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Aula 02 (Texto 02) - A psicologia islâmica

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A PSICOLOGIA ISLÂMICA,[2: 	Martyn Shuttleworth (16 de Março, 2010). Islamic Psychology. Recuperado em 24 de Dezembro, 2017, de Explorable.com: https://explorable.com/islamic-psychology.][3: 	Tradução para o português de Sylvio Allan Rocha Moreira. Alterações no texto original são de inteira responsabilidade do tradutor. ]
Martyn Shuttleworth
A história da psicologia foi moldada pela sabedoria antiga grega durante muitos séculos, até que os estudiosos islâmicos levassem os textos gregos para as grandes Casas da Sabedoria. Lá, eles desenvolveram suas próprias ideias e surgiu uma psicologia islâmica que, mais tarde, influenciaria a Europa.
Enquanto a psicologia islâmica manteve o traço helênico de olhar integralmente a mente, a filosofia e o espírito, os estudiosos do Oriente Médio também começaram a desenvolver uma abordagem mais prática da psicologia. A psicologia islâmica baseou-se em procurar formas de tratar e curar, em vez de apenas teorizar. Tal como acontece com a psicologia grega antiga, é importante lembrar que os estudiosos muçulmanos não tinham um termo específico para a psicologia e não se identificavam como psicólogos. Os estudiosos islâmicos não praticaram a disciplina no sentido moderno da palavra e a envolveram com sua abordagem holística e padrão de questões médicas.
No entanto, seu trabalho de estudar a mente e propor tratamentos para condições mentais é extremamente importante, e sustenta muitas de nossas técnicas modernas, mesmo que muitas das teorias tenham sido formuladas em termos filosóficos e teológicos. Enquanto muitos estudiosos islâmicos contribuíram para a história da psicologia, e o trabalho dos outros tenha sido esquecido com o tempo, algumas grandes mentes merecem seu lugar entre os renomados psicólogos modernos.
1. 	Ibn Sina (ou Avicena) e a psicologia islâmica
Ibn Sina (981 - 1037 d.C.) foi a principal influência na história da psicologia islâmica, levando as ideias dos filósofos gregos da antiguidade e adaptando-as para se encaixar à doutrina islâmica. Avicena começou com a ideia de Aristóteles de que os humanos possuíam três tipos de alma, a psique vegetativa, animal e racional. As duas primeiras ligam os seres humanos à Terra, e a psique racional os conecta à Deus.
Do mesmo modo, a psicologia islâmica de Avicena propôs que os cinco sentidos, compartilhados com os animais, são ligados à Terra. Ele acreditava que a capacidade de raciocinar deu à humanidade uma conexão única com o divino. Avicena tentou atribuir certas habilidades mentais a partes específicas do cérebro, mas a proibição islâmica à dissecação impediu-o de reunir evidências observacionais para apoiar suas teorias.
Avicena também propôs que os seres humanos possuem sete sentidos internos para complementar os sentidos externos. Na longa história da psicologia, essa foi uma das primeiras tentativas para tentar entender a maneira como a mente e o raciocínio operam:
a) 	Sentido comum: agrupa a informação coletada pelos sentidos externos.
b) 	Imaginação Retentiva: lembra a informação recolhida pelo senso comum.
c) 	Imaginação animal compositiva: permite que todos os animais aprendam o que devem evitar e o que eles devem buscar ativamente em seu ambiente natural.
d) 	Imaginação humana compositiva: ajuda os humanos a aprender o que evitar e o que procurar no mundo à sua volta.
e) 	Poder Estimativo: a capacidade de fazer julgamentos inatos sobre o ambiente circundante e determinar o que é perigoso e o que é benéfico. Por exemplo, um medo inato e instintivo de predadores.
f) 	Memória: responsável por lembrar de toda a informação desenvolvida pelos outros sentidos.
g) 	Processamento: a capacidade de usar toda a informação; é o mais alto dos sete sentidos internos.
2. Psicologia e Cura Islâmica de Avicena
As teorias de Avicena incorporaram mais sentidos internos do que a ideia de Aristóteles sobre as três almas, mas ele permaneceu fiel às ideias do equilíbrio interno de Aristóteles. Em termos práticos, a psicologia de Avicena levou-o a desenvolver uma variedade de curas para doenças mentais, e a desenvolver terapias para curar doenças, utilizando medo, choque e músicas. Esta contribuição para a história da psicologia finalmente derrubou a crença de que as doenças mentais são sobrenaturais ou causadas por demônios e espíritos malignos.
O estudioso islâmico também entendeu a importância do vínculo entre mente e corpo, propondo que uma pessoa pode superar doenças físicas ao acreditar que pode melhorar. Por outro lado, Avicena acreditava que uma pessoa saudável pode ficar fisicamente doente se acreditar estar doente, somando doenças psicossomáticas ao vocabulário da história da psicologia. Esta ligação mental e física formou a base de sua abordagem aos transtornos mentais e ele documentou meticulosamente muitas condições, incluindo, delírios, distúrbios da memória, alucinações, paralisia pelo medo e uma série de outras condições.
Certamente, Avicena está na história da psicologia como o erudito que primeiro usou uma abordagem reconhecível para psicólogos clínicos modernos. No entanto, a metodologia ainda estava atrelada à ideia de uma alma e consciência humana superior.
3. 	Psicologia e ética islâmica de Al Razi
Muhammed Zakariyah-e-Razi (864 – 930d.C.), conhecido como Razi ou Rhases, no Ocidente, foi um dos grandes sábios islâmicos que contribuíram para muitos campos. Além de seus volumes de trabalho em outras áreas, Razi fez algumas observações interessantes sobre a mente humana. Em seu livro, “Tebal-Fonoon”, ele fez algumas postulações sobre condições emocionais humanas e fez sugestões para seu tratamento. Além disso, ele contribuiu para a história da psicologia com observações astutas sobre a ética médica e o uso da terapia condicional, séculos antes dos psicólogos comportamentais do século XX.
4. 	Al Ghazali, psicologia islâmica e misticismo
A abordagem pragmática dos estudiosos muçulmanos em relação a doenças mentais continuou, e eles foram os principais motores por trás da criação de hospitais e clínicas dedicadas à pesquisa e cura. O grande estudioso e místico sufí, Al-Ghazali (1058-1111), escreveu o livro “Ihya”, que apontou que as crianças são naturalmente egocêntricas. Sua psicologia islâmica propôs que os desejos das crianças raramente incluem as possíveis consequências para os outros. Al Ghazali também acreditava que o medo é uma condição aprendida, ensinada a crianças ou adquirida através de experiências negativas.
Como místico sufí, Al-Ghazali acreditava firmemente que a introspecção e a auto-análise são as chaves para a compreensão de problemas mentais e o desbloqueio de razões ocultas. Podemos nos questionar como a influência do misticismo oriental afetou esse método particular de auto-avaliação, uma técnica que Al Ghazali usou sobre si mesmo.
Ele também trouxe para a história da psicologia a ideia das necessidades, propondo que a personalidade humana deseja cumprir determinados desejos, com base na fome e na raiva. A fome dirige emoções, como os impulsos sexuais, a sede e a fome, enquanto a ira provoca fúria, frustração e vingança. Esta divisão é muito grosseira, quando comparada a ideias relativamente modernas, como a “Hierarquia das Necessidades”, de Maslow, mas forneceu algumas diretrizes para categorizar construtos mentais.
5. 	Outros contribuintes para a psicologia islâmica
Ibn-Khaldun (1332 – 1406 d.C.) acrescentou ainda ao depositório de conhecimento, propondo que o ambiente de um indivíduo e o meio ambiente local moldam sua personalidade. Esta visão perspicaz atuou como um precursor de ideias modernas, como o relativismo cultural e o histórico debate natureza vs. cultura. Ele seguiu os passos de Aristóteles e Avicena ao acreditar que a mente é uma tábula rasa, e que o comportamento humano é moldado apenas pela experiência e pela educação.
Najubuddin Muhammed, contemporâneo aal-Razi, escreveu extensivamente sobre vários transtornos mentais, incluindo depressão, paranóia, complexo de perseguição, disfunção sexual e neuroses obsessivas, entre umasérie de outras doenças mentais. Sua abordagem, baseada na observação, certamente influenciou muitos outros estudiosos no campo da psicologia islâmica.
6. 	A história da psicologia e tratamento
As visões perspicazes dos estudiosos islâmicos em relação a problemas mentais produziram uma grande melhoria no tratamento dos casos. Os governantes islâmicos criaram hospitais especializados em Damasco, Cairo, Bagdá e outros grandes centros do mundo islâmico, no início do século VIII. Embora essa inovação não significou que cada paciente recebesse tratamento, e a superstição ainda exercia influência em amplas partes do mundo islâmico, foi uma melhoria nas ideias sobre possessão demoníaca e maldições por bruxas.
Certamente, os estudiosos islâmicos foram fundamentais em equiparar a doença mental com doenças físicas, entendendo que mente e corpo compartilham um vínculo tangível. Isso levou a muitos avanços no estudo da mente, como a criação de hospitais e o reconhecimento por médicos islâmicos de uma série de doenças mentais.
Embora haja poucas dúvidas de que esta psicologia islâmica estava ligada à teologia islâmica e à religiosidade da alma, os estudiosos muçulmanos removeram as ideias sobre possessão demoníaca ou doenças espirituais do cânone da medicina. Suas observações meticulosas certamente criaram os alicerces da história da psicologia e influenciaram pensamentos e teorias modernas.

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