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PRÁTICA JURÍDICA I – TÉCNICA DE ELABORAÇÃO DE PEÇAS PROCESSUAIS CÍVEIS Prof. Ms. Adriano Cordeiro CAPACIDADE POSTULATÓRIA E MANDATO JUDICIAL. MANDATO JUDICIAL I – CAPACIDADE POSTULATÓRIA: Código de Processo Civil: “Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal.” Estatuto da OAB: Art. 4º. São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB ... Art. 5º. O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato. ... § 2º. A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais. ...” A parte, pois, para estar em juízo, tem que estar representada por quem tenha CAPACIDADE POSTULATÓRIA, que é a REPRESENTAÇÃO TÉCNICA que será exercida por ADVOGADO regularmente inscrito no quadro da OAB (EOAB – ART. 8º). A capacidade postulatória não se confunde com a capacidade para estar em juízo ou de ser parte - ART. 75 do NOVO CPC = LEGITIMATIO AD PROCESSUM/ CAPACIDADE PROCESSUAL, AD CAUSAM, que é pressuposto processual: Artigo 70 CC: toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo. A CAPACIDADE POSTULATÓRIA, que também é pressuposto processual, é a HABILITAÇÃO PARA ESTAR EM JUÍZO. É o poder/capacidade para subscrever uma petição inicial. Em regra, o que não se permite é que um leigo em direito possa subscrever uma petição inicial. DISPENSA DA CAPACIDADE POSTULATÓRIA: Só é possível em caso de expressa permissão legal, e são: → Nas causas de valor até 20 salários mínimos (art. 9º, Lei 9099); → Justiça do Trabalho – art. 791, CLT = Jus Postulandi (mantido no artigo 839, ‘a’, da NCLT); → para impetração de habeas corpus (art. 654, caput, do CPP, EOAB, 1º, § 1º). O próprio paciente pode impetrar. CAUSA PRÓPRIA: Permitido desde que possua capacidade postulatória, ou seja, desde que esteja regularmente inscrito nos quadros da OAB. Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado: I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações; II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço. § 1o Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição. § 2o Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as intimações enviadas por carta registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos autos. DIREITO DE PETIÇÃO: O direito de petição previsto no art. 5º, XXXIV, da CF, não representa a garantia do próprio interessado postular em juízo. “São distintos o direito de petição e o de postular em juízo.” (STF, 1ª T., Pet. 825-1-BA, rel. Min. Ilmar Galvão, j. 17.12.1993, DJU 3.2.1994, p. 787). O direito de petição pode ser exercido perante os poderes públicos por qualquer pessoa, mesmo sem capacidade postulatória. O exercício do direito de ação exige capacidade postulatória. ESTAGIÁRIO: Não pode o estagiário praticar atos privativos de advogado, sob pena de nulidade, tais como: Petição inicial; Contestação; Réplica; Razões e contrarrazões de recurso. Poderá, entretanto (art. 3º, § 2º, EOAB), praticá-los em conjunto com o advogado. De acordo com o artigo 29 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, o estagiário INSCRITO NA OAB pode praticar os seguintes atos, sob a responsabilidade do advogado: “I – ... III – assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou administrativos. ... § 2º - Para o exercício de atos extrajudiciais, o estagiário pode comparecer isoladamente, quando receber autorização ou substabelecimento do advogado.” 2 - MANDATO JUDICIAL - PECULIARIDADES. Não basta ao advogado possuir capacidade postulatória. Para que possa estar em juízo é INDISPENSÁVEL o instrumento de mandato, ou seja, A PROCURAÇÃO. Art. 104. O advogado NÃO SERÁ ADMITIDO A POSTULAR EM JUÍZO sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. § 1o Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz. “ (CAUÇÃO DE RATO)” § 2o O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos. O instrumento que habilita o advogado a postular em juízo, em nome e no interesse da parte, é a PROCURAÇÃO COM CLÁUSULA ‘ad judicia’. Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica. § 1o A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei. § 2o A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo. § 3o Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá conter o nome dessa, seu número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo. § 4o Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença. CLÁSULA ‘AD JUDICIA’: A cláusula ‘ad judicia’ confere ao advogado poderes para praticar todo e qualquer ato processual, exceto os especiais mencionados na segunda parte do artigo 105 DO CPC. Pode ele: Ajuizar; Contestar; reconvir; opor embargos; Recorrer; PODERES ESPECIAIS: Para a prática de qualquer dos poderes mencionados na segunda parte do artigo 105 NCPC, o advogado necessita de poderes especiais que não se encontram sustentados pela cláusula ‘ad judicia’. Assim, somente com autorização expressa no instrumento de procuração é possível ao advogado: Renunciar ao direito em que se funda a ação; Reconhecer juridicamente o pedido; Confessar; Transigir; (Transação = concessões mútuas, acordo realizado antes do processo ou mesmo em qualquer fase processual – art. 840 CC. Conciliação = transação obtida em audiência). Receber e dar quitação; (para que possa tanto fazer como receber pagamento) Prestar depoimento pessoal; Receber citação; Desistir da ação (sem consentimento do Réu: até oferta da contestação – art. 485, § 4º CPC); Desistir do recurso interposto; Dar lances e arrematar bens em leilão ou praça, dentre outros... . MENORES: → Ao relativamente incapaz é permitido outorgar procuração ’ad judicia’ por instrumento particular, desde que assistido por seu representante legal, não se exigindo instrumento público (STJ-RT 698/225, RT 575/204, 529/201, RF 222/164, 215/146). Tal posição se justifica pelo fato do art. 105 nãofazer distinção em parte capaz ou relativamente incapaz – menor púbere. → Ao absolutamente incapaz, (menor impúbere) apesar de haver tendência jurisprudencial no sentido de validar a procuração por instrumento particular em que o outorgante é menor impúbere, por intermédio de seu representante legal, há expressa determinação para que a constituição de advogado se dê por instrumento público de procuração. RECONHECIMENTO DE FIRMA E FOTOCÓPIA AUTENTICADA: Para a validade e eficácia do instrumento particular não há necessidade de reconhecimento de firma na procuração, inclusive na que contenha poderes especiais. TRF. 4ª. 64: É dispensável o reconhecimento de firma na procurações ‘ad judicia’, mesmo para o exercício e, juízo dos poderes especiais previstos no art. 38 do CPC.”(DJU, Seção II, 7.3.2001, pg. 619). É regular o mandato comprovado pela fotocópia da procuração original devidamente autenticada. Procuração com cláusula ‘ad judicia et extra’ , modelo: PROCURAÇÃO Outorgante: _______________, brasileiro, casado, profissão, portador do RG nº _________ SSP/___, CPF nº _____________, residente e domiciliado na rua ____________, nº ____, bairro _________, cidade ________ , Estado___________. Outorgados: _______________, advogado inscrito na OAB/___ sob o nº _______, com escritório profissional na rua ____________, nº ____, bairro _________, cidade ________ , Estado ____. Pelo presente instrumento de procuração, o outorgante nomeia e constitui o outorgado seu bastante procurador, a quem confere amplos poderes para o foro em geral, inclusive os da cláusula “ad judicia et extra”, a fim de que possa defender os interesses e direitos do outorgante perante qualquer Juízo, Instância ou Tribunal, repartição pública, autarquia ou entidade paraestatal, instituição financeira pública ou privada, podendo propor contra quem de direito for as ações competentes e defende-lo nas contrárias, até final decisão, usando dos recursos legais a acompanhando-os, realizar notificações judiciais e extrajudiciais, requerer e retirar documentos e prontuários médicos, reclamar, conferindo-lhe, ainda, poderes especiais para receber citação e intimações, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, conciliar, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso, declarar hipossuficiência e requerer gratuidade de justiça, levantar alvarás, podendo substabelecer esta a outrem, com ou sem reserva de iguais poderes, enfim, praticar todos os atos necessários para o bom e fiel desempenho deste mandato, especialmente para ___________________ (...) Local e data. Assinatura do Outorgante Procuração extrajudicial - para comprar e vender bens móveis: PROCURAÇÃO OUTORGANTE: ..................... OUTORGADO: ........................ Pelo presente instrumento particular de procuração, o Outorgante nomeia e constitui o Outorgado seu procurador, a quem confere amplos e ilimitados poderes, especialmente para comprar e vender bens móveis, compreendidos nas vendas os ....................... (descrever o bem), podendo contratar, pagar e receber preços, dar e aceitar quitações, transmitir e receber posse, domínio, direitos e ações, obrigar à evicção, aceitar, assinar e outorgar as competentes escrituras e praticar os demais atos necessários para que as vendas e compras sejam feitas boas, firmes e valiosas. (Local e data)................................ (Assinatura) 3 - CAUSA DE EXTINÇÃO DO MANDATO – ART. 682, I, DO CÓDIGO CIVIL: DIREITO DE REVOGAR : “Art. 682. Cessa o mandato: I - pela revogação ou pela renúncia; ... Revogação do mandato pela parte (CPC): Poderá a parte revogar o mandato outorgado ao advogado devendo, no mesmo ato, constituir outro procurador. “Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu advogado constituirá, no mesmo ato, outro que assuma o patrocínio da causa.” Revogação tácita → A revogação pode ocorrer com a simples outorga de nova procuração sem ressalva a anterior. TAL PROCEDIMENTO, CONTUDO, NÃO É ÉTICAMENTE ACEITÁVEL. Revogação expressa → quando há prévia e expressa comunicação da revogação e de cientificação do advogado anteriormente constituído. Renúncia ao mandato pelo advogado : CPC: “Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, provando, na forma prevista neste Código, que comunicou a renúncia ao mandante, a fim de que este nomeie sucessor. § 1o Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo § 2o Dispensa-se a comunicação referida no caput quando a procuração tiver sido outorgada a vários advogados e a parte continuar representada por outro, apesar da renúncia.” 4 - SUBSTABELECIMENTO É o ato pelo qual o procurador transfere ao substabelecido (outro advogado) os poderes que lhe foram conferidos pelo mandante. Pode ser feito com reserva de poderes (consistindo na transferência provisória dos poderes, podendo o procurador reassumi-los a qualquer tempo); ou sem reserva de poderes (tratando- se de transferência definitiva, em que o procurador originário renuncia ao poder de representação que lhe foi conferido). Base legal: Arts. 655, 667 e 688 do Código Civil Art. 26 do EOAB MODELO DE SUBSTABELECIMENTO: S U B S T A B E L E C I M E N T O Pelo presente instrumento substabeleço, SEM RESERVAS (ou com reservas), na pessoa do Doutor _____________________, advogado inscrito na OAB/MG sob o nº _______ com escritório profissional na Rua _____________________, nº ___, Bairro ________, cidade_________, Estado__________, CEP _______, Telefone __________, os poderes a mim outorgados por ________________________________ nos autos da ação de _______________________, processo número _________________________, que tramita perante a ____ª Vara Cível da Comarca de _____________________/MG. Local e data Advogado OAB
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