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Questionário AP 1 – Direito Romano 01 questão. ● As três características tradicionais são positivismo, conservadorismo e individualismo. O positivismo do Direito Romano desdobra-se em três características: ○ Seu caráter realista se deve ao fato de expressar em suas normas uma preocupação com a finalidade, com a efetivação do objetivo daquele regulamento, não se limitando a traçar apenas normas gerais. ○ Seu caráter pragmático se expressa por sua consonância com a realidade fática de seu tempo, sempre se atualizando através da interpretação dos juristas. ○ Seu caráter laico deve-se à separação entre o jus e o fas, distinguindo o direito profano do religioso, sendo a religião uma forma de expressão da personalidade humana, e não do Estado. ● O conservadorismo do Direito Romano se deve ao fato de não sofrer mudanças abruptas ou radicais enquanto esteve em vigor. Apesar de estar sempre em constante aperfeiçoamento, as transições entre os momentos políticos eram lentas e graduais, apenas adaptando o que já havia à nova realidade. ● O individualismo é a ênfase dada ao indivíduo pelo Direito Romano, o qual prestigia o interesse público e privado de forma equilibrada. Por exemplo, existiam amplos poderes sobre a propriedade. No entanto, esse individualismo não era extremo, podendo o direito à propriedade sofrer limitações em razão da utilidade pública. 02 questão. ● Para Girard, o direito imperial romano é dividido em duas fases, quais sejam, Principado ou Alto Império (27 a.C. a 284 d.C) e Monarquia Absoluta ou Baixo Império (284-565 d.C). ● No entanto, a classificação tradicional acredita ser mais correto incluir também um terceiro período, o Bizantino (565-1453 d.C), porque entende que a civilização bizantina é a continuação da civilização romana. ○ O alto império (27 a.C. a 284 d.C) se caracteriza pela diarquia, ou seja, o imperador ou o príncipe não governa sozinho, pois partilha o poder judiciário com o senado. A pessoa do príncipe é sagrada e inviolável, pois reúne em suas mãos poderes quase ilimitados, administrando as províncias imperiais, zelando pelo fisco, atuando como chefe das forças armadas e ainda parte do judiciário. As fontes do direito à época são: o costume, a lei, os senatosconsultos, os editos dos magistrados, as constituições imperiais e a respostas dos prudentes. ○ O baixo império (284-565 d.C) concentra os poderes nas mãos do soberano que governa sozinho, numa monarquia absoluta, sem interferência da autoridade do senado. Foram abolidas de vez as instituições republicanas, tornando o imperador absoluto, o qual invoca a vontade divina como fonte e inspiração de sua autoridade. A administração de concentra nas mãos do imperador, junto ao qual funcionava o conselho imperial para assuntos administrativos e judiciais. As fontes de direito se resumiam basicamente aos costumes, a lei escrita e a jurisprudência (doutrina). Nessa época foram feitas várias compilações de leis e doutrina, sendo algumas particulares e outras oficiais. ○ O período bizantino (565-1453 d.C) a partir daqui, não se pode falar, a rigor, em império romano e sim em império bizantino, devido a morte de Justiniano. O direito bizantino, em vigor nos países sujeitos à dominação bizantina, encontrou dificuldades de aplicação nos tribunais, e por esta razão foi adaptado e traduzido para o grego, língua cotidiana do novo império. Desta forma, apesar da proibição de Justuiniano em interpretar ou comentar sua obra legislativa, outras compilações e interpretações das leis foram surgindo, acompanhados de comentários e juristas da época. 03 questão. ● Chama-se realeza o período histórico em que Roma foi governada pelos reis, entre 753 a 510 a.C. Agrupam-se os habitantes de Roma em três categorias: plebeus, patrícios e clientes. ○ Os primeiros são os homens livres, descendentes de homens livres, liderados por um chefe onipotente denominado paterfamilias. ○ Os plebeus, habitam a cidade mas não participam de sua organização, em posição de inferioridade em relação aos patrícios, mas estão sob a proteção dos reis. No início não tinham direitos mas também não tinham deveres, o que foi flexibilizado posteriormente. ○ Os clientes, de origem diversas, são grupos de pessoas agregadas aos patrícios, vivendo sob a proteção do paterfamílias. São os estrangeiros, refugiados em Roma, ou escravos mantidos pelo pater. ● A organização política é composta pelo rei, senado e povo, sendo os integrantes dos poderes públicos de Roma. ○ Rei (rex): indicado por seu antecessor ou por um senador, é detentor de um poder absoluto, o imperium. ○ Senado (senatus): corpo consultivo, constituído por patrícios, nomeados pelo rei, sendo ouvido por este nos grandes negócios de Estado. É detentor da auctoritas, com a qual ratifica a lei votada pelo povo por iniciativa do rei. ○ Povo romano (populus romanus): é integrado por patrícios na idade de serviço militar e se reúnem em assembleias – os comícios curiatos. A lei, proposta pelo rei, é votada pelo populus, e ratificada pelo senado, sendo então denominadas leges curiatae. ● As fontes do direito romano nessa época são o costume e a lei, sendo a sociedade primordialmente regida pelos costumes do direito natural, os quais não possuem aparato estatal, legiferante e centralizador, daí se costuma dizer que havia de fato uma regência (um poder central) sem lei expressa e ou direitos clara e previamente expressados, ou, no dizer tradicional, é um período de "rex sine lege certa, sine jure certo". 04 questão. ● Na República, a figura do rei foi substituída pelo cônsul, o qual encarna a suprema magistratura. Eleitos em número de dois, anualmente, governam, revezando-se e fiscalizando o colega, que tem contra ele direito de veto. ● Os plebeus se tornaram parte do populus romanus e em razão disso foi criada a tribuna da plebe, e depois a figura do magistrado plebeu, invioláveis e sagrados e com direito de veto contra decisões a serem tomadas até mesmo pelos consules e senadores. ● As fontes do direito romano são o costume, a lei, o plebiscito, a interpretação dos prudentes e os editos dos magistrados. No entanto, os costumes deixam de ter primazia em virtude da incerteza que se revestem, começam a ser solidificados em forma de lei. ● Nesse sentido, foi criada a XII Tábuas ou Lex duodecim tabularum, cuja redação é precedida de muita resistência pelos patrícios e do senado. ○ Esta lei formava o cerne da constituição da República Romana e foi um misto de direito público, privado, sagrado e processual. ○ Aplica-se somente aos cidadãos romanos e tinha caráter tipicamente romano, com traços primitivos, práticos, concretos, imediatistas e violentos do povo romano. ○ É uma compilação doutrinária, formalizada entre 451 e 439 a.C., originada de decisões de turma de dez magistrados “decenviratos” , inscritas em tábuas de bronze ou madeira, e afixadas no átrio do fórum romano, até serem destruídas em 390 a.C por ataquegaulês. ○ O conteúdo da Lex XII realçava, dentre outros temas: a responsabilização objetiva, pela previsão de acordo prévio em caso de dano (Tabula VII), e a expropriação patrimonial pela pena pecuniária (“poena”) independente de delito público ou privado. 05 questão. ● É a junção de parte da República somado ao Alto império, se passando entre 130 a.C. a 230 d.C. ● A maior parte das inovações e aperfeiçoamentos do direito foi fruto da atividade dos magistrados e dos jurisconsultos que, em princípio, não podiam modificar as regras antigas, mas que introduziram revolucionárias modificações para atender às exigências práticas de seu tempo, de forma a suprir as lacunas das normas vigentes ou mesmo contrariá-las ou negá-las em todo. ● Estes magistrados eram os pretores e juristas: ○ Os pretores cuidavam da primeira fase do processo entre particulares, verificando as alegações e fixando os limites da contenda. Seu amplo poder de mando, denominado imperium, lhes dava discrição para negar ações propostas ou admitir ações até então desconhecidas pelo ius civile . Instruindo o pretor aos juristas sobre as particularidades da apreciação do caso, estes adaptavam as regras às novas exigências. Suas reformas e inovações pretendidas eram publicadas em editos, sendo este direito pretoriano intitulado ius honorarium. ○ Jurisconsultos: Juristas de renome que emitiam pareceres jurídicos sobre casos concretos. Entre as suas atividades, estavam: instruir as partes sobre como agirem em juízo e orientar os leigos nos negócios jurídicos. Com Augusto, alguns desses juristas, em seus pareceres sobre os casos, tinham a assinatura do próprio imperador romano. São os chamados jurisconsultos. O juíz era obrigado a decidir conforme o parecer dos jurisconsultos. Caso houvesse conflito entre dois pareceres contrários, o magistrado poderia escolher ● O resultado dessas experiências foi um corpo estratificado de regras que se codificaram, mas nunca equiparadas ao ius civile. 06 questão. ● O Período Arcaico (de VIII a. C a II a. C): o direito era costumeiro, privado e arraigado à religiosidade da época. O Estado só intervia em caso de guerras ou para punir crimes mais graves. O cidadão era visto como membro de uma família, sendo protegido pelo grupo que integrava. Teve como marco histórico a lei das XII Tábuas, a qual foi a transliteração do direito costumeiro vigente da época. ● Período clássico (de II a. C a III d. C): foi marcado pela atividade dos Pretores e dos Jurisconsultos romanos. Eles foram os responsáveis por tornar o direito do período arcaico mais adequado às novas formas. ● Período pós-clássico (de III d. C a VI d. C): aponta ao período da autoafirmação do Império e foi o período de consolidação jurídica para preservação das conquistas econômicas e territoriais. ● Justiniana (530-565 d.C.): realiza a "fase de recepção" do Direito Romano Vulgar com os direitos locais codificados através da compilação que foi apelidada de Corpus Juris Civilis, que foi como o Direito Romano foi preservado para ser a base de todo o Direito Ocidental que conhecemos hoje. 07 questão. ● O direito clássico se baseava na diversidade, pois tinha várias fontes (lex + mos + jurisprudentia); flexibilidade, pois buscava a finalidade da lei (summa ratio) através da Justiça ideal aplicável a cada caso concreto (equidade) e exclusividade, pois só dizia respeito ao cidadão romano e pelo prevalecia quando em conflito com direito estrangeiro. ● Já o direito pós-clássico se destacou pela autocracia, governo exercido por uma única pessoa, de poderes absolutos e ilimitados; elasticidade, pelo emprego do arbítrio como veículo da lex, pois a lei provinha da boca do príncipe (quod princeps voluit); e universalidade, pois abrangia também aos cidadãos estrangeiros, por meio do jus gentium com a extensão do território extra-roma. 08 questão. ● Jus: equivale ao direito profano, não ligado aos templos. Tem dois sentidos técnicos, quais sejam, norma agendi e facultas agendi. O primeiro trata-se do direito objetivo, preceito imposto pelo Estado a todos os homens. Já o segundo cuida do direito subjetivo, expresso pela faculdade, ou seja exigir garantia para a realização de seus interesses quando estes não se conflitam com os da sociedade. ● Fas: trata-se do direito religioso, sendo que fas vem de fala, pois era Direito falado, revelado pelas divindades. O fas é direito religioso, e encontra atuação, fundamentalmente, no campo do Direito Público, como são, por exemplo, as legis sacratae que tornaram invioláveis os tribunos da plebe. ● Aequitas: era uma justiça baseada na igualdade material. Depois de uma evolução passou a ser vista como uma tríade: igualdade, proporcionalidade e caridade. Significa justiça ideal ao caso concreto. ● Justitia: virtude, qualidade daquele que é justo, e justo é aquele que age de acordo com o Direito. Praticar a justiça é dar a cada um o que é seu, por direito. Vontade firme e perdurável de atribuir a cada um o seu direito – Ulpiano. ● Jurisprudentia: era a prudência (conhecimento e previsão das coisas que devem ser desejadas e das que devem ser evitadas) ou ciência do Direito. Era a decisão constante e uniforme dos tribunais. 09 questão. ● lex: é o direito escrito e promulgado que indica uma deliberação de vontade com efeitos obrigatórios, verdadeiras manifestações coletivas do povo, sendo as primeiras tomadas nos comícios, dos quais participavam apenas os cidadãos romanos, e as segundas por decisões da plebe, reunida sem os patrícios. ● mos (os costumes): fonte quase que exclusiva ao período arcaico e importantíssima a este, o costume é a observância constante, espontânea e universal de determinadas normas de comportamento humano na sociedade. Cícero o definiu como sendo aprovado, sem lei, pelo decurso de longuíssimo tempo e pela vontade de todos. Para Ulpiano, é o conhecimento tácito do povo, envelhecido por longo hábito. ● interpretatio prudentium (interpretação dos juristas, jurisconsultos): ● constitutiones imperiales: eram compostas pela interpretação legal do direito realizada pelo imperador, o qual atuava como uma espécie de poder constituinte, pois criava nova lei ou a atualizava.