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1.000 PERGUNTAS E RESPOSTAS DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 DOS AUTORES 
 
 Obras destinadas aos estudos para as provas das Faculdades de Direito, aos Exames 
da OAB e a Concursos Públicos: 
 
 * 1.000 Perguntas e Respostas de PROCESSO CIVIL 
 * 1.000 Perguntas e Respostas de PROCESSO PENAL 
 * 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO CIVIL 
 * 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO PENAL 
 * 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO COMERCIAL 
 * 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO DO TRABALHO 
 * 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO TRIBUTÁRIO 
 * 1.000 Perguntas e Respostas de DIREITO ADMINISTRATIVO 
 * 1.000 Perguntas e Respostas sobre ESTATUTO DA OAB/CÓDIGO DE ÉTICA 
 
 José Cretella Júnior 
 Professor Titular de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da USP 
 
 José Cretella Neto 
 Advogado em São Paulo 
 
 1.000 PERGUNTAS E RESPOSTAS DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 Para as provas das Faculdades de Direito 
 Para os Exames da OAB - Ordem dos Advogados do Brasil 
 Para Concursos Públicos 
 
 Respostas atualizadas segundo a Constituição Federal de 1988 e as Emendas 
Constitucionais n.º 1/92 a 19/97. 
 
 3.ª edição 
 
 EDIÇÃO REVISTA FORENSE 
 
 Rio de Janeiro 
 1999 
 
 SUMÁRIO 
 
Abreviaturas e siglas usadas IX 
Apresentação XI 
 
Capítulo I - INTRODUÇÃO - PRINCÍPIOS - GENERALIDADES 
 I.I. Evolução Histórica 
 1 
 I.2. As Constituições no Brasil 
 7 
 I.3. O Direito Constitucional e suas Relações com outros Ramos Afins 
 15 
 
Capítulo II - CONSTITUIÇÃO 
 II. 1. Poder Constituinte. Reforma 
 19 
 II.2. Supremacia da Constituição. Controle de Constitucionalidade. 
 
 
 Ação Declaratória de Constitucionalidade 
 24 
 II.3. O Estado e seus Tipos. O Estado Brasileiro 
 30 
 II.4. As Descentralizações do Estado Brasileiro 
 36 
 
Capítulo III - SISTEMAS E REGIMES POLÍTICOS - FORMAS DE GOVERNO: 
 DEMOCRACIA 
 III. I. Regimes, Formas e Sistemas Políticos 
 39 
 III.2. A Democracia e seus Tipos. Partidos Políticos. A Participação Política 
40 
 III.3. Valores e Fatores Condicionantes da Democracia 
 46 
 
Capítulo IV - A ORGANIZAÇÃO GOVERNAMENTAL 
 IV. I. A "Separação de Poderes" 
 49 
 IV.2. O Presidencialismo 
 52 
 IV.3. O Parlamentarismo 
 53 
 IV.4. O Sistema Diretorial 
 55 
 
Capítulo V - OS DIREITOS POLÍTICOS 
 V.1. Nacionalidade 
 57 
 V.2. Cidadania. Direitos Políticos 
 63 
 V.3. Asilo Político. Extradição. Expulsão, Deportação. Repatriamento. 
 Banimento 
 66 
 
Capítulo VI - O PODER LEGISLATIVO E SUAS TAREFAS 
 VI.1. Estrutura e Funcionamento do Poder Legislativo 
 71 
 V2.2. A Função Fiscalizadora do Parlamento. 
 Os Tribunais de Contas. As comissões Parlamentares 
 76 
 VI.3. Processo Legislativo. A Elaboração da Lei 
 85 
 
Capítulo VII - O PODER EXECUTIVO 
 VII.1. Atribuições. Estruturação do Governo. Missão do Poder Executivo 
 97 
 VII.2. O Impeachment 
 106 
 VII.3. A Administração Civil 
 109 
 VII.4. As Forças Armadas 
 111 
 VII.5. A Segurança Pública 
 114 
 
Capítulo VIII - O PODER JUDICIÁRIO - O MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
 
 VIII.1. O Poder Judiciário e suas Garantias 
 117 
 VIII.2. Organização da Justiça Brasileira 
 122 
 VIII.3. Funções Essenciais à Justiça 
 134 
 
Capítulo IX - OS PRINCÍPIOS DO ESTADO DE DIREITO 
 IX.1. Generalidades 
 141 
 IX.2. Doutrina dos Direitos Fundamentais e sua Evolução 
 146 
 IX.3. Os Direitos Fundamentais na Constituição Brasileira 
 150 
 
Capítulo X - OS REMÉDIOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
 X.1. Generalidades 
 161 
 X.2. Habeas Corpus 
 162 
 X.3. Mandado de Segurança 
 165 
 X.4. Mandado de Injunção 
 169 
 X.5. Habeas Data 
 169 
 X.6. Ação Popular 
 170 
 X.7. Ação Civil Pública 
 171 
 X.8. Direito de Petição 
 172 
 X.9. Direito a Certidões 
 173 
 
Capítulo XI - OS SISTEMAS DE EMERGÊNCIA 
 XI.1. Principais Sistemas 
 175 
 
Capítulo XII - A ESTRUTURA ECONÔMICO-SOCIAL - BASES E VALORES DA ORDEM ECONÔMICA 
 - ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 
 XII.1. Do Ordenamento Econômico 
 183 
 
Capítulo XIII - DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
 XIII.l. Sistemas Financeiros 
 195 
 
Capítulo XIV - A ORDEM SOCIAL: BASES E VALORES 
 XIV.1. Generalidades 
 197 
 XIV.2. Seguridade Social 
 197 
 XIV.3. Educação 
 200 
 XIV.4. Cultura 
 202 
 
 
 XIV.5. Desporto 
 202 
 XIV.6. Ciência e Tecnologia 
 203 
 XIV.7. Comunicação Social 
 204 
 XIV.8. Meio Ambiente 
 206 
 XIV.9. Família, Criança, Adolescente e Idoso 
 208 
 XIV.10. Índios 
 213 
 
 Bibliografia 
 217 
 
ABREVIATURAS E SIGLAS USADAS 
 
ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
Adin Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 
ARENA Aliança Renovadora Nacional 
art. artigo 
CF Constituição Federal 
CLT Consolidação das Leis do Trabalho 
CP Código Penal 
CPI Comissão Parlamentar de Inquérito 
DEIP Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda 
DF Distrito Federal 
DIP Departamento de Imprensa e Propaganda 
EC Emenda Constitucional 
ECR Emenda Constitucional de Revisão 
ed. edição 
Ed. Editora 
etc. et cetera. 
Ex. Exemplo 
Gen. General 
JCJ Juntas de Conciliação e Julgamento 
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias 
LICC Lei de Introdução ao Código Civil 
LOMN Lei Orgânica da Magistratura Nacional 
MDB Movimento Democrático Brasileiro 
MERCOSUL Mercado Comum do Sul 
MP Ministério Público 
nº número 
OAB Ordem dos Advogados do Brasil 
ONG's Organizações Não-Governamentais 
ONU Organização das Nações Unidas 
PC do B Partido Comunista do Brasil 
PDT Partido Democrático Trabalhista 
Petrobrás Petróleo Brasileiro S.A. 
PFL Partido da Frente Liberal 
PL Partido Liberal 
PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro 
PP Partido Popular 
PSB Partido Socialista Brasileiro 
PSD Partido Social Democrata 
PSDB Partido da Social Democracia Brasileira 
 
 
PSP Partido Social Popular 
PT Partido dos Trabalhadores 
PTB Partido Trabalhista Brasileiro 
R. Resposta 
RISTF Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal 
RISTJ Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça 
SAE Secretaria de Assuntos Estratégicos 
SNI Serviço Nacional de Informações 
STF Supremo Tribunal Federal 
STJ Superior Tribunal de Justiça 
STM Superior Tribunal Militar 
SUDENE Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste 
SUS Sistema único de Saúde 
TCE Tribunal de Contas do Estado 
TCM Tribunal de Contas do Município 
TCU Tribunal de Contas da União 
TFR Tribunal Federal de Recursos 
TJ Tribunal de Justiça 
trad. tradução 
TRE Tribunal Regional Eleitoral 
TRF Tribunal Regional Federal 
TRT Tribunal Regional do Trabalho 
TSE Tribunal Superior Eleitoral 
TST Tribunal Superior do Trabalho 
UDN União Democrática Nacional 
UE União Européia 
vol. volume 
 
 
 APRESENTAÇÃO 
 
 Este livro faz parte de uma coleção - 1.00O Perguntas e Respostas - originalmente 
aos candidatos aos Exames da OAB. 
 Para grata surpresa dos autores, no entanto, os alunos de graduação dos Cursos 
de Direito de todo o País passarama adquiri-los a fim de estudar para as provas das 
matérias lecionadas nas faculdades, sendo que, em algumas delas os próprios professores 
passaram a adotar nossos livros. 
 Também candidatos a concursos públicos, sempre preocupados em estudar as matérias 
exigidas, no menor espaço de tempo possível, e de forma organizada, vêm utilizando 
os volumes da coleção para complementar sua preparação. 
 Por isso, acrescentamos nas capas que os livros podem ser usados para as provas 
das Faculdades de Direito, para os Exames da OAB e para Concursos Públicos. 
 Como nos demais volumes da coleção, procurou-se facilitar o estudo, segundo 
uma estrutura lógica e mantendo, em boa parte, a ordem das matérias de acordo com 
a Constituição Federal de 1988, procurando, também, seguir os tópicos do Curso de 
Direito Constitucional da Faculdade de Direito da USP. 
 Assim, os estudantes e candidatos poderão preparar-se, de forma organizada, 
enfocando as partes em que se sentirem mais inseguros, mas sem perder de vista o sistema 
jurídico constitucional, que consiste em interpretar dispositivos não de forma isolada, 
mas em consonância com todo o conjunto normativo. 
 A todos, bons estudos, boas provas! 
 
 Os Autores 
 
 
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO - PRINCÍPIOS - GENERALIDADES 
 
 
 
I.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
1) Em que sentidos pode ser entendido o vocábulo "Constituição"? 
R.: Constituição é vocábulo que pode ser entendido em sentido político, sociológico 
ou puramente jurídico. 
 
2) O que significa o vocábulo "Constituição", em sentido político? 
R.: Em sentido político, Constituição é um documento formal e solene, um conjunto 
de normas jurídicas, que dispõem sobre a organização fundamental do Estado e orientam 
seu funcionamento, além de estabelecer garantias aos direitos individuais e coletivos. 
 
3) O que significa o vocábulo "Constituição" em sentido sociológico? 
R.: Em sentido sociológico, Constituição é a soma dos fatores reais de poder que existem 
em determinado país, consistindo a lei escrita meramente em uma formalização desses 
poderes. 
 
4) O que significa o vocábulo "Constituição", em sentido puramente jurídico? 
R.: Em sentido puramente jurídico, Constituição é uma norma fundamental hipotética, 
que serve de fundamento lógico de validade da norma positiva suprema, dentro de um 
ordenamento jurídico, que regula a criação de outras normas. 
 
5) Como pode ser classificada a Constituição, quanto à forma das regras constitucionais? 
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto à forma das regras constitucionais, 
em escrita (consiste em normas legislativas positivadas) e não escrita (também 
denominada consuetudinária ou inorgânica - consiste na observação dos usos e dos 
costumes). 
 
pág. 2 
 
6) De que espécies pode ser a Constituição escrita? 
R.: A Constituição escrita pode ser codificada (quando todas as normas constam de 
um único diploma legal, a Constituição) ou não-codificada (quando as normas constam 
de diversos diplomas legais). 
 
7) Como pode ser classificada a Constituição, quanto ao conteúdo das regras 
constitucionais? 
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto ao conteúdo das regras constitucionais, 
em material e formal. 
 
8) De que espécies pode ser a Constituição material? 
R.: A Constituição material pode ser material em sentido amplo (enquanto refletir 
e se identificar plenamente com o regime político ao qual o Estado está submetido) 
e material em sentido estrito (quando o conteúdo consiste em normas que tratam 
exclusivamente de matérias constitucionais). 
 
9) O que é Constituição formal? 
R.: Constituição formal é aquela solenemente promulgada, diploma orgânico que reflete 
a estrutura e o funcionamento do Estado, somente passível de modificações mediante 
processos e formalidades especiais, nela previstos. 
 
10) Como pode ser classificada a Constituição, quanto à origem? 
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto à origem, em dogmática e histórica. 
 
11) O que é Constituição dogmática? 
R.: Constituição dogmática é a que resulta da aplicação de princípios (ou dogmas), 
de modo consciente, que fixam a organização fundamental do Estado. 
 
 
 
12) O que é Constituição histórica? 
R.: Constituição histórica é aquela que provém de lenta evolução dos valores do povo, 
em determinada sociedade, resultando em regras escritas (leis) e não escritas (usos 
e costumes). 
 
pág. 3 
 
13) Como pode ser classificada a Constituição, quanto à estabilidade das regras 
constitucionais? 
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto à estabilidade das regras 
constitucionais, em rígida, semi-rígida e flexível. 
 
14) O que é Constituição rígida? 
R.: Constituição rígida é aquela em que as regras constitucionais somente podem ser 
alteradas mediante processo especial e qualificado, de infreqüente aplicação. 
 
15) O que é Constituição semi-rígida? 
R.: Constituição semi-rígida é aquela em que as regras constitucionais podem ser 
alteradas, em parte pelo processo legislativo comum e em parte, por processo especial. 
 
16) O que é Constituição flexível? 
R.: Constituição flexível é aquela em que as regras constitucionais são passíveis 
de modificações pelo processo legislativo comum. 
 
17) Em que consiste a chamada Constituição-garantia? 
R.: Constituição-garantia é a denominação que se dá à Constituição do tipo clássico, 
que assegura liberdades individuais e coletivas e limita o poder do Estado. 
 
18) Em que consiste a chamada Constituição-balanço? 
R.: Constituição-balanço é a denominação que se dá à Constituição que meramente descreve 
e sistematiza a organização política do Estado, refletindo um estágio nas relações 
de poder, sendo revisada a cada salto evolutivo significativo. Foi o tipo utilizado 
nos países socialistas, antes da queda do Muro de Berlim, em 1989. 
 
19) Em que consiste a chamada Constituição-dirigente? 
R.: Constituição-dirigente é a denominação que se dá à Constituição cujas normas 
estabelecem diretrizes para o exercício do poder, de forma a atingir objetivos políticos, 
sociais e econômicos, e que contém, para tal, normas constitucionais programáticas. 
 
20) Como pode ser classificada a Constituição, quanto ao modo de elaboração? 
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto ao modo de elaboração, em dogmática 
(sempre escrita, elaborada por órgão constituinte, consagra os dogmas políticos e 
jurídicos dominantes na época da elaboração) e histórica (sempre não escrita, ou 
costumeira, quando resulta de longo processo de sedimentação política, social e 
jurídica, não se conseguindo determinar ao certo sua fonte). 
 
pág. 4 
 
21) Como pode ser classificada a Constituição, quanto à origem? 
R.: A Constituição pode ser classificada, quanto à origem, em popular (ou democrática), 
quando elaborada por uma Assembléia Constituinte, composta por representantes eleitos 
pelo povo, e outorgada (ou imposta), quando o governante ou interposta pessoa elabora 
o texto constitucional, sem participação do povo. 
 
22) Que são regras materialmente constitucionais? 
R.: Regras materialmente constitucionais são aquelas que dispõem sobre as formas de 
governo, do Estado, de aquisição e exercício do poder, da estrutura dos órgãos de 
 
 
poder do Estado e dos limites da ação estatal, contidas ou não na Constituição. 
 
23) Que são regras formalmente constitucionais? 
R.: Regras formalmente constitucionais são aquelas que, embora contidas na 
Constituição, não têm conteúdo constitucional. 
 
24) Qual a origem histórica das Constituições? 
R.: A origem histórica das Constituições costuma ser apontadacomo a Magna Carta, 
de 1215, um documento escrito, outorgado pelo Rei João Sem Terra a seus nobres, celebrado 
na Inglaterra, garantindo-lhes determinados direitos e benefícios. 
 
25) A Magna Carta estabelecia limites à atuação do rei, relativamente aos direitos 
de todas as pessoas do povo? 
R.: Não. Era um pacto visando o respeito aos direitos dos senhores feudais, 
exclusivamente, por parte da Coroa, não incluindo garantias às pessoas do povo. 
 
26) Que outros diplomas legislativos são apontados como formadores do moderno conceito 
de Constituição? 
R.: Aponta-se: a) a Petition of Rights, de 1628, imposta pelo Parlamento inglês ao 
Rei Carlos I, da Inglaterra, para que a Coroa respeitasse os direitos de todos os 
cidadãos ingleses; e b) os contratos de colonização, celebrados na América do Norte 
pelos peregrinos ingleses (como o Compact, de 1620, celebrado a bordo do navio Mayflower 
e as Fundamental Orders of Connecticut, de 1639). 
 
pág. 5 
 
27) Em que diferem esses diplomas legais do século XVII de diplomas legais anteriores, 
tais como a Magna Carta? 
R.: Embora a Magna Carta constitua inegável avanço no campo jurídico constitucional, 
tanto ela quanto os forais e as cartas de franquia eram destinadas a determinados 
grupos de pessoas, sendo sempre outorgadas pelo monarca; os diplomas legais do século 
XVII diferenciam-se destas porque refletem o estabelecimento e a organização do governo 
pelos próprios cidadãos, que a eles se submetem, consistindo em uma espécie de pacto 
(ou contrato) social, idéia desenvolvida pelos filósofos Locke, Hobbes, e Rousseau. 
 
28) Que avanços surgiram no século XVIII, em relação à organização social do Homem? 
R.: No século XVIII surge o Iluminismo, doutrina que individualiza os direitos do 
Homem, separando-os dos da sociedade; essa visão ideológica é fonte do liberalismo 
econômico, que privilegia a livre-concorrência em face do dirigismo estatal, sendo 
representada pela expressão laissez-faire. A ênfase nos direitos naturais do Homem 
impõe limites à atuação do Estado, prevendo remédios à violação de direitos dos cidadãos. 
Do ponto de vista organizacional, surge a doutrina da separação dos poderes, elaborada 
por John Locke no livro Segundo Tratado do Governo Civil e por Montesquieu, em seu 
livro O Espírito das Leis. Em 1789, eclode a Revolução Francesa, ocasião em que foi 
promulgada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (26.08.1789), que a consagra 
no art. 16. 
 
29) Em que consiste a doutrina da separação dos poderes? 
R.: A doutrina da separação dos poderes baseia-se na idéia de que todo homem investido 
de poder é tentado a abusar desse poder, e que a divisão de poderes e funções do Estado 
é necessária para impedir a arbitrariedade; constitui a base da organização liberal 
e das democracias modernas, o instrumento da "segurança dos cidadãos". 
 
pág. 6 
 
30) O que é constitucionalismo? 
R.: Constitucionalismo é o movimento de caráter político e jurídico, de cunho liberal, 
 
 
em voga entre o final do século XVIII e o término da Primeira Guerra Mundial, cujo 
objetivo é o estabelecimento de Estados de direito baseados em regimes constitucionais, 
isto é, fundados numa Constituição democrática, que delimita claramente a atuação 
do Poder Público, mediante a separação dos poderes, e assegura ampla proteção aos 
direitos dos cidadãos, impondo o exercício, no plano político, do chamado "governo 
das leis e não dos homens". 
 
31) Que transformações sofreu o constitucionalismo, após o término da Primeira Guerra 
Mundial? 
R.: Ao término da Primeira Guerra Mundial, surgiram novos países na Europa, que adotaram 
Constituições escritas; outras correntes políticas, como as defendidas pelos partidos 
socialistas e democratas-cristãos, passaram a ter influência junto à opinião pública, 
e dissociaram o constitucionalismo do movimento liberal, acrescendo dimensão social 
e econômica às Constituições, contrabalançando a anterior supremacia dos direitos 
individuais. 
 
32) O que se entende por racionalização do poder? 
R.: Entende-se por racionalização do poder uma forma extremada de constitucionalismo, 
que consiste na tentativa de utilizar mecanismos jurídicos, elaborados pelos teóricos 
do Direito, no sentido de incorporá-los às Constituições, enquadrando completamente 
a vida política da nação nessa espécie de documento legal. 
 
33) Que críticas são dirigidas à corrente doutrinária da racionalização do poder? 
R.: As principais críticas são as seguintes: a) a vida política de uma nação é por 
demais variada para ser completamente regulada por uma Constituição rígida; e b) nenhuma 
regra jurídica, por si só, logrará êxito, à falta de um adequado substrato 
sócio-econômico, com o qual se harmonize. 
 
34) Pode o constitucionalismo ser considerado tendência em completo desuso? 
R.: Não. Embora bastante modificado em relação à forma original, ressurge o 
constitucionalismo, com maior ou menor intensidade, sempre que um Estado decide elaborar 
nova Constituição ou emendar a existente; ainda que suas virtudes já sejam menos 
evidentes, há aqueles que continuam a acreditar na possibilidade de racionalizar o 
poder, insculpindo na Constituição todas as leis fundamentais reguladoras da vida 
política da nação. 
 
pág. 7 
 
I.2. CONSTITUIÇÕES NO BRASIL 
 
35) Que Constituições já teve e tem o Brasil? 
R.: O Brasil, independente de Portugal desde 1822, teve oito Constituições, a primeira 
promulgada no Império, em 1824; a segunda, e as seguintes foram promulgadas durante 
o período republicano, nos anos de: 1891, 1934, 1937 (denominada "polaca", pois se 
inspirou na Constituição polonesa), 1946, 1967 (regime militar), 1969 (verdadeira 
Constituição, embora formalmente outorgada pela Emenda Constitucional n.º 1) e, 
finalmente, a de 1988. 
 
36) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da Constituição do 
Império, a primeira Constituição do Brasil, de 1824? 
R.: Para elaborar a Constituição do Império foi criada uma Assembléia Constituinte, 
formada de delegados das Províncias, cujo primeiro cuidado foi o de elaborar uma 
compilação das leis existentes; dissolvida a Assembléia pelo Imperador, devido aos 
incidentes entre brasileiros e portugueses "adotivos", foi criado o Conselho de Estado, 
que apresentou o Novo Projeto de Constituição, aprovado na íntegra pelo Imperador 
D. Pedro I. Suas mais importantes características são: a) influência das quatro 
Declarações Revolucionárias Francesas e do filósofo positivista e jurista francês 
 
 
Benjamin Constant; b) proteção aos direitos civis e políticos do cidadão; c) abolição 
de privilégios não essenciais e inteiramente ligados aos cargos por utilidade pública; 
e d) abolidas, as penas de açoite, tortura, marcas de ferro quente e todas as penas 
cruéis. 
 
37) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da segunda Constituição 
do Brasil e primeira da República, de 1891, e da reforma que a ela se seguiu, em 1926? 
R.: Por orientação de Rui Barbosa, a primeira Constituição da República dos Estados 
Unidos do Brasil tomou por modelo a Constituição Norte-Americana, dela extraindo seus 
princípios fundamentais e sendo promulgada em 24.02.1890, com 90 artigos; 
posteriormente, em 1926, foi profundamente reformada, passando a apresentar as 
seguintes características: a) seus princípios foram enumerados; b) foi instituído 
o veto parcial; c) adequação do habeas corpus somente para garantir a liberdade de 
locomoção; d) determinação de que nenhum emprego seria criado, nem vencimento algum, 
civil ou militar, seria alterado, senão por lei ordinária especial; e e) outorgada 
competência ao Chefedo Poder Executivo para poder expulsar do território nacional 
os estrangeiros perigosos à ordem pública ou aos interesses da República. 
 
pág. 8 
 
38) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da terceira Constituição 
do Brasil, e segunda da República, de 1934? 
R.: Vitoriosa a Revolução de 1930 e deposto o Presidente Washington Luís, assume o 
Governo uma Junta Governativa composta por dois Generais (Tasso Fragoso e Menna Barreto) 
e um Contra-Almirante (Isaías de Noronha), que, a seguir, transmitem o Governo ao 
chefe supremo da revolução, Getúlio Vargas; promulgada em 16.07.1934, continha 187 
artigos e apresentava as seguintes características: a) mantinha a forma federativa 
de Governo; b) declarava independentes e harmônicos os Poderes Executivo, Legislativo 
e Judiciário; c) discriminava os impostos federais e estaduais e assegurava autonomia 
municipal, em tudo o que se referisse ao peculiar interesse da Comuna; d) a Câmara 
dos Deputados compunha-se, além de representantes do povo, eleitos mediante sistema 
proporcional e sufrágio direto, também de representantes de associações profissionais, 
no total de um quinto da representação popular; e e) O Senado não tomava parte na 
votação de todas as leis. Em 12.12.1935 foram promulgadas as Emendas n.ºs 1, 2 e 3. 
 
39) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da quarta Constituição 
do Brasil, e terceira da República, de 1937? 
R.: Em 10.11.1937, Getúlio Vargas comanda um golpe de Estado, alegando riscos à paz 
política e social, com ameaças de guerra civil e de infiltração comunista; fecha o 
Congresso e passa a governar por Decretos-leis; promulga nova Constituição, contendo, 
também, 187 artigos, elaborada pelo jurista Francisco Campos, que apresenta as seguintes 
características: a) o Parlamento pode autorizar o Presidente da República a expedir 
Decretos-leis, mediante ressalvas (art. 12); no art. 180, permite que o Presidente 
expeça Decretos-leis enquanto não se reunir o Parlamento Nacional (nunca se reuniu 
durante o governo ditatorial de Getúlio Vargas); b) transforma a Federação em Estado 
unitário, revogando as Constituições estaduais; e c) institui o Departamento de Imprensa 
e Propaganda-DIP e, em cada Estado o DEIP, com radioescutas, tudo ouvindo e controlando. 
Na verdade, a CF de 1937 (denominada "Polaca", pelo modelo seguido e por seu caráter 
absolutista, precedida de justificação), legalizava uma ditadura de caráter populista, 
que somente foi afastada a partir do final da 2.ª Guerra Mundial. 
 
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40) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da quinta Constituição 
do Brasil, e quarta da República, de 1946? 
R.: Afastado Getúlio Vargas do poder, foi reunida, em 02.02.1946, a Assembléia Nacional 
Constituinte; a nova Constituição foi promulgada em 18.09.1946, e refletia, de modo 
 
 
preciso, todo o quadro social e Político do mundo e do Brasil, após a 2.ª Guerra Mundial, 
entrando o mundo numa fase em que predominava o espírito democrático, e o social se 
sobrepunha ao individual. Apresentava como principais características, algumas delas 
inovadoras: a) o Poder Judiciário tinha como ápice o STF e cada Estado tinha um Tribunal 
de Justiça; b) controle constitucional de qualquer lesão de direito; c) restabelecimento 
do cargo de Vice-Presidente da República; d) criação do Tribunal Federal de Recursos-TFR 
e do Conselho Nacional de Economia; e) integração da Justiça do trabalho ao âmbito 
do Judiciário; e f) reconhecimento do direito de greve. 
 
41) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da sexta Constituição 
do Brasil, e quinta da República, de 1967? 
R.: Jânio Quadros, democraticamente eleito em 1960, renunciou sete meses depois, em 
25.08.1961, sendo sucedido pelo Vice-Presidente eleito (pelo sistema vigente então, 
não precisavam, os candidatos a presidente e Vice, pertencer à mesma chapa), João 
("Jango") Goulart. Visando transformar o Brasil em uma República Sindicalista, de 
feição socialista, embora admirador do peronismo argentino e do caudilhismo de Getúlio 
Vargas (seu "pai político"), chocou-se Jango com o forte sentimento e orientação 
nacionalista das Forças Armadas, que o depuseram em 31.03.1964, assumindo o Governo 
o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco; seu sucessor, eleito indiretamente 
pelo Congresso, Gen. Arthur da Costa e Silva, incumbiu um corpo de juristas da elaboração 
do projeto de nova Constituição, que entrou em vigor em 15.03.1967, contendo 189 artigos 
e reflete o caráter autoritário do Governo Militar. 
 
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42) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da sétima Constituição 
do Brasil, e sexta da República, de 1969? 
R.: Resultado da conturbação política da época, que culminou com discurso injurioso 
às Forças Armadas, proferido no Plenário da Câmara Federal por um Deputado, em setembro 
de 1968, foi editado o Ato Institucional n.º 5, em 13.12.1968, que implantou nítido 
regime de força no país, abolindo as garantias para o cidadão e para a Magistratura. 
Falecendo o Presidente Costa e Silva, após enfermidade que o afastou do poder, a Junta 
Militar que governava em seu lugar editou a Emenda Constitucional n.º 1, em 17.10.1969, 
que reiterava o caráter autoritário da CF de 1967, alterando-a. A nova Constituição, 
com 217 artigos (embora denominada "Emenda", deve ser considerada verdadeira Carta 
Constitucional), e os Atos Institucionais editados, consagraram o mais autoritário 
regime da História do Brasil, dispondo, por exemplo que: a) seria autorizado o banimento 
do brasileiro que se tornasse inconveniente, nocivo ou perigoso à segurança nacional; 
b) passavam a existir as penas de prisão perpétua e pena de morte, em hipóteses de 
guerra externa, psicológica, adversa, revolucionária ou subversiva; c) era vedado 
o emprego de mandado de segurança e de habeas corpus, relativamente a atos do Estado; 
d) ficava suspensa a vitaliciedade e a inamovibilidade dos magistrados; e e) era 
permitida a cassação de mandatos eletivos, nas três esferas de Poder. 
 
43) Como foi elaborada e quais as mais marcantes características da oitava Constituição 
do Brasil, e sétima da República, de 1988? 
R.: O Governo Militar, após a enfermidade de Costa e Silva (que culminou com seu 
falecimento, em dezembro de 1969), substituído por uma Junta, passou para as mãos 
do Gen. Emílio Garrastazu Médici, precisamente na data da entrada em vigor da EC n.º 
1/69, 17.10.1969; foram reabertas as Assembléias Legislativas dos Estados e prometida 
gradativa abertura do regime; sucedeu-o, em 1974, o Gen. Ernesto Geisel, que também 
passou a promover um programa de abertura política, "lenta, gradual e segura", segundo 
o critério alardeado pelo governo, na época; sucedeu-o, por sua vez, por meio de nova 
eleição indireta, o Gen. João Baptista Figueiredo, durante cujo mandato ocorreram 
amplas manifestações populares, que visavam à redemocratização do país e a realização 
de eleições diretas (movimento "Diretas Já !"). Ainda uma vez, foram realizadas eleições 
indiretas, ganhando o candidato Tancredo Neves, que deveria tomar posse em 15.03.1985; 
 
 
acometido de grave moléstia, assumiu a Presidência, de forma irregular, José Sarney, 
seu Více (a rigor, deveria assumir o Presidente da Câmara dos Deputados, pois o Vice 
somente sucede o Presidente, quando afastado; como não chegou a tomar posse, Tancredo 
não era, ainda, Presidente), dando início à era chamada de "Nova República". Convocada 
para se reunir unicameralmente a Assembléia Nacional Constituinte, em 01.02.1987, 
culminaram os trabalhos com a promulgação da Nova Constituição, a 05.10.1988, com 
245 artigos e mais70 artigos constantes do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias - ADCT, cuja mais significativa característica é seu cunho democrático, 
que firma o Brasil como Estado de Direito; algumas inovações merecem destaque: a) 
mandado de segurança coletivo; b) mandado de injunção; c) habeas data; d) proteção 
a direitos difusos e coletivos; e e) consagração do STF como Corte predominantemente 
constitucional, criação do Superior Tribunal de Justiça - STJ e extinção do Tribunal 
Federal de Recursos - TFR. 
 
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44) Qual a estrutura da atual Constituição do Brasil, de 1988? 
R.: A Constituição brasileira abre com um Preâmbulo, que consiste em declaração solene 
dos membros da Assembléia Nacional Constituinte, sintetizando o pensamento que norteou 
o trabalho de elaboração, e afirmando que, reunidos para instituir um Estado Democrático, 
a promulgam; os 245 artigos e centenas de incisos da Lei Magna distribuem-se em 10 
capítulos, denominados Títulos, que são: I - Dos Princípios Fundamentais (arts. 1.º 
a 4.º); II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais (arts. 5.º a 17); III - Da Organização 
do Estado (arts. 18 a 43); IV - Da Organização dos Poderes (arts. 44 a 135); V - Da 
Defesa do Estado e das Instituições Democráticas (arts. 136 a 144); VI - Da Tributação 
e do Orçamento; VII - Da Ordem Econômica e Financeira (arts. 170 a 192); VIII - Da 
Ordem Social (arts. 193 a 232); IX - Das Disposições Constitucionais Gerais (arts. 
233 a 245). Além disso, ao final, 70 artigos (numerados de 1.º a 70), compõem o ADCT 
- Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 
 
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45) Como pode ser classificada a atual Constituição brasileira? 
R.: A atual Constituição brasileira pode ser classificada como formal, escrita, 
dogmática, popular e rígida. 
 
46) Qual o importante princípio político consagrado no art. 1.º da CF de 1988? 
R.: O art. 1.º consagra o princípio da democracia direta, isto é, o poder político 
pode ser exercido não apenas por meio dos representantes do povo (democracia indireta), 
mas também por qualquer cidadão que, por meio de mecanismos previstos, poderá submeter 
projeto de lei ao Congresso. 
 
47) Quais os fundamentos democráticos do poder, constitucionalmente assegurados? 
R.: Os fundamentos democráticos do poder, estabelecidos no art. 1.º da CF são: a) 
a soberania; b) a cidadania; c) a dignidade da pessoa humana; e d) os valores sociais 
do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. 
 
48) Quais os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, estabelecidos 
na CF? 
R.: Os objetivos fundamentais, estabelecidos pelo art. 3.º da CF, são: a) construir 
uma sociedade livre, justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) 
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
e d) promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação. 
 
49) Que espécies de direitos e garantias fundamentais constam da CF de 1988? 
R.: A atual CF estabelece garantias e direitos fundamentais que podem ser agrupados 
 
 
em quatro espécies: a) direitos individuais e coletivos (art. 5.º, contendo 77 incisos; 
b) direitos sociais (arts. 6.º a 12); c) nacionalidade (art. 12); e d) direitos políticos 
(arts. 14 a 17). 
 
50) As regras constitucionais informais significam a dissolução das Constituições 
tradicionais? 
R.: Não. O acolhimento de regras constitucionais informais, pelos sistemas jurídicos, 
somente ocorre quando essas regras obedecem a determinados requisitos, tais como se 
constituírem em expectativas regulares de comportamentos e decisões, terem conexão 
imediata com as normas jurídico-constitucionais (como regras complementares), terem 
um fundamento de validade jurídica e se situarem dentro dos limites dos princípios 
e das normas do Direito Constitucional formal. As Constituições tradicionais não perdem 
seu papel fundamental, apenas incorporam essas normas, o que lhes confere nova ótica 
legal. 
 
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51) Que são normas constitucionais auto-executáveis? 
R.: Normas constitucionais auto-executáveis são aquelas que devem ser aplicadas 
imediatamente, a partir da entrada em vigor da Constituição, sem a necessidade de 
regra jurídica infraconstitucional posterior. 
 
52) Que são normas constitucionais não auto-executáveis? 
R.: Normas constitucionais não auto-executáveis são aquelas que não podem ser 
imediatamente aplicadas, a partir da entrada em vigor da Constituição, porque necessitam 
de regra jurídica infraconstitucional posterior, que estabeleça a forma e as condições 
de aplicabilidade da norma. 
 
53) Que modelos de Constituição vigoraram no Mundo, no século XX? 
R.: No século XX, os principais modelos de Constituição seguidos no Mundo foram: a) 
do Estado de direito liberal; b) do Estado social; e c) do Estado socialista. 
 
54) Quais os elementos constitutivos da Constituição do Estado de direito liberal? 
R.: Os principais elementos constitutivos desse modelo constitucional são: a) o único 
referencial da Constituição é o Estado; b) observação dos princípios fundamentais 
da concepção de Estado liberal: autonomia privada, economia de mercado, garantias 
à propriedade privada, ingerência mínima do Estado, apenas de forma subsidiária e 
secundária; c) racionalização e limitação do poder do Estado, e consagração de garantias 
do indivíduo contra sua atuação; d) dualismo Estado-sociedade, expresso na força 
normativa da Constituição, que regula juridicamente a organização dos órgãos do Estado, 
em separado da sociedade; e e) a interpretação da vontade constitucional é feita com 
base no texto escrito, expresso, e no contexto jurídico amplo, oculto. 
 
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55) Quais os elementos constitutivos da Constituição do Estado social? 
R.: Os principais elementos constitutivos desse modelo constitucional são: a) os 
referenciais da Constituição são o Estado e a sociedade; b) observação dos princípios 
fundamentais da concepção de Estado social: intervenção do Estado nos planos social, 
econômico e político, de forma a assegurar as formas de existência social, a igualdade 
econômica e restringir a liberdade do indivíduo em face do interesse social; c) imposição 
de fins e tarefas ao Poder Público, de modo que os direitos das pessoas sejam atingidos 
mediante participação direta do Estado; e d) a interpretação da vontade constitucional 
é feita por meio da análise do texto e do contexto, descodificados, isto é, a mensagem 
social, econômica e cultural é inequivocamente enunciada. 
 
56) Quais os elementos constitutivos da Constituição do Estado socialista? 
 
 
R.: Os principais elementos constitutivos desse modelo constitucional são: a) os 
referenciais da Constituição são, pretensamente, o Estado e a sociedade; b) observação 
dos princípios fundamentais da concepção de Estado socialista, que tem caráter 
classista, controla ao máximo a propriedade e os meios de produção e é centralizador 
de decisões em todas as esferas da vida social e econômica; c) as tarefas do Estado 
são enunciadas de forma programática; d) preponderância extremada dos objetivos do 
Estado em face dos direitos individuais, restando ao indivíduo poucas defesas contra 
as pretensões estatais; e e) a Constituição contém forte matiz ideológico, servindo 
ao mesmo tempo de programa de ação e de balanço das conquistas consideradas 
revolucionárias. 
 
57) De que espécies podem ser os elementos constitutivos da Constituição, segundo 
o conteúdo das normas? 
R.: Os elementos constitutivos da Constituição, segundo o conteúdo das normas, podem 
ser das seguintes espécies: a) orgânicos- normas sobre a estrutura e o funcionamento 
do Estado e o exercício do poder; b) limitativos - normas que delimitam a atuação 
do Estado e asseguram proteção aos direitos fundamentais dos cidadãos; c) 
sócio-ideológicos - normas que equilibram a extensão dos direitos individuais com 
os direitos da coletividade, por meio da ação intervencionista do Estado, assegurando 
proteção a grupos minoritários; d) de estabilização constitucional - normas que prevêem 
a solução de conflitos constitucionais, a defesa do Estado, das instituições e da 
própria Constituição; e e)formais de aplicabilidade - normas que prescrevem regras 
de aplicação da Constituição. 
 
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58) Indicar, no texto da atual Constituição brasileira, normas que exemplificam cada 
uma das espécies de elementos constitucionais. 
R.: a) elementos orgânicos: Título IV - Da Oganização dos Poderes e do Sistema de 
Governo; b) elementos limitativos: Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais; 
c) elementos sócio-ideológicos: Título VIII - Da Ordem Social; d) elementos de 
estabilização constitucional - art. 102, I, a - ação direta de inconstitucionalidade 
de lei ou ato normativo federal ou estadual; e e) elementos formais de aplicabilidade 
- ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 
 
I.3. O DIREITO CONSTITUCIONAL E SUAS RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS AFINS 
 
59) Em que consiste o Direito Constitucional? 
R.: Direito Constitucional é o ramo do direito público interno que tem como objeto 
a forma e a estrutura do Estado, dos sistemas de governo, a organização, o funcionamento, 
as atribuições e as relações entre seus órgãos superiores, o Poder Legislativo e o 
Poder Executivo e, por fim, a participação ativa do povo, no governo, cuja importância 
é cada vez mais acentuada, nos modernos Estados de direito. 
 
60) Qual a relação entre o Direito Constitucional e a Ciência Política? 
R.: O Direito Constitucional tem por objeto o estudo do estatuto jurídico do poder; 
a Ciência Política tem por objeto o estudo do poder, no plano político. 
 
61) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Administrativo? 
R.: O Direito Administrativo estuda e regula a estrutura e a ação da Administração 
Pública, buscando seus princípios e orientação na Constituição. 
 
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62) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Processual? 
R.: O Direito Processual estuda e regula a atuação do Poder Judiciário, cuja estrutura 
é determinada pela Constituição; os princípios fundamentais do Direito Processual 
 
 
são expressamente determinados, ou se inspiram, no texto constitucional. 
 
63) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Tributário? 
R.: O Direito Tributário estuda e regula o poder de tributar das pessoas jurídicas 
de direito público político interno (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) 
e suas relações com os contribuintes ou responsáveis tributários; os princípios 
fundamentais do Direito Tributário aparecem expressamente determinados, ou se 
inspiram, no texto constitucional. 
 
64) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Penal? 
R.: O Direito Penal orienta-se por princípios constitucionais, fundados nos direitos 
e liberdades garantidos aos cidadãos pela Constituição. 
 
65) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Civil? 
R.: As regras de Direito Civil devem obedecer às normas constitucionais gerais sobre 
família e propriedade. 
 
66) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Comercial? 
R.: As regras de Direito Comercial sofrem restrições impostas pelas normas 
constitucionais, que dispõem sobre o controle acionário de empresas que exploram 
determinadas atividades, ou determinam a existência de monopólios estatais, isto é, 
vedam a participação da iniciativa privada em alguns segmentos da economia do país. 
 
67) Qual a relação entre o Direito Constitucional e o Direito Trabalhista? 
R.: O Direito do Trabalho tem por objeto o estudo e a regulamentação das relações 
jurídicas individuais e coletivas entre empregados e empregadores, e suas normas devem 
obedecer aos preceitos constitucionais que dispõem sobre as garantias, os direitos 
e os deveres de ambos. 
 
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68) Qual a relação entre o Direito Constitucional e a Teoria Geral do Estado? 
R.: A Teoria Geral do Estado fornece elementos essenciais ao Direito Constitucional, 
quanto à estrutura do Estado e à atuação dos regimes de governo inspirados por diversas 
correntes políticas. 
 
69) Qual a relação entre o Direito Constitucional e a Economia? 
R.: A Economia fornece os conhecimentos necessários para adequar as normas 
constitucionais que têm influência na vida econômica do país. 
 
70) Qual a relação entre o Direito Constitucional e a Filosofia? 
R.: A Filosofia fornece valores morais e éticos, orientativos do funcionamento das 
organizações políticas. 
 
71) Qual a relação entre o Direito Constitucional e a Sociologia? 
R.: A Sociologia explica o funcionamento e o inter-relacionamento entre os diversos 
fenômenos sociais, fornecendo o contexto necessário para a elaboração normativa. 
 
CAPÍTULO II - CONSTITUIÇÃO 
 
II.1. PODER CONSTITUINTE. REFORMA 
 
72) Em que consiste o Poder Constituinte? 
R.: Poder Constituinte é o órgão legislativo do Estado, dotado de autoridade política, 
cuja finalidade é criar ou rever a Constituição, e do qual derivam todos os outros 
poderes do Estado, não sendo instituído por nenhum anterior a ele. 
 
 
 
73) Em que época surge a noção de Poder Constituinte? 
R.: A noção de Poder Constituinte surge com o panfleto de Sièyès, do início da chamada 
Idade Moderna, sendo contemporânea da noção de Constituição escrita. 
 
74) Quem detém a titularidade do Poder Constituinte? 
R.: O detentor da titularidade do Poder constituinte é o povo. 
 
75) O que é Poder Constituinte originário? 
R.: Poder Constituinte originário (também chamado próprio) é o órgão legislativo 
incondicionado, dotado de autoridade política máxima, e que promove a criação de nova 
Constituição (em Estado que acabou de nascer), ou a substituição de uma Constituição 
por outra ou, ainda, dá origem a novo Estado. 
 
76) Quais os atributos do Poder Constituinte originário? 
R.: O Poder Constituinte originário apresenta os seguintes atributos: a) é causa de 
si, porque não se fundamenta em nenhum outro; b) é autônomo, porque não vinculado 
a nenhum outro poder, que o circunscreva, c) é incondicionado, porque não existe, 
em texto anterior, nenhum conjunto de normas que lhe dite o modo de agir; e d) é limitado, 
porque disciplinado por princípios de direito natural. 
 
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77) O que é Poder Constituinte derivado? 
R.: Poder Constituinte derivado (também chamado impróprio, ou instituído) é aquele 
que, fundado e previsto no Poder Constituinte originário, pode modificar ou completar 
a Constituição, ou ainda, institucionalizar os Estados federados que dela derivem, 
sem qualquer tipo de ruptura com a situação jurídica e política anterior. 
 
78) Qual a natureza do Poder Constituinte? 
R.: A natureza do Poder Constituinte é a de poder de direito, anterior ao Direito 
Positivo do Estado, e superior a este, que é o Direito Natural, que é a base da liberdade 
humana para estabelecer as instituições que governarão a sociedade. 
 
79) De que fator decorre a legitimidade do governo estabelecido? 
R.: A legitimidade do governo estabelecido é amparada pelo desejo da opinião predominante 
(consensus), na sociedade. 
 
80) Qual a diferença entre legitimidade e legalidade de um governo estabelecido? 
R.: A legitimidade deriva do consenso(vontade da maioria); a legalidade tem origem 
na lei, justa ou injustamente promulgada. 
 
81) De que espécies pode ser o poder governamental? 
R.: O poder governamental pode ser: a) de fato, quando não têm legitimidade, mesmo 
que apoiado na legalidade; e b) de direito, quando fundado na legitimidade. 
 
82) Quem é agente do Poder Constituinte? 
R.: Agente do Poder Constituinte é o indivíduo ou grupo de indivíduos que elabora 
a Constituição do Estado, com fundamento nesse Poder, exercendo-o em nome do povo. 
 
83) Qual o veículo do Poder Constituinte originário? 
R.: Veículo do Poder Constituinte originário é, em geral, uma revolução (em sentido 
jurídico), que ocasiona a perda de eficácia da Constituição anterior, e permite a 
entrada em vigor de uma nova Constituição. 
 
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84) Somente uma revolução em sentido jurídico (isto é, o rompimento da Constituição 
 
 
vigente) possibilita o surgimento de nova Constituição? 
R.: Não. É possível o surgimento de nova Constituição a partir de profunda reforma 
na anterior, de acordo com normas nela própria previstas, resultando em Carta Magna 
bastante diversa da existente; é, também, possível, que seja outorgada por um país 
colonizador ao colonizado, à época da independência nacional. 
 
85) Quais as características do Poder Constituinte originário? 
R.: O Poder Constituinte originário apresenta as seguintes características: a) é 
inicial, pois todos os poderes dele derivam; b) é ilimitado, dentro de um ordenamento 
jurídico positivo; e c) é incondicionado, pois as formas para sua manifestação não 
são previamente fixadas. 
 
86) De que formas pode uma nova Constituição ser editada? 
R.: Uma nova Constituição pode ser editada por meio de: a) outorga; b) convocação 
de Assembléia Constituinte; e c) plebiscito. 
 
87) Em que consiste a outorga da Constituição? Dar exemplo. 
R.: Outorga da Constituição é a imposição de um texto constitucional, elaborado sem 
consulta popular, e promulgado por um Poder Constituinte que age dentro da legalidade, 
mas não sempre com legitimidade. Ex.: Constituição brasileira de 1937 ("polaca"), 
elaborada por Ministro de Estado. 
 
88) Em que consiste a convocação de uma Assembléia Constituinte para estabelecer nova 
Constituição? Dar exemplos em que essa situação efetivamente ocorreu, no Brasil. 
R.: Consiste na eleição ou indicação de um grupo de indivíduos que discutem e elaboram 
um texto (projeto) constitucional, o qual pretendem ser representativo das aspirações 
populares, podendo ou não submetê-lo à votação popular. Ex.: Constituições de 1946 
e de 1988. 
 
89) Em que consiste o estabelecimento de uma Constituição por meio de plebiscito? 
R.: O estabelecimento de uma Constituição por meio de plebiscito (método bonapartista) 
consiste em submeter à aprovação do povo o nome de determinado indivíduo para que, 
em seu nome, elabore e promulgue novo texto constitucional. 
 
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90) Quais as características do Poder Constituinte derivado? 
R.: O Poder Constituinte derivado apresenta as seguintes características: a) provém 
do Poder Constituinte originário; b) é subordinado ao originário, sendo por ele limitado; 
e c) é condicionado, na medida em que somente se manifesta segundo formas 
preestabelecidas e fixadas. 
 
91) Quais as espécies de Poder Constituinte derivado? 
R.: O Poder Constituinte derivado pode ser: a) de revisão; e b) dos Estados-Membros, 
no caso de Estado Federal. 
 
92) Como a doutrina distingue os termos "reforma", "emenda" e "revisão", aplicados 
ao procedimento de alteração da Constituição? 
R.: A melhor doutrina considera que reforma é gênero, de que emenda e revisão são 
espécies. 
 
93) Como se diferencia a emenda da revisão constitucional? 
R.: Emenda consiste em modificação de norma contida na Constituição, considerada não 
estabilizada pelo legislador constitucional, por meio de procedimento formal; revisão 
consiste em alteração anexável ao texto constitucional, efetuada por meio de 
procedimento que exige maiores formalidades do que a emenda, para garantir maior 
estabilidade às normas alteradas. 
 
 
 
94) Em que consiste o poder de revisão? 
R.: Poder de revisão, a mais importante espécie de Poder Constituinte derivado, é 
o poder, constitucionalmente previsto, de promover alterações no texto da Constituição 
vigente, de forma a adaptá-la a novas exigências políticas, sociais ou econômicas. 
 
95) Em que consiste o Poder Constituinte dos Estados-Membros? 
R.: Consiste no poder, constitucionalmente estabelecido, de institucionalizar pessoas 
jurídicas políticas de Direito Público interno previstas na Constituição Federal, 
na forma estabelecida. 
 
96) O poder de revisão da Constituição é ilimitado? 
R.: Não. As limitações ao poder de revisão devem ser estabelecidas no próprio texto 
constitucional, que pode, até mesmo, prever a revisão completa da Constituição; à 
falta de previsão constitucional, considera-se que a Constituição não pode ser 
completamente revista. 
 
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97) Que espécies de limitações existem ao poder de revisão da Constituição? 
R.: As limitações ao poder de revisão da Constituição podem ser temporais, 
circunstanciais ou materiais. 
 
98) Em que consistem as limitações temporais ao poder de revisão? 
R.: As limitações temporais consistem na imposição de datas determinadas para que 
se proceda à revisão da Constituição, não permitindo que sejam efetuadas em outras 
épocas. 
 
99) Em que consistem as limitações circunstanciais ao poder de revisão? 
R.: As limitações circunstanciais consistem na vedação a que se proceda à revisão 
da Constituição durante a ocorrência de determinados eventos, como estado de sítio, 
intervenção federal, guerra, ou ocupação estrangeira, situações que influem de modo 
negativo na vontade dos membros do órgão revisor. 
 
100) Em que consistem as limitações materiais ao poder de revisão? 
R.: As limitações materiais ao poder de revisão consistem em vedação a que determinadas 
matérias sejam objeto de alteração, como a forma de Estado, os direitos e as garantias 
individuais ou a separação dos Poderes. 
 
101) Que espécies de limitações prevê a Constituição Federal de 1988 ao poder de revisão 
da Constituição, e em que artigos se encontram? 
R.: A CF de 1988 prevê limitações temporais (art. 3.º do ADCT - Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias, após cinco anos de sua promulgação, pelo voto da maioria 
absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral), circunstanciais 
(art. 60, § 1.º, durante a vigência de intervenção federal, estado de defesa ou estado 
de sítio) e materiais (art. 60, § 4.º, quanto à abolição da forma federativa do Estado, 
do voto direto, secreto, universal e periódico, da separação dos Poderes e dos direitos 
e garantias individuais). 
 
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102) De que forma pode a CF brasileira ser reformada? 
R.: A revisão constitucional, prevista pela CF de 1988 no art. 3.º do ADCT, já foi 
realizada; doravante, somente se poderá reformar a CF por meio de emenda constitucional. 
 
103) De quem poderá ser a iniciativa para propor emenda constitucional? 
R.: De acordo com o art. 60, I, II e III, da CF, emenda constitucional poderá ser 
 
 
proposta por iniciativa de: a) um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados; 
b) um terço, no mínimo, dos membros do Senado Federal; c) do Presidente da República; 
e d) de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
 
104) Como deverá ser discutida e votada a proposta de emenda constitucional, no Brasil?R.: Segundo dispõe o art. 60, § 2.º da CF, a proposta de emenda constitucional será 
discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se 
aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
 
II.2. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO DECLARATÓRIA 
DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
105) Em que consiste a denominada "supremacia constitucional"? 
R.: Entende-se por supremacia constitucional o fato de que a constituição é considerada 
a pedra angular do sistema jurídico-político do país, conferindo validade e legitimidade 
aos poderes do Estado, dentro dos limites por ela impostos, não podendo ser contrariada 
por qualquer texto ou dispositivo legal do ordenamento jurídico, sob pena de ser 
considerado inconstitucional. 
 
106) Quais as possíveis espécies de inconstitucionalidade previstas em nossa 
Constituição Federal? 
R.: Nossa Constituição Federal prevê duas espécies de inconstitucionalidade: a) por 
ação, prevista no art. 102, I, a e III, a, b, e c; b) por omissão, prevista no art. 
103, §§ 1.º, 2.º e 3.º. 
 
pág. 25 
 
107) Quando ocorre a inconstitucionalidade por ação? 
R.: Ocorre inconstitucionalidade por ação quando atos legislativos ou administrativos 
contrariam normas ou princípios contidos na Constituição. 
 
108) Quando ocorre inconstitucionalidade por omissão? 
R.: Ocorre inconstitucionalidade por omissão quando deixam de ser praticados atos 
legislativos ou administrativos, exigidos pela Constituição, para permitir a plena 
aplicação da norma constitucional. 
 
109) Qual a técnica constitucional prevista para defender a supremacia constitucional, 
isto é, evitar que ocorram inconstitucionalidades? 
R.: A técnica prevista para defender a supremacia constitucional é denominada controle 
de constitucionalidade das leis. 
 
110) Que sistemas são utilizados para exercer o controle de constitucionalidade? 
R.: O controle de constitucionalidade pode ser exercido segundo os sistemas político 
(quando órgãos políticos verificam a ocorrência de inconstitucionalidades), 
jurisdicional (quando o controle é feito por intermédio do Poder Judiciário) ou misto 
(quando tanto órgãos políticos quanto o Poder Judiciário têm competência para coibir 
a ocorrência de inconstitucionalidades, sendo a competência de cada um determinada 
pela categoria do ato legislativo ou administrativo). 
 
111) Quais os critérios de controle de constitucionalidade utilizados pelos sistemas 
constitucionais existentes? 
R.: Existem sistemas de controle concentrado da constitucionalidade (quando somente 
o órgão máximo do Poder Judiciário ou uma Corte Constitucional têm competência para 
exercê-lo) e sistemas de controle difuso da constitucionalidade (quando diversos órgãos 
e instâncias do Poder Judiciário têm competência para exercê-lo). 
 
 
 
112) Quais os modos de exercer o controle de constitucionalidade, no sistema de controle 
difuso? 
R.: No sistema de controle difuso da constitucionalidade, pode-se exercê-lo: a) por 
via incidental, dentro de um processo judicial, em que a parte argüi, por meio de 
exceção, a inconstitucionalidade de determinada norma; b) por meio de ação direta 
de inconstitucionalidade, que pode ser proposta pelas partes legitimadas pelo 
ordenamento jurídico; e c) por iniciativa do juiz, de ofício, dentro de um processo 
judicial. 
 
pág. 26 
 
113) Qual o sistema de controle de constitucionalidade previsto pela atual CF? 
R.: O sistema brasileiro atual é jurisdicional, combinando os sistemas de controle 
concentrado e difuso. A CF de 1891 instituiu exclusivamente o controle difuso, à 
semelhança do judicial review norte-americano; as Constituições posteriores agregaram 
novos elementos, que permitiram exercer o controle concentrado da constitucionalidade. 
 
114) Quem tem capacidade processual para propor ação direta de inconstitucionalidade? 
R.: Segundo o art. 103 da CF, podem propor ação direta de inconstitucionalidade: o 
Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, 
a Mesa da Assembléia Legislativa, o Governador de Estado, o Procurador-Geral da 
República, o Conselho Federal da OAB, partido político com representação no Congresso 
Nacional e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
 
115) De que espécies pode ser a ação direta de inconstitucionalidade? 
R.: A ação direta de inconstitucionalidade pode ser interventiva, genérica ou supridora 
de omissão. 
 
116) Quando cabe ação direta de inconstitucionalidade interventiva? 
R.: Cabe ação direta de inconstitucionalidade interventiva quando se destina a promover 
intervenção: a) da União em algum Estado da Federação; ou b) de algum Estado, em Município 
situado dentro de seus limites territoriais. 
 
117) Quando cabe ação direta de inconstitucionalidade genérica? 
R.: Cabe ação direta de inconstitucionalidade genérica quando o autor deseja obter 
declaração judicial de inconstitucionalidade, em tese, de: a) lei ou ato normativo, 
federal ou estadual, em face da CF, ou b) lei ou ato normativo, estadual ou municipal, 
em face da Constituição Estadual. 
 
pág. 27 
 
118) Quando cabe ação direta de inconstitucionalidade supridora de omissão? 
R.: Cabe ação direta de inconstitucionalidade supridora de omissão quando a 
responsabilidade pela edição da norma faltante prevista ou pela adoção das necessárias 
providências for, respectivamente: a) do legislador, ou b) do administrador. 
 
119) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre ação de controle de 
constitucionalidade, exercida por via incidental, e acolhida pelo Poder Judiciário? 
R.: A decisão judicial fará coisa julgada e terá efeito somente entre as partes 
(incluindo, eventualmente, terceiros, que tenham interesse jurídico), não se 
projetando para fora do processo. 
 
120) A partir de que momento passa a surtir efeito a decisão judicial, no caso de 
ação de controle de constitucionalidade, exercida por via incidental? 
R.: A decisão judicial, no caso concreto, terá efeito retroativo (ex tunc), invalidando 
qualquer relação jurídica fundada no ato reconhecido como inconstitucional, mas somente 
inter partes. A lei ou o ato permanecerão válidos até que sua executoriedade seja 
 
 
suspensa pelo Senado. 
 
121) Qual o efeito da suspensão de lei ou ato pelo Senado? 
R.: A lei ou ato passarão a não mais produzir efeitos somente a partir da data da 
suspensão de sua executoriedade (efeito ex nunc), permanecendo válidas as relações 
jurídicas neles fundadas, estabelecidas antes da suspensão. 
 
122) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre a ação direta de 
inconstitucionalidade genérica? 
R.: A decisão judicial que acolhe a pretensão de ter declarada a inconstitucionalidade 
de qualquer lei ou ato, objeto de ação direta de inconstitucionalidade genérica, faz 
coisa julgada material, e se projeta para fora do processo, tendo efeito erga omnes, 
isto é, elimina do mundo jurídico o ato declarado inconstitucional e obriga as 
autoridades a não mais estabelecerem quaisquer relações jurídicas com fundamento na 
lei ou ato reconhecido como inconstitucional. 
 
pág. 28 
 
123) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre a ação direta de 
inconstitucionalidade interventiva? 
R.: A decisão judicial que acolhe a pretensão de ter declarada a inconstitucionalidade 
de qualquer lei ou ato, objeto de ação direta de inconstitucionalidade interventiva 
proposta pelo Procurador-Geral da República (ou pelo Procurador-Geral do Estado, 
conforme o caso) tem por efeito restabelecer a normalidade jurídica quanto aos atos 
praticados pelo órgãopolítico público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios) 
que estão descumprindo a Constituição. Declarada a inconstitucionalidade, será também 
decretada intervenção se não ocorrer imediata suspensão da lei ou ato reconhecido 
como inconstitucional. 
 
124) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre a ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão? 
R.: A decisão judicial que acolhe a pretensão de ter declarada a inconstitucionalidade 
por omissão tem por efeito produzir um comando, dirigido ao Poder Legislativo ou a 
órgão administrativo, para que elabore a lei ou o ato faltante no ordenamento jurídico 
(no caso de órgão administrativo, concede-se o prazo de trinta dias). 
 
125) Qual a conseqüência do não-cumprimento da decisão judicial, por parte do Poder 
Legislativo ou do órgão administrativo? 
R.: Em tese, a nova omissão caracterizará grave infração à ordem jurídica. Na prática, 
por não ter sido prevista na Constituição o suprimento, por parte do Poder Judiciário, 
da norma faltante, a declaração judicial de inconstitucionalidade, no caso de omissão, 
não ocorrerá qualquer tipo de sanção ao Poder Legislativo ou ao órgão administrativo 
omissos. 
 
126) Qual a natureza jurídica da decisão judicial sobre a constitucionalidade de 
determinado ato? 
R.: No caso de ação direta de inconstitucionalidade genérica, a decisão judicial terá 
natureza jurídica simultaneamente declaratória (porque o Poder Judiciário declara 
a inconstitucionalidade) e constitutiva-negativa (porque desfaz as relações jurídicas 
estabelecidas); no caso de ação de inconstitucionalidade interventiva, a natureza 
jurídica da decisão judicial é, também, declaratória, mas prepondera o efeito 
condenatório (o Poder Judiciário emite decreto de intervenção); e, no caso de 
inconstitucionalidade por omissão, além da natureza declaratória da decisão, tem ela, 
também, natureza mandamental (o Poder Judiciário emite uma ordem). 
 
pág. 29 
 
 
 
127) O que é a ação declaratória de constitucionalidade? 
R.: A ação declaratória de constitucionalidade é inovação introduzida pela Emenda 
Constitucional n.º 3, de 17.03.1993, que a acrescentou ao texto do art. 102, I, a, 
da CF, e tem por objeto a rápida resolução de pendências judiciais, quando existe 
grande número de ações onde se argüi a inconstitucionalidade de determinada lei ou 
de ato normativo federal. 
 
128) Quem tem legitimidade para propor a ação declaratória de constitucionalidade? 
R.: A Emenda Constitucional n.º 3/93 legitimou como autores da ação declaratória de 
constitucionalidade: o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da 
Câmara dos Deputados e o Procurador-Geral da República, acrescentando o § 4.º ao art. 
103. 
 
129) Quem tem competência para processar e julgar a ação declaratória de 
constitucionalidade? 
R.: Tem competência originária e exclusiva para o julgamento da ação declaratória 
de inconstitucionalidade o Supremo Tribunal Federal, conforme o art. 102, I, a, 
modificado pela EC n.º 3/93. 
 
130) Qual o efeito da decisão definitiva de mérito, proferida pelo STF, nas ações 
declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal? 
R.: Segundo o art. 102, § 2.º, da CF, introduzido ao texto constitucional pela EC 
n.º 3/93, a decisão definitiva de mérito terá eficácia erga omnes e produzirá efeito 
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo. 
 
131) Poderá a ação declaratória de constitucionalidade ser utilizada de forma 
inconstitucional? 
R.: Sim. A doutrina aponta o efeito de paralisação de inúmeros feitos, em que são 
discutidas questões de interesse coletivo; se a decisão judicial for a de rejeitar 
a pretensão do autor, não haverá inconstitucionalidade, mas se a decisão judicial 
acolher a pretensão, o efeito será o de evitar que se discutam questões jurídicas, 
objeto de grande número de ações em curso, ofendendo os princípios do contraditório 
e da ampla defesa. No último caso, a doutrina reconhece que, sem que se atenda a esses 
princípios constitucionais, poderá haver inconstitucionalidade. 
 
pág. 30 
 
132) Qual a posição majoritária, no STF, acerca da finalidade da ação declaratória 
de constitucionalidade? 
R.: A posição majoritária no STF é a de considerar a ação declaratória de 
constitucionalidade como inserida no sistema de controle abstrato da 
constitucionalidade de normas, visando a defesa da ordem jurídica, e não se destinando 
diretamente à tutela de Direitos Subjetivos. 
 
133) Leis ou atos normativos estaduais ou municipais podem ser objeto de ação 
declaratória de constitucionalidade? 
R.: Não. A EC n.º 3 somente previu a possibilidade de ser objeto de ação declaratória 
de constitucionalidade, lei ou ato normativo federal. 
 
134) Qual a função do Advogado-Geral da União, no julgamento de ações envolvendo controle 
de constitucionalidade, processadas e julgadas pelo STF? 
R.: O Advogado-Geral da União deverá ser previamente citado quando o STF apreciar 
a inconstitucionalidade em tese, de norma legal ou ato normativo, devendo defender 
o ato ou o texto impugnado; no caso de ação declaratória de constitucionalidade, não 
atuará no processo, pois não estará exercendo defesa relativa a ataque à 
constitucionalidade de qualquer norma legal ou ato normativo. 
 
 
 
135) Qual a função do Procurador-Geral da República, no julgamento de ações envolvendo 
controle de constitucionalidade, processadas e julgadas pelo STF? 
R.: Segundo o que dispõe o art. 103, § 1.º, da CF, deverá o Procurador-Geral da República 
ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos 
de competência do STF. 
 
II.3. O ESTADO E SEUS TIPOS. O ESTADO BRASILEIRO 
 
136) O que é Estado, na concepção clássica? 
R.: Entende-se por Estado, na concepção clássica, um ordenamento jurídico geral e 
centralizado de poderes. É a síntese dos poderes soberanos. 
 
pág. 31 
 
137) Quais os elementos constitutivos do Estado, na concepção clássica? 
R.: O Estado é constituído pelos seguintes elementos: a) território, porção geográfica 
onde exerce sua soberania; b) população, conjunto de seres humanos convivendo em 
comunidade historicamente estabelecida e definida; e c) poder, que consiste na 
capacidade, legalmente conferida à autoridade pública, para que cumpra e faça cumprir 
as normas estatais. 
 
138) Quais os fenômenos atuais, que desafiam a concepção clássica de Estado? 
R.: No mundo atual, a globalização e a transnacionalização econômicas, ambientais 
e dos Direitos Humanos, colocam em questão o Estado como centro de poder político; 
criam-se, por meio de empresas transnacionais e de Organizações Não-Governamentais 
- ONG's, mecanismos alternativos de auto-regulação e controle da sociedade, 
descentralizados e pouco ou nada dependentes do Estado. 
 
139) O que é o paradigma do Estado Constitucional informal? 
R.: O paradigma do Estado Constitucional informal reflete uma nova e moderna 
interpretação política jurídica e da função e atuação do Estado e da sociedade. 
 
140) Em que consiste essa nova e moderna interpretação jurídica e política da função 
e atuação do Estado e da sociedade? 
R.: A nova interpretação jurídica e política da sociedade e do Estado consiste em 
levar em consideração mecanismos alternativos de produção e aplicação das normas, 
tais como: a) desoficialização, que consiste na diminuição da importância das fontes 
do direito formal, em especial do Estado; b) descodificação, que é o atenuamento da 
idéia de que o direito deve, obrigatoriamente, vir expresso em um código formal; e 
c) desregulamentação (ou deslegalização), que consiste nasubstituição progressiva 
do direito formal estatal pela autonomia dos sujeitos e das comunidades. 
 
141) Em que consiste a soberania do Estado? 
R.: A Soberania do Estado consiste em que não se sujeita a nenhum outro ordenamento 
jurídico que não seja o seu próprio. Significa que, por exemplo, uma ordem judicial 
prolatada em país estrangeiro não vincula qualquer outro Estado a seu cumprimento. 
Soberano é, assim, o Estado que pode editar seu direito, no mais alto grau, ou seja, 
editar sua Constituição. 
 
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142) Não se sujeitam os Estados a nenhuma ordem jurídica que não as internas? 
R.: Os Estados não se sujeitam a normas jurídicas de outros Estados, seguindo a máxima 
"pars in parem non habet jurisdictionem". No entanto, devem submeter-se à chamada 
ordem internacional, estabelecida por meio de organizações internacionais (como a 
ONU, por exemplo) ou pelos tratados internacionais de que são signatários. 
 
 
 
143) Em que consiste a descentralização das atividades do Estado? 
R.: O Estado, para poder atuar nas diversas áreas de sua competência, descentraliza 
administrativa e politicamente seu poder de governar. A descentralização serve para 
aumentar a eficácia governamental, e também para limitar o poder do Estado. 
 
144) Quais as formas de Estado, segundo o critério do grau de descentralização da 
atividade governamental? 
R.: Segundo o critério do grau de descentralização da atividade governamental, o Estado 
pode ser unitário ou constitucionalmente descentralizado. 
 
145) Quando se diz que o Estado é unitário? 
R.: Diz-se que o Estado é unitário quando a descentralização de seus poderes está 
submetida ao controle de um Poder Central, que pode ampliar ou reduzir o grau de 
descentralização, podendo até mesmo suprimi-lo; é unitário o Estado que tem um só 
impulso governamental, do centro para a periferia, como a França. 
 
146) O Estado pode ser considerado como unitário e descentralizado? 
R.: Sim. Exemplo dessa forma de Estado é o sistema existente no Brasil, entre 1822 
e 1889, que tinha características de Estado unitário (havia um Poder Central, o 
Imperador) e descentralizado (a descentralização era política). 
 
pág. 33 
 
147) Quando se diz que um Estado é constitucionalmente descentralizado? 
R.: Diz-se que um Estado é constitucionalmente descentralizado quando a 
descentralização política consta expressamente da Constituição desse Estado, não 
estando o grau de descentralização sujeito à atuação de um Poder Central. 
 
148) Em que consiste o Estado Federal? 
R.: Estado Federal é o constituído por coletividades públicas (Estados federados), 
dotadas de autonomia político-constitucional, sendo representados por um órgão cameral 
(Senado), que assegura sua participação junto ao Poder Central. A estrutura federativa 
é constitucionalmente garantida, como norma absolutamente estável (cláusula pétrea). 
 
149) O Brasil é um Estado Federal? 
R.: Sim. Desde o Decreto n.º 1, de 15.11.1889, data da Proclamação da República, passou 
o Brasil a ser uma Federação, com a transformação das Províncias em Estados, que gozavam 
de autonomia; a CF de 1891 adotou o modelo de federalismo dualista. As Constituições 
posteriores deram ênfase ao papel da União, pela adoção do modelo federalista 
cooperativo, que foi levado a seu ápice pela CF de 1967, que adotou o chamado federalismo 
de integração. A CF de 1988, art. 1.º, dispõe que o Brasil é uma República Federativa. 
 
150) Qual o modelo de federalismo adotado pela atual Constituição? 
R.: A CF de 1988 substituiu o federalismo de integração da Carta anterior, restabelecendo 
o federalismo cooperativo, mediante um sistema de repartição de competências, que 
visa ao restabelecimento do equilíbrio das relações políticas entre o Poder Central 
e os Estados federados. Essa mudança de modelo permite afirmar que a CF atual conferiu 
feição mais nitidamente federalista ao Brasil. 
 
151) Qual a forma do governo brasileiro? 
R.: O governo brasileiro tem a forma de República, conforme dispõe o art. 1.º da CF 
("A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito..."). 
 
152) De que forma é descentralizado o poder, no Estado brasileiro? 
R.: O poder é partilhado (descentralizado) entre a União, os Estados-Membros, o Distrito 
Federal e os Municípios, por meio da atribuição de competências, exclusivas, 
complementares, suplementares ou concorrentes. Assim, por exemplo, a arrecadação de 
 
 
tributos e a repartição de rendas são atividades delegadas a todas essas pessoas 
políticas de Direito Público, que exercem poder dentro dos limites de suas respectivas 
competências. 
 
pág. 34 
 
153) Em que difere, historicamente, a formação dos Estados Unidos da América da do 
Brasil, como Estados Federais? 
R.: Nos EUA, o Estado Federal foi formado por 13 Estados que já anteriormente existiam, 
processo denominado federalismo por agregação; no Brasil, o Estado era unitário, tendo 
sido desmembrado (descentralização política) em Estados-Membros, que não existiam 
anteriormente, num processo denominado federalismo por segregação. 
 
154) Qual a distinção entre Estado Federal e União Federal? 
R.: O Estado Federal é uma unidade nas relações políticas e jurídicas internacionais, 
ou seja, é dotado de personalidade jurídica de Direito Público internacional, detentor 
exclusivo da soberania nacional, que é o poder de autodeterminação; a União Federal 
é pessoa jurídica de Direito Público interno, formada pela reunião dos Estados-Membros. 
 
155) Em que sentido goza o Estado-Membro de autonomia, no Estado Federal? 
R.: A autonomia significa que o Estado exercita poder político dentro dos limites 
de competência fixados pela Constituição. Exemplos de suas atividades são: instituição 
de tributos, criação de órgãos administrativos estaduais, e descentralização de seus 
próprios poderes, para os Municípios situados dentro de seu território. 
 
156) Quais os princípios que regem as relações internacionais do Estado brasileiro? 
R.: Segundo a CF, art. 4.º, o Estado brasileiro rege-se, nas suas relações internacionais 
pelos seguintes princípios: a) independência nacional; b) prevalência dos direitos 
humanos; c) autodeterminação dos povos; c) não-intervenção; d) igualdade entre os 
Estados; e) defesa da paz; f) solução pacífica dos conflitos; g) repúdio ao terrorismo 
e ao racismo; h) cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; e i) concessão 
de asilo político. 
 
pág. 35 
 
157) Qual a fundamental diferença entre o modelo de Estado Federal adotado no Brasil 
e os modelos de outros Estados Federais? 
R.: A principal diferença reside na existência de três ordens de competência (União, 
Estados-Membros e Municípios), enquanto que os Estados Federais normalmente adotam 
somente duas ordens (União e Estados-Membros). 
 
158) Em que consiste a intervenção federal? 
R.: A intervenção federal é ato de natureza política, excepcional, praticado pela 
União Federal, que consiste em assumir, temporariamente, as competências do 
Estado-Membro ou do Distrito Federal. 
 
159) A União tem poderes para intervir nos Estados-Membros e no Distrito Federal? 
R.: Sim, porém somente em casos extremamente graves de ameaça à desagregação do 
Estado-Membro ou do Distrito Federal e, ainda assim, de forma temporária. A CF de 
1988 previu nos arts. 34 e 36, a intervenção da União nos Estados-Membros e no Distrito 
Federal. 
 
160) A União tem poderes para intervir nos Municípios? 
R.: Não. A CF não prevê intervenção da União nos Municípios, nos quais a intervenção 
somente pode ocorrer por parte dos Estados-Membros. 
 
161) De que modo se processa

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