un.; IPI 10%; ICMS 18%; Seguro ad valorem: 1%; Frete ad valorem 5% sobre o total da NF; ICMS sobre o frete 8%; COFINS 7,6%; PIS 1,65%. Observar que na aplicação para imobilizado e para consu- mo final, o preço do fornecedor não foi alterado. Capítulo 2 Custos com Materiais 21 Descrição Base de Cálculo Alíquota Resultado em R$ Quantidade comprada x Preço Unitário = Preço de compra NF 100,00 (+) IPI sobre Compra NF 100,00 10% 10,00 (=) Preço de Compra NF c/IPI 110,00 (+) Seguro sobre Compra NF 110,00 1% 1,10 (+) Frete sobre Compra 110,00 5% 5,50 (=) Preço de Compra Total 116,60 Detalhamento do Cálculo: A primeira questão a ser observada é que para identificar o preço final de compra da Nota Fiscal (NF), é preciso multiplicar a quantidade comprada pelo preço de venda unitário, essa é a base de todo o cálculo que segue. Na sequência, calcula-se o IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) sobre o Preço de venda, pois ele não é embutido no preço, e sim se soma ao valor final da NF. O ICMS não é somado à parte, pois já está previamente embutido no preço de venda e portanto já compõe nosso cál- culo. Após encontrar o valor do IPI e somar este ao preço de compra, temos o Preço de Compra com IPI, que ainda não é o valor final da NF, pois precisamos acrescentar o Seguro e o Frete como pede o enunciado. Se vocês observarem, tanto o seguro como o frete devem ser calculados sobre o valor da Nota Fiscal com IPI, para,a partir daí, determinarmos o Preço 22 Gestão de Custos de Compra Total, ou seja, o valor que o Contribuinte Pessoa Física ou Jurídica pagou pelo produto. Agora, a partir do preço, vamos calcular o custo de com- pra nominal para cada aplicação solicitada no enunciado. a. Aplicação na Indústria Descrição INDÚSTRIA Preço de compra nominal Total R$ 116,60 (-) Crédito IPI sobre NF Compra (R$ 10,00) (-) Crédito ICMS sobre NF Compra (R$ 18,00) (-) Crédito ICMS sobre Frete (R$ 0,44) (-) Crédito PIS sobre NF Compra (R$ 1,65) (-) Crédito COFINS sobre NF Compra (R$ 7,60) (=) Custo de Compra Nominal R$ 78,91 É possível observar que a indústria aproveita o crédito de todos os tributos sobre o preço de compra, inclusive o ICMS (Imposto sobre Comércio de Mercadorias e Serviços) sobre o frete (sendo a empresa optante por forma de tributação que permita esses aproveitamentos). Todos os cálculos são feitos com base no preço de compra da NF conforme quadro ante- rior. Ex.: crédito de ICMS sobre NF de Compra = R$ 100,00 x 18% = R$ 18,00 Crédito de ICMS sobre Frete = R$ 5,50 x 8% = R$ 0,44 Capítulo 2 Custos com Materiais 23 b. Aplicação no Comércio Descrição COMÉRCIO Preço de compra nominal Total R$ 116,60 (-) Crédito IPI sobre NF Compra - (-) Crédito ICMS sobre NF Compra (R$ 18,00) (-) Crédito ICMS sobre Frete (R$ 0,44) (-) Crédito PIS sobre NF Compra (R$ 1,65) (-) Crédito COFINS sobre NF Compra (R$ 7,60) (=) Custo de Compra Nominal R$ 88,91 Já no comércio, nem todos os créditos podem ser aprovei- tados para o mesmo tipo de empresa, o IPI como crédito não pode ser aproveitado no comércio, por ser um tributo sobre produto industrializado; somente as indústrias podem se cre- ditar desse imposto, as demais devem incluir esse valor no seu custo diretamente. Com essa alteração, o custo de compra nominal já aumentou da indústria para o comércio o montante de R$ 10,00. c. Aplicação como Imobilizado Descrição IMOBILIZADO Preço de compra nominal Total R$ 116,60 (-) Crédito IPI sobre NF Compra - (-) Crédito ICMS sobre NF Compra (R$ 19,80) (-) Crédito ICMS sobre Frete (R$ 0,44) (-) Crédito PIS sobre NF Compra - (-) Crédito COFINS sobre NF Compra - (=) Custo de Compra Nominal R$ 96,36 24 Gestão de Custos Primeiramente, é preciso esclarecer o que é imobilizado, nesse caso, quando uma compra vai fazer parte do imobiliza- do da empresa (Ativo Não Circulante), significa que vai fazer parte do patrimônio da empresa; por ter essa finalidade, nem todos os créditos podem ser aproveitados, apenas os oriundos do ICMS. Além desse detalhe, é preciso observar que quando a mercadoria é destinada ao imobilizado da empresa o IPI soma na base de cálculo do ICMS conforme exemplo: Ex.: crédito de ICMS sobre NF de Compra = R$ 100,00 + R$ 10,00 (IPI) = R$ 110,00 x 18% = R$ 19,80 Crédito de ICMS sobre Frete = R$ 5,50 x 8% = R$ 0,44 d. Aplicação como Despesa Descrição DESPESA Preço de compra nominal Total R$ 116,60 (-) Crédito IPI sobre NF Compra - (-) Crédito ICMS sobre NF Compra - (-) Crédito ICMS sobre Frete - (-) Crédito PIS sobre NF Compra - (-) Crédito COFINS sobre NF Compra - (=) Custo de Compra Nominal R$ 116,60 Quando a aplicação da mercadoria é destinada ao con- sumo final, ou seja, será utilizada para uso e consumo na em- presa, não se pode aproveitar nenhum crédito para reduzir o custo da comprar, o preço de compra total é igual ao custo de compra nominal. Capítulo 2 Custos com Materiais 25 Com essa análise, pode-se perceber que, conforme a apli- cação da mercadoria dentro da empresa, ela terá um custo diferente, e o cálculo correto desse custo que futuramente será nossa base para formação de preço de venda pode fazer toda a diferença no nível de competitividade da empresa. 1 Observações gerais Observar que o ICMS, via de regra sempre está incluso no pre- ço do bem ou serviço, aparecendo na NF em destaque apenas informativamente. Já os demais itens como IPI, frete e seguro, devem ser adicionados a NF pós-preço de venda e devem ser destacados em separado na NF em campos específicos. Quando o fornecedor cobrar do seu cliente as despesas aces- sória, deve obrigatoriamente incluí-las na base de cálculo do ICMS e do IPI ou considerar como custo a seu encargo. Caso o frete seja terceirizado, a base de cálculo do ICMS sobre o frete é o valor constante no conhecimento de frete, documento fiscal obrigatório mediante qual é feita a comprovação e co- brança do serviço. Quando o material se destinar ao imobilizado, ativo não circulante do estabelecimento destinatário, ou consumidor fi- nal, é preciso observarque integra a base de cálculo do ICMS além do valor do material o montante do IPI. Nesses casos, incluísse o IPI na base de cálculo, pois o adquirente está consi- derando o IPI como custo, conforme demonstrado no exemplo de cálculo anterior. Portanto, ao emitir-se uma NF, tem-se que 26 Gestão de Custos saber qual a aplicação que será dada pelo cliente a mercado- ria vendida. Além disso, é preciso saber qual a forma de tributação da empresa, pois nem todas as formas de tributação aproveitam todos os créditos, empresas enquadradas no regime SIMPLES não podem efetuar os créditos de PIS (Programa de Integração Social) e o COFINS (Contribuição para Financiamento da Se- guridade Social) nem do IPI, apenas do ICMS na proporção em que está enquadrada. Já empresas optantes pelo Lucro Presumido, regime não cumulativo, não podem efetuar o cré- dito de PIS e COFINS sobre a compra de materiais. Recapitulando Neste capítulo, aprendemos sobre a diferença entre preço de compra total e custo de compra nominal nas diferentes formas de tributação, a correta aplicação desse cálculo faz com que a empresa conheça de forma clara e objetiva o seu custo, tor- nando-se mais competitiva na formação do preço de venda e consequentemente mais competitiva no mercado atual. Referências BERNARDI, Luiz Antônio. Política e formação de preços: uma abordagem competitiva, sistêmica e integrada. 2. ed. São Paulo: Atlas,1997. Capítulo 2 Custos com Materiais 27 DAL MOLIN, Luiz. Gestão de Custos. Porto Alegre: imprensa Livre, 1. ed. 2008. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 9. ed. 2010. PADOVEZE, Clovis Luis. Curso Básico Gerencial de Custos. São Paulo: pioneira, 2. ed. 2006. Atividades 1) Calcular o preço de compra nominal (fiscal) e o custo de compra nominal de um material para aplicação alterna- tiva como matéria-prima (insumo para industrialização), considerando-se as seguintes premissas: 500 unidades ao preço de R$ 1,50 p/un; IPI 15%; ICMS 17%; Seguro ad valorem: 2%; Frete ad Valorem 7% sobre o total da NF; ICMS sobre o frete 7%; COFINS 7,6%; PIS 1,65%. 2) Calcular o preço de compra nominal (fiscal) e o custo de compra nominal, de um material para aplicação alternati- va como mercadoria (comércio), utilizando como base os dados do exercício anterior. 3) Calcular o preço de compra nominal (fiscal) e o custo de compra nominal, de um material para aplicação alterna- tiva como imobilizado (patrimônio), utilizando como base os dados do primeiro exercício. 4) Calcular o preço de compra nominal (fiscal) e o custo de compra nominal, de um material para aplicação alterna- 28 Gestão de Custos tiva como uso e consumo, utilizando como base os dados do exercício N.1. 5) Uma empresa industrial compra matéria-prima com tribu- tação do ICMS, COFINS, PIS, IPI e FRETE. Observação: Empresa tributada pelo lucro real: Dados referentes à nota fiscal: a) Compra de 1 tonelada da matéria-prima A por R$ 1.800,00. b) Alíquota do ICMS referente às matérias-primas de 12%. c) Alíquota do COFINS referente às matérias-primas de 7,60%. d) Alíquota do PIS referente às matérias-primas de 1,65%. e) Valor do frete dessa compra é de R$ 129,38. f) Alíquota do ICMS referente ao frete de 12%. g) Alíquota do COFINS referente ao frete de 7,60%. h) Alíquota do PIS referente ao frete de 1,65%. i) Alíquota do IPI de 15%. Pede-se: calcular o valor do custo da matéria-prima por quilo. Gabriela de Bem Fonseca1 Capítulo 3 Método de Avaliação do Estoque 1 Especialista em Gestão Contábil com Ênfase em Tributária, Contadora, Técnica em Plásticos. Atua como professora na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), ministrando disciplinas ligadas às áreas de Finanças e Contabilidade e trabalha com Consultoria Financeira. 30 Gestão de Custos Introdução Após conhecermos as terminologias e a composição do custo de compra nominal, vamos abordar neste capítulo os méto- dos de avaliação de estoques, Custo Médio Ponderado (CMP), Primeiro que Entra Primeiro que Sai (PEPS) e Último que Entra Primeiro que Sai (UEPS), entendendo a diferença de cada um deles. Segundo entendimento de renomados autores sobre o tema, o termo “estoque” designa o conjunto dos itens ma- teriais de propriedade da empresa que: são mantidos para venda futura; encontra-se em processo de produção; são cor- rentemente consumidos no processo de produção de produtos ou serviços a serem vendidos. Partindo dessa premissa, é possível identificar alguns tipos de ativos que na sua compra são considerados estoques para as empresas de forma geral. Ativos considerados estoques: Â Mercadorias para comércio ou produtos acabados (ma- téria-prima e mercadorias mantidas para venda); Â Materiais para produção (materiais comprados com a intenção de incorporá-lo ao produto final através do processo produtivo); Â Materiais em estoque não destinados à produção nor- mal, chamados também de indiretos, auxiliares ou não produtivos (itens fisicamente não incorporados ao pro- Capítulo 3 Método de Avaliação do Estoque 31 duto final, como ferramenta, material de limpeza e se- gurança); Â Produtos em processo de fabricação ou elaboração (que inclui material direto, mão de obra direta e custos gerais de fabricação), devem refletir o custo dos produtos em processo. A principal análise do custeio dos estoques e da correta seleção do método de custeio mais adequado vem para res- ponder a seguinte indagação dos gestores da empresa: Sem- pre que a empresa mantiver materiais estocados e efetuar uma nova compra a um custo diferente, depara-se com o questio- namento: qual o valor do custo do meu estoque? O maior objetivo do custeio do estoque é a determinação de custos adequados às vendas das mercadorias ou produtos, de forma que o lucro apropriado seja calculado de maneira adequada. Em adição ao fator lucro, existem outros fatores que influenciam as decisões relativas à seleção dos métodos de estoque, são eles: a. Aceitação do método pelas autoridades do IR – Impos- to de Renda; b. A parte prática de determinação de custo; c. Objetividade do método. 32 Gestão de Custos 1 Método CMP – Custo Médio Ponderado É o critério mais utilizado no Brasil para avaliação de estoques pela facilidade de entendimento e aplicação do seu cálculo, esse método é aceito pelo fisco (Receita Federal) que é um dos fatores importantes para sua determinação. No CMP, a cada nova entrada recalcula-se o custo unitário da mercadoria ou produto de forma ponderada, isto é, em função das quantida- des, que resulta na seguinte equação: valor total atual dividido pelas quantidades atuais. Para um melhor entendimento do método, segue um exem- plo de cálculo e um modelo bem simplificado de ficha e de preenchimento da mesma: Ex.: calcular as compras, vendas e estoque final pelo método de valorização do estoque de Custo Médio Ponderado – CMP: DATA EVENTO QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO 31/07 Estoque inicial 200 R$ 1,00 04/08 Compra 300 R$ 1,20 08/08 Venda 200 - 15/08 Compra 300 R$ 1,40 18/08 Venda 400 - 21/08 Compra 300 R$ 1,60 25/08 Venda 200 - 29/08 Compra 300 R$ 1,80 CMP ENTRADAS CUSTO MÉDIO SAÍDAS SALDO FINAL Data Evento Qtd $u $Total CMP/u Qtd $u $Total Fís: Qt $ T 31/07 Est. Inicial 200 200,00 04/08 Compra 300 1,20 360,00 500 560,00 08/08 Venda 560,00/500 = 1,12 200 1,12 224,00 300 336,00 Capítulo 3 Método de Avaliação do Estoque 33 15/08 Compra 300 1,40 420,00 600 756,00 18/08 Venda 756,00/600 = 1,26 400 1,26 504,00 200 252,00 21/08 Compra 300 1,60 480,00 500 732,00 25/08 Venda 732,00/500 = 1,46 200 1,46 292,00 300 440,00 29/08 Compra 300 1,80 540,00 600 980,00 TOTAL 1.200 1.800,00 800 1.020,00600 980,00 É possível observar analisando a ficha preenchida que pri- meiramente deve-se indicar o Estoque Inicial na primeira linha da ficha para que a partir deste estoque inicial se faça a apro- priação das demais compras, sempre o estoque inicial de um mês é igual ao estoque final do mês anterior. Na sequência, são feitos os lançamentos nas suas respectivas colunas, sendo compras na entrada e vendas na saída. A cada compra efetuada, aumentamos o valor do nosso estoque, somando a compra ao valor que tínhamos imediata- mente anterior à compra, tornando assim nosso estoque mais elevado. No momento da venda (saída) da mercadoria, é pre- ciso registrar a baixa na ficha de estoque e, nesse momento, devemos valorar as mercadorias que estão saindo pela média ponderada. Ex.: na primeira venda que ocorreu no dia 08/08, para obter o valor unitário da saída, dividimos o saldo final do estoque imediatamente anterior à saída pela quantidade de mercadorias que tinha em estoque, R$ 560,00 / 500 = R$ 1,12 (valor unitário). Sendo que nos demais dias do mês o processo se repete sempre lançando a entrada pelo custo nominal calculado com base na nota fiscal de compra e a saída fazendo a média do 34 Gestão de Custos saldo final do lançamento anterior à saída. Ressaltando que sempre ao final da ficha de lançamento o saldo final encontra- do será o saldo inicial do mês subsequente. 2 PEPS (Primeiro que entra, Primeiro que Sai) ou FIFO (First-In, First-Out) Neste critério, ao fazer a saída (venda) do material, ele é cus- teado pelos preços mais antigos registrados no estoque, per- manecendo assim as mercadorias com os preços mais recen- tes sempre em estoque, o método também é aceito pelo fisco (Receita Federal) e utilizado por muitas empresas. Como todo processo de gestão possui vantagens e desvantagens na sua escolha, uma das vantagens da utilização desse método é que o movimento estabelecido para os materiais, de forma con- tínua e ordenada, representa uma condição necessária para o perfeito controle dos materiais, especialmente quando es- tes estão sujeitos à deterioração, decomposição, mudança de qualidade, assim temos a certeza de que sempre serão usados na venda os produtos mais antigos, evitando que estes venham a perder sua validade ainda estando dentro do estoque da empresa. E uma das desvantagens mais conhecidas é que com o uso desse método, há uma tendência de que o produto venha a ficar avaliado por um custo menor do que quando se usa o custo médio, tendo-se em vista a situação normal de preços crescentes, essa desvantagem pode de alguma maneira tornar Capítulo 3 Método de Avaliação do Estoque 35 menos preciso o método de avaliação de estoque e seu saldo final. Para exemplificar bem a forma do cálculo, vamos utilizar o mesmo exemplo anterior de entradas e saídas, tornando, as- sim, possível comparar o resultado final de ambos os métodos: DATA EVENTO QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO 31/07 Estoque inicial 200 R$ 1,00 04/08 Compra 300 R$ 1,20 08/08 Venda 200 - 15/08 Compra 300 R$ 1,40 18/08 Venda 400 - 21/08 Compra 300 R$ 1,60 25/08 Venda 200 - 29/08 Compra 300 R$ 1,80 PEPS ou FIFO ENTRADAS SAÍDAS SALDO PARCIAL SALDO ACUM Data Evento Qtd $u $Total Qtd $u $T Qtd $u $ Total Qt acu $ acum 31/07 Est Inicial A:200 1,00 200,00 200 200,00 04/08 Compra B:300 1,20 360,00 A: 200 B: 300 1,00 1,20 200,00 360,00 500 560,00 08/08 Venda A:200 1,00 200,00 B: 300 1,20 360,00 300 360,00 15/08 Compra C:300 1,40 420,00 B: 300 C: 300 1,20 1,40 360,00 420,00 600 780,00 18/08 Venda B:300 C:100 1,20 1,40 360,00 140,00 C: 200 1,40 280,00 200 280,00 21/08 Compra D:300 1,60 480,00 C: 200 D: 300 1,40 1,60 280,00 480,00 500 760,00 25/08 Venda C:200 1,40 280,00 D: 300 1,60 480,00 300 480,00 29/08 Compra E:300 1,80 540,00 D: 300 E: 300 1,60 1,80 480,00 540,00 600 1.020,00 TOTAL 1.200 1.800,00 800 980,00 600 1.020,00 Nesse exemplo, para facilitar o entendimento, identifica- mos cada entrada desde o estoque inicial com uma letra, começando pela letra “a”, assim fica mais fácil visualizar de qual Nota Fiscal estamos dando baixa a cada registro de saí- da (venda) da mercadoria. Na primeira venda efetuada em 08/08, a mercadoria que foi dado baixa no estoque foi as que estavam remanescentes do estoque inicial, pois tinham 36 Gestão de Custos a quantidade suficiente para completar a saída, ficando no estoque apenas as mercadorias mais recentes e com um custo nominal mais elevado. É possível identificar nas demais entradas e saídas como exemplo no dia 18/08 que quando não há mercadorias su- ficientes em uma única nota para atender à venda, utiliza-se de mais de uma NF para concretizar o movimento, sendo que sempre é preciso primeiro zerar a NF mais antiga para utili- zar a nota seguinte, restando no estoque muitas vezes apenas quantidades parciais de uma nota para atendimento adequa- do do método. Ao final da ficha, também é possível perceber que o saldo final de estoque por esse método é maior que pelo CMP, já que o estoque fica valorado sempre pelas notas mais atuais, isso aumenta o seu valor. 3 UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai) ou LIFO (Last-In, First-Out) Semelhante ao método do PEPS visto no tópico anterior, este abate as quantidades utilizando o custo dos lotes mais recentes por ocasião da sua baixa ou venda, mantendo no custo do estoque as entradas mais antigas, ou seja, a cada saída ele utiliza a última nota fiscal que deu entrada no estoque, per- manecendo assim no mesmo as notas mais antigas e com isso reduzindo o custo nominal do estoque. Esse método é praticamente o inverso do PEPS e não é aceito pela Receita Federal, pois com a adoção do UEPS, há Capítulo 3 Método de Avaliação do Estoque 37 tendência é de se apropriar os custos mais recentes aos produ- tos feitos e vendidos, o que provoca normalmente uma redu- ção do lucro contábil e consequentemente uma diminuição do imposto a pagar sobre o lucro. Também vamos exemplificar de forma prática esse método utilizando a mesma base para que possamos comparar os re- sultados finais. Seguem os dados de parâmetros: DATA EVENTO QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO 31/07 Estoque inicial 200 R$ 1,00 04/08 Compra 300 R$ 1,20 08/08 Venda 200 - 15/08 Compra 300 R$ 1,40 18/08 Venda 400 - 21/08 Compra 300 R$ 1,60 25/08 Venda 200 - 29/08 Compra 300 R$ 1,80 Com base nesses dados, vamos preencher e calcular a fi- cha do UEPS. UEPS ou LIFO ENTRADAS SAÍDAS SALDO PARCIAL SALDO ACUM Data Evento Qtd $u $Total Qtd $u $T Qtd $u $ Total Qt. acum $ acum 31/07 Est Inicial 200 200,00 04/08 Compra B:300 1,20 360,00 A: 200 B: 300 1,00 1,20 200,00 360,00 500 560,00 08/08 Venda B:200 1,20 240,00 A: 200 B: 100 1,00 1,20 200,00 120,00 300 320,00 15/08 Compra C:300 1,40 420,00 A: 200 B: 100 C: 300 1,00 1,20 1,40 200,00 120,00 420,00 600 740,00 18/08 Venda C:300 B:100 1,40 1,20 420,00 120,00 A: 200 1,00 200,00 200 200,00 38 Gestão de Custos 21/08 Compra D:300 1,60 480,00 A: 200 D: 300 1,00 1,60 200,00 480,00 500 680,00 25/08 Venda D:200 1,60 320,00 A: 200 D: 100 1,00 1,60 200,00 160,00 300 360,00 29/08 Compra E:300 1,80 540,00 A: 200 D: 100 E: 300 1,00 1,60 1,80 200,00 160,00 540,00 600 900,00 TOTAL 1.200 1.800,00 800 1.100,00 600 900,00 Nesse exemplo, também utilizamos a sistemática de letras para identificar cada NF, facilitando a visualização da utiliza- ção das NF’s, e percebe-se que é exatamente o inverso do cálculo do PEPS, nesse caso as últimas notas que dão entrada no estoque são sempre as primeiras a saírem, como demons- tra o cálculo do dia 08/08 em que a venda foi efetuada da NF “b”,sendo que a nota “a” permaneceu no estoque até o final do exercício. Esse método, como dito anteriormente, não é aceito pelo fisco exatamente por diminuir o valor de avaliação do estoque, como ficou demonstrado ao final do cálculo e preenchimento da ficha, sendo que essa ficha terminou com o menor saldo final entre os três métodos calculados. Recapitulando O importante do ponto de vista de Custos para Avaliação de Resultado, é que, depois de adotado um critério, ele não seja modificado de exercício para exercício, para não haver alte- rações forçadas na apuração do lucro, e que a escolha pelo método mais adequado seja feita de forma clara com base na diferença entre os métodos. Capítulo 3 Método de Avaliação do Estoque 39 Referências CREPALDI, Sílvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade de Custos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CRUZ, June Alisson Westarb. Gestão de Custos: perspectivas e funcionalidades. 1. ed. 2011. Disponível na biblioteca virtual. DAL MOLIN, Luiz. Gestão de Custos. Porto Alegre: imprensa Livre, 1. ed. 2008. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 9. ed. 2010. PADOVEZE, Clovis Luis. Curso Básico Gerencial de Custos. São Paulo: pioneira, 2. ed. 2006. Atividades 1) Faça o comparativo do exemplo, do montante monetário de compras, saídas e estoque final pelos três métodos cal- culados. 2) Montando um DRE sucinto levando em conta apenas o CMV, qual dos três métodos de valorização dos estoques calculados no exemplo, daria maior lucratividade para a empresa, considerando como receita bruta das vendas no mês de agosto o valor total de R$ 5.000,00. 40 Gestão de Custos 3) Suponha um período de preços em ascensão. O que acontece ao substituir o critério de custo médio pelo PEPS? a) Lucro aumenta e estoque diminui. b) Lucro aumenta e estoque aumenta. c) Custo aumenta e lucro aumenta. d) Custo diminui e lucro diminui. e) Custo diminui e estoque diminui. 4) Suponha um período de preços em ascensão. O que acon- tece ao substituir o critério de custo médio pelo UEPS? a) Lucro aumenta e estoque diminui. b) Lucro aumenta e estoque aumenta. c) Custo aumenta e lucro diminui. d) Custo diminui e lucro aumenta. e) Custo diminui e estoque diminui. 5) Analisando o conceito de Custo Médio Ponderado, na avaliação de estoques NÃO podemos afirmar que: a) O preço médio ponderado é calculado cada vez que se realiza uma compra com preço diferente do ante- rior; b) Trará um resultado bruto menor que o método PEPS; c) É admitido pelo fisco tanto quanto o método PEPS; d) A alternativa A é a única errada; e) A alternativa C é a única errada. Gabriela de Bem Fonseca1 Capítulo 4 Custos com Mão de Obra 1 Especialista em Gestão Contábil com Ênfase em Tributária, Contadora, Técnica em Plásticos. Atua como professora na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), ministrando disciplinas ligadas às áreas de Finanças e Contabilidade e trabalha com Consultoria Financeira. 42 Gestão de Custos Introdução Neste capítulo, será trabalhado o custo de pessoal sobre enfo- ques diferenciados, o fiscal e o gerencial, ambos muito impor- tantes na estratégia empresarial; com esse aprendizado, será possível compreender uma máxima da área empresarial que trata do fato de um colaborador custar no mínimo o dobro do seu salário, iremos entender de onde surgiu essa teoria. Nas empresas industriais, costumam-se identificar os custos com pessoal em dois grupos: Mão de Obra Direta (MOD) e Mão de Obra Indireta (MOI). MOD corresponde à remunera- ção dos empregados envolvidos diretamente com as opera- ções produtivas. MOI consideram-se os demais empregados, quer estejam alocados nos Centros de Custos (CdC) produti- vos sem executarem as operações do roteiro de fabricação, tais como supervisores e gerentes, pessoal do administrativo e do comercial. 1 O que integra o custo com pessoal Mesmo que no plano de contas da empresa exista uma infini- dade de proventos e contas ligadas à força de trabalho interna da empresa, na área de custos simplifica-se essas contas em: Â Remuneração (MOD+MOI): engloba os salários, adi- cionais, aviso prévio e indenizações; Â Horas extras: quando for um montante razoável; Capítulo 4 Custos com Mão de Obra 43 Â Pró-labore: remuneração de dirigentes da empresa; Â Bolsa-estágio: remuneração a estagiários, não incide encargos sociais e provisões trabalhistas com exceção de férias que foi incluído o direito pela nova lei do es- tágio; Â Encargos sociais: INSS, FGTS e nas empresas sem fins lucrativos PIS sobre a folha de pagamento. (Ex.: asilo 1%); Â Provisões trabalhistas para 13º e férias com abono de férias e encargos sociais; Â Benefícios com pessoal: alimentação, transporte, assis- tência médica e social e treinamento. a. Acréscimos fiscais sobre a folha de pagamento: São os encargos e provisões aceitos pela Receita Federal como custos e despesas para efeito de cálculo do IRPJ: Â INSS – 28,8% (risco máximo) Sendo: 20% para o INSS 3%, 2% ou 1% Risco de acidente do trabalho em função do grau de risco 5,8% para os fundos do sistema “S” (SESI 1,5%, SENAI ou SENAC 1,0%, SEBRAE 0,6%, INCRA 0,2% e Salário educação 2,5%) Â FGTS – 8% 44 Gestão de Custos Ex.: para exemplificar os encargos e provisões citados an- teriormente, faremos um cálculo de um empregado contratado como mensalista por uma empresa que recebe um salário de R$ 1.000,00 por mês, considerando o INSS grau de risco gra- ve de 28,8%: Salário - R$ 1.000,00 INSS sobre salário - R$ 288,00 FGTS - R$ 80,00 Provisão de 13º Salário (1/12) - R$ 83,33 INSS s/ Provisão do 13º Salário - R$ 24,00 FGTS s/ Provisão do 13º Salário - R$ 6,67 Provisão de Férias (1/12) - R$ 83,33 Provisão de 1/3 const. de Férias - R$ 27,78 (1/3 sobre 1/12) INSS s/ Provisão de Férias acrescidas de 1/3 constitucional – R$ 32,00 FGTS s/ Provisão de Férias acrescidas de 1/3 constitucional – R$ 8,89 Custo Total - R$ 1.634,00 Total de Encargos - R$ 634,00 Percentual de Acréscimo dos Encargos sobre o Salário – 64,00% Nesse exemplo, para um salário de R$ 1.000,00 é possível perceber que o funcionários custa para a empresa 64,00% além do seu salário, sendo que neste cálculo está incluso ape- nas os encargos e as provisões, o mínimo necessário para cus- to, não estamos incluindo multa do FGTS, vale transporte, vale Capítulo 4 Custos com Mão de Obra 45 alimentação, uniforme, horas de atestado, convênio médico, entre outros gastos que fazem parte do custo total dos funcio- nários. 2 Custos horista Para determinar o percentual de acréscimo gerencial de custos com o pessoal sobre a folha de pagamento, primeiramente é necessário verificar o regime de remuneração contratual: ho- rista ou mensalista. No salário por hora trabalhada, não está embutido o DSR (Descanso Semanal Remunerado), fazendo com que o acréscimo sobre à hora trabalhada seja maior. Exemplo do livro do Eliseu Martins (2010): comparação entre um contrato de trabalho por hora trabalhada e um men- salista, no qual é possível perceber a grande diferença entre as duas modalidades: a. Mensalista: Total 70,81% Horas não trabalhadas no ano: 324 horas/ano - Aviso Prévio: 30 dias/ano x 2 horas/dia = 60 horas/ano - Férias: 30 dias/ano x 7,3333 horas = 220 horas/ano - Salário-doença: 04 dias/ano x 7,3333 = 29,3333 ho- ras/ano (estimativa) - Outras dispensas remuneradas: 02 dias/ano x 7,3333 horas/dia = 14,6667 horas/ano (estimativa) 46 Gestão de Custos Horas trabalhadas/ano: 2.352,6667 horas/ano - 365 dias x 7,3333 horas/dia = 2.676,6667 (horas/ano) – 324 (horas não trabalhadas/ano) = 2.352,6667 horas/ano Incidência de horas não trabalhadas sobre horas traba-lhadas: 13,7716% - 324 / 2.352,6667 x 100 = 13,7716% Previdência Social: 32,7662% - 28,8% x (100+13,7716) / 100 = 32,7662% 13º Salário: 9,4810% - (100 + 13,7716) / 12 = 9,4810% FGTS: 14,7903% - (8% + 50% depósito multa) x (113,7716+9,4810) = - (0,08 + 0,04) x 123,2526 = 14,7903% Horista: Total 100,73% Horas não trabalhadas no ano: 674,6667 horas/ano - 52 domingos + 10 feriados (-) 02 feriados que caem em domingos = 60 dias/ano x 7,3333 horas/dia = 440 horas/ ano - Férias: 26 dias/ano x 7,3333 horas/dia = 190,6667 ho- ras/ano Capítulo 4 Custos com Mão de Obra 47 - Salário doença: 04 dias/ano x 7,3333 horas/dia = 29,3333 horas/ano (estimativa) - Outras dispensas remuneradas e aviso prévio: 02 dias/ ano x 7,3333 horas/dia = 14,6667 horas/ano (estimativa) Horas trabalhadas ano: 2.002 horas/ano 365 dias/ano x 7,3333 horas/dia = 2.676,6667 horas/ ano – 674,6667 horas não trabalhadas = 2.002 horas traba- lhadas/ano Incidência de horas não trabalhadas sobre horas traba- lhadas: 33,6996% - 674,6667 / 2.002 x 100 = 33,6996% Previdência Social: 38,5055% - 28,8% x (100+33,6996) / 100 = 38,5055% 13º Salário: 11,1416% - (100 + 33,6996) / 12 = 11,1416% FGTS: 17,3809% - (8% + 50% depósito multa) x (133,6996+11,1416) = - (0,08 + 0,04) x 144,8412 = 17,3809% Para tornar mais claro o cálculo de um funcionário horista, faremos o exemplo a seguir do custo de um funcionário con- tratado por R$ 10,00 por hora, com 44 horas semanais e se- mana não inglesa (semana de seis dias sem compensação do sábado), férias de 30 dias e INSS grau de risco grave (28,8%). 48 Gestão de Custos Número máximo de horas à disposição por ano Número total de dias por ano = (1x28) + (4x30) + (7x31) 365 dias (-) Descanso Semanal Remunerado = (52 domingos – 4 se- manas) 48 dias (-) Férias 30 dias (-) Feriados 12 dias (=) Número máximo de dias à disposição do empregador 275 dias (x) Jornada máxima diária em horas 7,33 (=) Número máximo de horas à disposição por ano 2.015,75 Remuneração anual do empregado Salários (2.015,75 x R$ 10,00) R$ 20.157,50 DSR (48 x 7,33 x R$ 10,00) R$ 3.518,40 Férias (30 dias x 7,33 x R$ 10,00) R$ 2.199,00 13º Salário (30 dias x 7,33 x R$ 10,00) R$ 2.199,00 Adicional de Férias (1/3 x R$ 2.199,00) R$ 733,00 Feriados (12 x 7,33 x R$ 10,00) R$ 879,60 Total R$ 29.686,50 Contribuições que o empregador é obrigado a recolher INSS (28,8%) R$ 8.549,71 FGTS (8%) R$ 2.374,92 Total R$ 10.924,63 Fechamento Custo Total para o empregador R$ 40.611,13 Custo Hora R$ 20,15 Acréscimo sobre o salário hora contratado (((20,15/10)- 1)*100) 101,50% Capítulo 4 Custos com Mão de Obra 49 Obs.: esses são os acréscimos sociais mínimos, sem com- putar outros gastos como: tempo de dispensa durante o aviso prévio, multa do FGTS de 50% na despedida, faltas abonadas etc. A falta de compatibilização entre os critérios da Contabi- lidade Financeira e os da Contabilidade de Custos pode pro- vocar distorções, principalmente nos relatórios mensais. Se a área de Custos está trabalhando com uma taxa como a cal- culada anteriormente, está usando um valor que inclui parcela relativa a 13º Salário, férias, DSR, INSS e FGTS. Mas se a con- tabilidade financeira não proceder fazendo a provisão nessa base, estará configurando o desequilíbrio entre ambas. Exemplo: suponhamos que o único custo em uma em- presa seja a mão de obra, e que a taxa calculada seja, já com os encargos, de R$ 20,15. a. Mês de 30 dias, 04 domingos, 26 dias úteis com tra- balho aproveitado em todas as horas: Horas trabalhadas e apropriadas por Custo: 26 dias x 7,33 horas/dia x R$ 20,15 = R$ 3.840,19 Se 2/3 do trabalho executado tiver sido vendido por R$ 3.500,00, restando 1/3, teremos um valor final de serviços em andamento calculado pela Contabilidade de Custos em = R$ 1.280,06. Se a contabilidade financeira tiver registrado como mão de obra apenas os valores efetivamente desembolsados nomes, poderemos ter: 50 Gestão de Custos Salários: 220 horas x R$ 10,00 p/hora – R$ 2.200,00 Contribuições Sociais 36,8% – R$ 809,60 Total do desembolso: R$ 3.009,60 Com esse valor apropriado como custo de produção, a apuração do CPV ficaria: Custo de Produção do Mês............................ R$ 3.009,60 Estoque Final em andamento...................... (R$ 1.280,06) obtido de custos Custo do Produto Vendido ............................. R$ 1.729,54 O resultado apurado seria: Vendas........................................................R$ 3.500,00 (-) CPV .......................................................R$ 1.729,54 Lucro ......................................................R$ 1.770,46 E na verdade o correto seria: custo do produto vendido – 2/3 de R$ 3.840,19 = R$ 2.560,13 Vendas.......................................................R$ 3.500,00 (-) CPV ..................................................... R$ 2.560,13 Lucro .....................................................R$ 939,87 Esse exemplo demonstra de forma clara que o cálculo er- rado do custo de pessoal impacta diretamente na lucratividade da empresa, pois se os encargos são computados de forma Capítulo 4 Custos com Mão de Obra 51 equivocada, pelo fato de que pagos eles devem ser de igual maneira, eles vão sair diretamente do lucro da empresa. Recapitulando Neste capítulo, o ponto mais importante que aprendemos é que o custo de pessoal é diferente quando o funcionário é horista de quando ele é mensalista. E essa composição de custo impacta diretamente no resultado final das mercadorias ou serviços. Sendo que para ficar gravado na nossa memória essa fórmula a seguir é fundamental: 52 Gestão de Custos Referências BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de Custos e formação de preços. São Paulo: Atlas, 2. ed. 2007. BORNIA, Antônio Cezar. Análise Gerencial de Custos: apli- cação em empresas modernas. 3. ed São Paulo: Atlas, 2010. CREPALDI, Sílvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade de Custos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CRUZ, June Alisson Westarb. Gestão de Custos: perspectivas e funcionalidades. 1. ed. 2011. Disponível na biblioteca virtual. LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de contabilidade de custos (contém custeio ABC). 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 9. ed. 2010. MEGLIORINI, Evandir. Custos: análise e gestão. São Paulo, 3. ed. 2011. Disponível na biblioteca virtual. PADOVEZE, Clovis Luis. Curso Básico Gerencial de Custos. São Paulo: pioneira, 2. ed. 2006. Capítulo 4 Custos com Mão de Obra 53 Atividades 1) Tomando como exemplo o exercício desenvolvido anterior- mente. Para um salário de R$ 1.200,00, calcule o custo total e o percentual de acréscimo sobre o salário para o grau de risco médio de INSS (27,8%). 2) Um funcionário é contratado com o salário de R$ 18,35 por hora. Nessa empresa, os encargos sociais e trabalhis- tas representam 117,33% dos salários. Determine o valor do custo/hora da mão de obra com encargos. 3) O custo/hora da Mão de Obra de um funcionário é de R$ 33,35. O salário/hora do funcionário é de R$ 15,30. Determine o percentual de encargos sociais e trabalhistas que estão embutidos nesse custo. 4) Um funcionário é contratado como mensalista, pelo salá- rio bruto mensal de R$ 960,00. Os encargos dos mensa- listas dessa empresa montam o equivalente a 86% sobre o salário mensal. Determine o custo mensal desse funcioná- rio. 5) Considere que no departamento de pintura de uma de- terminada empresa tenha apenas 02 funcionários clas- sificados como mão de obra direta. O salário de cada funcionário é de R$ 750,00 por mês. O percentual de en- cargos sociais e trabalhistas correspondea 118% do sa- lário. Sabe-se que 83% do tempo disponível foi apontado como produtivo e o restante como não produtivo. Calcule o custo do tempo da MDO produtiva e o tempo da MDO não produtivo. Gabriela de Bem Fonseca1 Capítulo 5 Custos Patrimoniais 1 Especialista em Gestão Contábil com Ênfase em Tributária, Contadora, Técnica em Plásticos. Atua como professora na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), ministrando disciplinas ligadas às áreas de Finanças e Contabilidade e trabalha com Consultoria Financeira. Capítulo 5 Custos Patrimoniais 55 Introdução Gastos patrimoniais são valores incidentes sobre o ativo não circulante da empresa, corresponde ao uso de recursos per- manentes para a geração do resultado e apropriados men- salmente de forma direta (despesa) ou indireta (custo). Esses gastos são proporcionais à vida útil dos bens e direitos patri- moniais. Exceto para o grupo de investimentos e terrenos. a. Tipos de Custos Patrimoniais Os custos patrimoniais são gastos incidentes sobre o ativo não circulante das empresas; entre esses ativos, os mais comuns es- tão listados no quadro a seguir para facilitar o entendimento, assim como a especificação do tipo de incidência que ocorre com ele, entre Depreciação, Amortização e Exaustão. Investimentos Imobilizado Intangível Ativo Diferido Participações Societárias Obras de Arte Antiguidades Ouro Edificações, Instala- ções e Benfeitorias, Máquinas e Equipa- mentos Móveis e Utensílios Veículos Florestas Marcas, patentes e concessões; Direitos autorais; Fundo de comér- cio (goodwill); Franquias; Ágios de Incorpo- ração Gastos pré-ope- racionais Pesquisa & De- senvolvimento (-) Depreciação, Amortização e Exaustão Acumulada (-) Amortização Acumulada (-) Amortização Acumulada 56 Gestão de Custos b. Organização Patrimonial – Etapas Para formular a gestão patrimonial de uma empresa, existem algumas etapas do processo que precisam ser levadas em consideração, são elas: a. Levantamento físico dos bens patrimoniais por conta, ou por CdC (Centro de Custo); b. Conciliação física versus contábil dos bens; c. Codificação dos bens e a elaboração de fichas patri- moniais (informatizado ou manual); d. Avaliação do custo patrimonial; e. Controle dos movimentos patrimoniais (entradas, transferências e baixas dos bens); f. Cálculo do custo patrimonial por centro de custo e avaliação do valor. 1 Conceitos Dentre as diversas formas de avaliação dos custos patrimo- niais, existem conceitos bem claros e definidos que norteiam essa classificação. É muito importante entender a diferença en- tre essas terminologias para utilizar de forma correta os custos patrimoniais dentre a gestão empresarial. a. DEPRECIAÇÃO: provisão para cobertura do desgaste e perda que os bens ativados sofrem em função do Capítulo 5 Custos Patrimoniais 57 uso, da ação do tempo, ou por obsolescência. Esse valor pode ser apropriado ao custo, quando da produ- ção, ou como despesas, quando operacional. Os bens podem ser depreciados a partir do mês em que forem instalados e postos em uso em condições de produzir. b. AMORTIZAÇÃO: são os encargos sobre os ativos dife- ridos e sobre as benfeitorias realizadas em prédios de terceiros (imobilizados); c. EXAUSTÃO: provisão incidente sobre os artigos mine- rais. Ex.: minas, jazidas e florestas; d. BVI (Bens e Valores Irrelevantes): bens de natureza per- manente que podem ser lançados integralmente como custos ou despesas que atendam seu objetivo indivi- dualmente até o valor irrelevante de 394,13 UFIRs mensais podem ser considerados como custos e/ou despesas; (Ufir 1,0641) e. BDL (Bens de duração limitada): quando o prazo de vida útil não ultrapassar um ano, devem ser lançados integralmente como despesas, ou custos; f. Valor residual: é o montante líquido que a entidade espera, com razoável segurança, obter por um ativo no fim de sua vida útil, deduzidos os custos esperados para sua venda. 58 Gestão de Custos 2 Taxas Fiscais Anuais – conforme IN-162, SRF de 31.12.98 Existe uma tabela da Receita Federal, conforme Instrução Nor- mativa 162, que define as porcentagens que devem ser apli- cadas sobre os bens para fins de depreciação, mesmo hoje podendo-se classificar os bens de acordo com a estimativa da própria empresa de vida útil de cada bem, levando em consideração informações técnicas do fabricante e questões do uso dentro da empresa, ainda assim é importante conhecer as taxas da Receita Federal, pois muitas empresas fazem uso destas para cálculo. Nos casos em que a empresa opte por gerenciar a vida útil do seu patrimônio de acordo com sua análise técnica, a taxa de depreciação será opcional (maior ou menor que a taxa da Receita Federal), com isso a empresa tem um controle real da desvalorização e valorização dos seus bens. a. 50% para correias de transmissão e transporte; b. 33,3% para fornos industriais de vidros, caixas de fun- dição, moldes; c. 25% para veículos de transporte de 10 ou mais pes- soas ou mercadorias, tratores, motocicletas; d. 20% para computadores, veículos; e. 10% para móveis e utensílios, aeronaves, transforma- dores; instalações; f. 5% transatlânticos, barcos de cruzeiros; Capítulo 5 Custos Patrimoniais 59 g. 4% para edificações e construções. a. Quotas De Depreciações É preciso atentar para o fato de que a depreciação é dividida em quotas mensais, mas que suas taxas são anuais, por isso segue uma explicação sobre a forma de cálculo: a. Anual – multiplicar a taxa anual de depreciação pelo valor do bem corrigido até 31/12/1995 (adicionan- do no valor do bem os custos acessórios como fretes, seguros, despesas de instalação). Desde 01/1996 o governo determinou a interrupção da correção mone- tária mensal das contas do balanço; b. Mensal – dividir a quota anual por 12 meses; Para melhorar a compreensão do tema, vamos fazer um exemplo de cálculo sobre depreciação que ajude a ilustrar desde a formação da base de cálculo até o resultado final. Ex.: calcular a depreciação mensal, a depreciação acumulada e o valor contábil, para os meses de setembro (mês 01), outubro (mês 02), mês 24, mês 25, mês 60 e mês 61 de uma empresa, considerando a aquisição de um computador em 17/09/2014 por R$ 5.000,00, mais despesas acessórias como: frete R$ 200,00, seguro R$ 50,00, instalação R$ 100,00 e com valor residual de R$ 500,00. Para esse cálculo, utilizar a taxa da tabela da receita federal para computadores. 60 Gestão de Custos 1. Formar a Base de Cálculo sobre a qual Incide a Alíquota: Valor da aquisição R$ 5.000,00 (+) Frete R$ 200,00 (+) Seguro R$ 50,00 (+) Instalação R$ 100,00 = Custo da imobilização R$ 5.350,00 (-) Valor residual (R$ 500,00) = Base da depreciação R$ 4.850,00 Alíquota 20% 2. Após identificar a base de cálculo, é preciso desenvolver cada item solicitado; para auxiliar o entendimento, vamos usar uma tabela para demonstrar: Mês Dep. Mensal Dep. Acumulada Valor Contábil 01 R$ 80,83 R$ 80,83 R$ 4.769,17 02 R$ 80,83 R$ 161,66 R$ 4.688,34 24 R$ 80,83 R$ 1.939,92 R$ 2.910,08 25 R$ 80,83 R$ 2.020,75 R$ 2.829,25 60 R$ 80,83 R$ 4.850,00 Zero 61 Detalhamento: Depreciação Mensal: (Base de Cálculo x Alíquota) / 12 meses =(R$ 4.850,00 x 20%) / 12 meses = R$ 80,83 Capítulo 5 Custos Patrimoniais 61 Depreciação Acumulada: Quantidade de Meses x Depre- ciação Mensal = 1 x R$ 80,83 = R$ 80,83 = 2 x R$ 80,83 = R$ 161,66 Valor Contábil: Base de Cálculo – Depreciação Acumulada = R$ 4.850,00 – R$ 80,83 = R$ 4.769,17 Obs.: No mês 61, não consta nada no quadro, pois como o bem em questão se deprecia 20% ao ano, ele deprecia total- mente em 5 anos, sendo assim,5 anos são compostos por 60 meses. Então, nesse caso, no mês 61, o bem já está totalmente depreciado para a empresa e com custo contábil de zero. 3 Situações específicas Depreciação acelerada: só existe a possibilidade de aumentar o valor da quota linear de depreciação em função da utiliza- ção de bens móveis para mais turnos diários de operação. Tem regra específica. (A cada novo turno de trabalho, acresce-se 50% da seguinte forma: para 2 turnos diários de 8 horas multi- plica-se por 1,5; para 3 turnos diários de 8 h, multiplica-se por 2). Assim, se a depreciação é de 10%, e a empresa trabalha com as máquinas 16 hrs por dia, a taxa passa a ser 15% ao ano; Bem adquirido usado depende do tempo de vida útil maior entre duas verificações: 62 Gestão de Custos a. metade do prazo de vida útil do bem com base no novo; b. restante da vida útil do bem em relação à primeira instalação. Comodato: considera-se comodato os bens cedidos gra- tuitamente a terceiros quando necessários à atividade da em- presa, gerando uma depreciação normal na empresa proprie- tária e não depreciados na empresa comodatária. Bens das empresas rurais: exceto a terra nua, os demais bens são depreciados na escrituração contábil. NBC T 19.5.6 Terrenos e construções: 19.5.6.1. Terrenos e construções são ativos que devem ser re- gistrados separadamente, mesmo quando adquiridos em con- junto. 19.5.6.2. Com algumas exceções, tais como pedreiras e ater- ros, os terrenos têm vida útil ilimitada e não devem ser depre- ciados. 19.5.6.3. As construções têm vida limitada e devem ser depre- ciadas. 19.5.6.4. Um aumento no valor do terreno no qual a constru- ção está situada não afeta a determinação do valor depreciá- vel do edifício. Capítulo 5 Custos Patrimoniais 63 Recapitulando Neste capítulo, aprendemos muitas coisas sobre custos patri- moniais, novos conceitos e nomenclaturas, bens que se depre- ciam e outros que apenas amortizam, descobrimos que existe uma tabela da Receita Federal que nos orienta sobre as alí- quotas e aprendemos a aplicar essas alíquotas na prática. Entre todos esses conceitos novos, criou-se algumas fórmu- las e interpretações que servem para apurar os custos patrimo- niais, essas dicas estão demonstradas na figura a seguir: 64 Gestão de Custos Referências BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de Custos e formação de preços. São Paulo: Atlas, 2. ed. 2007. BORNIA, Antônio Cezar. Análise Gerencial de Custos: apli- cação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CREPALDI, Sílvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade de Custos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CRUZ, June Alisson Westarb. Gestão de Custos: perspectivas e funcionalidades. 1. ed. 2011. Disponível na biblioteca virtual. DAL MOLIN, Luiz. Gestão de Custos. Porto Alegre: imprensa Livre, 1. ed. 2008. LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de contabilidade de custos (contém custeio ABC). 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 9. ed. 2010. Atividades 1) Calcular o Ganho ou Perda de Capital e o saldo das con- tas caso a empresa citada no nosso exemplo efetue a ven- Capítulo 5 Custos Patrimoniais 65 da do bem por R$ 4.900,00 em 01/10 do mesmo ano da compra, antes de contabilizar a depreciação de outubro. 2) Calcular o ganho ou perda e o saldo das contas caso a empresa efetue a venda do bem do exemplo, por R$ 4.300,00 em 30/10 do mesmo ano, após contabilizar a depreciação de outubro. 3) Em relação a um trator adquirido em 01/06/2006 por R$ 20.000,00, cuja taxa de depreciação é de 25% ao ano, determine: a) Qual o valor da quota mensal de depreciação com 04 casas após a vírgula; b) Qual o valor (custo contábil) do bem em 31.12.2008. 4) Um bem em comodato deve ser depreciado pelo proprie- tário do bem ou pelo comandatário? 5) Calcular sob a abordagem fiscal, a depreciação mensal, a depreciação acumulada e o valor contábil para os meses 02, 09, 24, 38 e 53 de uma máquina industrial adquirida em 30/04/2006 por R$ 50.000,00, sendo as despesas acessórias frete R$ 800,00, seguro R$ 500,00 (sendo a taxa anual para máquinas de 10% ao ano). Gabriela de Bem Fonseca1 Capítulo 6 Custos Indiretos de Fabricação e Mapa de Localização de Custos 1 Especialista em Gestão Contábil com Ênfase em Tributária, Contadora, Técnica em Plásticos. Atua como professora na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), ministrando disciplinas ligadas às áreas de Finanças e Contabilidade e trabalha com Consultoria Financeira. Capítulo 6 Custos Indiretos de Fabricação e Mapa... 67 Introdução Neste capítulo, iremos aprender sobre os custos indiretos de fabricação que fazem parte da composição do custo total. Para serem alocados de forma adequada ao produto final, precisam ser rateados de acordo com critérios previamente definidos e posteriormente identificados dentro do mapa de localização de custos. 1 Custos Indiretos de Fabricação – CIF De forma geral, a maior parte dos gastos indiretos não apre- sentam complexidade de cálculo e muitos deles são terceiri- zados, tais como: energia elétrica, aluguel, telefone, honorá- rios e combustíveis. Para elencar os gastos correspondentes aos custos indiretos (CIF’s), parte-se do plano de contas da contabilidade, reagrupando as contas por semelhança ou as apropriando por centro de custos (CdC) pela mesma base de diluição, uma vez que as contas que aparecem no MLC (Mapa de Localização de Custos) são gastos indiretos. Esses gastos são agrupados de acordo com alguns critérios previamente estabelecidos pela empresa e sempre respeitando o plano de contas e a estrutura empresarial da mesma, segue algumas formas de agrupamento: 68 Gestão de Custos a. Setorização dos Gastos A setorização dos gastos consiste na identificação dos locais ou agrupamentos dos locais em setores/CdC onde os gastos ocorrem. Uma das principais razões para identificar os custos setorialmente é para saber o local específico onde se originam ou se aplicam os custos. Para tanto, depende da empresa, se ela tiver: Â Produtos diferenciados; Â Quantidades ou mix diferenciados de produção; Â Diferentes insumos operacionais; b. Grau de Verticalização Ao decidir implantar ou revisar um negócio, uma das primeiras definições a serem tomadas é o grau de verticalização da em- presa. Verticalmente, decidindo qual será o grau de complexi- dade produtiva: será uma mera montadora de componentes, transformadora de matérias-primas ou uma empresa comer- cial equiparada à industrial. E na transformação, qual o está- gio ou grau de complexidade que ela terá, mesmo sendo uma montadora, é preciso definir quais processos serão realizados internamente e quais externamente. A partir dessas definições, serão direcionados os investimentos da empresa. c. Árvore do Produto ou Explosão do Produto A árvore do produto é considerada como a representação grá- fica dedutiva dos estágios da utilização dos materiais e sua Capítulo 6 Custos Indiretos de Fabricação e Mapa... 69 agregação pela transformação e junção em partes estocáveis e codificadas para cada processo produtivo em que o produto avança. Explosão do produto, também denominada de árvore do produto ou ficha técnica, consiste na representação do pro- duto em forma de organograma. 2 Mapa de Localização de Custos (MLC) O mapa de localização de custos é a forma de demonstrar a setorização dos gastos apropriando todos os custos aos pro- dutos. Esse conceito fica mais claro a partir dos exercícios de rateio. O trabalho de localizar os custos ocorridos nos centros de custo aos quais eles pertencem é confiado a um instrumen- to extra contábil denominado Mapa de Localização de Custos – MLC. O MLC, destina-se a apurar
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