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Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Introdução à parasitologia Parasitismo: é toda relação ecológica, desenvolvida entre indivíduos de espécies diferentes, em que se observa além de uma relação íntima e duradoura, uma dependência metabólica de grau variado. (Rey,2002). Parasitologia veterinária: ciência que estuda os parasitos relacionados aos animais de interesse de produção e companhia. → O que será estudado na disciplina: protozoários, artrópodes e helmintos; • Relação parasito-hospedeiro: o Relação interespecífica; o Parasita necessita metabolicamente do hospedeiro; o Parasitas provocam resposta imune do hospedeiro, mas são capazes de evadir-se; o A presença do parasita é condição necessária, mas não suficiente para a ocorrência da parasitose; • Classificação dos parasitos: o Segundo o local do parasitismo: ▪ Endoparasitas: no interior do organismo do hospedeiro; ▪ Ectoparasitas: estão na superfície corpórea do hospedeiro; INFECÇÃO X INFESTAÇÃO Penetração e multiplicação de um microrganismo X estabelecimento, proliferação e ação de parasitos na pele ou em seus apêndices. Endoparasitos X Ectoparasitas o Segundo o número de hospedeiros: ▪ Monoxeno: um único hospedeiro definitivo; ▪ Heteroxeno: um hospedeiro intermediário e um definitivo; ▪ Autoxenicos: hospedeiro intermediário e definitivo; o Segundo a relação com o hospedeiro: ▪ Definitivo: ocorre quando o parasita está na fase adulta e/ou quando ocorre a reprodução sexuada dos parasitos; ▪ Intermediário: ocorre quando o parasita está em uma fase imatura e/ou quando ocorre a reprodução assexuada dos parasitas; o Segundo o tempo de duração do parasitismo: ▪ Periódicos: em fase de desenvolvimento; ▪ Permanentes: passam todos os estágios no hospedeiro; ▪ Temporários: apenas parte do seu desenvolvimento no hospedeiro/utiliza como abrigo ou alimento; o Segundo a especificidade parasitária: ▪ Esternoxeno: adaptados a uma pequena diversidade de hospedeiros; ▪ Eurixeno: grande diversidade de hospedeiros o Segundo o período parasitológico: ▪ Pré-patente: período entre a entrada no organismo e a detecção do parasito; ▪ Patente: período em que se consegue observar o parasito; ▪ Clínico-incubação: período entre a infecção e a manifestação dos sinais clínicos; Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Artropodologia Estudo dos artrópodes, sendo “arthron” = articulação e “podos” = pés. • Características: o Invertebrados; o Apêndices articulados; o Corpo segmentado com exoesqueleto quitinoso; o Circulação aberta: Celoma cheio de hemolinfa; o Crescimento: Por ecdises (troca de exoesqueleto), em que o exoesqueleto deixado se chama exsúvia; SUBCLASSE ACARI • Classificação zoológica: o Ordem Acariforme; ▪ Subordem Astigmata (Respiração percutânea). o Ordem Parasitiformes; ▪ Subordens: ✓ Actinedida (Prostigmata); ✓ Gamasida (Mesostigmata); ✓ Ixodides (Metastigmata). • Características gerais: o Simetria: bilateral; o Tamanho: variado; o Corpo: Cefalotórax e abdômen fusionados; o Patas apresentam: coxa, trocânter, fêmur, tíbia e tarso com garras; o Sem antenas: possuem palpos; o Respiração: cutânea ou traqueal; o Peritrema: moldura quitinizada na abertura respiratória (estigma); o Larvas: 3 pares de patas; o Ninfas e adultos: 4 pares de patas, sendo que adultos possuem abertura genital; o Infecção por ácaros: acaríase/sarna; • Morfologia dos ácaros: o Gnatossoma: aparelho bucal especializado formado pelos palpos + quelíceras + hipostômio + peça basal. Reino Animalia Filo Arthopoda Classe Arachnida Subclasse Acari Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes ordem astigmata • Ácaros que causam sarna; • Respiração: através da cutícula; • Quelíceras: em forma de pinça; • Sem olhos. Família Sarcoptidae Gênero Sarcoptes Sarcoptes scabiei • Características: o Distribuição: mundial; o Presença: tecido cutâneo e galerias intraepidérmicas (ácaros escavatórios); ▪ Ciclo biológico: nas galerias intraepidérmicas; o Nutrição: linfa e fluido celular dos hospedeiros; • Morfologia: o Patas: curtas (característica de ácaros escavatórios); o Corpo: globoso/redondo, estriado, coberto por cerdas e achatados; o Possui abertura anal terminal; • Ciclo biológico do Sarcoptes scabei: o Duração do ciclo: 10-13 dias, outra literatura 17-21; o Ocorre: no hospedeiro; 1. Cópula sob a pele → macho morre; 2. Fêmea cava procurando locol pra deixar os ovos; 3. Cada ovo leva de 3-4 dias pra maturar; 4. Fêmea coloca 1-3 ovos/dia durante 2 meses; 5. 3-4 dias para o ovo eclodir → larva de 6 pernas 6. Maioria das larvas se dirigi para a superfície da pele do hospedeiro -→ passagem de um hospedeiro para outro; 7. 2-3 dias depois a larva sofre ecdise → protoninfa; 8. Após uns dias → tritoninfa; 9. Adulto! o Sinais clínicos: ▪ Prurido: coceira (epiderme); ▪ Lesões agudas: ✓ Máculas: manchinhas vermelhas na pele; ✓ Pápulas: edema (processo inflamatório); ✓ Pústula: lesão com pus; ✓ Lesões eritematosas: placas vermelhas. ▪ Lesões crônicas: ✓ Alopecia: perda de pelo → advinda do prurido; ✓ Hiper o Diagnóstico: ▪ Clínico: ✓ Anamnese: conversa com o tutor, observação dos sinais clínicos e coleta de mostras para exames. ▪ Laboratorial: ✓ Exame: raspado cutâneo → raspar a pele do animal, onde está lesionado, até sangrar, para ser observado no microscópio óptico. ▪ Controle: tratamento dos animais doentes. Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Gênero Notoedres Espécie Notroedres cati • Hospedeiros: felídeos, coelhos; • Morfologia: o Semelhante ao Sarcoptes; o Corpo: menor, circular/globoso; o Pernas: curtas com pedicelos longos, não articulados, sem espinhos, escamas dorsais são arredondadas e transversais; o Tamanho: menor que o S. scabiei; o Abertura anal e nitidamente dorsal; o Fêmeas: ventosas nas pernas 1 e 2; o Possui ânus dorsal; • Ciclo biológico: o Similar ao de Sarcoptes; o Fêmeas: ficam agrupadas na derme e escavam um túnel nas camadas superiores da epiderme, se alimentando de líquido que extravasa dos tecidos lesionados; o Ovos: colocados dentro desses túneis que eclodem de 3-5 dias; o Larva: rasteja até a superfície da pele; o Ovo-adulto: 6-10 dias; o Macho: emergem e procuram pela fêmea na superfície da pele/bolsa de muda; • Sinais clínicos: o Altamente contagiosa; o Lesões aparentes: borda das orelhas e cabeça o Pele: espessada, com crostas nas mordas das orelhas, lesões escamosas e secas. o Prurido intenso: coceira; • Diagnóstico: o Clínico: ▪ Anamnese: conversa com o tutor, observação dos sinais clínicos e coleta de mostras para exames. o Laboratorial: o Controle: tratar hospedeiro; Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Família Knemidocoptidae Gênero Knemidocoptes Knemdicoptes spp. • Características: o Hospedeiro: aves; o Corpo: globoso, patas curtas, par de ventosas em macho, apódema em forma de lira; • Ciclo biológico: semelhante ao do Sarcoptes; • Clínica: o Patognomônico; o Eriçamento e descamação da pele; o Crostas branco-acinzentadas farináceas e aderentes; o Evolução lenta; o Pouco pruriginosa; o Deformação das patas; o Ácaros escavam a matriz do bico; o Bico deformado; o Pode atingir patas e acarretar a perda de falanges → NECROSE;Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Família psoroptidae Gênero Psoroptes Psoroptes spp. • Morfologia: o Corpo: oval; o Não são escavadores → superficiais; o Pernas: longas; o Macho: possuem ventosas copulatórias → engatam nos túbulos copulatórios das tritoninfas fêmeas; o Fêmeas > Machos; o Aparelho bucal: pontiagudo e pré-tarso triarticulado (pedicelos) com ventosas; • Sinais clínicos: o Sarnas superficiais; o Alopecia; o Dor forte; o Crostas; o Localizada na orelha, crina e lugares em que o animal não alcança; • Ciclo evolutivo: semelhante ao ciclo do Sarcoptes o Duração: 3 semanas; o Fêmeas sobrevivem até 10 dias fora do hospedeiro e os machos até 34 dias → ambiente + frio duram menos; Gênero Chorioptes Chorioptes spp. • Características: o Hospedeiro: equinos e bovinos e caprinos; o Corpo: patas longas; • Ciclo biológico: semelhante ao Psoroptes; o Mastigam a base do pelo do hospedeiro; Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Gênero Otodectes Otocdetes spp. “parasita do pavilhão auricular do cachorro” • Clínica: o Prurido intenso; o Otite externa; o Infecção secundária; o Otohematoma; o Automutilação; o Animal chacoalha muito a cabeça; o Surdez; • Diagnóstico: o Utilização de um otoscópio; o Pode ter miíase; o Presença dos ácaros na cera do ouvido; ordem PROstigmata Família demodicidae Gênero Demodex • Morfologia: o Ácaros pequens, corpo alongado em formato de charuto; o Patas: 4 pares com garras pequenas; o Não possuem cerdas nas pernas e no corpo; • Ciclo evolutivo: o Ácaros comensais; o Ocupam folículos pilosos; o Larvas hexápodes; o Duração: ordem metastigmata • Carrapatos ectoparasitas obrigatórios de vertebrados; • Hematófagos obrigatórios; • Apresentam dimorfismo sexual; • Cosmopolitas: encontrados em todos os ambientes; • Fase de desenvolvimento: o Ovos: o Larvas: 3 pares de pernas; o Ninfa: 4 pares de pernas; o Adulto: 4 pares de pernas. Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Família Ixodidae • Morfologia: o Possuem escudo dorsal: em macho é completo e em fêmea é incompleto → carrapatos duros; o Estigma respiratório: atrás do 4º par de patas; o Dimorfismo sexual: acentuado; o Gnatossoma: anterior; o Postura: única; o Corpo: achatado dorsoventralmente; o Bases do capítulo: coxas dos palpos grandes e fusionadas; o Hipóstoma: abaixo das quelíceras; • Estádio ninfal: 1 • Fixam-se no hospedeiro por períodos longos; • Importância na medicina humana → saúde pública Gênero Rhipicephalus Rhipicephalus Boophilus microplus “carrapato-do-boi” → monoxeno • Morfologia: o Escudo: sem ornamentação; o Sulco anal: posterior ao ãnus; o Rostro e palpos: curtos; o Gnatossoma: hexagonal; o Possui olhos; o Hipostômio: mais longo que os palpos; o Macho: possui duas placas adanais longas e distintas ao lado do ânus; o Peritrema: arredondado. • Ciclo biológico: 1. Fêmea ingurgitadas (teleóginas) desprende- se do hospedeiro e vão para o solo para colocar os ovos; 2. Ovipostura dura dias → fêmea morre quando termina. • Importância: o Dano direto por causa da irritação local da picada: ▪ Animal pode atrair moscas, gerando miíases → infecções secundárias; ▪ Provoca grave anemia → animais ficam improdutivos; ▪ Dano ao couro do animal e na produção. o Inoculação de toxinas através da picada: ▪ Paralisia nos membros anteriores. o Ingestão de sangue → transmissão de agentes infecciosos para bovinos ▪ Babesia bovis; ▪ Babesia bigemina; ▪ Anaplasma marginale; ▪ TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA. o No homem: Ricketssia conorii • Controle: o Cruzamento de raças resistentes; o Diagnóstico de resistência à acaricidas; o Controle ambiental → pastagem; o Vacinas. Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Gênero Rhipicephalus Rhipicephalus sanguineus “carrapato-do-cão” → trioxeno • Morfologia: o Escudo: sem ornamentação; o Sulco anal: posterior ao ãnus; o Coloração: avermelhada/castanho-escuro; o Rostro e palpos: curtos; o Bases do capítulo: hexagonal; o Hipostômio: mais longo que os palpos; o Macho: possui duas placas adanais internas e duas externas; o Peritrema: em forma de virgula (macho) e em fêmeas pouco acentuado; • Ciclo biológico: 3 hospedeiros → mudas fora dos hospedeiros. o Acasalamento: no hospedeiro; o Fêmeas fertilizadas: 14 dias e caem no solo; o Ovos: eclodem 17-30 dias; o Larvas: alimentam-se 6 dias e caem no solo → muda 5-23 dias. • Importância: o Anemia devido à espoliação sanguínea; o Transmissão de patógenos; o Inoculação de toxinas; o Danos à pele e ouro; • Patogenia: o Babesia canis; o Rickettsia canorii; o Ehhrlichia canis; o Hepatozoon canis; o Anaplasma platys • Controle: o Banho com carrapaticida nos cães 2 -3 vezes entre 14 dias; o Limpeza de canis; o Aplicação de acaricida no local. Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Gênero Amblyomma Amblyomma cajennense “carrapato estrela/carrapato-do-cavalo” → trioxeno • Morfologia: o Palpos e Hipostômio: longos; o Escudo dorsal: ornamentado; o Possui olhos e festões; o Placas adanais: ausentes nos machos; o Peritrema: em forma de vírgula/triangular; • Ciclo: 3 hospedeiros; o Mudas feitas fora dos hospedeiros; • Importância: o Baixa especificidade: não é exigente com hospedeiro. o Pode transmitir agentes patogênicos: Borrelia burgdorferi e Rickettsia rickettsii o Picada: forma urticária e ferimentos; • Controle: mesmo do Rhipicephalus. Gênero Dermacentor Dermacentor nitens “carrapato do pavilhão auricular do cavalo” → monoxeno • Morfologia: o Coloração: castanho-amarelado; o Escudo: ser ornamentação; o Sulco anal: posterior ao ânus; o Rostro e palpos: curtos; o Festões: 7; o Peritrema: saliente e arredondado o “fêmea brilhante” • Ciclo biológico: 1 hospedeiro. 1. Fêmea ingurgitada cai do hospedeiro e faz a postura ente 15-37 dias; 2. Ovos eclodem entre 20-40 dias; 3. Larvas se fixam no hospedeiro, se alimentam e sofrem muda para ninfa em 8-16 dias; 4. Ninfas ingurgitam e sofrem muda pra adulto em 7-29 dias; 5. Acasalamento ocorre no hospedeiro; • Transmissão: Babesia caballi. Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Família argasidae • Morfologia: o Não possuem escudo dorsal → carrapatos moles; o Dimorfismo sexual: pouco o Gnatossoma: ventral nas ninfas e adultos; o Postura: parcelada; o Palpos: livres; o Tegumento: coriáceo, rugoso e granuloso; o Peritrema: entre 3º e 4º par de coxas; • Mais de um estádio ninfal; • Procuram o hospedeiro para repastos curtos; Gênero Argas Argas spp. “carrapato-de-aves” • Morfologia: o Face dorsal separada da ventral; o Achatado dorso-ventralmente; o Aparelho bucal na face ventral. • Biologia: o Hábitos: noturnos → se escondem em locais escuros; o Alimentação: só procuram hospedeiro para se aimentar; o Possuem substãncia que ajuda no equilíbrio osmótico; • Ciclo biológico: 1. Adultos ingurgitam sobre ave; 2. Fêmea cai e faz postura dos ovos; 3. Ovos tem 3 semanas de incubação; 4. Larvas eclodem e fixam-se na ave; 5. Larvas se fixam no hospedeiro por 7 dias, ingurgitam e cai; 6. Larva ingurgitada se transforma em ninfa 1, se fixa no hospedeiro e ingurgitam; 7. Ninfa 1 cai e faz ecdisepara ninfa 2; 8. Ninfa 2 se fixa e ingurgita; 9. Cai, faz ecdise e vira adulta. • Patogenia: o Queda de produtividade das aves; o Anemia: devido a espoliação sanguínea; o Transmissão de bactéria: Borrelia anserina → espiroquetose aviária; Gênero Ornithodorus Ornithodorus spp. Hospedeiro → homem e animais domésticos • Biologia: o Vivem em solo arenoso, áreas sombreadas ao redor de árvores; • Morfologia: o Margens do corpo sem delimitações; o Hipostômio bem desenvolvido; o Formato do corpo meio retangular; o Corpo suboval arredondado; o Larvas possuem a placa dorsal; • Ciclo biológico: o Só mudam os hospedeiros; o Duas ou mais fases de ninfa; • Importância: Transmissor da Borrelia, causadora da doença de Lyme. • Controle: destruir esconderijos e aplicar acaricidas. Zoologia e Parasitologia – Prof. Dr. Gustavo Góes Gênero Ortobius Otobius megnini Parasita grandes e pequenos animais → monoxeno • Biologia: o Localiza-se na orelha do hospedeiro; o Adultos não são parasitos → se escondem em galhos de arvores para a cópula; o Mudas no hospedeiro; • Morfologia: o Não possui olhos; o Hipostômio bem desenvolvido na ninfa e vestigial em adultos. • Ciclo biológico: semelhante aos anteriores. Entretanto, as ninfas desse gênero se fixam no pavilhão auricular por até 7 meses. • Patogenia: o Dermatite; o Estresse; o Infecção bacteriana secundária/miíase; • Controle: o Foco: no hospedeiro → ficam muito tempo fixados no hospedeiro. o Utilização de endectocidas → injetável intramuscular ou subcutâneo;
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