Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE CACHOEIRAS DE MACACU/RJ. WELLYSCLAYS PEREIRA FERREIRA, brasileiro, carioca, solteiro, menor impubere, portador da Cédula de Identidade/RG nº ....e CPF nº .... neste ato representado por sua genitora MADALENA PEREIRA FERREIRA, brasileira, carioca, solteira, comerciária, portadora da Cédula de Identidade/RG nº ....e CPF nº ....residente e domiciliada na Rua .... nº ...., Bairro......, Cidade de Cachoeiras do Macacu/RJ, por meio de seu procurador infra firmado (proc.nº 01 em anexo), com escritório na Rua .... nº ...., vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE C/C EXUMAÇÃO DE CADÁVER PARA FINS DE COLETA DE DNA com fundamento no art. 282 do Código de Processo Civil cumulado com a Lei nº 8.560/92, contra JHONATAS FIRMES STANGERS, brasileiro- naturalizado, casado, falecido em 15/12/2006, Estado do Rio de Janeiro, pelas razões de fato e fundamentos de direito que passa a expor: I - DOS FATOS: A mãe do requerente, moça simples, de poucas posses, trabalhou na Empresa de Laticínios do falecido (Doc´s nº á ), desde o ano de 1999 até 2006 (contra-cheques e carteira de trabalho assinada em anexo-doc.nº á ). Porém, no dia 13 de Abril de 1999, ocasião em que retornava para sua residência após jornada de trabalho, foi violentada, espancada e estuprada pelo falecido, nas dependências da Empresa do de cujus, levada ao posto ambulatorial de Cachoeiras de Macacu/RJ pelo SAMU local, e, internando-se em 12 (doze) horas após o fato, no Hospital Geral da Capital com endereço á Av. Duque de Caxias, nº 1551, Bairro da Vila Militar, Rio de Janeiro/RJ, local onde passou longos 6 (seis) meses em coma profundo. 2 Ressaltando-se que a esposa do de cujus, senhor Investigado, pai do investigado e filhos e netos do mesmo. A partir de tal fato, tornaram-se presenças constantes no local. Desde então, á partir do terceiro mês de internação de coma da mãe do Requerente, foi constatado a gravidez da mesma, através de exame de sangue (Doc. em anexo nº ). O Coma cumulado com a gravidez oriunda do estupro, que durou seis meses, tornou-se sério e conseqüentemente perigoso aos olhos do médico que acompanhava o quadro clínico da mãe do Requerente, sendo que à época do estupro coincide com a da concepção do autor. Após o sexto mês, a mãe do requerente despertou de seu coma, com deformidades osséas nas pernas e braços, além de cicatrizes faciais (devido ter sofrido agressão) e ainda grávida do falecido pai do requerente. A esposa do falecido, propôs acordo extra-judicial para fins de exclusão de processo criminal e cível contra o de cujus, três dias após despertar de seu coma, e “praticamente forçada” a concordar com documentos entregues para a mesma assinar naquela ocasião, sob a ameaça de que a mesma iria arcar com todas as despesas hospitalares de sua internação e futuramente da gravidez advinda. Após o quinto dia do despertar do coma, e ter assinado tal acordo (Doc.em anexo nº á ) a mãe do Requerente se viu totalmente desamparada, com a responsabilidade de criar o filho sozinha. Dedicando-se exclusivamente para tal, a mãe do Requerente não veio a se casar devido ao trauma, depressão, e sofrimentos causados pelo abandono moral, financeiro pelo falecido e sua família. Deve-se ressaltar que a paternidade do Autor nunca foi escondida do investigado. Porém, a mãe do Requerente apenas não procurou os direitos de seu filho antes por ser humilde e, porque teve medo de represálias, uma vez que fora ameaçada em todas as oportunidades que reivindicou a paternidade do investigado. 3 II- DA LEGITIMIDADE: O Requerente é parte legítima para pleitear seu direito imprescritível de ser reconhecido como filho, pois o art. 363 do Código Civil reza: "Os filhos ilegítimos de pessoas que não caibam no art. 183, têm direito à ação contra os pais ou seus herdeiros para demandar o reconhecimento da filiação: I- se ao mesmo tempo da concepção a mãe estava concubinada com o pretendido pai; II- Se a concepção do filho reclamante coincidiu com o rapto da mãe pelo suposto pai, ou suas relações sexuais com ela." Cabe salientar que com o advento da Constituição de 1988 em seu artigo 227, parágrafo 6º, revoga a primeira parte do artigo 363, igualando os filhos concebidos dentro ou fora do casamento, eliminando a figura do filho ilegítimo. Finalmente, a jurisprudência tem admitido que até mesmo o indivíduo nascido de uma relação ocasional de seus pais é legitimado a propor tal ação. III- EXUMAÇÃO CADAVÉRICA: O Investigado, faleceu em 26/09/2007 (certidão de óbito em anexo-doc.nº....), porém a necessidade diz conta à convicção do Juízo de que não existem outros meios probatórios para se confirmar um fato ou, havendo outros meios, haja séria divergência que justifique a nova perícia, além da farta documentação hospitalar juntada e assinada pelo falecido e sua esposa. É que a exumação pode ser suprida, muitas vezes, pela análise de fotos, de laudo de necropsia, de termos de reconhecimento, da oitiva dos peritos e testemunhas, de exames de DNA de parentes diretos, etc. Se há outros mecanismos de prova, a exumação será desnecessária. Porém Exa., caso haja a reluta dos parentes próximos do investigado para a coleta de exame de DNA, (conforme carta da viúva do falecido á mãe do requerente-doc.nº em anexo) afim de seja impedido a feitura da impressão digital de DNA familiar, desde já se requer o presente pedido de exumação cadavérica. A pertinência diz conta à prova ser direcionada a um ponto importante, essencial do processo, principalmente por tratar-sesobre a investigação de paternidade post mortem, essencialmente quando os parentes mais próximos (descendentes, ascendentes, irmãos e até tios e sobrinhos) se negarem a fornecer material genético para o exame de DNA. 4 Sendo o estado de filiação um direito indisponível e imprescritível (Súmula nº 149, STF), a exumação dos restos mortais do suposto pai biológico é perfeitamente cabível. A obtenção de amostras de DNA da medula dos ossos mais longos (fêmur, tíbia, ulna, etc.) é algo que se busca em um primeiro momento no cadáver, mas também é possível a realização do exame a partir de restos cadavéricos tais como: ossada, cartilagem, unha ou cabelo. A Jurisprudência atual: Processo: AC 70041140815 RS Relator(a): Jorge Luís Dall'Agnol Julgamento: 09/11/2011 Órgão Julgador: Sétima Câmara Cível Publicação: Diário da Justiça do dia 16/11/2011 Ementa INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. EXUMAÇÃO DO CADÁVER DO INVESTIGADO PARA REALIZAÇÃO DE EXAME GENÉTICO. Para a realização do exame genético de pessoa já falecida não se faz necessária sua exumação, já que a impressão digital genética do DNA pode ser reconstruída a partir de amostras de parentes próximos, com a mesma confiabilidade como se o investigado vivo fosse. Contudo, a situação concreta exige salvaguardar o direito à verdade real, mostrando-se conveniente a realização da exumação de cadáver para realização do exame genético, por ser prova idônea e segura na formação. Assim, levando em conta o atual estágio da ciência, viabilizando a realização de exames genéticos afirmativos ou excludentes da paternidade, com margem de segurança próxima ao absoluto, merece ser acolhido o pedido dos apelantes no sentido da realização da referida prova. Nesses termos, dou provimento às apelações para desconstituir a sentença e reabrir a instrução processual, a fim de ser realizado o exame de DNA por exumação de cadáver. Des. André Luiz Planella Villarinho (REVISOR) - De acordo com o (a) Relator (a). Dr.Roberto Carvalho Fraga - De acordo com o (a) Relator (a). DES. JORGE LUÍS DALL´AGNOL - Presidente - Apelação Cível nº 70041140815, Comarca de Lajeado: "DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME." IV- DO DIREITO: Todo filho tem direito de ter sua paternidade reconhecida, seja ela por meios voluntários ou por sentença. 5 E provando-se o relacionamento sexual entre a mãe do autor e o investigado em época coincidente com a da concepção do proponente, como o acontecido, sendo essa pessoa de conduta irrepreensível, como é a Sra. Madalena Pereira Ferreira, uma comerciária que cria seu filho sozinha sem ajuda, em uma época onde não era comum tal atitude, e até mesmo discriminada pela sociedade, o Requerente tem o direito de ter sua paternidade reconhecida. V - DOS PEDIDOS: Ex positis, com fulcro nos dispositivos legais retro invocados e nos arts. 282 e seguintes do CPC, requer: Digne-se Vossa Excelência receber e autuar a presente Ação, bem como seja citar devidamente a família do de cujus, via edital publicado no diário oficial e publicação em jornal local, por encontrarem-se a sua grande parte em locais incertos e não sabidos, para que, querendo, ofereça Contestação, sob pena de revelia; Seja expedido Alvará de Exumação Cadavérico e determinado a coleta de DNA do falecido/Investigado, no Jazigo da família Stangers, quadra 03, Lote 1222 do Cemitério da Cidade de Cachoeiras de Macacu/RJ, afim de que seja colhido o material necessário para a coleta de referido exame. Sejam intimados os parentes próximos do falecido via edital publicado no diário oficial e publicação em jornal local, para que compareçam na data e local da exumação a ser realizada. Seja julgada PROCEDENTE a presente Ação, declarando-se que o réu é realmente genitor do Requerente, com a conseqüente inscrição no Cartório de Registro Civil competente; Protesta-se por todas as provas em direito admitidas, especialmente, o depoimento pessoal das partes sob pena de confissão; A realização dos exames necessários, genéticos, de sangue e outros das partes, provas estas indispensáveis para a obtenção de uma resposta segura; A oitiva de testemunhas a serem arroladas oportunamente, condenando o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência; 6 E, finalmente, o benefício da Justiça Gratuita, de acordo com a Lei 1.060/50. Dá-se à causa, somente para efeitos fiscais, o valor de R$ 2.000,00 (Dois mil reais). Termos em que, Pede Deferimento. Cachoeiras do Macacu/RJ, 02 de maio de 2008. ________________________________________ Alberto Moussallem Filho Advogado
Compartilhar