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Mário de Andrade

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Mário de Andrade 
Foi um dos principais nomes da Semana de Arte Moderna de 1922. ... No mesmo ano, publicou um livro de poemas que marca o princípio do movimento modernista,foi “Paulicéia Desvairada”. Mário de Andrade trabalhou na “Revista da Antropofagia”, criada em 1928 pelo amigo e também modernista Oswald de Andrade.
Título original: Pauliceia desvairada
Autor: Mário de Andrade
Editora: Ciranda Cultural
Gênero: Poesia
Lançamento: 2016
79 Páginas
Classificação: 4/5
Sinopse: O livro Pauliceia Desvairada foi publicado em 1922, mesmo ano da Semana de Arte Moderna. Trata-se do primeiro livro de poemas modernista, cuja ‘confecção tumultuária’ Mário de Andrade descreveria muitos anos depois na famosa conferência de 1942 sobre o movimento que transformaria o panorama das artes no Brasil. O salto para o modernismo consolidado em Pauliceia desvairada ilumina Mário de Andrade moderno, unindo renovação, experimentação, à análise não mais ingênua de seu tempo.
Lançado em 1922, Pauliceia Desvairada é o primeiro livro modernista brasileiro, composto por 22 poemas, tem como pano de fundo uma cidade em processo de modernização e urbanização, um momento de desvairamento. A obra é uma busca pela identidade nacional, mesmo na relação contraditória  de sarcasmo e afeto pela cidade de São Paulo, o núcleo e objeto do livro, há uma defesa do exagero, deformação do real e uma nova reprodução da realidade.
Mário de Andrade inicia sua obra com o Prefácio Interessantíssimo, num texto extremamente complexo, o autor já começa a utilizar de sua subjetividade poética para explicar ao leitor as técnicas utilizadas na composição de seus versos, este prefácio ainda é considerado um manifesto (muitas vezes em nome da própria figura do autor), como também uma teoria poética.
Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu inconsciente me grita. Penso depois: não só para corrigir, como para justificar o que escrevi. Daí a razão deste “Prefácio interessantíssimo”. (Pág. 5) Vou destacar os poemas que eu mais gostei por trazerem de certa maneira algum elemento ou tema curioso que me chamaram a atenção. O primeiro poema que abre o livro é “Inspiração“:
Inspiração
São Paulo! Comoção de minha vida…
Os meus amores são flores feitas de original…
Arlequinal!… Traje de losangos… Cinza e ouro…
Luz e bruma… Forno e inverno morno…
Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes…
Perfumes de Paris… Arys!
Bofetadas líricas no Trianon… Algodoal!…
São Paulo! Comoção de minha vida…
Galicismo a berrar nos desertos da América!
Inspiração se remete “às musas”, muito utilizada na poesia épica. A primeira palavra é São Paulo que revela uma efusão lírica do autor que usa e abusa das reticências (…),  ao longo de todo poema vemos versos longos composto por palavras “soltas”, há também o uso maior de substantivos do que de verbos, diferenciando a poesia de Mário de Andrade a outros poetas. Podemos perceber a apresentação do tema que será desenvolvido no livro, que é a cidade paulista. Há vários pares de oposição (cinza e ouro; forno e inverno morno, por exemplo) e foca na região específica do Trianon, refletindo a característica social da burguesia com “galicismo”, sendo ecos de Paris, influência e uso superficial da cultura francesa.  Cabe ressaltar que a cidade estava em um processo de urbanização e por isso “desertos” significa um lugar ainda vazio, na expressão “Galicismos a berrar nos desertosda América” e berrar sugere à animalização dos homens.
O trovador
Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras…
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal…
Intermitentemente…
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo…
Cantabona! Cantabona!
Dlorom…
Sou um tupi tangendo um alaúde!
No segundo poema da obra há apresentação de “quem” é o autor: é o tupi como poeta, e termo trovador mostra uma relação de ambiguidade. O poema explora muito a sonoridade, quer ser música a partir da utilização de palavras sem sentido e pares em antítese, inclusive nas obras de Mário de Andrade é possível ver o quanto ele utilizou da música para compor seus trabalhos. O tupi aparece como a figura nacional do indígena, Mário de Andrade faz assim uma retomada da cultura brasileira.
Um dos poemas que traz uma imagem bem pessimista do eu-lírico à cidade de São Paulo é apresentado a seguir:
Os Cortejos
Monotonias das minhas retinas…
Serpentinas de entes frementes a se desenrolar…
Todos os sempres das minhas visões! “Bon Giorno, caro.”
Horríveis as cidades!
Vaidades e mais vaidades…
Nada de asas! Nada de poesia! Nada de alegria!
Oh! os tumultuários das ausências!
Paulicéia – a grande boca de mil dentes;
e os jorros dentre a língua trissulca
de pus e de mais pus de distinção…
Giram homens fracos, baixos, magros…
Serpentinas de entes frementes a se desenrolar…
Estes homens de São Paulo,
toso iguais e desiguais,
quando vivem dentro dos meus olhos tão ricos,
parecem-me uns macacos, uns macacos.
O eu-poético tenta resistir à padronização do homem: a massa, a multidão, aliás, o tema da multidão foi muito explorado na literatura europeia no século XIX, sendo referência à Mário de Andrade, como também a experiência do choque do autor em meio a este processo de modernização e urbanização das cidades. Há também uma sonoridade semelhante ao movimento do simbolismo. Na expressão “Bon giorno, caro” podemos identificar o contexto histórico do período com a imigração européia, principalmente de italianos que buscaram no Brasil tanto uma fuga da Primeira Guerra, como aproveitando a forte economia do café no estado de São Paulo. A ambiguidade também se faz presente nesse poema se considerarmos que os cortejos tanto podem ser fúnebres ou carnavalesco, e não é por acaso, durante o poema o autor utiliza duas vezes o verso “… serpentinas de entes frementes a se desenrolar…” sendo serpentina um adereço do próprio carnaval. E para finalizar a sua visão pessimista da sociedade paulista Mário de Andrade deixa evidente na última estrofe sua visão de que os homens se movem por gestos maquinais, desprovidos de seus próprios sentidos, transformando-os em animais, em macacos. Esse poema me lembra muito o filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin pois se refere à padronização do homem dentro do processo produtivo na sociedade.
O último poema que compartilhar com vocês consegue refletir exatamente o que eu penso e sinto sobre o atual momento político no Brasil:
O rebanho
Oh! Minhas alucinações!
Vi os deputados, chapéus altos,
sob o pálio vesperal, feito de mangas-rosas,
saírem de mãos dadas do Congresso…
Como um possesso num acesso em meus aplausos
aos salvadores do meu estado amado!..
Desciam, inteligentes, de mãos dadas,
entre o trepidar dos táxis vascolejantes,
a rua Marechal Deodoro…
Oh! Minhas alucinações!
Como um possesso num acesso em meus aplausos
aos heróis do meu Estado amado!..
E as esperanças de ver tudo salvo!
Duas mil reformas, três projetos…
Emigraram os futuros noturnos…
E verde, verde, verde!…
Oh! minhas alucinações!
Mas os deputados, chapéus altos,
mudavam-se pouco a pouco em cabras!
Crescem-lhes os cornos, descem-lhes as barbinhas…
E vi que os chapéus altos do meu estado amado,
com os triângulos de madeira no pescoço,
nos verdes esperanças, sob as franjas de oiro da tarde,
se punham a pastar
rente do palácio do senhor presidente…
Oh! minhas alucinações!
O eu-lírico ao longo do poema se mostra num processo de perca de esperança a cerca da política, essa mudança está bem evidente após as duas primeiras estrofes, a transformação dos deputados de inteligentes em animais a pastar, culmina no fim da esperança. Há uma crítica quando Mário de Andrade diz em “… e as esperanças de ver tudo salvo! Duas mil reformas, três projetos… Emigram os futuros noturnos…”, ou seja, os projetos elaborados não saem do papel, só ficam na teoria, as mudanças não ocorrem na prática.
Eu achei a leitura muito complexa, pois há vários termos utilizadosque parecem não ter sentido ou lógica, mas depois de ler após as várias leituras básica da disciplina e as aulas parece que tudo fica um pouco mais compreensivo. Há quem critique as obras de Mário de Andrade por achar sua linguagem pedante (que ou o que se expressa ostentando cultura e erudição), mas faz parte da literatura brasileira, é de fundamental importância conhecer esses autores 
Eu recomendo a leitura de Pauliceia Desvairada para situar o leitor ao período do início do modernismo no Brasil e a uma comparação da cidade de São Paulo da década de 1920 aos dias atuais, para conhecer o contexto e registro histórico a partir desta obra.

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