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Instituto de Química – UNESP – Araraquara Licenciatura em Química Cromatografia em papel e Eletroforese Giovana Cristina da Silva Gabriela Hernandez Tais Ribeiro da Silva Araraquara 2019 Objetivo Estudar duas técnicas de separação de aminoácidos que, quando usadas em conjunto, a análise de seus resultados podem levar a identificação de aminoácidos presentes em uma amostra de composição desconhecida. Cromatografia em papel A cromatografia em papel é uma técnica na qual é possível fazer a separação de aminoácidos tanto em função da polaridade da sua cadeia lateral, como também pelo peso molecular que o mesmo apresenta. Para realização do experimento foram aplicadas diferentes soluções de aminoácidos em papel, juntamente com uma solução de composição desconhecida como mostrado na Figura 1 Como solvente, utilizou-se uma solução de butanol: Ácido Acético: H2O (4:1:5). Todas as substâncias utilizadas como solvente tem por características um momento magnético diferente de zero, ou seja, são moléculas polares. Para explicar o que ocorre, pode-se usar como base as estruturas de cada aminoácido: Figura 1 - Preparo do papel Tendo em vista que o papel é uma substância polar, assim como o solvente utilizado, todos os aminoácidos que apresentarem uma polaridade elevada, irão interagir com o papel e ficarão mais retidos. Por consequência, se deslocarão pouco, resultando num valor de Rf pequeno. Já os aminoácidos apolares irão sofrer pouca interação com a fase estacionária, sendo arrastado com maior facilidade pelo solvente. Sendo assim, a valina e a leucina apresentarão maior Rf. Isso se deve à presença de uma cadeia lateral apolar nessas estruturas, as quais serão mais deslocadas pelo papel. A tirosina deve apresentar um valor intermediário do Rf. Apesar de apresentar uma cadeia lateral polar, a mesma não apresenta nenhuma carga. Com isso, a interação amino-acido-solvente ou aminoácido-papel não será forte o suficiente pra reter o aminoácido. O ácido glutâmico, a lisina, a histidina e a arginina apresentarão valores pequenos de Rf, visto que suas cadeias laterais polares possuem um grupo carregado positivamente ou negativamente, contribuindo para uma maior polaridade. Assim, a interação com a fase estacionária será muito grande, fazendo com que essas substâncias fiquem mais retidas perto de onde foram aplicadas. Os diferentes valores de Rf, tanto esperados como observados, podem ser justificados também pelo tamanho da cadeia. Aminoácidos menores tem maior facilidade de eluir pela fase estacionária e ser arrastados pelo solvente, como é o caso da valina e da leucina. Já aminoácidos maiores terão maior dificuldade em percorrer a fase estacionário devido ao seu maior peso molecular, resultando num valor menor de Rf como é o caso do ácido glutâmico, da lisina, da histidina e da arginina. Para revelar o resultado obtido, utilizou-se solução de ninidrina. Para o cálculo do Rf utiliza-se a seguinte fórmula: 𝑅𝑓 = 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝑐𝑚) 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑓𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝑐𝑚) Neste cromatograma a distância percorrida pela fase móvel (solvente) equivale a 15,7 cm. Os valores de Rf teórico e calculado encontra-se detalhado na Tabela 1. Tabela 1 : Aminoácidos e seus respectivos valores de Rf teórico e experimental Aminoácido Rf Teórico Rf Calculado Tyr 0,45 0,28 Val 0,60 0,40 Leu 0,70 0,60 Glu 0,30 0,20 Lys 0,24 0,04 His 0,20 0,07 Arg 0,20 0,1 Amostra X 0,60 0,40 0,28 Resultado da Cromatografia Através dos valores de Rf calculados das manchas do cromatograma, observa-se que pode haver na amostra X os seguintes aminoácidos: Leucina, Valina e Tirosina, o que pode ser comprovado observando-se o cromatograma. Figura 2 - Resultado do cromatograma, indicando que os aminoácidos presentes na amostra são Valina, Leucina e Tirosina Eletroforese A eletroforese permite a separação de aminoácidos em determinado valor de pH em função do ponto isoelétrico apresentado por cada um. Ou seja, dependendo do pH usado no experimento, o aminoácido apresentará uma carga positiva ou negativa, sendo atraído para o respectivo polo de carga oposta. Depois de revelada a solução com ninidrina, é possível descobrir a composição de uma amostra desconhecida. O experimento foi realizado em dois meios diferentes. O primeiro era um meio levemente acidificado (pH = 6), enquanto na segunda situação tinha-se um meio básico (pH = 10). As amostras foram aplicadas no papel conforme esquematizado a seguir: Figura 3 - Preparação da eletrofose pH = 10 Figura 4 - Preparação da eletroforese em pH = 6 Depois de aplicada as diferentes amostras e feita a eletrólise, obteve-se o seguinte resultado: Tendo em vista os resultados revelados com solução de ninidrina, bem como do ponto isoelétrico de cada aminoácido, é possível analisar os possíveis aminoácidos presentes na amostra de interesse X. Tabela 2: Ponto isoelétrico de alguns aminoácidos Aminoácido Ponto Isoelétrico Glu 3,22 Tyr 5,66 Leu 5,98 Lys 9,74 Val 5,97 His 7,59 Arg 10,76 Para a eletroforese realizada em meio de pH = 6 (levemente acidificado), o único aminoácido capaz de ser diferenciado é o ácido glutâmico. Como o meio encontra-se em um valor de pH maior que o seu ponto isoelétrico, o aminoácido apresentará uma carga negativa em sua cadeia, sendo atraído para o polo positivo da eletroforese. Para o segundo caso, no qual o pH do meio estava básico (pH = 10), a maioria dos aminoácidos apresentados na Tabela 2 estão em um pH acima do seu ponto isoelétrico. Portanto, todos esses irão apresentar uma carga negativa na sua estrutura, sendo atraído em direção ao polo positivo. Alguns possuem mais cargas negativas do que outros, gerando uma diferença na distância percorrida na eletroforese. O número de cargas está relacionado com a quantidade de grupo ionizáveis presente no aminoácido. A única exceção nesse último caso é a arginina que está no seu estado neutro. Com base no resultado obtido para a amostra X, os possíveis aminoácidos presentes são Leucina, Tirosina, Valina e Alanina. Tomando como base a eletroforese, o aminoácido que se tem certeza de estar presente na amostra desconhecida X é Leucina, Tirosina e Valina o qual pode ser observado o quanto percorreu sem que haja a presença de outro aminoácido. Conclusão Através da técnica de Cromatografia e Eletroforese é possível determinar os aminoácidos presentes na amostra X. Na Cromatografia, identificou-se como possíveis componentes da mistura os seguintes aminoácidos: Leucina, Valina e Tirosina; na Eletroforese a pH = 6 identificou-se Leucina, Valina e Tirosina, enquanto que a pH = 10: Histidina, Lisina, Leucina, Tirosina, Valina. Observando os resultados e comparando as técnicas considerando os aminoácidos comuns presentes em ambas, é possível afirmar que os componentes presentes na amostra X são: Leucina, Valina e Tirosina os quais apareceu na Cromatografia e na Eletroforese em ambos os valores e pH. Referência Bibliografia Nelson, D. L.; Cox, M. M. ; Princípios de Bioquímica de Lehninger; 5ª edição; Editora Artmed, 2011
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