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DIREITO PENAL I – 2019.2 PROFª: Mayana Sales. Aluna: Laís Andrade. INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL I (22/08) 1. Conceito de Direito Penal 1.1. Nomenclatura: Direito Penal ou Direito Criminal? 1.2. Alocação na Teoria Geral do Direito 2. Finalidade do Direito Penal 3. Seleção de bens jurídicos-penais 4. Criminalização primária e criminalização secundária 5. Direito Penal objetivo e Direito Penal subjetivo 6. Relação do Direito Penal com outros ramos do Direito 1. Conceito de Direito Penal É o conjunto de leis e princípios que visam combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de uma sanção penal, ou seja, o direito penal através dos seus princípios e através de suas leis, que vai tentar evitar que o crime aconteça. E caso o crime aconteça, vai impor ao sujeito uma sanção penal. Além disso, apresenta-se como um conjunto de valorações e princípios que orientam a própria aplicação e interpretação das normais penais. Pois, esse conjunto de valorações e princípios sistematizados, tem a finalidade de tornar possível a convivência humanada. Vale ressaltar que, nem todo ilícito, é um ilícito penal. INFRAÇÃO PENAL (é gênero) Crime/delito (são sinônimos). Contravenção penal. O crime é mais grave que a contravenção penal, pois o crime está previsto no código penal e em algumas leis especiais. Contravenção penal é uma espécie de infração penal que é mais branda do que o crime/delito, além disso, a contravenção penal está prevista apenas nas leis de contravenções penais. E hoje, praticamente está em desuso, pois são condutas pouco praticadas ou até mesmo quando praticadas, a sociedade já se acostumou com essas práticas e acaba não havendo nenhum tipo de sanção. Temos duas contravenções penais que ocorrem com mais frequência: 1) Jogo do bicho; 2) Importunação do sossego (sons altos em carros e etc.). INFRAÇÃO PENAL (gênero) Crime/delito. Contravenção penal. SANÇÃO PENAL (é gênero) Pena (função de “ressocialização”). Medida de segurança (função mais “terapêutica”). A pena e a medida de segurança são espécies de sanção penal. Quando alguém é inimputável, ou seja, possui deficiência mental e não pode ser culpado por tal crime. Se ele comete determinado crime, ele será subordinado a uma sanção penal, que por sua vez não terá espécie de pena, e sim será punido por uma sanção penal de medida de segurança. A pena tem o objetivo de retribuir o mal causado pelo infrator. Porém, o sujeito desprovido de sanidade mental não possui o discernimento para a compreensão da retribuição desse mal. Com isso, a medida de segurança tem a função terapêutica e preventiva de evitar futuros crimes de tais sujeitos imputáveis. SANÇÃO PENAL (gênero) Pena (função de “ressocialização”). Medida de segurança (função mais “terapêutica”). Pessoa com deficiência mental é submetida a uma sanção penal? SIM! Sofre na modalidade de pena? NÃO! Sofre na modalidade de medida de segurança. 1.1. Nomenclatura: Direito Penal ou Direito Criminal? Não possui repercussão de ordem prática. A denominação Direito Penal é mais tradicional no Direito contemporâneo, com larga utilização, especialmente nos países ocidentais. Já o Direito Criminal, também foi uma terminologia de grande aplicação, especialmente no século passado, mas hoje se encontra em desuso. É criticada por remeter a nomenclatura de “Direito Penal”, apenas a ideia de pena, excluindo a medida de segurança. O “Direito Criminal” foi utilizado expressamente no Código do Império. Os doutrinadores preferem a nomenclatura “direito penal” foi refere-se diretamente ao crime, mas se esquecem da medida de segurança. CÓDIGO PENAL: Parte geral: art. 01 ao 120. Parte geral especial: art. 121. Legislação especial: fora do código penal, mas que trata também do direito penal (tal como o uso de drogas ilícitas). Chama-se também de lei extravagante (por estar fora do direito penal). Fumar maconha pode? Não! Quem proíbe? É a lei 1343/2006, que é uma lei extravagante e está fora do direito penal. 1.2. Alocação na Teoria Geral do Direito O Direito Penal é um ramo do direito público, pois suas regras são indisponíveis, ou seja, atingem a todos, independentemente da vontade. 2. Finalidade do Direito Penal Tem a função de proteção de bens jurídicos. O direito penal nasceu para proteger os bens jurídicos. O que são bens jurídicos? Não significa que tem que ter valor econômico, são os valores essenciais e principais para uma vida em sociedade, independente de valor econômico. Por exemplo: a honra é um bem jurídico protegido pelo direito penal. O direito penal tem caráter fragmentário, além disso, um dos princípios que regem o direito penal, é o princípio da intervenção mínima, ou seja, o direito penal não se preocupa com todo e qualquer bem jurídico, ele só vai se preocupar com os bens jurídicos mais importantes para a sociedade. Por isso, nem toda conduta ilícita, é um ilícito penal. Por exemplo: dirigir sem cinto e receber multa. Eu cometi um ilícito? Sim! Mas, foi um ilícito penal? Não! O critério de seleção desses bens jurídicos, é um critério político. Ou seja, político na medida que analisa o momento histórico, a evolução da sociedade, pois tem valores que antes não eram resguardados, mas que hoje são, e, valores que um dia foram resguardados e que hoje não são. É a Constituição Federal de 1988 que traz um norte dos bens jurídicos que deverão ser protegidos. Uma conduta ilícita é uma conduta contrária ao ordenamento jurídico, ou seja, contrário a lei. Segundo Gunther Jakobs, ele acredita que a finalidade do direito penal NÃO pode ser a de proteção de bens jurídicos, pois quando o direito penal é chamado para atuar, é porque o bem jurídico protegido já foi violado. Ele diz que a finalidade do direito penal é a função de garantir a vigência da norma, ou seja, a partir do momento que uma norma é violada, que um bem jurídico é atingido e que o direito penal é convocado para atuar, mostra-se que aquela norma está em vigência, que a norma existe e que ela tem validade. Sendo assim, não possui a função de proteção de bens jurídicos. Exemplo: se eu matei fulano, significa que o bem jurídico (vida) já foi violado. O posicionamento majoritário diz que a função do direito penal é a proteção de bens jurídicos. 3. Seleção de bens jurídicos-penais O Direito penal utiliza a sanção penal, principalmente a pena, é a forma que o Estado tem de proteger os bens jurídicos. A partir do momento que é imposto uma sanção penal a alguém que cometeu um ilícito penal, está sendo protegido o bem jurídico. A seleção de bens jurídicos-penais é feita através de um critério político, com base na evolução da sociedade. O norte do legislador é a constituição federal, pois a CF/88 é a base para seleção dos bens jurídicos-penais. 4. Criminalização primária e criminalização secundária O que é criminalização primária? É o ato de sancionar uma lei penal material. Exemplo: é o ato formal de criar a norma/lei penal e de sancioná-la que vai prever o crime. Significa que o Estado através do Congresso Nacional, está criando uma lei abstrata que é para todos. Tanto que quando se utiliza o Código Penal, por exemplo: Art. 155 (crime de furto) - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. É uma pena em abstrato que é prevista para todos. O que é criminalização secundária? É o direito de punir do Estado sendo exercido em relaçãoa uma pessoa concreta. A partir do momento que cometo o crime de furto, o direito penal incide diretamente no indivíduo. É o exercício do direito de punir do Estado sobre pessoas concretas. Segundo Eugenio Zaffaroni, diz que essa criminalização secundária tem duas características básicas: vulnerabilidade e seletividade. O direito penal incide diretamente para todo mundo? Não! O direito penal é seletivo. E o direito penal vai selecionar quem? Vai selecionar a parcela da sociedade que é mais vulnerável. Seletividade: o direito penal não abrange todo mundo concretamente de forma igual, ou seja, seleciona determinado grupo de pessoas. Vulnerabilidade: dentro dessa seletividade, o direito penal seleciona um determinado grupo de pessoas mais vulneráveis, ou seja, moradores de rua, pessoas economicamente desfavorecidas, as prostitutas e etc.). E esse grupo vulnerável tem uma maior possibilidade de sofrer os efeitos do direito penal. Se analisarmos a população carcerária de Salvador, vê-se que como o direito penal é seletivo. E veremos também, como nosso legislador é esperto na hora de fazer a própria criminalização primária. A lei de crimes hediondos, não prevê crime, prevê um tratamento mais rigoroso para alguns crimes previstos na nossa legislação penal. Por exemplo: homicídio qualificado, latrocínio, estupro e etc.. Se analisarmos o rol de praticantes de crimes hediondos, nós iremos perceber qual é a característica que em regra prática esse tipo de crime (em regra, é a população pobre). Agora, corrupção passiva; sonegação fiscal e etc. (em regra, é a população mais favorecida economicamente). Privatização do direito penal: significa que a vítima está ganhando um novo papel atualmente. Na antiguidade, se analisarmos o papel da vítima, ela era soberana, foi a época de ouro da vítima, o protagonismo era da vítima, pois naquela época vivia-se a fase das vinganças privadas, então, a vítima (ou um grupo/clã e etc) iria pessoalmente retribuir o mal causado. Quando o Estado assume o poder de punir e a partir do momento que podemos nos referir à um Direito Penal ou Processo Penal, a gente vai perceber que a vítima vai sendo colocada de lado e a preocupação é sempre a punição do infrator. O direito penal volta os olhos por completo para a pessoa-do-infrator, portanto, o que a vítima quer/queria o direito penal não se preocupa. Hoje, há um redescobrimento da vítima e alguns institutos de direito penal são pensados basicamente para tentar alcançar o interesse maior na figura da vítima. Exemplo 1: o arrependimento posterior, beneficia o acusado, mas só irá beneficiar se ele reparar o dano ou restituir a coisa. Ou seja, há uma preocupação na reparação do dano da vítima. Exemplo 2: existe um benefício previsto na lei do juizado, que se chama suspensão condicional do processo, e um dos requisitos que o réu tem direito é que ele tenha reparado o dano, ou seja, o direito penal tentando voltar seus olhos para a figura da vítima. É exatamente esse movimento, de olhar para a vítima de uma outra forma, de redescobrir a vítima, que se denomina de privatização do direito penal. Além disso, também se encaixa nessa linha de raciocínio, a discussão relativa a justiça restaurativa. O que é justiça restaurativa? É um novo modelo de justiça criminal, baseado no consenso, no acordo e não no punitivismo que temos hoje. A gente não tem nenhuma lei que regule a justiça restaurativa, mas ela já vendo sendo aplicada em alguns juizados especiais criminais. Em alguns países, esse consenso, essa possibilidade de acordo entre vítima-infrator, é estendida a vários crimes e a depender do crime, a realização de um acordo entre vítima-infrator, pode gerar extinção da punibilidade (o infrator deixará de ser punido) ou se estivermos diante de um crime mais grave, o fato de ter tido um consenso entre vítima- infrator, pode levar a diminuição da pena. E qual o objetivo da justiça restaurativa? A justiça restaurativa pretende promover uma mudança na análise do sistema como um todo, quando pensamos somente no infrator, as vezes não pensamos no problema em si, e às vezes, não resolve o problema em si. Principalmente, se temos crimes cometidos contra pessoas e por pessoas que tenham relação anterior, possivelmente, somente a imposição de uma pena, não irá surtir nenhum efeito posteriormente. Exemplo: teve um caso aqui no Brasil, que o marido tentou matar a esposa (caso de tentativa de homicídio, pois ela não veio a óbito). E no júri, o promotor e defesa fizeram uma “confusão” jurídica, pois eles perceberam que se ele fosse condenado, o problema continuaria existindo, até porque não foi o ato em si, foi toda uma história que levou ao ato. Com isso, tentaram fazer um acordo restaurativo, ou seja, tentaram conciliar as partes e eles tiveram êxito. Eles desclassificaram o crime de “tentativa de homicídio” para “lesão corporal consumada”. Nesse caso, não restringe o olhar apenas para a punição do infrator, mas também a possibilidade de olhar para a vítima e ver o que ela quer, ver qual o interesse dela e ver se é possível restaurar essa relação que um dia foi construída. Há uma rechaça em relação a aplicação da justiça restaurativa em crimes mais graves, principalmente, porque normalmente as vítimas não querem restaurar nada, ainda mais quando estamos diante de um crime grave. Pois, cada caso é um caso e cada pessoa pensa de forma diferente. 5. Direito penal objetivo e Direito penal subjetivo Direito penal objetivo: é o conjunto de normas que preveem um crime e a contravenção penal culminando a sua respectiva sanção penal. Segundo Roxin, o direito penal se compõe da soma de todos os preceitos que regulam os pressupostos ou consequências de uma conduta cominada com uma sanção penal (pena ou medida de segurança). Nosso direito penal é um direito penal objetivo. Não é a mesma coisa que criminalização primária, é a partir da criminalização primária que se concretiza o direito penal objetivo. O direito penal objetivo está formado por dois grandes grupos de normas: Por um lado, por normais penais não incriminadoras que estão, em regra, localizadas na Parte Geral do Código Penal, estabelecendo pautas para o exercício do jus puniendi (direito de punir). Por outro lado, o direito penal objetivo está formado por normais penais incriminadoras, dispostas na Parte Especial do Código Penal, definindo infrações penais e estabelecendo as correspondentes sanções. Direito penal subjetivo: é o direito de punir do Estado. Depende do direito penal objetivo. Emerge do bojo do próprio direito penal objetivo, constituindo-se no direito a castigar ou punir, cuja titularidade exclusiva pertence ao Estado, soberanamente, como manifestação do seu poder de império. OBS.: O direito penal subjetivo, é o direito de punir do Estado, limitado pelo próprio Direito penal objetivo. Pois, através das normas penais positivadas, estabelece limites da atuação estatal. Ou seja, o exercício do direito de punir do Estado está limitado por uma série de princípios constitucionais. 6. Relação do Direito Penal com outros ramos do Direito Existe relações o tempo inteiro. Exemplo: algumas partes especificas do código de defesa do consumidor (direito penal está se relacionando com o direito do consumidor). O direito constitucional dá a base para o direito penal. É um ramo do direito que é autônomo, entretanto se relaciona com outras partes. PRINCÍPIOS PENAIS (29/08) 1. Legalidade. 2. Anterioridade. 3. Intervenção mínima. 3.1. Subsidiariedade. 3.2. Fragmentariedade. 4. Pessoalidade. 5. Individualização das penas. 6. Proporcionalidade.7. Adequação social. 8. Lesividade. 9. Insignificância. 10. Humanidade das penas. 11. Non Bis In Idem. 12. Irretroatividade da lei penal. 13. Culpabilidade. Noções introdutórias: Os princípios abaixo, são princípios constitucionais, ou seja, encontramos previsão expressa na Constituição. Outros, são princípios empíricos. Quando se refere a princípios penais, fala-se de valores que é dado ao ordenamento jurídico penal para a sua criação, são os valores que inspiram na criação do nosso ordenamento jurídico penal. As ideias de igualdade e de liberdade, advindas do Iluminismo, deram ao Direito Penal um caráter formal menos cruel do que aquele que predominou durante o Estado Absolutista, com isso, impondo limites a intervenção estatal nas liberdades individuais. Qual a função desses princípios penais abaixo? Serve como limitador do direito de punir do Estado. Todos esses princípios são garantias do cidadão perante o poder punitivo estatal e estão amparados pelo novo texto constitucional de 1988. No art. 5º da Constituição Federal de 1988, encontramos princípios constitucionais específicos em matéria penal, cuja função consiste em orientar o legislador ordinário para a adoção de um sistema de controle penal voltado para os direitos humanos, embasado em um Direito Penal da Culpabilidade, um Direito Penal Mínimo e garantista. 1. Legalidade (reserva legal): Sem o princípio da legalidade, seria difícil manter os outros princípios. Previstos no art. 1º do CP e art. 5º, inciso 39 da CF/88 Art 1º do CP. – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Art. 5º, inciso 39 da CF/88 – Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. O princípio da legalidade afirma que: somente a lei pode prever o crime e culminar respectiva sanção. Além de legalidade, pode chamar de reserva legal, alguns autores fazem a distinção. Legalidade: lei em sentido amplo. Reserva legal: lei em sentido estrito, lei completar ou lei extraordinária. Nullum Crimen, nulla poena, sine lege: não há crime, não há pena, sem lei. Anda de mãos dadas, com o princípio da anterioridade, pois não basta que a lei preveja o crime e aplique a respectiva sanção. Essa lei que prevê esse crime, ela precisa ser anterior ao fato que ela pretende punir. O princípio da legalidade e da anterioridade estão previstos nos mesmos artigos. 2. Anterioridade: A anterioridade anda de mãos dadas, com o princípio da irretroatividade da lei penal. O princípio da legalidade e da anterioridade estão previstos nos mesmos artigos. Previstos no art. 1º do CP e art. 5º, inciso 39 da CF/88 Art 1º do CP. – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Art. 5º, inciso 39 da CF/88 – Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. A regra é que a lei penal seja irretroativa, que ela tenha vigência daqui para frente, vale ressaltar que a lei só retroage em benefício do réu. Tanto o princípio da legalidade, tanto o princípio da anterioridade, são princípios limitadores do direito de punir do Estado, pois insere dentro do ordenamento, um limite temporal. Você não vai poder punir tudo, você vai poder punir aquilo que era previsto como crime no momento em que o crime aconteceu. Exemplo: incesto não é crime. Se não é crime, logo, eu posso praticar. Por mais que seja imoral. É uma conduta que hoje não é tipificada, ou seja, traz segurança jurídica para quem pratica esse ato. Tudo aquilo que não é proibido, é juridicamente permitido. Se um dia, o Estado quiser criminalizar essa conduta, essa conduta só irá atingir o indivíduo, se ele continuar mantendo relações com algum familiar. A lei não pode voltar no tempo para atingir uma conduta que ocorreu ANTES da existência de tal lei. 3. Intervenção mínima: Pelo princípio da intervenção mínima, o Direito penal é a ultima ratio (ultima razão) de controle social. Ou seja, é a última opção de controle social, com isso, o direito penal não deve se preocupar com todos os ilícitos ocorridos (apenas os ilícitos penais), pois o direito penal é o ramo do direito que traz a forma mais gravosa de controle social. O Direito penal é a forma mais gravosa de sanção jurídica, com isso, a ilicitude penal é a mais grave. Subsidiariedade: O direito penal é subsidiário. Como assim? Ele só vai intervir quando os outros ramos do direito não forem suficientes como forma de controle social. Exemplo: digamos que eu more de aluguel e não paguei o aluguel desse mês. O direito penal vai se preocupar com isso? Não! E porquê? Porque o direito civil dá conta de resolver esse tipo de questão (uma vez que o direito penal é a ÚLTIMA opção de controle social). Fragmentariedade: O direito penal se importa com condutas que lesionam os bens jurídicos que mais importam para a sociedade, só se preocupa com alguns fragmentos. Exemplo: dirigir e usar o celular; não pagar o aluguel; matar; furtar; trair a namorada. São condutas que são ilícitas, pois são contrárias ao nosso ordenamento jurídico. São todos esses ilícitos, ilícitos penais? Não! O direito penal é fragmentário, pois ele não se preocupa com a totalidade de ilícitos que tem no nosso ordenamento jurídico. Analogia, segundo Rogerio Greco: ele diz que se você pega uma pedra e joga no chão, ela parte em vários fragmentos (que seriam os ilícitos). Mas, você vai se preocupar com todas as partes da pedra? Não, apenas com as partes maior e que são mais importantes 4. Pessoalidade (princípio da responsabilidade pessoal ou princípio da intranscedencia) Previstos no art. 5º, inciso 45 da CF/88 Art. 5º, inciso XLV da CF/88 - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; A pena não passará da pessoa do condenado. Somente aquele que praticou o crime, vai sofrer as consequências penais. Questão do provão ou “pegadinha” ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!! OBS.: quando o direito penal diz que a pena não pode passar da pessoa do condenado, fala-se apenas da pena enquanto prisão ou multa, mas a obrigação de reparar o dano, ou seja, obrigação de indenizar, pode ser transferida para os herdeiros na medida do valor da transferência. Vale ressaltar que o patrimônio pessoal desse e herdeiro não será atingido, apenas a herança adquirida. 5. Individualização das penas: Previstos no art. 5º, inciso 46 da CF/88 Art. 5º, inciso XLVI da CF/88 - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) Privado ou restrição da liberdade; b) Perda de bens; c) Multa; d) Prestação social alternativa; e) Suspensão ou interdição de direito; É um dos princípios mais importantes do ordenamento jurídico. Esse princípio diz que as penas quando são impostas, elas precisam ser individualizadas, pois é possível cometer o mesmo crime e ter penas diferentes. Essa individualização ocorre de diversas formas como: em abstrato e em concreto. Em abstrato: Quando legislador prevê para o crime de furto, uma pena de 1 a 4 anos e para o crime de roubo, uma pena de 6 a 10 anos. O que é que o legislador está fazendo? Individualizando, abstratamente, as penas. Em concreto: Talvez, a individualização mais importante, seja aquela feita concretamente, aquela feita no momento da condenação. Porque? Porque leva em consideração as circunstâncias gerais do crime, não só o crime em si, mas as circunstâncias pessoasde quem praticou o crime. Como assim? Imagine que três pessoas são traficantes. Pessoa X: primária, bons antecedentes, boa conduta social. Pessoa Y: chefe do tráfico, é reincidente pois já foi condenada uma vez por tráfico, tem má conduta social, ostenta arma Pessoa Z: está naquele meio termo, não é reincidente, tem má conduta social. As pessoas x, y e z praticaram o mesmo crime. Mas, todas vão receber penais iguais? Não! Serão diferentes, pois são casos diferentes. Alguns benefícios quando alguém é condenado pode acontecer, por exemplo, progressão de regime. X, Y e Z não irão progredir de regime juntas, pois cada pessoa tem um comportamento carcerário diferente. Exemplo: na dosimetria observa-se os antecedentes; na execução observa-se o bom comportamento durante o cumprimento da pena. A negação da imposição de progressão de regime e imposição de liberdade provisória, foi considerado inconstitucional. Regime fechado > regime semi-aberto > regime aberto. 6. Proporcionalidade: Não é um princípio expresso, e sim, explicito. Diz que a pena tem que ser proporcional ao crime. Adequada: no sentido de proteção dos bens jurídicos. Necessária: tem que analisar se é necessária de acordo com aquele caso. Análise de forma abstrata. 7. Adequação social: Determinado fato ou conduta, embora típica (prevista como crime), pode não ser punida, se for adequada socialmente. São criminalizadas, embora, aceita pela sociedade. Exemplo1: casa de prostituição. A prostituição não é crime, mas, o aproveitamento da prostituição alheia, é crime. Exemplo2: jogo do bicho. Exemplo3: pirataria. 8. Lesividade: Impõe um limite material ao direito de punir do Estado. Logo, o Estado não pode punir tudo. Só pode punir através da lei, como previsto na lei. A lesividade permite um limite não formal (pois quem dá o limite formal é a lei), e sim um limite material, ou seja, analisa O QUE irá ser punido. Se desdobra em alguns subprincípios: Materialização dos fatos: não pode punir condutas moralmente internas, ou seja, que não sejam exteriorizadas. Logo, a cogitação não é punível (o que se passa na cabeça do sujeito, por mais reprovável que seja, não pode ser submetida pelo direito penal). Alteridade: o direito penal só se preocupa com lesões de bens jurídicos de terceiros, ou seja, se o bem jurídico é meu e só meu, o direito penal não intervém. Exemplo1: tentativa de suicídio não é crime, porém, se alguém auxiliar o ato de suicídio, é crime. Exemplo2: o uso de entorpecentes, maconha, cocaína e etc. Direito penal do fato: se preocupa com a conduta praticada e não com mera situação existencial do sujeito. Leva em consideração o autor. Exemplo: Exclusiva proteção de bens jurídicos: o direito penal não se preocupa com meras condutas imorais, pois ele só se preocupa com os bens jurídicos mais importantes na sociedade. 9. Insignificância (bagatela): O direito penal não se preocupa com bagatelas, ou seja, com condutas insignificantes. Crime é todo fato típico + ilícito + culpável Fato típico é previsto em lei como crime. Conduta Nexo de causalidade Resultado Tipicidade: por muito tempo, foi entendida como a tipicidade formal Princípios objetivos pelo STF para o princípio da insignificância: Mínima ofensividade da conduta. Ausência de periculosidade social da ação. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. Inexpressividade da lesão jurídica. Requisitos subjetivos para o princípio da insignificância: Ausência de habitualidade. Reincidência. Ações penais e IP (inquérito policial) em curso. Súmula 599 STJ Violência doméstica: súmula 589 STJ Crimes militares: não se aplica. Fé pública: não se aplica. 10. Humanidade das penas: Art. 5º, inciso 47 e 49. As penas não podem ferir a dignidade da pessoa humana, tem que respeitar a dignidade da pessoa humana. A constituição veta a pena de morte. 11. Non Bis In Idem. O mesmo fato, não pode ser valorado duas vezes. Não pode ter uma dupla punição pelo mesmo fato. Exemplo: homicídio simples (6 a 20 anos de reclusão). Homicídio qualificado (12 a 30 anos). 12. Irretroatividade da lei penal. A regra é que a lei penal seja IRRETROATIVA, ou seja, que a lei tenha vigência daqui para frente. Se determinada conduta for praticada hoje, mas a lei não existia ainda, punindo ela como criminosa, ela não vai poder ser considerada uma conduta delituosa. A menos que a lei entre em vigor e eu continue praticando essa conduta hoje. A lei não pode voltar no tempo para atingir um crime que já tenha acontecido quando ela entrou em vigor. Por isso que o princípio anterioridade, anda de mãos dados com o princípio da irretroatividade. Só vai regular os fatos, DEPOIS que essa lei entrou em vigor. Qual a importância da irretroatividade da lei penal? Para garantir a segurança jurídica e a liberdade do indivíduo. Pois, hoje poderia não ser crime e quem sabe, amanhã fosse considerado crime. Então, se não existisse a irretroatividade, não haveria liberdade e nem segurança jurídica para a ação dos atos. Quando é que a lei penal vai retroagir? Quando for beneficiar o réu. Se beneficia, vai voltar no tempo. Desde que uma lei entra em vigor até que cesse a sua vigência rege todos os atos abrangidos ela sua destinação. Entre estes dois limites - entrada em vigor e cessação de sua vigência – situa-se a sua eficácia Exemplo: o roubo, é a subtração praticada mediante violência ou grave ameaça, até 2017 e uma parte de 2018, tinha uma causa de aumento de pena, para o caso de o roubo ser praticado por arma. Então, a doutrina entendia que arma poderia ser qualquer objeto que poderia se assemelhar a arma ou ser usado como tal (faca de cozinha; tesoura; caco de vidro e etc.). A arma de brinquedo se encaixava como roubo simples. Hoje, não existe mais o aumento de pena para os outros tipos de arma, apenas para a arma de fogo. A lei precisa ser anterior ao fato que ela pretende punir. Sendo assim, não alcança, assim, os fatos ocorridos antes do acontecimento, ou seja, a lei NÃO RETROAGE. É o princípio do tempus regit actum. Exemplo: Carolina Dieckman teve fotos intimas vazadas, só que depois do caso dela entrou em vigor uma lei que traz a criminalização de algumas condutas no âmbito cibernético, e, com isso, a lei chama-se “Lei Carolina Dieckman”. A lei atingiu o sujeito que praticou o crime contra Carolina? Não! E não atinge justamente por base no princípio da irretroatividade, para não prejudicar o réu. 13. Culpabilidade. Proibição da responsabilidade penal objetiva. Para que possa se falar em responsabilidade penal, tem que se agir com dolo ou com culpa. O sujeito tem que ser negligente, imprudente ou imperito. Responsabilidade tem que ser subjetiva. TEORIAS LEGITIMADORES E DESLEGITIMADORES DO DIREITO PENAL (12/09/19) AS TEORIAS LEGITIMADORAS: O nosso direito penal é uma forma de controle social. Onde há sociedade, há conflito e se há conflito, necessita-se de uma forma de controle social. Elas legitimam com o fato do Direito Penal ser uma forma de controle social. AS TEORIAS DESLEGITIMADORAS: Acredita-se que o direito penal não consegue ser uma forma eficaz de controle social, ou seja, elas deslegitimam a própria atuação do direito penal. TEORIAS LEGITIMADORAS: Teorias Absolutas (teorias retributivas): Baseado na ideia de retribuição (entendem a penacomo sendo uma forma de retribuição do mal causado pelo crime). Então, a pena para teoria legitimadora absoluta, seria uma forma do estado retribuir ao agente, o mal que ele causou, pela prática do crime. A pena só precisa ser justa, não precisa ser útil. A pena seria um fim em si mesmo (porque nenhum outro tipo de finalidade seria dado a pena, além de retribuir o mal causado). Não importa se a pena é útil. A pena só é necessária para retribuir o mal causado. Maiores expoentes: Kant e Hegel. Eles concordam na finalidade retributiva da pena, ou seja, a pena é um fim em si mesmo. Agora, o fundamento disso, será diferente para Kant e Hegel. Para Kant, ele entende que o crime é uma violação moral e ética. O crime é uma violação moral e ética com a sociedade. A partir do momento que se pratica o crime, Kant não se preocupa com a ordem jurídica. Para Kant, o crime é uma violação moral e enquanto sendo uma violação moral, a pena seria uma forma de justiça, apenas para retribuir o mal causado. Como assim? Kant acredita na Lei do Talião (“olho por olho, dente por dente”), na medida que a pena é necessária como forma de justiça. Hoje, quando nos referimos à essa lei, falamos de forma pejorativa, pois é um postulado ruim. Quando essa lei foi criada, não foi negativo, pois antes a gente tinha uma forma de exercício de direito penal, muitas vezes pautada na vingança privada. Retribucionismo moral. A pena é necessária como forma de justiça, ela não precisa ser útil. Ratifica os postulados da lei do talião. Para Hegel, ele entende que o crime é uma violação a ordem jurídica. O crime é uma violação a ordem jurídica. A partir do momento que se pratica o crime, Hegel se preocupa com a ordem jurídica. Para Hegel, o crime é uma violação a ordem jurídica e enquanto sendo uma violação a ordem jurídica, a pena seria naturalmente uma forma de restabelecer essa ordem jurídica que foi violada. Mesmo se preocupando com a ordem jurídica, Hegel não se preocupa com a prevenção, ele não se preocupa se o indivíduo se intimida com a aplicação de tal pena, ou seja, se o indivíduo vai reincidir. Hegel se preocupa exclusivamente com o restabelecimento da ordem jurídica. A pena seria a negação da negação do Direito, ou seja, a partir do momento que se comete o crime, há uma negação do direito vigente, da ordem jurídica. A ordem jurídica é uma manifestação da vontade racional, o crime seria uma manifestação da vontade irracional e aplicação da pena, seria a reafirmação dessa vontade irracional. Esse pensamento de Hegel sobre a ordem jurídica, sobre a preocupação da vigência da norma, se aproxima ao pensamento de Gunther Jakobs. Retribucionismo jurídico. Preocupa-se com a ordem jurídica. A pena seria a negação da negação do Direito (afirmação da negação do Direito). Direito penal seriam manifestações da vontade racional. Teorias Relativas: Baseado na ideia de prevenção de novos crimes (primária, secundária e terciária), não com a retribuição do mal causado. A finalidade da pena é com a utilidade de prevenir novos crimes. As teorias relativas têm ideias contrárias à das teorias absolutas. Prevenção primária: anterior ao crime. Atua na raiz do problema, antes mesmo do crime acontecer. Exemplo: a educação, trabalho é uma forma de prevenção primária. Prevenção secundária: posterior ao crime. Atua na aplicação da pena, após o acontecimento do crime. Exemplo: matei alguém e vou sofrer uma sanção penal na modalidade de pena. Prevenção terciária: direcionada ao reincidente. Atua para evitar a reincidência. É direcionada ao indivíduo infrator para que evite novos crime e a reincidência. Prevenção geral: negativa e positiva. É direcionada a toda a sociedade, é uma ideia calcada no coletivo. E essa prevenção geral pode ser negativa e positiva. Prevenção Geral Negativa: teoria da coação psicológica. É baseada na teoria chamada de teoria da coação psicológica, direcionada a toda a sociedade, com isso, afirma-se que o crime acontece pois proporciona prazer, e se ele dá prazer, é necessário que crie um contraestimulo à prática do crime. Portanto, esse contraestimulo seria uma intimidação através de uma pena. Prevenção Geral Positiva: É baseada na ideia da vigência do ordenamento jurídico e a partir do momento que se viola o ordenamento, você irá sofrer as sanções penais. Além disso, se preocupa com rigidez do ordenamento jurídico, com a eficácia do ordenamento jurídico, com a norma penal. A prevenção geral positiva para Roxin e para Jakobs. Ambos são adeptos da prevenção geral positiva Para Roxin, a prevenção geral positiva tem um caráter relativo, seria um dos meios para se chegar a função principal do direito penal, que seria a proteção de bens jurídicos. Para Jakobs, entende prevenção geral positiva de forma absoluta, como sendo a própria função do direito penal, ou seja, de garantir a vigência da norma. Prevenção especial: negativa (neutralização) e positiva (reeducação). A prevenção especial é direcionada ao indivíduo que cometeu o crime, ao infrator. Prevenção especial negativa (neutralização): É baseada em evitar a reincidência, neutralizando aquele indivíduo. Exemplo: pena privativa de liberdade. Prevenção especial positiva (reeducação): Visa a ressocialização do indivíduo. Teorias Mistas (unitárias ou ecléticas): A teoria mista vai unir a teoria absoluta com a teoria relativa. Para essa teoria, a pena tem tanto como finalidade retributiva como finalidade preventiva. Para essa teoria, tem a ideia de prevenção geral negativa, a pena tem caráter intimidatório. Para essa teoria, tem a ideia da prevenção geral positiva de garantir a vigência da norma, da rigidez do ordenamento jurídico. Tem a ideia de ressocialização e neutralização. O Código Penal, apesar de não declarar isso expressamente, ele adota a teoria mista como sendo a teoria do nosso ordenamento jurídico. Contudo, o direito penal, aqui no Brasil, não cumpre sua função retributiva e muito menos preventiva. Teoria Dialética Unificadora (Roxin): Rechaça a concepção retributiva da pena. Pauta-se em critérios de prevenção geral positiva e especial. Congrega mais de uma teoria preventiva (previsão, aplicação e execução da pena). Se ele rechaça a ideia de retribuição, ele vai defender a ideia preventiva da pena. Unifica conceitos de prevenção geral com prevenção especial. Vai dizer que tanto na previsão do crime (prevenção geral) e na aplicação da sanção (prevenção especial). Tanto no momento da previsão do crime quanto no momento da aplicação vai ter ideia de prevenção geral em algumas situações e ideias de prevenção especial em outras. Congrega mais de uma teoria preventiva (previsão, aplicação e execução da pena). Prever a pena em abstrato (prevenção geral). Aplicação da pena (prevenção geral + especial). Execução da pena (prevenção especial). Teoria Agnóstica da Pena: Raul Zaffaroni é o defensor dessa teoria. Segundo ele, hoje, a pena é apenas um exercício de poder e aplicação da pena não teria um caráter jurídico, apenas político. Pena = exercício de poder. Sem explicação jurídica racional, apenas política. Teoria das janelas quebradas e o movimento de tolerância zero: Serviu de base para o movimento de tolerância zero. Se uma janela é quebrada, terá que consertar de imediato a janela quebrada. A partir do momento que uma janela é quebrada e você não conserta logo, passa a ideia que não se preocupa com a pedra jogada e então, outras janelas serão quebradas. Experimento com carro: 1º momento/experimento: colocaramdois carros perfeitos em locais distintos, no bairro de classe alta o carro continuou intacto e o carro do bairro de classe baixa foi deteriorado. A conclusão tirada é que a pobreza é um fator determinante para a ocorrência de crimes. 2º momento/experimento: quebraram UMA janela do carro do bairro nobre e o carro foi todo destruído. A conclusão tirada é de que se você não consertar uma janela quebrada, se você não conserta, a tendência é que outras janelas sejam quebradas. Se você permite que um crime, por menor que ele seja, aconteça, se você não reprime esse crime de forma severa, a tendência é que outros crimes continuam acontecendo. Portanto, tem que haver a repressão de forma severa como uma forma de mostrar que o Estado tem tolerância zero. Além disso, é altamente seletivo pois “seleciona” determinado grupo, como por exemplo, pobres, mendigos, prostitutas, pedintes e etc. Nessa época, houve uma redução da criminalidade em Nova York. Mas, essa mudança foi mediante ao processo de crescimento econômico e não devido ao movimento tolerância zero. Direito Penal do Inimigo: Gunther Jakobs. Direito Penal do Cidadão: todas as regras, garantias e direito fundamentais resguardados. Direito Penal do Inimigo: calcado na retirada de determinados benefícios e de direito. Inimigo: não goza das garantias e dos direitos fundamentais do cidadão. Considerado perigoso pela e para a sociedade, vive à margem da sociedade, de alguma forma atrapalha a convivência. O direito penal do inimigo é calcado na coação. É acusado mesmo sem ter praticado crime. Na concepção de Jakobs, todo mundo tem que estar inserido dentro do direito, pois as pessoas têm o direito de viver em sociedade em conformidade com os tramites da sociedade, mas, a partir do momento que se quebra o pacto social. Se você é inimigo, você já mostra ameaça para a sociedade e então pode sofrer as consequências mesmo sem ter praticado alguma conduta delituosa, atua não pelo que você fez e sim pelo que você é. Forma de manifestação do Direito Penal do Autor (pune conforme quem você é). Direito penal do fato (pune conforme o que você fez) TEORIAS DESLEGITIMADORAS: Deslegitimam/não concordam com o Direito Penal como uma forma eficaz de controle social. Abolicionismo penal Abolição do sistema penal como um todo. Sistema penal: tudo que tem em relação ao Direito Penal. Exemplo: sistema penitenciário, juízes, promotores, delegados de polícia. Louk Hulsman Foi preso pela polícia holandesa e a partir daí começou a pensar sobre a privação de liberdade e sobre o sistema penal como todo. Primazia das leis naturais (leis oriundas de uma convivência natural da sociedade; inerente a condição humana) sobre as leis sociais (leis criadas formalmente; como um pacto de convivência social). Defende a irrestrita abolição do sistema penal. Os conflitos não deixariam de existir, mas quem os resolveria seria a própria sociedade. Se o Estado interferisse, ele estaria usurpando o poder da sociedade de resolver seus próprios conflitos entre si. Três razões principais para a abolição do sistema penal: i. Causa sofrimento desnecessário que são distribuídas de forma injusta, sob o ponto de vista social (seletividade; injusto e gera um sofrimento somente para aqueles que foram selecionados pelo sistema). ii. O sistema penal não fornece nenhum efeito positivo em relação as pessoas que estão envolvidas no conflito. Crescimento da justiça restaurativa (forma de amenizar a situação e olhar também para a resolução do conflito e não somente para a retribuição). iii. É muito difícil manter o sistema penal sob controle, o que provoca abusos excessos na persecução penal (arbitrariedade e excesso). Abolicionismo institucional: abolição da instituição, do sistema penal como um todo. Abolicionismo acadêmico: mudança para uma questão de linguagem já que essa linguagem traz uma carga de preconceito, um estigma; chamar o crime de situação problema, um conflito; forma de tratar a mesma coisa com nomenclaturas distintas e tirar a raiz de estigma que o próprio direito penal traz consigo. Necessidade de modificação do sistema atual. LOUK HULSMAN: Defende a abolição do sistema penal. Seletividade (injusto que gera sofrimento para aqueles que foram selecionados pelo sistema). O sistema penal não fornece nenhum efeito positivo. Defende a justiça restaurativa. O sistema penal é arbitrário e excessivo. Thomas Mathiesen O Estado é uma forma de manipulação da classe dominante. Direito penal é um instrumento de dominação classista. Pena de prisão: instrumento de opressão, com destinatários certos (seletividade). Irracionalidade do sistema carcerário. Dá acentuada ênfase a figura da vítima; defende bem a vítima. Deveria haver uma forma de compensação à vítima que poderia ter: i. Natureza econômica. ii. Na forma de um sistema de seguro simplificado (garantia de não ocorrência de nova lesão). iii. Com apoio simbólico nas situações em que ocorram luto ou pesar (forma de apoio psicológico; crimes que geram por exemplo a morte). iv. Criação de abrigos destinados as pessoas que necessitem de um apoio especial para a sua proteção. v. Centos de apoio as mulheres espancadas. vi. Direta solução dos conflitos, quando possível. Forma de o Estado manter o controle das classes dominantes (...). THOMAS MATHIESEN: O estado é uma forma de manipulação e de controle da classe dominante. O direito penal é um instrumento de dominação classista. Nils Christie Existência de uma indústria de controle da criminalidade. Expansionismo do punitivismo como forma de alcançar lucro. Assim como Hulsman, defende que o Estado se apropriou de um conflito que não lhe pertence. A solução do conflito poderia se dar de duas formas: i. Conferindo poder a determinada pessoa (uma pessoa especifica seria quem iria resolver o conflito, uma espécie de mediador). ii. Não conferindo poder a quem quer que seja (deixar que a sociedade de forma genérica se resolva). Defende que nem todo conflito precisa ser solucionado e que se pode conviver com alguns. Forma de as empresas continuarem lucrando(...). NILS CHRISTIE: Existência de uma indústria da criminalidade. Expansionismo do punitivismo como forma de alcançar lucro. Assim como Hulsman, defende que o Estado se apropriou de um conflito que não lhe pertence. RESPOSTA: RESPOSTA: RESPOSTA: RESPOSTA: RESPOSTA: RESPOSTA:
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