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Rolim INSTITUIÇÕES DIREITO ROMANO

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 
Rolim, Luiz Antonio 
Instituições de direito romano / Luiz Antonio Rolim. - 2. ed. rev. - São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2003. 
ISBN 85-203-2386-3 
1. Direito romano I. Título. II. Série. 
03-0941 CDU-34(37) 
índices para catálogo sistemático: 1. Direito romano 34(37) 
LUIZ ANTONIO ROLIM 
INSTITUIÇÕES 
DE DIREITO 
ROMANO 
2. a edição revista 
Ri? EDITORA 
REVISTA DOS TRIBUNAIS 
INSTITUIÇÕES DE DIREITO ROMANO 
© desta edição: 2003 
E D I T O R A R E V I S T A D O S T R I B U N A I S L T D A . 
Diretor Responsável: CARLOS HENRIQUE DE CARVALHO FILHO 
Visite o nosso site: www.rt.com.br 
CENTRO DE ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR: Tel. 0800-11-2433 
e-mail de atendimento ao consumidor: sac@rt.com.br 
Rua do Bosque, 820 • Barra Funda 
Tel. (Oxxll) 3613-8400 • Fax (Oxxl 1) 3613-8450 
C E P 01136-000 - São Paulo, SP, Brasil 
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qual-
quer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, 
reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação to-
tal ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de 
processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da 
obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e 
parágrafos do Código Penal), com pena de prisão e multa, busca e apreensão e indenizações 
diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais). 
Impresso no Brasil (04 - 2003) 
ISBN 85-203-2386-3 
2. a edição revista 
LUIZANTON.OROL.M | 
/.««fíçãa- 2000. 
http://www.rt.com.br
mailto:sac@rt.com.br
A LEIA, 
minha esposa 
eFERNANDA, 
FÁBIO, 
CLÁUDIA 
e RENATA 
- meus filhos! 
"Só uma mínima parte daquilo que 
aconteceu e que foi dito foi também escrito; 
e só uma mínima parte do que foi 
escrito permaneceu." 
GOETHE 
SUMÁRIO 
LISTA DE ABREVIATURAS 25 
PRIMEIRA PARTE 
O DIREITO R O M A N O - HISTÓRIA E FONTES 
Introdução 29 
1. ÉPOCA DA REALEZA: PERÍODO DO DIREITO R O M A N O ARCAI-
CO - JUS CIVILE OU DIREITO QUIRITÁRIO 31 
1.1 Evolução sócio-política da Roma antiga 31 
1.1.1 A fundação de Roma 31 
1.1.2 A importância da religião na sociedade romana 33 
1.1.3 As diferentes classes sociais 35 
1.1.3.1 Os patrícios 35 
1.1.3.2 Os clientes 37 
1.1.3.3 Os plebeus 38 
1.1.3.4 Os escravos 38 
1.1.4 Instituições políticas da Realeza 39 
1.1.4.1 Ore i 39 
1.1.4.2 O senado romano 40 
1.1.4.3 As assembléias populares (comitia) 40 
1.2 O Direito Romano arcaico: jus civile ou direito quiritário 41 
1.2.1 A importância da classe sacerdotal 41 
1.2.1.1 O Colégio dos Augures 42 
1.2.2 O jus civile ou direito quiritário 43 
1.2.2.1 Direitos exclusivos dos patrícios 44 
1.2.2.2 O jus civile - um direito não escrito (jus non 
scríptum) 44 
1.3 Fontes do jus civile ou direito quiritário 45 
1.3.1 O costume 45 
1.3.2 As leis régias (leges regiaé) 45 
10 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
2 . É P O C A D A R E P Ú B L I C A : PERÍODO D O DIREITO R O M A N O 
PRÉ-CLÁSSICO - DIREITO PRETORIANO E DIREITO DAS GEN-
TES 47 
2.1 Evolução sócio-política de Roma na República 47 
2.1.1 Instituições político-administrativas 47 
2.1.1.1 Magistratura ordinária 48 
2.1.1.2 Magistratura extraordinária 51 
2.1.1.3 O senado romano 52 
2.1.1.4 As assembléias populares (comitia) 52 
2.2 O Direito Romano no período da República: o direito pretoriano ou 
direito honorário 53 
2.2.1 O direito pretoriano 53 
2.2.2 O direito das gentes (jus gentium) 55 
2.3 Fontes do Direito Romano pré-clássico 56 
2.3.1 O costume 56 
2.3.2 A Lei das XII Tábuas 56 
2.3.2.1 O descontentamento dos plebeus 57 
2.3.2.2 Tribuno da plebe 62 
2.3.3 As leis comiciais 63 
2.3.4 Edito dos magistrados 64 
2.3.5 Senatos-consultos 65 
2.3.6 Plebiscito 65 
2.3.7 lurisprudência 65 
3 . ÉPOCA DO IMPÉRIO: PERÍODO DO DIREITO R O M A N O C L Á S -
SICO - DIREITO JURISPRUDENCIAL 68 
3.1 Período do Principado (de 27 a.C. a 284 d.C.) 68 
3.1.1 Evolução sócio-política 68 
3.1.2 Instituições político-administrativas do Principado 70 
3.1.2.1 O príncipe 70 
3.1.2.2 A magistratura 71 
3.1.2.3 O senado 72 
3.1.2.4 As assembléias populares (comitia) 72 
3.2 O direito jurisprudencial 72 
3.2.1 Jus respondendi ex auctoritate principis 73 
3.2.2 Jurisconsultos famosos 73 
3.2.3 Escolas doutrinárias 74 
3.3 Fontes do Direito Romano no Principado 74 
3.3.1 O costume 74 
S U M Á R I O 11 
O DIREITO CODIFICADO 86 
4.1 Codificações pré-justinianéias 87 
4.1.1 Codificações particulares 87 
4.1.1.1 Fragmenta Vaticana 87 
4.1.1.2 Collatio legum mosaicarum et romanarum 
(Comparação das leis romanas e mosaicas) 87 
4.1.1.3 Livro de direito siro-romano 88 
4.1.1.4 Consultado veteris cuiusdamjurisconsulti (Re-
pertório de consultas dadas por um antigo 
jurisconsulto) 88 
4.1.1.5 Código Gregoriano (Codex Gregorianus) 88 
4.1.1.6 Código Hermogen iano {Codex Hermoge-
nianus) 88 
4.1.2 Codificações oficiais 88 
4.1.2.1 Código Teodosiano {Codex Theodosianus) 89 
4.1.2.2 Leis romanas "bárbaras" 89 
4.2 Codificação justinianéia 90 
4.2.1 O Corpus Júris Civilis 91 
3.3.2 A l e i 75 
3.3.3 As constituições imperiais (constitutiones) 75 
3.3.3.1 Rescripta (reescritos) 75 
3.3.3.2 Decretum 76 
3.3.3.3 Editos imperiais 76 
3.3.3.4 Mandata (mandatos) 76 
3.3.4 Senatos-consultos 76 
3.3.5 Editos dos magistrados 76 
3.3.6 Jurisprudência 77 
3.4 A influência grega no Direito Romano 77 
3.4.1 A influência de Aristóteles 79 
3.5 Período do Dominato (de 284 a 565 d.C.) 81 
3.5.1 Evolução sócio-política 81 
3.5.2 Instituições políticas do Dominato 83 
3.5.2.1 Cargos da magistratura 83 
3.5.2.2 O senado 84 
3.5.2.3 As assembléias populares 84 
3.5.3 Fontes do Direito Romano no período do Dominato 84 
3.5.3.1 Constituições imperiais (leges) 84 
3.5.3.2 Jurisprudência 84 
3.5.3.3 Costume 85 
12 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
4.2.1.1 O novo Código de Justiniano ou Codex Vetus 
(Código Velho) 91 
4.2.1.2 Quinquaginta decisiones (Cinqüenta decisões) 92 
4.2.1.3 O Digesto ou Pandectas 92 
4.2.IA As Instituías ou Instituciones 93 
4.2.1.5 O Código novo (Codex Justinianus repetitae 
praelectionis) 94 
4.2.1.6 As Novelas 94 
4.3 As grandes invasões 95 
5. O DIREITO ROMANO PÓS-CLÁSSICO (476 a 1453 d.C.) 96 
5.1 A Idade Média no Império Romano do Oriente 96 
5.1.1 O direito jus t inianeue o direito bizantino 96 
5.1.2 Paráfrase de Teófilo (Paraphrasis Institutionum) 97 
5.1.3 Egloga legum compendiaria 97 
5.1.4 As Basílicas 97 
5.2 A Idade Média no Ocidente 98 
5.2.1 A decadência do Direito Romano 98 
5.2.1.1 O desvirtuamento do latim clássico 99 
5.2.1.2 O Direito Romano e o direito "bárbaro" 100 
5.2.1.3 Tentativa de Justiniano 101 
5.2.2 O direito medieval: o costume do feudo 102 
5.2.2.1 Os ordálios ou juízos de Deus 103 
5.2.3 A influência da Igreja 105 
5.2.3.1 A influência de Santo Agostinho no Direito Ro-
mano 107 
5.2.3.2 A Igreja na Idade Média 107 
5.2.3.3 O direito canónico 108 
6. O RENASCIMENTO DO DIREITO ROMANO 110 
6.1 Renascimento do Direito Romano na Europa ocidental 110 
6.1.1 Escola dos Glosadores ou de Bolonha 111 
6.1.2 Escola dos Pós-glosadores (Bartolistas) 113 
6.1.3 A presença de Santo Tomás de Aquino no renascimento 
do Direito Romano 113 
6.1.3.1 Guilherme de Ockham (1290-1349) 114 
6.2 O "segundo" renascimento do Direito Romano 114 
6.2.1 Fontes do direito no Absolutismo 116 
6.2.2 Escola Humanista 116 
6.2.3 Escola dos Práticos (séculos XVI e XVII) 117 
S U M Á R I O 13 
SEGUNDA PARTE 
INSTITUIÇÕES DO DIREITO R O M A N O 
CONCEITO DE DIREITO (JUS) 129 
1.1 Conceito de direito 129 
1.2 Ojuseofas 130 
1.3 Dias fastos e dias nefastos 130 
1.4 O conceito de justiça 131 
1.5 Direito objetivo e direito subjetivo 131 
1.6 Classificaçãodo direito objetivo 131 
1.6.1 Quanto à forma: jus scríptum e jus non scriptum 131 
1.6.2 Quanto ao interesse: direito público e direito privado 132 
1.6.2.1 Jus civile (direito civil) e direito pretoriano ou ho-
norário 132 
1.6.2.2 Direito das gentes (jus gentium) 133 
1.6.2.3 Direito natural (jus naturale) 133 
DIREITO DAS PESSOAS 135 
2.1 Pessoa física ou natural. Conceito 135 
2.1.1 Pressuspostos de existência da pessoa natural 135 
2.1.2 Os direitos do nascituro 136 
2.1.3 Extinção da pessoa física 137 
2.1.4 Capacidade jurídica e capacidade de fato 138 
2.1.5 Causas restritivas da capacidade de fato 138 
2.1.5.1 A idade 138 
2.1.5.2 O sexo 139 
2.1.5.3 Enfermidades físicas e mentais 140 
2.1.5.4 Prodigalidade 141 
2.1.5.5 Outras causas restritivas da capacidade de fato .. 141 
6.2.4 Escola de Direito Natural (Escola Naturalista ou Jusnatu-
ralista) 117 
6.2.5 Escola Histórica (princípios do século XIX) 118 
6.2.6 Escola de Pandectas ou Romanistas (século XIX) 118 
A RECEPÇÃO DO DIREITO R O M A N O PELOS DIREITOS NACIO-
NAIS 119 
7.1 A recepção do Direito Romano no Ocidente 119 
7.2 A recepção do Direito Romano pelo direito português 122 
7.3 A recepção do Direito Romano pelo direito brasileiro 125 
14 INSTITUIÇÕES DE DIREITO R O M A N O 
3. O STATUS NO DIREITO ROMANO: O STATUS LIBERTATIS 142 
3.1 O status no Direito Romano 142 
3.2 Status libertatis. Conceito 142 
3.3 A escravidão 143 
3.3.1 Causas da escravidão 143 
3.3.2 Outras causas de escravidão 144 
3.4 Situação dos escravos libertos 144 
3.4.1 Obsequium 145 
3.4.2 Operae 145 
3.5 Manumissão ou alforria 145 
3.5.1 Formas solenes de manumissão 146 
3.5.1.1 Pervindicta 146 
3.5.1.2 Pelo censo 146 
3.5.1.3 Por testamento 146 
3.5.2 Formas não solenes de manumissão 146 
3.5.2.1 Inter amicus 147 
3.5.2.2 Per epistolam 147 
3.5.2.3 Per mensam 147 
3.5.2.4 In sacrosanctis ecclesiis 147 
3.5.2.5 Pileum 147 
3.6 Estados de quase-servidão 147 
3.6.1 Addictus 148 
3.6.2 Colonos 148 
3.6.3 Redemptus 148 
3.6.4 Auctoratus 148 
3.6.5 Pessoas in mancipio 149 
3.6.6 Homoliberbonafi.de serviens 149 
4. STATUS CIVITATIS - A CIDADANIA ROMANA 150 
4.1 Status civitatis. Cidadania romana. Conceito 150 
4.1.1 Peregrinos 150 
4.1.2 Latinos 151 
4.2 Aquisição do status civitatis 152 
4.3 Perda do status civitatis 153 
5. STATUS FAMILIAE 154 
5.1 Status familiae e a família romana. O status familiae na sociedade 
romana 154 
5.2 As pessoas sui júris e alieni júris 155 
http://Homoliberbonafi.de
S U M Á R I O 15 
5.3 Parentesco. Agnatos e cognatos 156 
6. CAPITIS DEMINUTIO 157 
6.1 Capitis deminutio. Conceito 157 
6.2 Capitis deminutio máxima 157 
6.3 Capitis deminutio media 158 
6.4 Capitis deminutio minima 158 
7. O CASAMENTO NO DIREITO ROMANO 159 
7.1 O casamento no Direito Romano. Histórico 159 
7.2 Espécies de casamento: cum manu e sine manu 160 
7.2.1 Casamento cum manu 160 
7.2.1.1 Confarreatio 160 
7.2.1.2 Coemptio 161 
7.2.1.3 usus 161 
7.2.2 Casamento sine manu 161 
7.3 As esponsálias (sponsalia) 162 
7.3.1 Arras esponsalícias (arrhae sponsaliciae) 162 
7.4 Requisitos para o casamento 163 
7.4.1 Jus connubium 163 
7.4.2 Puberdade 163 
7.4.3 Consentimento 163 
7.5 Impedimentos matrimoniais 164 
7.5.1 Impedimentos absolutos 164 
7.5.2 Impedimentos relativos 164 
7.6 O matrimônio nos primeiros séculos da Era Cristã 165 
7.6.1 Alterações introduzidas por Justiniano 165 
7.7 Dissolução do casamento 165 
7.7.1 Dissolução do casamento cum manu 166 
7.7.2 Dissolução do casamento sine manu 166 
7.8 O repúdio 166 
7.9 O divórcio 167 
7.9.1 O divórcio no direito justinianeu 168 
7.9.1.1 Divórcio por mútuo consentimento (communi 
consensú) 169 
7.9.1.2 Divórcio unilateral ou por justa causa 169 
7.9.1.3 Divórcio bona gratia 169 
7.9.1.4 Repúdio sem justa causa (repudium sine justa 
causa) 169 
INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
TUTELA 170 
8.1 Tutela. Conceito 170 
8.2 Espécies de tutela 172 
8.2.1 Tutela legítima 172 
8.2.2 Tutela testamentária 172 
8.2.3 Tutela dativa ou honorária 172 
8.3 Poderes e deveres do tutor 172 
CURATELA 173 
9.1 Curatela. Conceito • 173 
9.2 Causas da curatela 173 
9.2.1 Loucos de todo o género ¡ 173 
9.2.2 Pródigos 174 
9.3 Poderes e deveres do curador 174 
9.4 Curatela dos menores de vinte e cinco anos 175 
9.5 Outras formas de curatela 175 
9.6 A venia aetatis 175 
PESSOAS JURÍDICAS 177 
10.1 Pessoas jurídicas. Conceito 177 
10.2 Universitas personarum 178 
10.2.1 Universitas personarum de direito público 178 
10.2.2 Universitas personarum de direito privado 178 
10.3 Universitas rerum - Conjunto ou agrupamento de coisas (bens) 179 
10.4 Herança jacente (hereditas jacens) 179 
DIREITO DAS COISAS 180 
11.1 Conceito de coisa (res) 180 
11.2 Classificação 180 
11.2.1 Res extra patrimonium 180 
11.2.1.1 Res divini júris 180 
11.2.1.2 Res humani júris 181 
11.2.2 Res in patrimonio 181 
11.2.2.1 Resmancipi 181 
11.2.2.2 Res nec mancipi 181 
11.2.2.3 Res corporales 182 
11.2.2.4 Res incorporales 182 
11.2.2.5 Res mobiles (coisas móveis) 182 
11.2.2.6 Res immobiles (coisas imóveis) 182 
11.2.2.7 Resfungibiles (coisas fungíveis) 182 
S U M Á R I O 17 
11.2.2.8 Res infungibiles (coisas infungíveis) 182 
11.2.2.9 Res divisibiles (coisas divisíveis) 182 
11.2.2.10 Res indivisibiles (coisas indivisíveis) 183 
11.2.2.11 Res principales (coisas principais) 183 
11.2.2.12 Res accessorias (coisas acessórias) 183 
12. DIREITOS REAIS SOBRE COISAS PRÓPRIAS. O DIREITO DE PRO-
PRIEDADE 184 
12.1 Propriedade. Conceito. Histórico 184 
12.2 Espécies de propriedade 185 
12.2.1 Propriedade quiritária (dominium ex jure quiritium) 185 
12.2.2 Propriedade pretoriana ou bonitária 186 
12.2.3 Propriedade provincial 186 
12.2.4 Propriedade peregrina 187 
12.3 A propriedade no direito justinianeu 187 
12.4 Direitos inerentes ao direito de propriedade 187 
12.4.1 Jus utendi ou usus 187 
12.4.2 Jusfruendi 188 
12.4.3 Jus disponendi (jus abutendi) 188 
12.5 Propriedade e domínio 188 
12.6 Limitações ao direito de propriedade 189 
12.6.1 Limitações de interesse público 189 
12.6.2 Limitações de interesse privado 189 
12.7 Condomínio. Co-propriedade 189 
13. M O D O S DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE 191 
13.1 Modos convencionais de aquisição da propriedade 191 
13.1.1 Mancipatio (mancipação) 191 
13.1.2 ln jure cessio (cessão em juízo ou abandono da coisa peran-
te o juiz) 192 
13.1.3 Tfàdiçâo (iraditiò) 192 
13.2 Modos não convencionais de aquisição da propriedade 194 
13.2.1 Ocupação 194 
13.2.1.1 Resnullius 194 
13.2.1.2 Resderelicta 195 
13.2.2 Acessão 195 
13.2.2.1 Acessão entre coisas móveis 196 
13.2.2.2 Acessão de móveis a imóveis 196 
13.2.2.3 Acessão de coisas imóveis entre si 197 
18 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
13.2.3 Especificação 198 
13.2.4 Adjudicação : 198 
13.2.5 Usucapião 199 
13.2.5.1 Requisitos para a usucapião 199 
13.2.5.2 A praescríptio longi temporis 200 
13.2.5.3 A praescríptio longissimi temporis 200 
13.2.6 A defesa da propriedade 201 
13.2.6.1 Ação reivindicatória (reivindicatio) 201 
13.2.6.2 Ação negatoria (actio negatoria) 202 
13.2.6.3 Cautio damni infecti 202 
13.2.6.4 Operis novi nunciatio (nunciação de obra 
nova) 202 
13.2.6.5 A interdictum quod vi aut clam 202 
14. POSSE 203 
14.1 Conceito de posse 203 
14.2 Elementos da posse 204 
14.3 Modalidades de posse 204 
14.3.1 Posse natural (possessio naturalis) 204 
14.3.2 Posse civil (possessio civilis) 204 
14.3.3 Posse pelos interditos (possessio ad interdicta) 205 
14.4 Aquisição da posse 205 
14.5 Perda da posse 205 
14.6 Proteção da posse 206 
14.6.1 Interditos de manutenção da posse 206 
14.6.1.1 Interdito uti possidetis 206 
14.6.1.2 Interdito utrubi 206 
14.6.2 Interditos de recuperação da posse 207 
14.6.2.1 Interdito unde vi 207 
14.6.2.2 Interdito de clandestina possessione 207 
14.6.2.3 Interdito de precario 207 
15. DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA 20815.1 Histórico e conceito 208 
15.2 Servidões prediais: Conceito. Classificação 208 
15.2.1 Servidões prediais urbanas (Servitutespraediorum urba-
norum) 209 
15.2.2 Servidões rústicas 209 
15.2.2.1 Servidão de passagem 210 
S U M Á R I O 19 
15.2.2.2 Servitus aquaeductus 210 
15.2.2.3 Servitus aquae hauriendae 210 
15.2.2.4 Servitus arena fondiendae 210 
15.3 Servidões pessoais. Conceito. Classificação 210 
15.3.1 Usufruto 210 
15.3.2 Uso 211 
15 .33 Habitação 211 
15.3.4 Serviços de escravos e de animais 211 
15.4 Superfície 211 
15.5 Enfiteuse 212 
15.5.1 Direitos e deveres do enfiteuta 212 
16. DIREITOS REAIS DE GARANTIA SOBRE COISA ALHEIA 214 
16.1 Alienação fiduciária (fiducia cum creditore) 214 
16.2 Penhor 214 
16.3 Hipoteca 215 
16.3.1 Pluralidade de credores hipotecários 216 
17. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 217 
17.1 Conceito de obrigação 217 
17.2 Elementos essenciais das obrigações 218 
17.3 Modalidades de obrigações 218 
17.3.1 Obrigação de dar (dare) 218 
17.3.2 Obrigação de fazer ifacere) 219 
17.3.3 Obrigação de não fazer (nonfacere) 219 
17.3.4 Obrigação de prestar (praestare) 219 
17.4 Fontes das obrigações 219 
18. OS CONTRATOS NO DIREITO ROMANO. OBRIGAÇÕES QUE SE 
ORIGINAM DOS CONTRATOS 220 
18.1 Os contratos no Direito Romano arcaico 220 
18.1.1 Nexum 220 
18.1.2 Sponsio 221 
18.2 Classificação dos contratos 221 
18.2.1 Contratos verbais 221 
18.2.1.1 Stipulatio 221 
18.2.1.2 Dotisdictio 222 
18.2.1.3 Promissio jurata Uberti 222 
18.2.2 Contratos literais 222 
18.2.2.1 Nomina transcripticia 222 
2 0 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
18.2.2.2 Chirographum 223 
18.2.2.3 Syngraphum 223 
18.2.2.4 Contratos reais 223 
18.2.2.5 Contratos consensuais 223 
18.2.2.6 Contratos inominados 223 
18.3 Elementos de validade dos contratos 224 
19. CONTRATOS REAIS 225 
19.1 Conceito de contratos reais 225 
19.2 Mútuo 225 
19.2.1 Casos especiais de mútuo 226 
19.3 Comodato 227 
19.4 Depósito 227 
19.4.1 Modalidades de depósito 227 
19.4.1.1 Depósito necessário 228 
19.4.1.2 Depósito irregular 228 
19.4.1.3 Depósito-seqüestro 228 
19.5 Penhor 229 
19.6 Fidúcia 229 
19.6.1 Fiducia cum creditore 229 
19.6.2 Fiducia cum amicum 229 
20. CONTRATOS CONSENSUAIS 230 
20.1 Conceito 230 
20.2 Contrato de compra e venda 230 
20.2.1 Elementos do contrato de compra e venda 231 
20.2.1.1 A coisa objeto da transação 231 
20.2.1.2 O preço (pretium) 231 
20.2.1.3 O consentimento das partes 232 
20.2.2 Arras ou sinal 232 
20.2.3 Obrigações do vendedor 232 
20.2.4 Pactos adjetos ao contrato de compra e venda 233 
20.2.4.1 Pacto comissório (lex commisoria) 233 
20.2.4.2 Pacto de adjudicação ipactum in diem addictio). 233 
20.2.4.3 Pacto de preferência (pactumprothymeseos)... 233 
20.2.4.4 Pacto a prova {pactum displicentiae) 234 
20.2.4.5 Pacto de retrovenda (pactum de retrovendendó) 234 
20.3 Contrato de locação. Conceito e espécies 234 
20.3.1 Locação de coisas (locatio rei) 234 
S U M Á R I O 2 1 
20.3.2 Locação de serviços (locatio operarum) 235 
20.3.3 Locação de obra (locatio operis facienti) 235 
20.4 Contrato de sociedade. Conceito 235 
20.4.1 Elementos do contrato de sociedade 236 
20.4.2 Extinção do contrato de sociedade 236 
20.5 Contrato de mandato 236 
20.5.1 Obrigações do mandatário 237 
20.5.2 Extinção do mandato 237 
2 1 . CONTRATOS INOMINADOS 238 
21.1 Conceito 238 
21.2 Classificação 239 
21.3 Contrato de permuta 239 
21.4 O aestimatium ou contrato estimatório 239 
21.5 O precarium ou contrato de precário 240 
21.6 Transação 240 
22. PACTOS 241 
22.1 Conceito de pactos. Espécies 241 
22.2 Pactos pretorianos (pacta praetoria) 242 
22.2.1 Recepta 242 
22.2.2 Pacto de juramento 242 
22.2.3 Pacto de constituto 243 
22.3 Pactos legítimos. Conceito 243 
22.3.1 Pacto de compromisso (compromissum) 243 
22.3.2 Promessa de doação (pactum donationis) 243 
22.3.3 Promessa de dote (pactum dotis) 243 
22.4 Pactos adjetos. Conceito 243 
23. OS QUASE-CONTRATOS 244 
23.1 Quase-contratos. Conceito 244 
23.2 Espécies de quase-contratos 245 
23.2.1 Gestão de negócios (negotiorum gestio) 245 
23.2.2 Enriquecimento injusto 246 
23.2.2.1 Condictio. Modalidades de ação 246 
23.2.3 Comunhão acidental (communio incidens) 247 
23.2.4 A administração da tutela e da curatela 247 
24. O DELITO E O QUASE-DELITO COMO FONTES DE OBRIGAÇÕES . 248 
24.1 Delito. Conceito e espécies 248 
22 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
24.2 Delitos públicos 249 
24.3 Delitos privados 249 
24.3.1 Características dos delitos privados 250 
24.3.2 Espécies de delitos privados previstos pelo jus civile 250 
24.3.2.1 Furto 250 
24.3.2.2 Rapina 251 
24.3.2.3 Damnum injuria datum 251 
24.3.2.4 Injúria 252 
24.3.3 Espécies de delitos privados previstos pelo direito preto-
riano 253 
24.3.3.1 Violência 253 
24.3.3.2 Dolo 253 
24.3.3.3 Fraude contra credores 253 
24.3.4 Quase-delito. Conceito. Obrigações dele decorrentes 254 
25. INEXECUÇÃO DE OBRIGAÇÕES 256 
25.1 Inexecução de obrigações por dolo 256 
25.2 Inexecução por culpa 257 
25.3 Modalidades de culpa 257 
25.4 Caso fortuito e força maior 258 
25.5 Mora 258 
26. GARANTIAS DE EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 259 
26.1 Garantia pessoal. Conceito 259 
26.2 Espécies de obrigações pessoais 260 
26.2.1 Adstipulatio 260 
26.2.2 Fiança (adpromissio) 260 
26.2.2.1 Sponsio 260 
26.2.2.2 Fideipromissio 260 
26.2.2.3 Fideijussio 261 
26.3 Outras modalidades de garantia pessoal 261 
26.3.1 Mandatum pecuniae credendae 261 
26.3.2 Pacto de constituto de dívida alheia (debiti aliení) 261 
26.3.3 Cláusula penal 261 
26.4 Arras (arrha) 262 
27. TRANSMISSÃO DE OBRIGAÇÕES 263 
27.1 Conceito e histórico 263 
27.2 Formas de transmissão de obrigações 263 
27.2.1 Novação por substituição do credor 263 
S U M Á R I O 2 3 
27.2.2 Mandatum in rem suam 264 
28. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 265 
28.1 Conceito 2 6 5 
28.2 Modos de extinção das obrigações ipso jure 265 
28.2.1 Solutioper aes et libram 266 
28.2.2 Acceptilatio 266 
28.2.3 Pagamento (solutio) 266 
28.2.4 Dação em pagamento (beneficium dationis in solutum).... 266 
28.2.5 Consignação em pagamento (obsignatio) 267 
28.2.6 Novação (novatio) 267 
28.3 Modos de extinção das obrigações exceptionis ope 268 
28.3.1 Compensação 268 
28.3.2 Transação 269 
28.3.3 Pacto de não pedir 269 
28.3.4 Praescriptio longi temporis 269 
29. DIREITO DAS SUCESSÕES 270 
29.1 Histórico do direito das sucessões 270 
29.2 Sucessão testamentária 270 
29.2.1 O testamento no jus civile 271 
29.2.2 Espécies de testamento no jus civile 271 
29.2.2.1 Testamentum calatis comitiis 271 
29.2.2.2 Testamentum in procinctu 271 
29.2.2.3 Testamentum per aes et libram 272 
29.2.3 O testamento no direito pretoriano 272 
29.2.3.1 Testamento pretoriano 273 
29.2.3.2 Testamento hológrafo 273 
29.2.4 O testamento no direito justinianeu 273 
29.2.5 Condições de validade dos testamentos 273 
29.2.6 Capacidade jurídica do herdeiro 273 
29.2.7 A instituição do herdeiro 274 
29.2.8 A substituição do herdeiro 274 
29.2.9 Invalidade dos testamentos 275 
29.2.10 Liberdade para testar 275 
29.3 Codicilo 276 
29.4 Colação 276 
29.5 Legados 276 
29.5.1 Formas de legado 277 
24 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
29.5.1.1 Legado per vindicationem 277 
29.5.1.2 Legado per damnationem 277 
29.5.1.3 Legado per praeceptionem 277 
29.6 Herança jacente 277 
29.7 Herança vacante 277 
29.8 Monte ou espólio 278 
30. SUCESSÃO LEGÍTIMA OU AB INTESTATO 279 
30.1 Conceito 279 
30.2 A sucessão legítima no jus civile 279 
30.2.1 Heredessui 280 
30.2.2 Agnados 280 
30.2.3 Gentiles (gentis) 281 
30.3 Sucessão legítima no direito pretoriano 281 
30.3.1 Bonorum possessio unde liberi 281 
30.3.2 Bonorum possessio unde legitimi 281 
30.3.3 Bonorum possessio unde cognati 281 
30.3.4 Bonorum possessio unde vir et uxor 282 
30.4 Sucessão legítima no período do Dominato 282 
30.5 Sucessão legítima no direito justinianeu 282 
30.5.1Descendentes 283 
30.5.2 Ascendentes 283 
30.5.3 Colaterais privilegiados 283 
30.5.4 Colaterais ordinários 283 
30.5.5 O cônjuge sobrevivente 283 
BIBLIOGRAFIA •••• 285 
LISTA DE ABREVIATURAS 
C.ouC.I - Código Justiniano 
D. ou Dig. - Digesto ou Digesta 
Fr. Vat. - Fragmentos do Vaticano 
G. - Gaio 
I. ou Inst. - Instituías ou Institutiones 
Paul - Paulo 
Post. - Póstumo 
Pomp. - Pompônio 
Pr. - Proêmio 
Ulp. - Ulpiano 
PRIMEIRA PARTE 
O DIREITO ROMANO 
- HISTÓRIA E FONTES 
Introdução 
1. Época da Realeza: período do Direito Romano arcaico - jus 
civile ou direito quiritário 
2. Época da República: período do Direito Romano pré-clássi-
co - direito pretoriano e direito das gentes 
3. Épocado Império: período do Direito Romano clássico-di-
reito jurisprudencial 
4. O direito codificado 
5. O Direito Romano pós-clássico (476 a 1453 d.C.) 
6. O renascimento do Direito Romano 
7. A recepção do Direito Romano pelos direitos nacionais 
INTRODUÇÃO 
É impossível dissociar o direito da História: ambos caminham jun-
tos, interligados, entrelaçados pelas mais variadas mutações da vida em 
sociedade. O direito, essencialmente dinâmico, adapta-se sempre às trans-
formações sócio-político-culturais havidas no decorrer da história do 
homem. 
Durante os vinte e dois séculos de sua vigência (de 753 a.C. até 1453 
d.C.) o Direito Romano não permaneceu imutável em seus princípios ou 
invariável em seus fundamentos, mas passou por inúmeras transformações: 
o Direito Romano do período da Realeza (jus civile) não foi o mesmo que 
vigorou na época da República (direito pretoriano), no Império (o direito 
jurisprudencial) ou após Justiniano (o direito justinianeu e direito bizanti-
no) . Seus princípios e normas foram se amoldando às circunstâncias de cada 
época. Pode-se, portanto, afirmar que não existe apenas um Direito Roma-
no mas diversos, cada qual com suas características próprias.* 
Não há, pois, um critério único, fixo e preestabelecido para o estudo 
de suas fontes e instituições. 
Nesse nosso trabalho, com o intuito de apresentarmos o tema de uma 
forma que julgamos mais didática, analisamos, por primeiro, as mutações 
sócio-político-culturais do povo romano nos diversos períodos de sua his-
tória, entrelaçando-as, ao depois, com o estudo das fontes e o desenvolvi-
mento do direito propriamente dito, nos mesmos períodos. Assim, numa 
análise sincrónica, dividimos esse nosso trabalho em três grandes perío-
dos da história romana: 
n "Não se pode confundir a sociedade e a cidade-estado arcaica com a vida polí-
tica e civil da Roma de Augusto ou de Justiniano. Não se pode confundir o di-
reito civil antiquíssimo com o pretoriano ou imperial, ou os juristas-sacerdotes, 
inventores e intérpretes de rígidas fórmulas negociais e processuais, com os 
jurisconsultos tardo-republicanos e 'clássicos' ou com os professores de Berito". 
BRETONE, Mario. História do direito romano. Lisboa : Editorial Estampa, 
1990. p . 3 1 . 
30 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
I — Período do Direito Romano arcaico 
Época da Realeza (de 753 a 510 a.C.) 
II - Período do Direito Romano pré-clássico 
Época da República (de 510 a 27 a.C.) 
III - Período do Direito Romano clássico 
1 - Época do Principado (de 27 a 284 d.C.) 
2 - Época do Dominato (de 284 a 565 d.C.) 
IV - Período do direito justinianeu e direito bizantino 
(de 565 a 1453 d.C. - de Justiniano até a queda de Constanti-
nopla). 
ÉPOCA DA REALEZA: 
PERÍODO DO DIREITO 
ROMANO ARCAICO -JUS CIVILE 
OU DIREITO QUIRITÁRIO 
SUMÁRIO: 1.1 Evolução sócio-política da Roma antiga: 1.1.1 A funda-
ção de Roma; 1.1.2 A importância da religião na sociedade romana; 1.1.3 
As diferentes classes sociais; 1.1.4 Instituições políticas da Realeza - 1.2 
O Direito Romano arcaico: jus civile ou direito quiritário: 1.2.1 A impor-
tância da classe sacerdotal; 1.2.2 Oyitóriví/e ou direito quiritário - 1 . 3 Fontes 
âojuscivile ou direito quiritário: 1.3.1 Ocostume; 1.3.2 As leis régias (leges 
regiae). 
1.1 Evolução sócio-política da Roma antiga 
1.1.1 A fundação de Roma 
Inexistem elementos convincentes que possam reproduzir de forma 
exata a realidade histórica da fundação de Roma, pois desse importante fato 
não restaram documentos ou textos escritos. O que dele sabemos foi obti-
do através de tradições literárias livres, transmitidas oralmente no decor-
rer dos séculos. "Só uma mínima parte daquilo que aconteceu e que foi dito 
foi também escrito; e só uma mínima parte do que foi escrito permaneceu", 
nos diz Goethe.1 
Conta a lenda que, em meados do ano 1184 a.C, Enéias, filho da deusa 
Vénus e de Anquises, último rei de Tróia, chegou à região do Lácio e lá se 
estabeleceu, instaurando um regime monárquico. Um de seus descenden-
tes, o rei Numitor, teve uma filha, Réia Sílvia, que se casou com o deus Marte, 
<" GOETHE. Maximen und Reflexionen (910). Werke 12. 6. ed., Hamburg, 1967. 
p. 494. 
32 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
tendo com ele dois filhos: Rómulo e Remo. Por intrigas de Amúlio, um tio-
avô usurpador da coroa, ambos foram abandonados nas águas do rio Tibre 
e recolhidos por uma loba, que, carregando-os para uma gruta conhecida 
como lupecal, situada no monte Palatino, amamentou-os durante um certo 
período, salvando-os, assim, da morte certa. Algum tempo depois, um ca-
sal de pastores, Faustulus e Aca Larentia, encontrou as duas crianças e pas-
sou a criá-las como se filhos fossem, até a adolescência. Os gêmeos, então 
fortes e vigorosos, foram à procura de Amúlio, o rei usurpador, mataram-
no e devolveram a coroa ao tio-avô Numitor. Este, em gratidão, os recom-
pensou com uma grande área de terras situadas na região do Monte Palatino, 
onde Rómulo fundou Roma. 
Um dia Rómulo estava construindo um muro para proteger a cidade e 
Remo, passando pelo local, achou que aquele muro não suportaria nem 
mesmo uma simples chuva, e passou a rir da precariedade da construção 
do irmão. Rómulo não gostou da brincadeira e, irado, matou Remo: sem 
nenhum outro competidor mais sério, tornou-se depois o primeiro rei de 
Roma. Já no poder, aos poucos foi conquistando toda a região vizinha e 
promoveu o famoso "rapto das sabinas" porque faltavam mulheres em sua 
comunidade. Depois de algum tempo desapareceu, arrebatado aos céus 
durante uma tempestade, transformando-se no deus Quirino ou Quirites, 
protetor de todos os romanos. Esta é a romanesca história criada pela tradi-
ção literária para explicar as origens sobrenaturais da cidade de Roma e de 
seus primeiros habitantes. 
A tradição histórica, entretanto, aponta para outra origem bem dife-
rente: pastores oriundos da região do Rio Danúbio se estabeleceram na 
peninsula itálica, numa pequena planície delimitada a oeste pelo mar 
Tirreno, a leste pelos Apeninos, ao norte pelo Rio Tibre e, ao sul, pelos 
Montes Albanos: a região do Lácio. A região era circundada por sete coli-
nas denominadas Quirinal, Viminal, Capitolino, Célio, Esquilino, Monte 
Palatino e Monte Aventino. Ali se instalou a pequena população latina que 
passou a conviver com pastores seminômades que já habitavam o local, 
dentre os quais os sabinos. Construíram as suas cabanas inicialmente no 
topo de uma das colinas, isolados dos seus vizinhos. Ao norte vivia o povo 
etrusco, de origem asiática, e ao sul, na denominada Magna Grécia, se en-
contrava uma aldeia grega cujos habitantes haviam chegado à região por 
volta do século IX a. C. 
Os latinos acabaram unindo-se aos sabinos tanto para fins religiosos e 
comerciais como para fazerem frente às ameaças de invasão do povo 
etrusco. Vieram se unir a eles, posteriormente, as demais aldeias que vivi-
É P O C A D A R E A L E Z A 33 
am nas outras colinas, formando-se, então, uma espécie de "federação" ou 
"liga" conhecida como septimontium, união dos povos que habitavam os 
"sete montes". 
Durante todo esse período Roma foi governada por quatro reis: dois 
de origem latina (Rómulo e Numa Pompilio) e dois de origem sabina (Túlio 
Hostílioe Anco Márcio). 
Os etruscos, vizinhos do norte, que por lá se haviam instalado por vol-
ta do ano 900 a.C, já haviam fundado inúmeras cidades por toda a região, 
tal como Volterra, Veios, Arezzo, Perugia, Fiesole, Orvieto, Populônia, 
Tarquínia. No início do século VII a.C, invadiram o vizinho Lácio, esta-
belecendo estruturas governamentais mais sólidas e transmitindo novos 
conhecimentos ao povo invadido, principalmente os de natureza agríco-
la. No topo do Monte Palatino foi instalada, então, a capital do novo domí-
nio, denominada Roma quadrata, que abrangia as demais colinas circun-
dantes. 
Por volta do ano de 625 a.C., o vale que unia as sete colinas foi drenado 
e pavimentado, transformado-se num local (fórum) de comércio, de reuni-
ões e de cremação ou sepultamento dos mortos, passando a ser o centro 
comercial e político de Roma. 
1.1.2 A importância da religião na sociedade romana 
O homem é naturalmente religioso. Sempre almeja o absoluto e busca 
a razão de sua existência naquele algo mais que não consegue apreender 
ou entender. Mesmo que não confesse abertamente, nas profundezas de seu 
coração acolhe a idéia da existência de um Ser Supremo. Não existe um 
ateu integral. A idéia de Deus existe em todos os corações humanos. 
Todos os povos da Antiguidade desenvolveram esse sentimento reli-
gioso, criando deuses específicos para cada necessidade humana. Os ro-
manos não fugiram a essa regra imutável e tinham deuses para todos os 
gostos e para todas as horas: Marte, para a guerra; Vénus, para o amor; Diana, 
para as colheitas; Baco, para as bebedeiras de fins de semana, e assim por 
diante. Ninguém saía de casa sem antes pedir a proteção a seu deus predi-
leto (mais ou menos o que acontece hoje, com muitas pessoas que não saem 
de casa sem antes consultar o horóscopo). 
O romano primitivo era também extremamente supersticioso: só saía 
de casa com o pé direito, só cortava os cabelos durante a lua cheia, pendu-
rava no pescoço amuletos e fazia inscrições mágicas nas paredes de sua casa 
para garantir a proteção dos deuses. "Ele conhece fórmulas para evitar 
34 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
doenças, e outras mais para curá-las; mas era indispensável repeti-la vinte 
vezes e cuspir, de cada vez, de maneira diferente".2 
Para espantar os fantasmas que assombravam a sua moradia, o propri-
etário levantava-se à meia-noite e andava descalço por toda a casa, fazen-
do estalar o dedo médio da mão. Ao mesmo tempo, colocava vagens pretas 
na boca e as lançava, uma a uma, por toda a residência dizendo: "Aqui tens 
o que te dou; por essas vagens me resgato". (Dizem que os fantasmas apa-
nhavam as vagens e iam embora...). E quem assim agia não era só o pobre-
zinho ignorante, "o homem do povo, o homem de espírito débil que a mi-
séria e a ignorância conservavam na superstição, (mas também) o patrício, 
o homem nobre, poderoso e rico. Esse patrício (que era) alternadamente 
guerreiro, magistrado, cônsul, agricultor ou comerciante; por toda a parte, 
e sempre, ele é sacerdote e tem o seu pensamento fixo nos deuses". 3 
Vivendo em constante contacto com a natureza, os romanos compa-
nhavam com atenção as mudanças diárias do tempo: acolhiam com satis-
fação a chuva que beneficiava as colheitas, amendrontavam-se com as tem-
pestades e temiam os raios e trovões. Face a face com os inexplicáveis e 
atemorizantes eventos naturais (e ainda sem a concepção de um único Ser 
Criador), passaram a atribuir-lhes natureza divina, multiplicando, dessa 
forma, os seus deuses. 
Os romanos que morriam também adquiriam certo grau de divindade; 
se tivessem sido bons, virtuosos e honestos em vida, eram cultuados com 
saudade e alegria depois da morte. Se tivessem sido desonestos, corruptos 
e prepotentes, logo eram desprezados e colocados no rol das divindades 
esquecidas. 
Cada família tinha seus próprios deuses, que eram cultuados como 
propriedade exclusiva. "Contavam-se milhares de Jupiters diferentes; ha-
via toda uma multidão de Minervas, de Dianas, de Junos, muito pouco se 
parecendo umas com as outras. Elaboradas pelo trabalho livre de cada um 
dos espíritos, todas essas concepções eram, de algum modo, sua proprie-
dade, acontecendo, portanto, que esses deuses se mostravam aos homens 
durante muito tempo, independentemente uns dos outros, cada qual ganhan-
do sua lenda particular e seu culto". 4 
Se a família prosperava na política e nos negócios, os seus deuses, por 
conseqüência, passavam a ser considerados poderosos protetores e adquiri-
(2> CATÃO. De res. rust. 160. 
< 3 ) COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. Estudos sobre o culto, o direito e as 
instituições da Grécia e de Roma. 12. ed. São Paulo : Hemus, 1996. p. 176. 
( 4 ) COULANGES, Fustel. Ob. cit., p. 98. 
ÉPOCA D A R E A L E Z A 35 
am grande prestígio junto à população, de tal forma que toda a cidade tam-
bém queria adotá-los e prestar-lhes culto para conseguir os mesmos favo-
res. 
Em meio a tão arraigada religiosidade, nenhum romano podia ocupar 
qualquer cargo público, fosse o de rei ou de magistrado, se não fosse pela 
vontade dos deuses. Quando vagava algum cargo público, um sacerdote 
passava toda a noite anterior consultando os astros (auspicia) para desco-
brir a vontade dos deuses. Enquanto olhava para o céu, repetia mentalmente 
o nome dos candidatos. No dia seguinte, perante a assembléia do povo, ele 
comunicava os nomes daqueles que haviam sido indicados pelos deuses 
para o cargo, e o povo então votava. Se o nome de algum candidato fosse 
omitido, era porque os deuses não o queriam naquela função. 
Acontecia, por vezes, de os sacerdotes indicarem nomes de pessoas que 
eram odiadas e detestadas por todos, mas mesmo assim neles o povo tinha 
de votar, pois não existiam outros candidatos. "O povo a quem se apresen-
tassem candidatos que lhe fossem odiosos podia, quando muito, para ex-
pressar a sua cólera, retirar-se sem votar; mas no recinto ficavam sempre 
cidadãos suficientes para a votação". 5 Esse modo de eleição foi observado 
até os primeiros séculos da República. 
Toda a vida romana, portanto, quer sócio-política, quer econômica, e 
notadamente o seu direito, foi diretamente marcada pelo sentimento reli-
gioso de seu povo, e a religião foi a base da constituição de sua sociedade 
e o alicerce de todo o seu ordenamento jurídico. 
1.1.3 As diferentes classes sociais 
A sociedade romana, nos primeiros séculos, era constituída por clas-
ses sociais bem definidas, separadas num sistema hierárquico determina-
do pelo nascimento, fortuna e domicílio da pessoa. Assim, o povo que ha-
bitava a pequena aldeia de Roma era dividido nas seguintes categorias so-
ciais: patrícios, clientes, plebeus e escravos. 
1.1.3.1 Os patrícios 
Pertenciam à categoria dos patrícios os descendentes das antigas fa-
mílias fundadoras de Roma, pessoas que por primeiro haviam-se estabele-
cido no local. Eram também conhecidos como quintes.6 Descendendo de 
(5> TITO LÍVIO. II, 42; 43 . 
( 6 ) Os patrícios julgavam-se descendentes de Rómulo, que, após a morte, teria se 
tornado um deus, o deus Quirites. 
36 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
antepassados divinos, tinham seus próprios deuses e eram agrupados em 
gens. "Os membros dos geris eram conhecidos por gentiles e o conjunto 
destes formava as gentes, ou seja, todo o patriciado, que era a classe domi-
nante." 7 
Cada família patrícia era indivisível e perpetuava-se através de seus 
membros. Seu chefe era o pater familiae, que exercia amplos poderes, de 
vida ou morte, sobre os demais. Todos lhe eram subordinados. Os pater 
familiae atuavam como um rei, sacerdote e juiz no âmbito familiar, deci-
dindo sobre o destino de seus membros. 
Somente os patrícios tinham direitos, pois eram os únicos que tinham 
o status civitatis, qualidade que lhes conferia o título de cidadãos roma-
nos. Era considerado um cidadão aquele indivíduo que pudesse cultuar 
os deuses da cidade e os antepassados da família, jurando-lhes respeito, 
obediência e veneração - ou seja, os membrosda classe patrícia. "Se qui-
sermos definir o cidadão dos tempos antigos pelo seu atributo mais essen-
cial, é necessário dizer-se que cidadão é todo homem que segue a religião 
da cidade, que honra os mesmos deuses da cidade; aquele que tem o direi-
to de aproximar-se dos altares e, podendo penetrar no recinto sagrado onde 
se realizam as assembléias, assiste às festas, acompanha as procissões, e 
participa dos panegíricos, participa dos banquetes sagrados e recebe sua 
parte das vítimas. Assim esse homem, no dia em que se inscreveu no re-
gistro dos cidadãos, jurou praticar o culto dos deuses da cidade e por eles 
combater."8 
Como cidadãos romanos, os patrícios podiam votar e ser votados, ser-
vir nas legiões romanas (com direito ao saque, após as vitórias), ser propri-
etários, ter um patrimônio e tornar-se titulares de direitos. Os patrícios 
constituíam uma "nobreza de sangue, herdeira, com seus privilégios polí-
ticos e religiosos, seus emblemas e seus hábitos, da antiga cavalaria dos 
reis etruscos, concentrava nas próprias mãos não apenas a posse das terras, 
mas também a direção pública e a administração da justiça". 9 
Quando necessário, os pater famílias se reuniam para discutir os pro-
blemas da comunidade, fato esse que deu origem ao senado romano. 
<7> MATOS, Peixoto. Curso de direito romano, citado por Mario Curtis Giordano, 
História de Roma. Antigüidade clássica, 11. ed., Rio de Janeiro: Ed. Petrópolis, 
1998. 
<8> COULANGES, Fustel de. Ob. cit., p. 155. 
( 9 ) BRETONE, Mário. História do direito romano. Lisboa: Editorial Estampa, 1990. 
p . 62. 
É P O C A D A R E A L E Z A 37 
1.1.3.2 Os clientes 
Clientes eram estrangeiros que viviam às expensas dos patrícios, sob 
sua dependência e proteção. Como estrangeiros, não tinham (e nem podi-
am aspirar a ter) a cidadania romana. Não sendo descendentes das antigas 
famílias patrícias, não tinham, conseqüentemente, o "sangue puro" roma-
no. Não podiam nem mesmo cultuar os mesmos deuses que os romanos, 
que "só queriam receber orações e oferendas do cidadão (romano) e repe-
liam todo homem estrangeiro". 1 0 Aliás, a simples presença de um estran-
geiro durante as cerimônias religiosas romanas era considerada um gran-
de sacrilégio. Virgílio conta que, durante o culto, o sacerdote romano era 
obrigado a cobrir a cabeça para que não pudesse ver o rosto de um estran-
geiro: isso perturbaria os "auspícios". 1 1 
Os romanos, no entanto, recebiam os estrangeiros de braços abertos, 
pois muitos deles traziam consigo novos conhecimentos, sendo muitas 
vezes mais ricos que os próprios patrícios. Surgiu, então, a clientela, ou 
seja, classe de cidadãos de segunda classe, composta por clientes (estran-
geiros) que se tornavam protegidos dos patrícios. Apesar de não terem a 
cidadania romana, passaram a gozar de alguns benefícios legais: podiam 
se ligar à religião do patrício protetor e participavam com ele das mesmas 
festas, cultos e comemorações, sendo considerados membros de suas fa-
mílias. Em contrapartida, deviam-lhes obrigações e obediência. Para os 
patrícios, por sua vez, era interessante viver rodeados de clientes, pois, 
quanto mais deles tivessem, mais reconhecidos seriam na sociedade ro-
mana. 
"Já de manhã cedo, o patrono recebia a visita da clientela pressurosa, 
que ia em busca quer dos seis sestércios diários (sportula), quer de outro 
qualquer auxílio em alimentos ou presentes. Para que o cliente se apresen-
tasse em trajes compatíveis, o patrão lhe oferecia uma toga. Em troca dos 
dissabores provocados pela clientela, o patrão usufruía do prestígio que a 
mesma lhe emprestava, pois não se admitia a experiência de um magnata 
sem a correspondente turba de protegidos".1 2 
Em troca dos favores recebidos os clientes deviam sempre defender o 
patrício protetor, acompanhando-o à guerra, quando necessário, e jamais 
testemunhando ou litigando contra o seu patrono. "Quando eclodia uma 
<1 0 ) COULANGES, Fustel de. Ob. cit., p. 156. 
("> VIRGÍLIO. Eneida. 111,406. 
< l 2 ) GIORDANO, Mario Curtis. História de Roma. Antiguidade Clássica / / . l l . ed. 
Rio de Janeiro : Ed. Petrópolis, 1998. p. 193. 
38 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
revolução, era o senador (patrício) que, assustado, buscava, então, amparo 
na humilde casa de seu cliente e ali esperava que passasse a borrasca." 1 3 
1.1.3.3 Os plebeus 
Pertenciam à categoria dos plebeus as pessoas que, provenientes de 
outras regiões e não descendentes da estirpe patrícia, fixavam residência 
na cidade de Roma, dedicando-se ao comércio, agricultura e ao artesanato. 
"Provavelmente se constituíam, também, dos vencidos que ficavam sob a 
proteção do Estado, dos clientes de famílias patrícias que se extinguiram e 
dos estrangeiros aos quais o Estado protegia." 1 4 
Os plebeus não eram considerados "cidadãos romanos" e nem mesmo 
eram considerados como parte do povo romano. Não podiam residir na 
cidade de Roma, mas sim no asilo, um bairro fechado localizado nas en-
costas dos montes Capitolino e Aventino. "O plebeu era rejeitado pelos 
deuses. Entre o patrício e o plebeu há toda uma distância que a religião pode 
demarcar entre dois homens. A plebe é uma população desprezível e abje-
ta, fora da religião, fora da lei, fora da sociedade e da família."15 
Os plebeus não tinham direito algum, quer público, quer privado. Ge-
ralmente não possuíam fortuna ou propriedades nem tinham direito ao culto 
ou à religião dos patrícios. "A plebe era composta da gentinha sem capital 
declarável e contábil."1 6 
1.1.3.4 Os escravos 
Os escravos eram considerados uma "coisa" (res), um objeto, e não 
gozavam de qualquer espécie de direito. Eram comprados e vendidos como 
simples mercadorias e seus proprietários (dominus) podiam abandoná-los, 
fustigá-los e mesmo matá-los, pois tinham sobre eles o poder de vida e 
morte. Varrão os definia como simples "instrumentos capazes de falar". 
"Meu pai - dizia Galeno - sempre me ensinou a não encarar tragicamente 
as perdas materiais; (portanto) sempre que morre um boi, um cavalo ou um 
escravo, não faço disso um drama." 
<"> Idem.p . 193. 
< l 4 ) MOREIRA ALVES, José Carlos. 6. ed. Direito romano. Rio de Janeiro: Foren-
se, 1998. p . 11. 
"5> COULANGES, Fustel de. Ob. cit., p. 195. 
< l 6 ) CARCOPINO, efe. Mario Curtis Giordano, ob. cit., p. 194. 
ÉPOCA D A R E A L E Z A 39 
Conforme se verá mais adiante, só no tempo da República e sob a in-
fluência de novos conceitos a escravidão foi sendo atenuada e os escravos 
passaram a gozar de algumas pequenas regalias, tais como o direito de se 
unirem num matrimônio específico, denominado contubérnio, o direito de 
assistirem aos cultos dos seus senhores, o de receberem um pecúlio (uma 
espécie de arrendamento de bens) etc. 
1.1.4 Instituições políticas da Realeza 
1.1.4.1 Orei 
Desde suas origens até o ano 510 a.C, o regime político de Roma foi o 
da Realeza, tendo sido seus reis: Rómulo (754 a 717 a.C), Numa Pompílio 
(716 a 673 a.C), Túlio Hostílio (672 a 641 a.C.) e Anco Márcio (639 a 616 
a.C), todos latinos. 
A dinastia etrusca se iniciou com Tarquinio Prisco (616 a 579 a.C), 
sucedendo-lhe Sérvio Túlio (578 a 535 a.C.) e Tarquinio, o Soberbo (534 
a510a .C) . 
Sérvio Túlio foi o primeiro monarca a reorganizar politicamente a ci-
dade, determinando a realização de um recenseamento. De posse dos re-
sultados, dividiu a população de Roma de acordo com suas posses, dimi-
nuindo, desta forma, a diferença social existente entre as classes, pois al-
guns plebeus haviam amealhado maior fortuna que muitos integrantes do 
patriciado. 
Tarquinio, o Soberbo (534 a 510 a.C.) encerrou a fase da realeza ro-
mana, tendo sido implantado depois dele o regime republicano. 
a) Poderes do rei - O cargo de rei não era hereditário e seu titular era 
inicialmente indicado pelo senado romano. Na vacância do cargo era es-
colhido um senador para substituí-lo, por cinco dias (interrex). Nesse 
interregnum era consultada a vontade dos deuses (auspicius). Somente 
depois disso o novo monarca eraindicado. 
A figura do rei confundia-se com a do sumo sacerdote, pois ele era ao 
mesmo tempo chefe de Estado e chefe supremo da religião. "Essa confu-
são entre sacerdócio e poder nada tem de surpreendente. Encontramo-la 
na origem de quase todas as sociedades, seja porque, na infância dos po-
vos, só a religião pode obter a obediência, seja porque a nossa natureza sente 
a necessidade de não se submeter a outra autoridade que não seja a concep-
ção moral." 1 7 
" 7 ) COULANGES, Fustel de. Ob. cit., p. 141. 
40 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
Revestido desses poderes, o rei detinha o imperium, ou seja, o poder 
absoluto nos assuntos temporais civis, militares e religiosos, e um crime 
cometido contra ele era considerado um sacrilégio, passível da pena de 
morte. Competia-lhe organizar o Estado, declarar a guerra e firmar a paz, 
comandar o exército, convocar e presidir os comícios ou assembléias po-
pulares e designar os membros do senado. 
Apesar de seus plenos poderes tanto no campo temporal como no es-
piritual, não competia ao rei "criar" o direito (jus dicere), mas sim, aplicar 
as sentenças (jus dare), sempre de acordo com a vontade dos deuses, esses 
sim, os que criavam o direito através os sacerdotes. "O rei judicava no foro, 
não nos templos ou em palácios, mas em palco especial, a tribuna. Senta-
va-se na sedia curulis, ao lado os litores, na frente as partes. Abria e dirigia 
o processo; pronunciava a sentença ouvindo seus conselheiros; não escu-
tava defensores, não havia advogados. A arte de defesa não pode vingar 
enquanto o direito se confunde com costumes religiosos (fas), quando o 
rei - juiz e pontifex- não aplica a lei, mas os costumes religiosos cujo co-
nhecimento lhe é a priori atribuído por força de sua própria e exclusiva 
investidura."1 8 
1.1.4.2 O senado romano 
O senado era composto pelos pater famílias, chefes das famílias 
patrícias escolhidos diretamente pelos monarcas, que tinham a função de 
"conselheiros do rei", auxiliando-o quando necessário. Possuíam a aucto-
ritaspatrum, ou seja, a prerrogativa de ratificarem todas as decisões toma-
das nas assembléias populares (comitia). Fiscalizavam as despesas públi-
cas, deliberavam a respeito do recrutamento de tropas e sobre as relações 
de Roma com os povos estrangeiros. Aos plebeus, até o ano 578 a.C, foi 
vedado o acesso ao cargo de senador. 
1.1.4.3 As assembléias populares (comitiaj 
a) Comitia curiata - Rómulo havia dividido o povo romano em três 
tribos: a dos ramnes, cujos membros moravam no monte Palatino; a dos 
tities, no monte Esquilino, e a tribo dos lúceres, no monte Célio. Cada tri-
bo era dividida em 10 cúrias. Os representantes dessas cúrias, todos per-
( 1 8 ) MADEIRA, Hélcio Maciel França. História da advocacia - Origens da profis-
são de advogado no direito romano. São Paulo: RT, 2002. p. 28 
É P O C A D A R E A L E Z A 41 
tencentes à categoria dos patrícios, se reuniam duas vezes por ano em as-
sembléias populares denominadas comitia curiata para discutir fatos po-
líticos e votar algumas questões de menor relevância para a vida romana; 
os assuntos de maior importância eram decididos diretamente pelo rei, com 
posterior ratificação do senado. Nessas assembléias populares também eram 
discutidas e votadas as leis propostas exclusivamente pelos reis e decidi-
dos diversos assuntos de ordem privada, tais como a adoção, a aprovação 
de testamentos, convocações militares, dispensa de penalidades em favor 
de condenados ou cobrança de impostos. 
b) Comitia calata - Por vezes, as assembléias populares (comitia 
curiata) eram convocadas pelo rei somente para a comunicação de uma 
declaração de guerra ou a celebração de um tratado de paz. Nesse tipo de 
reunião nada se votava e nada se discutia; elas eram apenas informativas, 
daí a denominação de comitia calata, ou seja, assembléias caladas. 
c) Comitia centuriata - Por volta do ano 540 a.C. Sérvio Túlio esten-
deu também aos plebeus o direito de participar das votações nas assem-
bléias populares, surgindo, então, as denominadas comitia centuriata, ou 
seja, uma assembléia mista, composta de patrícios e plebeus. 
1.2 O Direito Romano arcaico: jus civile ou direito quiritário 
Todos os direitos da antiguidade foram conseqüência direta da reli-
gião de seus povos e a essa regra não fugiu o Direito Romano. "O direito 
não nasceu da noção de justiça, mas brotou da idéia de religião, e não po-
dia ser concebido fora desse ângulo. O direito nada mais era do que uma 
das faces da religião. Sem comunidade de religião não podia haver comu-
nidade de lei." 1 9 
1.2.1 A importância da classe sacerdotal 
Os sacerdotes exerceram importantíssimo papel na aplicação do jus 
civile nos primeiros tempos de Roma. Naquele contexto social místico eles 
gozavam de extraordinária importância na aplicação da justiça. Eram eles 
os que tinham a sagrada missão de interpretar a vontade dos deuses, tanto 
nos assuntos referentes ao Estado como nos referentes à aplicação da jus-
tiça. Eles eram os árbitros do divino e do humano e intervinham constante-
mente como intérpretes e conselheiros em todos os casos da vida civil, tais 
"9> COULANGES, Fustel de. Ob. cit., p. 154. 
42 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
como litigância entre vizinhos, demarcação de terras, casamentos de filhos, 
assuntos relativos a heranças etc. 2 0 Respondiam (responderé = responder) 
às consultas jurídicas a eles formuladas pelos patrícios e "asesorando so-
bre actos jurídicos a cumplirse por los particulares (cavere) y suministrando 
las fórmulas procesales (agere), os pontífices crearon una verdadera 
jurisprudencia que por mucho tiempo influyó en grado sumo en el sistema 
jurídico romano". 2 1 
Dizia-se mesmo que ninguém podia ser um bom pontífice se não co-
nhecesse o direito, e nem ser um bom jurista se não conhecesse a religião. 
"O motivo pelo qual os mesmos homens eram, ao mesmo tempo, pontífi-
ces e jurisconsultos, resulta do fato de direito e religião se confundirem 
formando um todo. Daí se originou a antiga definição de que a jurispru-
dentia est rerum divinarum atque humanorum notitia (a jurisprudência é 
o conhecimento das coisas divinas e humanas).2 2 Os sacerdotes pertenci-
am ao Colégio dos Pontífices, que era presidido pelo pontífice máximo 
(pontifexmaximus), cargo criado por Numa Pompílio, segundo rei de Roma, 
e exerciam também a função de guardiães dos arquivos religiosos, onde 
eram consignados todos os acontecimentos importantes da vida romana. 
A predominância dos sacerdotes na aplicação da justiça durou mais de dois 
séculos, decaindo somente após a implantação do regime republicano em 
Roma. 
• 
1.2.1.1 O Colégio dos Augures 
Ao Colégio dos Augures pertenciam os aurúspices ou augures, espé-
cie de feiticeiros que descobriam a vontade dos deuses "lendo" as entra-
nhas dos animais, principalmente o fígado, os sinais celestes (auspicia 
coelestia) e o vôo e o pio das aves (auspicia ex avibus). 
A interpretação do direito em todo o período arcaico competiu, pois, 
exclusivamente, aos que detinham o poder religioso, e os seus veredictos 
determinavam e orientavam a administração da justiça. 
( 2 ( " "Recorriam a eles em qualquer dificuldade, de natureza religiosa ou profana; 
eles forneciam o apoio seguro de seus conselhos, no Senado e nas assembléias 
populares, nas causas de amigos, em paz e em guerra". CÍCERO. De. Or. 3,33, 
132-134. 
( 2 1 1 ARGUELLO, Luis Rodolfo. Manual de derecho romano - Historia e institucio-
nes, p. 44. 
<22» C O U L A N G E S , F u s t e l d e . O b . c i t . , p . 151. 
ÉPOCA D A R E A L E Z A 43 
1.2.2 O jus civile ou direito quiritário 
A modalidade de Direito Romano que vigorou em Roma desde suas 
origens até meados do século IV a.C. é também conhecida como jus civile 
(direito civil) ou direito quiritário, que era um misto de humano e divino, 
confundindo moral com religião. O jus, o direito criado pelos homens, 
confundia-se com ofas, o direito divino, que era revelado pelos deuses por 
meio dossacerdotes. 
O jus civile era um direito extremamente formal e rigoroso. As partes, 
quando se dirigiam ao magistrado ou quando iam realizar qualquer negó-
cio jurídico, deviam fazer exatamente os gestos simbólicos exigidos e re-
petirem rigorosamente, ipsis litteris, as palavras solenes predeterminadas 
(verba certa). As formas do processo eram sacramentais. Se alguém pro-
nunciasse palavras incorretas ou agisse de forma diferente da preceitua-
da, perderia a ação ou o negócio seria nulo. Assim, por exemplo, no 
stipulatio (contrato verbal no qual o contratado prometia pagar uma pres-
tação), ambos, contratante e contratado, deviam comparecer a um templo 
e, na frente da estátua de um dos deuses celebrar solenemente o acordo. O 
contratante, então, devia perguntar em alta voz: Spondesl (prometes fa-
zer isso que estás prometendo?) e o outro devia lhe responder, também em 
alto e bom som: spondeo (assim o prometo), e assim ficava selado o com-
promisso com todas as implicações legais. O que comprometia os homens, 
na realidade, era a fórmula sagrada pronunciada solenemente por ambos, 
na frente dos deuses. 
Quando o credor conduzia o devedor inadimplente perante o magis-
trado, tinha que lhe dirigir palavras específicas, tais como: Ex sponsione, 
te mihi decem milia sesterciorum dare oportere aios id postulo ais an ne-
gas (Por causa de tua promessa, tu deves entregar-me 10.000 sestércios. 
Peço-te que afirmes ou negues). Se o devedor contestava a cobrança, o cre-
dor devia perguntar novamente: quando tu negas, te praetor, judicem 
arbitrumve postulo uti des. (Visto que negas, peço-te, ó pretor, que desig-
nes um juiz ou um árbitro). 
O jus civile não exigia somente fórmulas rígidas; era necessária tam-
bém a presença de sinais exteriores, gestos específicos que consolidavam 
o acordo. Assim, sempre que alguém fosse comprar algum objeto era ne-
cessário que o tocasse com as mãos (mancipatio). 
Esse apego exagerado a fórmulas e ritos do jus civile foi sendo modi-
ficado ao correr dos tempos, conforme veremos mais adiante. 
44 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
1.2.2.1 Direitos exclusivos dos patrícios 
O jus civile ou direito quiritário tutelava somente os direitos da classe 
patrícia. Os patrícios, e somente eles, eram cidadãos romanos e detinham, 
portanto, com exclusividade, todos os direitos na Roma antiga, quer os 
privados (jura privata), quer os políticos (jura publica). Aquele patrício 
que possuísse todos os direitos civis e políticos era um "cidadão romano 
completo" (civis romanus óptimo jure). Todas as demais pessoas, perten-
centes a outras categorias sociais, quer plebeus, clientes ou estrangeiros, 
não tinham direito algum reconhecido oficialmente, sendo deixados fora 
da proteção jurídica do Estado romano. 
O jus civile (direito civil) conferia exclusivamente aos patrícios os 
seguintes direitos: 
• Jus sufragii - direito de votarem e de serem votados; 
• Jus honorum - direito de ocuparem cargos públicos; 
• Jus militiae - direito de serem os comandantes das legiões romanas; 
• Jus sacerdotii - direito de serem sacerdotes e integrarem os colégi-
os sacerdotais; 
• Jus occupandi agrum publicum - direito de tomarem posse das ter-
ras conquistadas; 
• Jus connubii - direito de contraírem matrimônio legítimo (justas 
nuptias); 
• Jus commercii - direito de realizarem qualquer tipo de negócio jurí-
dico; 
• Jus actionis - direito de fazerem valer seus direitos na Justiça. 
Os patrícios tinham, ainda, o direito exclusivo de usarem três nomes 
(tria nomina): o praenomen, o nomen e o cognomen, como, por exemplo, 
Marco Túlio Cícero. 
1.2.2.2 O jus civile - um direito não escrito (jus non scriptumj 
O jus civile era um direito não escrito que se transmitia oralmente de 
geração em geração. Cabe aqui ressaltar que aos primeiros romanos, assim 
como a outros povos da antiguidade, repugnava a forma escrita. Apesar de 
já conhecerem os caracteres escritos nos pergaminhos, tabuinhas de cera 
ou no bronze, muitos consideravam a forma escrita um perigo para a edu-
cação e formação intelectual dos jovens. "As letras dispensam do exerci-
ÉPOCA D A R E A L E Z A 45 
cio a memória, e deste modo produzirão o olvido nas almas daqueles que 
as tenham aprendido", j á dizia Platão.2 3 "Quando falamos da escrita, de uma 
lei como de um livro, referimo-nos a uma coisa tão natural para nós, que é 
difícil imaginá-lo como um problema. Na civilização antiga é diferente. 
Para a civilização antiga a escrita constituiu um problema ainda muito tempo 
depois de sua invenção. Pensou-se acerca de sua utilidade ou inutilidade, 
vendo nela ora um meio de progresso ora um perigo para a educação e for-
mação intelectual e para a organização política". 2 4 
Por esses e outros motivos, muito pouca coisa do original jus civile 
chegou ao conhecimento dos estudiosos das coisas do direito. 
1.3 Fontes do jus civile ou direito quiri tário 
1.3.1 O costume 
Desde as mais remotas origens até por volta do ano 400 a.C, a única 
fonte do Direito Romano arcaico, ou jus civile, foi o costume {consuetudo, 
mores maiorum, mos), ou seja, uma observância reiterada, contínua e es-
pontânea, durante um largo período de tempo, de um determinado com-
portamento social (inveterata consuetudo ou diuturna consuetudo). 
1.3.2 As leis régias fleges regiaej 
A grande maioria dos autores é unânime em considerar o costume como 
a única e exclusiva fonte do direito romano em seu primeiros séculos de 
existência. Alguns romanistas, no entanto, incluem também como fontes 
do direito nesse período da história as leges regiae (leis régias). Teriam sido 
elas instruções escritas dos primeiros reis de Roma sobre direito civil e 
direito sacral. De fato, àquela época, alguns dos reis tiveram o costume de 
comunicar à comitia ou assembléia as suas resoluções referentes a coisas 
sagradas e religiosas.2 5 Essas instruções teriam sido as leis régias. 
Pompônio, historiador romano, teria se referido a essas "leis régias" 
no seguinte trecho de sua obra: "No início a nossa cidade vivia sem lei nem 
direito certo; tudo era governado pela vontade dos reis. Depois, crescendo 
(23> PLATÃO. Phaedrus. 275 a. 2-5. 
< 2 4 ) BRETONE. Ob. cit., p. 63. 
< 2 5 ) Carolus Georgius Bruns teria identificado 47 leis atribuídas aos reis; Dirksen, 
2 1 , e Joseph Voigt, 14 (MEIRA, Silvio. Curso de direito romano - História e 
fontes. São Paulo : LTr, 1996. p. 37). 
46 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
a cidade, diz-se que o próprio Rómulo a dividiu em trinta partes, que deno-
minou cúrias, pois a esse tempo o governo da nação se exercia pelas suas 
resoluções. E ele próprio propôs leis curiatas ao povo. Da mesma forma 
agiram os reis que o sucederam e as leis todas se acham compendiadas no 
livro de Sexto Papírio, varão dos mais ilustres da época em que reinou 
Soberbo, filho de Demarato Corinto. Esse livro, a que nos referimos, é cha-
mado Jus Civile Papirianum, não por ter Papírio ali incluído alguma coisa 
sua, mas por ter colecionado as leis que antes eram esparsas". 2 6 Esse tre-
cho de Pompônio, segundo alguns autores, comprovaria a existência das 
leges regiae. 
Não existe, no entanto, comprovação histórica da existência de um 
jurista de nome Papírio e muito menos prova confiável da autenticidade 
desse Jus Civile Papirianum, motivo pelo qual a maioria dos escritores não 
considera essas possíveis leis régias como fontes do direito romano arcai-
co (jus civile ou direito quiritário). 
( 2 « POMPÔNIO. Digesto I, II, 2,1,2. 
ÉPOCA DA REPÚBLICA: 
PERÍODO DO DIREITO ROMANO 
PRÉ-CLÁSSICO - DIREITO PRETORIANO 
E DIREITO DAS GENTES 
SUMÁRIO: 2.1 Evolução sócio-política de Roma na República: 2.1.1 Ins-
tituições político-administrativas - 2.2 O Direito Romano no período da 
República: o direito pretoriano ou direito honorário: 2.2.1 O direito 
pretoriano; 2.2.2 O direito das gentes (jus gentium) - 2.3 Fontes do Direito 
Romano pré-clássico: 2.3.1 O costume; 2.3.2 A Lei das XII Tábuas; 2.3.3 
As leis comidá is ; 2.3.4 Editodos magistrados; 2.3.5 Senatos-consultos; 
2.3.6 Plebiscito; 2.3.7 lurisprudência. 
2.1 Evolução sócio-política de Roma na República 
Por volta do ano 500 a.C. os romanos já haviam conquistado a penín-
sula itálica de norte a sul e Roma havia se tornado a Urbs, ponto de conflu-
ência de milhares de pessoas provenientes das regiões conquistadas. O 
regime monárquico fora substituído por uma nova forma de governo: a 
República. 
A Realeza teria caído por diversos motivos, dentre os quais o descon-
tentamento do patriciado contra os desmandos dos reis de origem etrusca, 
em especial Tarquinio, o Soberbo, que havia realizado reformas político-
sociais beneficiando os plebeus em detrimento dos privilégios da classe 
patrícia. Em 510 a.C. o último rei romano foi deposto e substituído por dois 
cônsules, Bruto e Tarquinio Colatino, que inauguraram o regime político 
republicano. 
2.1.1 Instituições político-administrativas 
Desaparecida a figura do rei, a estrutura político-administrativa da 
República ficou assim constituída: 
48 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
1 - Magistratura (ordinária e extraordinária) 
2 - Senado 
3 - Assembléias do povo (comitiá) 
No regime republicano a magistratura era o órgão estatal revestido de 
grandes poderes, cabendo-lhe cuidar de todos os assuntos de interesse da 
República: omnia cura rerum publicarum} 
Os magistrados eram investidos em honores, ou seja, funções políti-
cas distribuídas entre os diversos cargos da magistratura, conforme se verá 
adiante. 
A magistratura era dividida em "ordinária" e "extraordinária": 
2.1.1.1 Magistratura ordinária 
• Cônsules 
• Pretores 
• Censores 
• Edis 
• Questores 
a) Cônsules 
No lugar do rei o povo, reunido numa comitia centuriata, passou a ele-
ger dois cônsules concomitantemente, ambos com mandato anual e com 
plenos poderes (imperium) para administrar os destinos de Roma. Um dos 
cônsules se encarregava da gestão dos negócios públicos enquanto ao ou-
tro cabia o comando das legiões romanas, tanto na paz como na guerra. 
A influência da religião ainda continuou a se fazer sentir, de forma 
intensa, nessa estrutura política da República, confundindo num mesmo 
indivíduo a autoridade política com a religiosa. Além das atividades ad-
ministrativas regulares, os cônsules exerciam também as relativas à fun-
ção sacerdotal. O cônsul "tem nas mãos os auspícios, os ritos, a oração, a 
( 1 ) O termo magistrado, nos dias de hoje, significa o membro do Poder Judiciário 
que tem as funções de julgar, de decidir os litígios a ele apresentados. Na Idade 
Média, porém, era magistrado todo aquele que exercia alguma função adminis-
trativa, dentre as quais, também, e algumas vezes, a de julgar litígios. Exemplo: 
o pretor urbano e o pretor peregrino. 
ÉPOCA D A R E P Ú B L I C A 49 
proteção dos deuses. O cônsul é algo mais que homem: é o intermediário 
entre o homem e a divindade. A sua sorte está ligada à sorte da coletivida-
de; o cônsul é como que o gênio titular da cidade". 2 
Antes de assumir seu cargos os cônsules deviam prestar culto aos deu-
ses. No dia designado, o povo todo comparecia em frente ao fórum. Lá os 
cônsules eleitos imolavam as vítimas (cordeiros, carneiros etc.) com as 
próprias mãos enquanto o povo fazia um silêncio religioso e o tocador de 
flauta tocava uma melodia sagrada.3 
Eles também presidiam o senado romano e convocavam as assembléi-
as populares. Tinham, ainda, a jurisdição, ou seja, a competência judiciá-
ria para ouvir as partes em litígio e indicar um juiz para julgar a demanda e, 
além disso, a cognitio, poder de julgamento das causas criminais. Quando 
uma pessoa era condenada à morte, tinha o direito ao provocatio ad 
populum, ou seja, o direito de apelação às assembléias populares (comitia 
centuriata).4 
Quando os cônsules saíam às ruas, iam acompanhados por doze lictores 
que carregavam ofasces (um feixe de varas significando união). Quando 
estavam fora da cidade de Roma, os lictores carregavam, além dos fasces, 
as denominadas secures (machadinhas), que significavam o poder de vida 
e morte sobre as demais pessoas. 
b) Pretores 
O cargo de pretor teve grande importância no desenvolvimento do 
direito romano. O cargo de pretor urbano (praetor urbanus) foi criado no 
ano de 367 a.C. e tinha como atribuição apreciar os litígios que ocorressem 
somente entre cidadãos romanos. Os estrangeiros não eram tutelados pela 
lei. Visando sanar essa ilegalidade, em 241 a.C. foi criado o cargo de pretor 
peregrino {praetor peregrinus), que passou a ter a função específica de 
decidir as lides que ocorriam entre cidadãos romanos e os estrangeiros e as 
desavenças havidas entre os estrangeiros entre si. O número de pretores foi 
posteriormente aumentado para quatro, seis e até oito elementos. 
Em Roma, quando dois cidadãos entravam em litígio, procuravam antes 
o pretor, que, após ouvir as partes envolvidas, declarava quais as regras de 
( 2 ) COULANGES, Fustel de. Ob. cit., p. 145. 
<3> CÍCERO. De leg. agr. II, 34. 
< 4 ) Esse recurso às assembléias populares foi instituído pela Lex Valeria Horatia de 
provocatione, datada de 508 a.C. 
50 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
direito que deveriam ser aplicadas ao caso pelos juízes escolhidos. Eles não 
julgavam diretamente o litígio; apenas declaravam a lei a ser aplicada. Os 
juízes (judex) não eram funcionários do Estado, mas sim particulares indi-
cados pelo próprio pretor, ou pelas partes de comum acordo, para a solu-
ção dos conflitos. 
Quando os magistrados eram eleitos, publicavam um édito, uma espé-
cie de programa de trabalho que iriam desenvolver durante a sua gestão. 
Os pretores, em especial, faziam constar de seus éditos os princípios de 
direito que iriam nortear as suas decisões jurídicas. O conteúdo desses éditos 
dos magistrados deu origem ao denominado direito pretoriano ou direito 
honorário, que veio a amenizar a rigidez do jus civile dos primeiros tem-
pos, conforme veremos mais adiante. 
c) Censores 
O cargo de censor foi criado por volta de 312 a.C. e seus titulares eram 
eleitos pelas comitia centuriata.. Eram suas atribuições a realização de 
recenseamentos de cinco em cinco anos e o policiamento da vida e dos 
costumes da população (regimen morum), o que lhes propiciava a oportu-
nidade de realizar uma verdadeira devassa na vida das famílias.5 
Era deles também a atribuição de inscrever no denominado álbum 
senatorium o nome dos cidadãos romanos que eles julgassem ter qualida-
des de se tornar futuros senadores. Se qualquer daquelas pessoas viesse a 
ser considerada pelos próprios censores como indigna de ocupar cargos 
públicos, o seu nome seria de imediato riscado do álbum, o que, certamen-
te, colocaria aquela pessoa no ostracismo. Daí pode-se deduzir a impor-
tância que passaram a ter os censores na sociedade romana. Eles tinham, 
também, o poder de declarar infame qualquer cidadão romano. O indiví-
duo assim considerado perdia o direito de voto em assembléias e era ex-
cluído da prestação do serviço militar (o que era uma honra para os roma-
nos). 
< 5 ) "Podiam devassar a vida dos cidadãos até mesmo nas mais íntimas particulari-
dades. O luxo, os maus exemplos, as filosofias exóticas e perniciosas eram de-
nunciadas pelos censores nas assembléias públicas. O cidadão cuja culpabilida-
de em algum ato oprobrioso fosse comprovada era punido com a nota censória, 
reprimenda inscrita na lista dos cidadãos priva.ido o acusado dos direitos à elei-
ção até o término do lustro. Os censores podiam excluir um cidadão do senado, 
das centúrias e das tribos, privando-o do direito de voto, motivo por que, sendo 
inaplicável esta sanção às mulheres, não estavam elas sujeitas à nota censória." 
GIORDANO. Ob. cit., p. 93 . 
ÉPOCA D A R E P Ú B L I C A 51 
Os censores também zelavam pelas finanças públicas e controlavam a 
receita e a despesa. 
d) Edis 
Os edis eram uma espécie de vereadores daquela época e exerciam as 
seguintes atividades: 
l)cura orbis- manutenção e conservaçãode ruas e praças, regulamen-
tação do trânsito, combate a incêndios e vigilância noturna; 
2) cura annonae - abastecimento urbano, vigilância dos preços, fis-
calização da venda de escravos e animais; 
3) cura ludorum - promoção de espetáculos públicos. 
Cícero referiu-se a eles como os "zeladores da cidade, da alimentação 
e dos jogos solenes". 6 
Em 494 a.C. foi criada a figura do edil da plebe (aediles plebis), ocu-
pada por plebeus, com funções auxiliares na administração da cidade. Ini-
cialmente em número de dois, os edis da plebe auxiliavam também os 
tribunos da plebe em suas atribuições e serviam como guardiães do tem-
plo de Ceres, onde ficavam arquivados os plebiscita, ou seja, as decisões 
tomadas pelos plebeus nas assembléias populares. 
e) Questores 
Os questores eram escolhidos livremente pelos cônsules para servirem 
como seus auxiliares. Inicialmente em número de quatro (dois para cada 
cônsul), esse número foi posteriormente aumentado para quarenta. Eles 
eram os chefes do erário público (aerarium populi romani), convocavam 
os devedores para que viessem pagar seus débitos e os denunciavam à jus-
tiça quando inadimplentes. 
2.1.1.2 Magistratura extraordinária 
Em casos excepcionais e urgentes (guerras, calamidades, problemas 
sociais graves) o povo elegia os denominados magistrados extraordinári-
os, que substituíam, pelo tempo necessário, todos os demais cargos da 
magistratura ordinária. Como exemplo deles podemos citar os ditadores, 
os decênviros (decenviratus legibus scribundis, que foram eleitos especial -
( 6 ) CÍCERO. De legibus. III, 3. 
52 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
mente para a elaboração da Lei das XII Tábuas) e os praefectus urbi, que 
substituíam o cônsul em exercício, quando de sua ausência de Roma. 
2.1.1.3 O senado romano 
Na época da República o senado romano era composto somente de 
senadores oriundos da classe dos patrícios, escolhidos diretamente pelos 
magistrados. Os senadores desfrutavam de diversos privilégios e prerro-
gativas e tinham como atribuições o controle das finanças públicas, a ad-
ministração das províncias, as negociações com povos estrangeiros, a com-
petência para declarar cidadãos/ora da lei etc. Não tinham o poder legisla-
tivo, mas sim a competência de ratificar as leis que eram votadas pelas as-
sembléias populares (comicia curiata ou centuriatá). 
Já no fim do período da República os plebeus conseguiram o direito 
de serem admitidos no senado como "senadores plebeus" (conscripti), com 
poderes reduzidos; tinham o direito de voto mas não o de fazer uso da pa-
lavra durante as sessões. 
As decisões do senado romano sobre assuntos de direito público eram 
denominadas senatos-consultos e se tornaram importante fonte do Direito 
Romano pré-clássico, conforme se verá adiante. 
2.1.1.4 As assembléias populares (comitia) 
Na época da República o povo continuou a se reunir nos três tipos de 
assembléias populares: comitia curiata, comitia centuriatá e concilia 
plebis: 
a) Comitia curiata: assembléia que era composta exclusivamente por 
patrícios e que, no tempo da República, teve suas atribuições restringidas 
somente para confirmar, através da lex curiata de império, a eleição dos 
cônsules, pretores e ditadores; 
b) Comitia centuriatá: essas assembléias populares, mais importan-
tes e solenes que as outras, eram integradas tanto por patrícios como por 
plebeus. Eram convocadas pelos magistrados e cabia-lhes, dentre outras 
atribuições, aescolhados censores e dos pretores. Cabia-lhes, também, votar 
as leis referentes à declaração de guerra ou à conclusão de tratados de paz 
com outros povos. Funcionavam, ainda, como corte de apelação nos pro-
cessos que tratavam de pena de morte ou exílio (recurso provocatio ad 
populum). 
c) Concilia plebis: eram assembléias nas quais tomavam parte somen-
te os plebeus, sob a presidência do tribuno da plebe. "Essa assembléia, 
ÉPOCA D A R E P Ú B L I C A 53 
composta exclusivamente de plebeus, em virtude do mesmo princípio que 
havia presidido a organização separatista da plebe, possuía, como as as-
sembléias do Estado, uma tríplice competência: eleitoral, legislativa e ju-
diciária; elegia os tribunos, a partir do plebiscito de Publílio Volero (em 
471, segundo a tradição), votava decisões ou plebiscitos e julgava certos 
casos, sob a reserva geral de que essas resoluções, emanadas somente da 
plebe, só eram válidas para a própria plebe e não comprometiam, sob título 
algum, o Estado romano". 7 
A partir de meados do século IV a.C. os plebeus, depois de longos sé-
culos de luta, passaram a colher os primeiros frutos na luta, pela conquista 
de seus direitos: em 449 a.C, por força da Lex Valeria Horatia, os concíli-
os da plebe {concilia plebis) passaram a ser reconhecidos pelo Estado ro-
mano; em 339 a.C. a Lex Publilia e, em 289 a.C, a Lex Hortênsia conferi-
ram validade aos plebiscitos (plebiscita) e tornaram obrigatório o seu cum-
primento por todos os cidadãos romanos. 
2.2 O Direito Romano no período da República: o direito pretoriano 
ou direito honorário 
2.2.1 O direito pretoriano 
Toda a Península Itálica já era romana desde o ano 500 a.C. e a partir 
de então as conquistas foram se sucedendo: norte da Africa, a Grécia, a 
Península Ibérica. Por volta do século III a.C. os romanos já eram os se-
nhores de todas as regiões às margens do Mediterrâneo, por eles orgulho-
samente chamado mare nostrum (nosso mar). Roma se transformara no 
"centro do mundo", um extraordinário pólo econômico e cultural para onde 
afluíam pessoas das mais variadas partes do mundo então conhecido. Esse 
intenso desenvolvimento em todas as frentes fez surgir um novo conceito 
de relacionamento entre os povos e a necessidade de novas regras jurídi-
cas que viessem a regular as sempre crescentes relações comerciais. 
Nesse contexto as regras rígidas e formais do jus civile (direito roma-
no arcaico) que ainda vigoravam, e que eram voltadas unicamente para os 
interesses da classe patrícia, passaram a se chocar com a nova realidade dos 
fatos. Surgiu, então, uma nova modalidade do Direito Romano - o direito 
pretoriano ou direito honorário -, um direito mais flexível, adaptado à 
realidade sociopolítica de então. 
< 7 ) GIORDANO, Mario Curtis. Ob. cit., p. 100. 
54 INSTITUIÇÕES D E DIREITO R O M A N O 
Cada magistrado, ao assumir o cargo, devia apresentar ao povo roma-
no a sua meta de trabalho, as diretrizes que iriam pautar o seu comporta-
mento e as normas de direito que iria fazer cumprir durante o seu mandato. 
Escrevia tudo isso num édito, que lia, em voz alta, na frente do fórum, fi-
xando-o posteriormente nas portas do senado para conhecimento de todos. 
Esse édito vigia durante toda a sua gestão. 
Desde a implantação da República a aplicação da justiça deixou de ser 
uma atribuição específica dos cônsules e foi, pouco a pouco, passando a 
ser uma atribuição dos pretores (praetor). 
Os pretores não julgavam diretamente as causas a eles levadas pelos 
litigantes. Numa primeira fase, denominada in jure, eles recebiam os quei-
xosos, ouviam as pessoas envolvidas, e declaravam a lei e os princípios de 
direito que deveriam ser aplicados (em consonância com as metas de tra-
balho contidas no seu édito); em seguida, encaminhavam as partes a um 
juiz (judex), normalmente escolhido por eles (ou pelas partes, em comum 
acordo), dentre os senadores ou pessoas de grande saber. Iniciava-se, en-
tão, a segunda fase do processo, denominada in judicio, quando o juiz no-
meado decidia a questão conforme a indicação dada pelo pretor. 8 
Os editos dos magistrados (dos pretores, em especial), amoldavam-se 
às novas necessidades sociais e políticas da época e eram influenciados, 
também, por diferentes costumes e conceitos filosóficos trazidos pelos 
povos estrangeiros que comerciavam com Roma. 
Como, de acordo com éditos, era aplicada a justiça, eles foram aos 
poucos modificando e abrandando os rigorosos conceitos do arcaico jus 
civile ou direito quiritário. Transformaram-se numa nova

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