Buscar

História da América (20 Unid - His - SEC)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 120 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 120 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 120 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

HISTÓRIA
HISTÓRIA DA AMÉRICA
Clara Peres
Thiago Thomaz Garcia
http://unar.info/ead2
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DA AMÉRICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Clara Peres 
Profº Thiago Thomaz Garcia
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 01. AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA: POVOAMENTO ...................................................... 3 
UNIDADE 02. AS CIVILIZAÇÕES DA MESOAMÉRICA ....................................................................... 7 
UNIDADE 03. AS SOCIEDADES ANDINAS PRÉ-COLOMBIANAS ............................................... 13 
UNIDADE 04. CAPITALISMO COMERCIAL E EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPÉIA ................ 19 
UNIDADE 05. A CONQUISTA DA AMÉRICA PELA ESPANHA ..................................................... 26 
UNIDADE 06. MODELO EUROCÊNTRICO DE CULTURA NA AMÉRICA ................................... 32 
UNIDADE 07. COLONIZAÇÃO ESPANHOLA: ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO ............. 40 
UNIDADE 08. COLONIZAÇÃO ESPANHOLA: ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................... 46 
UNIDADE 09. O SISTEMA COLONIAL ESPANHOL .......................................................................... 52 
UNIDADE 10. SOCIEDADE COLONIAL DA AMÉRICA ESPANHOLA .......................................... 58 
 
 
 
3 
 
UNIDADE 01. AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA: 
POVOAMENTO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Na primeira unidade vamos estudar os povos americanos que ocuparam 
o continente, antes da chegada dos europeus. Iniciaremos nossos estudos com 
as possíveis teorias de povoamento do território americano, depois 
aprofundaremos o trabalho sobre os povos da Mesoamérica. 
O objetivo central desta unidade é promover o entendimento sobre 
como estava organizada a região da Mesoamérica no século XVI, quando os 
povos astecas tiveram o primeiro contato com os colonizadores espanhóis. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
O Povoamento da América 
A origem do homem americano é tema de debates arqueológicos 
recentes. A hipótese tradicional afirma que os primeiros grupos humanos teriam 
migrado para a América através de uma ponte de gelo no estreito de Bering, 
formada durante o período de glaciação. Essa teoria atribui a origem do homem 
americano a um ramo asiático-mongólico, que teria vindo por esse caminho e 
se espalhado por toda a América. 
Outra hipótese (teoria malaio-polinésia) é que, através da navegação por 
correntes marítimas no Oceano Pacífico, grupos humanos foram viajando pelas 
ilhas até chegarem à América. Nessa mesma linha, outra teoria propõe a viagem 
a partir da Austrália. Veja abaixo o mapa explicativo: 
 
4 
 
 
A - Migração Asiática pelo Estreito de Bering; B- Origem malaio-polinésia; C- 
Origem australiana. 
Fonte: <http://historiablog.wordpress.com/2008/10/02/pre-historia/>. Acesso em 27/10/2014. 
 
As pesquisas recentes indicam que houve diversas migrações ao longo 
dos milênios, provenientes de diferentes origens e povos, resultando a 
heterogeneidade racial na América. 
O Paleolítico americano se deu de 20 ou 30 mil a. C. até 7 mil a. C. 
quando os primeiros habitantes da América eram nômades e se deslocavam em 
busca de terras mais ricas em alimentos. A vida das comunidades do paleolítico 
era simples, dividiam o alimento coletado na natureza. Não havia hierarquização 
social ou propriedade privada da terra e os povos viviam em tribos. 
Por volta de 7 mil a.C. inicia-se o período do neolítico americano na 
região da Mesoamérica (México e América central) e mais tarde no Peru e 
Bolívia. Nessas regiões os povos passam a desenvolver a agricultura, cultivando 
milho, feijão, batata, mandioca etc. 
http://historiablog.wordpress.com/2008/10/02/pre-historia/
 
5 
 
Quando os grupos humanos começaram a desenvolver a agricultura na 
América, as comunidades eram pequenas e as aldeias e tribos foram unidas 
através da construção de centros cerimoniais, locais onde praticavam 
coletivamente sua religiosidade. A produção de alimento trouxe transformações 
na organização social. A realização do trabalho dividiu os grupos de acordo 
com sua função: camponeses, guerreiros e sacerdotes. Com o passar do tempo 
essas sociedades foram se tornando mais complexas, com uma massa de 
trabalhadores sendo dirigida por uma elite que controla o governo, as funções 
religiosas e militares. 
 A religiosidade dos povos pré-colombianos é um tema de estudo 
essencial para entendermos as dinâmicas políticas e sociais desses povos. Leia o 
texto abaixo que trata do assunto: 
 
“O Sol e o Sacrifício 
Huitzilopochtli (divindade asteca) é ao mesmo tempo o deus da guerra e uma 
manifestação do Sol, senhor do mundo. (...) O Sol tem fome e sede. Só a carne 
dos inimigos o nutre, só o sangue dos inimigos mitiga sua sede; para saciá-lo é 
preciso oferecer-lhe regularmente vítimas sacrificiais escolhidas entre os 
prisioneiros. Assim se explica por que a história dos Astecas é uma longa 
enumeração de guerras: era-lhes necessário renovar incessantemente seu 
estoque de cativos.” 
 LEHMANN, Henri. As Civilizações pré-colombianas. São Paulo: Difusão Europeia 
do Livro, 1965. 
 
 Entre os Astecas a religiosidade é fator determinante na vida prática da 
população. É ela que estimula a guerra, na busca por vítimas de sacrifício aos 
deuses. Porém essa motivação religiosa teve como resultado a formação de 
 
6 
 
uma política imperialista sobre os povos vencidos e a estruturação da economia 
Asteca. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Para saber mais, conheça as pesquisas recentes sobre a pré-história 
americana, acesse: 
 Site sobre a arqueologia brasileira. 
Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/arqueologia/>. Acesso em 27 de 
outubro de 2014. 
 
 Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História 
das Américas. 
Disponível em: <http://www.anphlac.org/html/gts/ehmf_temas.php?b=1>. 
Acesso em 27 de outubro de 2014. 
 
 Para aprofundar seus conhecimentos, veja o vídeo da Primary 
History BBC, disponível no link abaixo, que retrata os principais aspectos da 
sociedade Asteca, partindo de descobertas arqueológicas. 
Disponível em: 
<http://www.youtube.com/watch?v=AKPk7AG5Ff8&feature=player_embedded#
at=695>. Acesso em 27 de outubro de 2014. 
 
 
 
http://www.itaucultural.org.br/arqueologia/
http://www.anphlac.org/html/gts/ehmf_temas.php?b=1
http://www.youtube.com/watch?v=AKPk7AG5Ff8&feature=player_embedded#at=695
http://www.youtube.com/watch?v=AKPk7AG5Ff8&feature=player_embedded#at=695
 
7 
 
UNIDADE 02. AS CIVILIZAÇÕES DA MESOAMÉRICA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Compreender aspectos da cultura pré-colombiana, sua estrutura social e 
política. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A Mesoamérica é uma região do continente americano que inclui o sul 
do México e quase toda a América central. Nessa região desenvolveram-se 
importantes civilizações pré-colombianas, com organização complexa de 
existência, entre outros: Os Olmecas, Teotihuacanos, Maias e Astecas. Essas 
civilizações ocuparam a região em diferentes períodos, contribuindo com a 
formação da cultura mesoamericana, que os espanhóis tiveram contato quando 
chegaram ao continente. 
 
Fonte: <http://www.bowdoin.edu/~eyepes/latam/indfam.htm> Acesso em 27/10/2014. 
 
A civilização Olmeca foi a primeira entre as três, seu desenvolvimento se 
deu no período Pré-clássico. Não construíram grandes cidades, as aldeias 
Olmecas eram unidas por centros cerimoniais que foram construídos a partir de 
1200 a.C.. A região de San Lorenzo, La Venta e Três Zapotes foi onde essa 
cultura se desenvolveu. 
http://www.bowdoin.edu/~eyepes/latam/indfam.htm
 
8 
 
 
Fonte: <http://www.slideshare.net/bloghist/sociedades-urbanas-pr-colombianas-meso-amrica> 
Acesso em 28/10/2014. 
 
Os olmecas inventaram a escrita hieroglífica, um calendário muito preciso 
e esculturas gigantes de cabeças feitas de pedras maciças, presentes nos 
centros cerimoniais. 
A cultura Olmeca foi difundidapor toda a Mesoamérica. Mas, a partir do 
ano 100 d.C., uma sociedade mais complexa se desenvolve na região, formando 
uma grande cidade: Teotihuacán, a “cidade dos deuses”. 
No seu apogeu populacional, durante o período Clássico, a cidade de 
Teotihuacán teve mais de 80 mil habitantes, uma grande cidade até para os 
padrões europeus. Nessa cidade foi formulada a base da religiosidade dos 
povos mesoamericanos, o deus Quetzalcoátl, a “serpente emplumada”, é uma 
das principais divindades que está presente em toda a região. Monumentos 
religiosos como o templo do Sol e da Lua fazem parte do sítio arqueológico 
mais famoso do México atualmente. 
http://www.slideshare.net/bloghist/sociedades-urbanas-pr-colombianas-meso-amrica
 
9 
 
 
Fonte: <http://worldgalli.blogspot.com/2010/09/teotihuacan-mexico.html>. Acesso em 
28/10/2014. 
 
 Durante o período de domínio de Teotihuacán, desenvolvia-se na 
península de Yucatán outra civilização descendente dos Olmecas: os Maias. Em 
750 d.C. Teotihuacán entra em colapso, passando a sofrer a invasão de povos 
do norte do México, chamados de chichimecas (bárbaros). A queda de 
Teotihuacán contribuiu com o apogeu dos Maias, que passaram a controlar o 
comércio na região e fazer conquistas militares. 
 Diferente de Teotihuacán a sociedade Maia se organizou em cidades-
estados independentes. Cada uma delas era dominada por um rei com 
características divinas chamado Halac-unic. 
 A produção agrícola era simples, dedicados principalmente ao cultivo do 
milho. Porém, os conhecimentos sobre matemática e astronomia são 
impressionantes. Os Mais desenvolveram um sistema de numeração que utiliza 
o zero, facilitando as operações matemáticas e desenvolveram um calendário 
extremamente preciso. A linguagem escrita encontrada é em forma de 
hieróglifos que foram apenas parcialmente decifrados. 
 No século X os maias foram dominados pelos Toltecas, um povo de 
costumes guerreiros, de origem Teotihuacana. A cultura Maia foi influenciada 
pela tolteca (mexicanizada). No século XV, a civilização Maia já estava 
http://worldgalli.blogspot.com/2010/09/teotihuacan-mexico.html
 
10 
 
desintegrada e quando os europeus chegaram, no século XVI, essa cultura 
praticamente já havia desaparecido. 
 A civilização Asteca tem sua origem numa região ao noroeste do México 
chamada Aztlán. Os Astecas (nome derivado de Aztlán), também eram 
chamados de mexicas, eram vistos como bárbaros “chichimecas” pelos 
habitantes do sul. Após a queda dos toltecas, dominam a região e fundam em 
1325 a cidade de Tenochtitlán, capital asteca (atual Cidade do México). No 
início, a cidade asteca foi dominada por Atzcapotzalco, uma cidade maior e 
mais poderosa e só se libertou em 1428. Os astecas formaram uma aliança com 
mais duas cidades, Texcoco e Tlacopán, venceram os inimigos e passaram a 
dominar os povos vizinhos. Formaram um império com mais de 30 províncias. 
 
Fonte: <http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/MitosAmerindios.pdf>. Acesso em 
28/10/2014. 
 
 Os astecas eram grandes guerreiros. Aos poucos a elite guerreira 
subjugou os diversos povos transformando-os na massa de trabalhadores 
rurais, que deveria pagar tributos aos vencedores. A relação entre os astecas e 
os povos submetidos era conflituosa. Diversas rebeliões de busca por 
autonomia ou de recusa a pagar impostos eram combatidas por expedições 
militares astecas. 
http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/MitosAmerindios.pdf
 
11 
 
 Esse militarismo combinava com a religiosidade asteca, já que 
providenciava vitimas para os sacrifícios aos deuses. Eram politeístas e 
buscavam satisfazer as divindades com sacrifícios humanos. A possibilidade da 
destruição do mundo era real para eles, por isso o sangue humano era essencial 
para a manutenção da relação dos astecas com os deuses e a preservação do 
mundo. 
 A estrutura social asteca também se organizou baseada no militarismo. A 
nobreza asteca, os tecuhtli, era composta pelos homens que comandavam as 
guerras, dominavam os cargos públicos e pelos sacerdotes. Um grupo 
separado, mas também muito poderoso era o dos Pochtecatl, que controlavam 
o comércio exterior. 
 O homem comum asteca era o maceualli, os trabalhadores. Viviam em 
um Calpulli, (bairros) e estavam sujeitos a trabalhar para a coletividade. Um 
maceualli, caso se destacasse na guerra, capturando prisioneiros e 
demonstrando sua coragem, poderia ascender socialmente para a elite 
guerreira, existia ainda a possibilidade de tornar-se sacerdote. Abaixo dos 
maceualli estavam os tlatlacotin, prisioneiros de guerra ou maceualli 
endividados que pertenciam a um senhor, sendo que essa condição poderia ser 
modificada por motivos diversos. 
 Acima de todos os astecas estava o Imperador, que tinha o título tlatoani, 
que significa “aquele que fala”. Tinha a função de organizar a cobrança de 
impostos, os trabalhos gratuitos e distribuir alimentos, vestimentas e socorrer a 
população quando ela precisasse. O Tlatoani era parente do imperador anterior 
e era eleito por um conselho de cem homens da elite política e guerreira. 
 Quando os espanhóis chegaram, no começo do século XVI, o império 
asteca tinha feito sua expansão. Era composto por um grande número de povos 
subjugados, comandava o comércio com as diversas regiões da mesoamérica, 
possuía enorme força militar e uma capital (Tenochtitlán) que era maior e 
 
12 
 
melhor organizada que as capitais europeias. Foi contra esse grande império 
que espanhóis entraram em guerra para fazer a conquista da região. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 Documentário sobre o império asteca. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QpPj91jYvJk>. Acesso em 
28 de outubro de 2014. 
 
 
 
13 
 
UNIDADE 03. AS SOCIEDADES ANDINAS PRÉ-
COLOMBIANAS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Nesta unidade, o conteúdo de estudo contempla os povos pré-
colombianos que ocuparam a região andina. Entre as muitas sociedades que 
habitaram a região focaremos nossos estudos na civilização Inca. Nosso 
objetivo é que, ao final dessa unidade, vocês possam entender como estava 
organizada a região dos Andes no século XVI, quando espanhóis já haviam 
chegado à América e, na região central do continente, ouviam as histórias do 
grande império Inca. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 Foi a civilização Inca que enfrentou a invasão espanhola na região 
andina. Porém, assim como a civilização asteca, os Incas foram um império 
formado a partir da influência de povos anteriores que ali habitaram, entre eles 
os Chavín, Tiahuanaco, Huari e Chimu. Observe o mapa abaixo indicando a 
região atingida pelo Império Inca em sua máxima extensão, as principais 
cidades e a rede de estradas (“calzadas incas”, na legenda em espanhol) que 
ligavam as regiões do império. 
 
14 
 
 
Fonte: 
<http://www.cprcalahorra.org/alfaro/Material/Historia%20de%204%C2%BA/Cultura%20Inca.jpg
> Acesso em 28/10/2014. 
 
 A origem dos Incas é contada pela mitologia desse povo, que diz que os 
filhos do deus sol foram mandados para terra, dando início ao império na 
cidade de Cuzco (veja no mapa). Historicamente não se sabe a origem certa dos 
Incas, o que se sabe é que a cidade de Cuzco era ocupada por outras tribos, que 
também falavam a língua Quíchua, as quais os Incas se uniram. Passados cem 
anos os Incas acabaram dominando os demais. 
 O quarto imperador Inca, Pachacutí, começou a fase imperial em 1438, 
que só terminou com a chegada dos espanhóis em 1532. Em sua máxima 
extensão o império Inca dominou uma região que ia do norte do Peru ao sul da 
Argentina, ocupando do alto da cordilheira dos Andes ao litoral do oceano 
Pacífico. A denominação Inca para Império era Tawantisuyu, que significa “as 
quatro terras”, que correspondia à forma como o império era divido. Todo esse 
vasto território era interligado por um sistema de estradas que cortavam a 
região litorânea e o altiplano andino (veja nomapa). 
http://www.cprcalahorra.org/alfaro/Material/Historia%20de%204%C2%BA/Cultura%20Inca.jpg
http://www.cprcalahorra.org/alfaro/Material/Historia%20de%204%C2%BA/Cultura%20Inca.jpg
 
15 
 
 A economia Inca era baseada na agricultura que enfrentava o desafio de 
se desenvolver no território montanhoso dos andes. Para vencer esse desafio, 
os incas criaram um sistema de irrigação com canais que desciam ao longo da 
montanha, distribuindo a água da chuva que caia no topo. Outra técnica de 
cultivo muito importante dos incas, que é utilizada até hoje, é o cultivo em 
terraços chamados Andenes, garantindo a farta produção de alimento. 
 
Canais de irrigação. Fonte: <http://roottravel.files.wordpress.com/2010/02/img_0017.jpg>. 
Acesso em 28/10/1984. 
Andene. Fonte: <http://cadernosdeviagem.wordpress.com/2009/07/17/o-vale-sagrado-sul/>. 
Acesso em 28/10/2014. 
 
 A base da organização social dos Incas é o “Ayllu”, que eram 
comunidades constituídas por famílias. Cada Ayllu tinha um deus protetor 
(“waka”) e era comandado pelo líder da família que fundou o ayllu, chamado 
“kuraka”. Os Ayllus eram ligados com outros, sendo que um deles se destacava 
http://roottravel.files.wordpress.com/2010/02/img_0017.jpg
http://cadernosdeviagem.wordpress.com/2009/07/17/o-vale-sagrado-sul/
 
16 
 
e comandava os demais e o kuraka que governava o Ayllu dominante tornava-
se o kuraka supremo, um homem poderoso que dominava a região. 
 A função de kuraka era organizar a região. Ele distribuía as terras entre as 
famílias e organizava o trabalho coletivo. Entre o kuraka e a população do Ayllu 
era estabelecida uma relação de reciprocidade chamada Mita. Segundo o 
costume, cada ayllu deveria fornecer um número de trabalhadores de acordo 
com sua população, para trabalhar nas terras do kuraka por um tempo limitado. 
Acabado o tempo da Mita, os trabalhadores voltavam para o seu ayllu e outros 
eram enviados no seu lugar. Em troca disso, o kuraka distribuía parte dos bens 
produzidos pelo trabalho coletivo. Mas como o kuraka só distribuía parte dos 
bens ficando com o restante, tornava-se um homem rico, constituindo a elite 
Inca. 
 O sistema de funcionamento do Ayllu era reproduzido em todo o 
império. O imperador cobrava o trabalho da mita nas suas terras em todas as 
regiões, assim como o kuraka fazia nos ayllu. Em troca do trabalho da 
população ele oferecia o alimento cultivado nas ouras regiões e o que faltava 
aos habitantes de cada local. Além disso, o imperador tem a função de proteger 
e organizar o estado para garantir a sobrevivência da população. Assim, o 
trabalho da Mita era de onde vinha a força do império, que utilizava essa força 
na construção de obras públicas, na agricultura e na guerra. 
 Para controlar essa organização do trabalho, os incas desenvolveram um 
sistema de registro matemático chamado Quipu. Tratava-se de um sistema de 
cordas colorias com nós, que representavam um sistema numérico decimal. 
Servia para que os governantes mantivessem o controle sobre a quantidade de 
moradores das regiões e sobre a produção agrária. Os quipus eram 
transportados por todo o império por mensageiros, levando as informações 
para serem interpretadas para os governantes, assim, tinha-se ideia das 
condições gerais das diversas partes do território inca. 
 
17 
 
 
Fonte: http://clanperu08.blogspot.com/2010/11/el-regreso-del-quipu-en-hdla-herencia.html 
 
 A sociedade Inca contava também com os Mitimaq que eram 
trabalhadores deslocados da sua região, para cumprir a Mita em locais em que 
faltava mão de obra. Havia também as Acllas, mulheres oferecidas ao 
imperador, que tinham a função de tornarem-se segundas esposas, ou eram 
oferecidas como presentes para quem o imperador desejasse, ou ainda 
exerciam a função de tecelãs em monastérios. Por último existiam os Yana, que 
eram servidores perpétuos, geralmente prisioneiros de guerra, a serviço do 
imperador. 
 Porém essa organização social e econômica não era sempre aceita. 
Existiam várias revoltas de ayllus, comandados por seu kurakas contra o 
imperador. Ao imperador cabia conter as revoltas e deslocar para outras áreas 
os povos vencidos. 
 Outro motivo de desequilíbrio do império era a morte do imperador, 
devido às lutas pela sucessão. O poder do imperador não era hereditário, pois 
ele rompia os laços com sua família quando assumia, para poder governar 
acima de todos. Alguns imperadores tentavam indicar seu sucessor para evitar a 
instabilidade, porém essa vontade era sempre contestada, gerando uma disputa 
http://clanperu08.blogspot.com/2010/11/el-regreso-del-quipu-en-hdla-herencia.html
 
18 
 
violenta pela sucessão. Além disso, as regiões rebeldes aproveitavam as 
disputas para lutar por sua autonomia, aumentando ainda mais os problemas 
do império. 
 Na época da chegada dos espanhóis à América, o imperador Huyna 
Cápac morre, gerando uma crise de sucessão. A disputa se deu entre os dois 
filhos do imperador, Atahualpa e Huascar, deixando o império fragilizado. Foi 
nesse momento crítico que os conquistadores espanhóis chegaram à região 
andina. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 Para ilustrar e enriquecer nossos estudos sobre os Incas assista aos 
seguintes vídeos: 
Disponível em: 
<http://www.youtube.com/watch?v=UJbuTAfOFZ4&feature=related>. Acesso 
em 28 de outubro de 2014. Parte 1. 
 
Disponível em: 
<http://www.youtube.com/watch?v=qx7BU4m1Ur4&feature=related>. Acesso 
em 28 de outubro de 2014. Parte 2. 
 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=UJbuTAfOFZ4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=qx7BU4m1Ur4&feature=related
 
19 
 
UNIDADE 04. CAPITALISMO COMERCIAL E EXPANSÃO 
MARÍTIMA EUROPÉIA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
O final do século XV e início do XVI foi o ápice dos impérios Asteca e 
Inca. No mesmo período, a Europa passou por uma série de transformações que 
possibilitaram a realização das grandes navegações. O objetivo dessa unidade é 
entender o contexto europeu que levou esses países se arriscarem por mares 
nunca antes navegados, possibilitando assim o contato com as terras 
americanas. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
O Capitalismo comercial 
 
MAR PORTUGUÊS - Fernando Pessoa 
 
Ó mar salgado, quanto do teu sal. 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 
Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
 
Quem quer passar além do Bojador 
 
20 
 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu. 
 
O poema acima, escrito pelo poeta português Fernando Pessoa, fala das 
dores que o povo português sofreu ao realizar as navegações pelo oceano 
Atlântico e o descobrimento de novas terras. Quando questionado se todo esse 
esforço valeu a pena, o poeta responde que para alcançar grandes objetivos -
“passar além do Bojador” – é necessário ser mais forte que a dor. “Tudo vale a 
pena, se a alma não é pequena”. 
O poema de Fernando Pessoa, escrito em 1934, celebra o esforço das 
grandes navegações nos séculos XV e XVI. Essa realização portuguesa está 
inserida no contexto europeu caracterizado pela expansão do capitalismo 
comercial, pelo fortalecimento das monarquias nacionais e a defesa do 
catolicismo. Para entender os motivos que fizeram os portugueses e os outros 
europeus a se aventurarem pelo mar aberto, temos que compreender esse 
contexto. 
Na baixa Idade Média, o povo europeu voltou a praticar a atividade 
comercial. Diversas cidades começaram a se desenvolver, baseadas no comércio 
e as pessoas que se envolveram com essa atividade, formaram um novo e 
fortalecido grupo social: a burguesia. Porém, século XIV na Europa foi um 
período de crise, caracterizado por ondas de fome, peste e guerras, que fizeram 
a economia capitalista entrar em declínio, principalmente pela falta de ouro no 
continenteeuropeu. 
Com o crescimento das atividades comerciais, variados produtos 
passaram a fazer parte do cotidiano dos europeus. Especiarias (pimenta, canela, 
açúcar, cravo), perfumes, tecidos, tapetes, eram produtos com grande valor na 
Europa, pois eram trazidos de regiões distantes da Ásia, por comerciantes 
 
21 
 
italianos. Para ter acesso a esses produtos, os italianos navegavam pelo mar 
mediterrâneo comprando dos árabes, que iam buscar os produtos nas Índias 
por rotas terrestres. 
 
Especiarias 
Fonte: 
<http://receitas.mundopt.com/view_page.php?id=5&page=Ervas_Arom%E1ticas_%26_Especiaria
s%22> . Acesso em 28/10/2014. 
 
 
Fonte:http://professorfabianobastos.blogspot.com/2011/03/rotas-de-comercio-no-seculo-
xv.html. Acesso em 29/10/2014 
 
http://professorfabianobastos.blogspot.com/2011/03/rotas-de-comercio-no-seculo-xv.html
http://professorfabianobastos.blogspot.com/2011/03/rotas-de-comercio-no-seculo-xv.html
 
22 
 
Entre todas, a mais importante das especiarias era a pimenta, devido ao 
sabor acentuado e ao odor característico, importante para disfarçar o gosto dos 
alimentos, particularmente da carne. 
Chegando o outono na Europa, era praxe sacrificar grande parte dos 
rebanhos de gado, pois sabia-se que até a próxima primavera não haveria 
alimento disponível para os animais. Mesma quando salgadas ou defumadas, as 
carnes de peixe e bovina apodreciam com facilidade, o que não impedia que 
fossem exportadas para o interior do continente e consumidas, especialmente 
durante o rigoroso inverno da maioria dos países. 
Assim, aqueles que não moravam na costa e, por isso, não dispunham de 
peixe fresco durante todo o ano, eram obrigados a temperar a carne com 
condimentos fortes, picantes e odoríferos, disfarçando o mau cheiro e o sabor 
desagradável. Afinal, a carência de víveres não permitia recusar nenhum 
alimento disponível. 
(RAMOS, Fábio Pestana. No tempo das especiarias. Adaptado. O império da 
pimenta e do açúcar. São Paulo: Contexto, 2004. P. 7.) 
Como os comerciantes italianos dominavam todas as rotas de comércio 
no mar mediterrâneo, os comerciantes do restante da Europa eram obrigados a 
comprar dos italianos. Para ter lucro os comerciantes europeus aumentavam o 
preço da mercadoria em seus países, dificultando o comércio local, que já 
estava em crise. 
Diante do controle do comércio com o oriente, dos altos preços dos 
produtos e da falta de ouro, a burguesia europeia buscou uma nova rota que 
levasse á fonte das especiarias, ouro e outros produtos orientais. Os burgueses 
de países como Portugal e Espanha buscaram uma rota alternativa para o 
oriente que, ao invés de seguir pelo mar Mediterrâneo, seguiria pelo oceano 
Atlântico, um caminho completamente novo. Os portugueses foram os 
primeiros, saindo de Lisboa pelo Oceano Atlântico, navegaram pelo litoral 
 
23 
 
africano a procura de uma passagem para o oriente. Essa passagem foi 
alcançada em 1487, quando Bartolomeu Dias ultrapassou o Cabo da Boa 
Esperança e em 1497 Vasco da Gama chega em Calicute, nas Índias. 
 
Fonte:<http://ftp.infoeuropa.eurocid.pt/web/multimedia/cds/portugalue2000/pt/portugal_main
03xiv.htm>. Acesso em 28/10/2014. 
 
Os navegadores espanhóis se lançaram à expansão ultramarina depois 
dos portugueses, pois estavam concentrados em expulsar os muçulmanos do 
território espanhol. Quando os espanhóis começaram suas viagens os 
portugueses já dominavam a rota para o oriente através da África. 
Em 1492 um navegador genovês chamado Cristóvão Colombo 
apresentou um projeto para chegar à Índia bastante audacioso. Ao contrário 
das outras rotas que sempre iam para o oriente, Colombo propõe navegar para 
o ocidente, pois baseava-se na teoria de que a Terra era redonda, sendo 
possível dar a volta na Terra para chegar ao oriente. O reis católicos de Castela e 
Aragão (que anos depois se uniriam formando a Espanha) financiam a viagem 
de Colombo, que 2 meses depois do início da viagem chegou à América, na 
região das Antilhas. 
http://ftp.infoeuropa.eurocid.pt/web/multimedia/cds/portugalue2000/pt/portugal_main03xiv.htm
http://ftp.infoeuropa.eurocid.pt/web/multimedia/cds/portugalue2000/pt/portugal_main03xiv.htm
 
24 
 
 
Fonte: 
<http://jcmontteiro.webnode.com.br/album/galeria%20de%20fotos%3A%20expans%C3%A3o%
20maritima%20eueurope/viagem-de-colombo-jpg/>. Acesso em 28/10/2014. 
 
Por mais inovador que fosse o projeto de Colombo, era baseado uma 
série de estudos e mapas já conhecidos no mundo ibérico. Os árabes haviam 
calculado a circunferência da terra em 33 000 km, número muito próximo dos 
40 076 km verdadeiros. 
Além da motivação econômica, as grandes navegações estão envolvidas 
no processo de centralização monárquica. Com o crescimento do comércio, as 
cidades se aproximaram dos reis, pois viam nele o poder necessário para 
organizar o Estado a favor de seus negócios. Os reis, por sua vez apoiavam a 
burguesia visando à arrecadação de imposto, organizavam recursos, homens e 
conhecimentos necessários ao empreendimento. Nesse sentido, o rei de 
Portugal D. Henrique tornou-se uma figura envolvida em mitos, sendo atribuída 
a ele a criação da Escola de Sagres, núcleo de estudos sobre as tecnologias 
náuticas. A expansão do comércio era, dessa forma, interessante para os reis e 
a burguesia, os burgueses poderiam lucrar mais e os reis teriam seus territórios 
aumentados, assim como sua força política. 
A Igreja Católica também participou das navegações, apoiando as 
viagens, pois essa seria uma forma de expandir o catolicismo. Influenciava a 
mentalidade dos navegadores, abençoando as viagens em nome da conversão 
de novos cristãos e do combate às falsas religiões. Assim, quando os europeus 
 
25 
 
chegaram às novas terras, além de buscarem os produtos para o comércio, 
enxergavam-se como defensores do rei e da fé cristã. 
Dessa forma, quando os europeus chegaram à América estavam inseridos 
em um projeto expansionista baseado na guerra, no comércio, na política e na 
religião. Essa forma de expansão justificou o modelo de conquista que 
empreenderam nessa região, buscando dominar os povos que aqui viviam tanto 
do ponto de vista militar, como também econômico, político e cultural. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Coleção grandes exploradores: Cristóvão Colombo. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mRMl8hmHKIw>. Acesso 
em 28/10/2014. 
 
 
 
26 
 
UNIDADE 05. A CONQUISTA DA AMÉRICA PELA 
ESPANHA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Quando os conquistadores espanhóis chegaram à América, entraram em 
contato com diversas organizações sociais, entre elas os grandes e belicosos 
impérios Asteca e Inca. Para dominar o novo mundo os europeus realizaram 
um processo de conquista, cujo entendimento será o objetivo dessa unidade. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
As formas de conquista 
“A espada, a cruz e a fome iam dizimando a família selvagem”. 
(Pablo Neruda) 
 Já para as expedições de Cristóvão Colombo à América, a coroa de 
Castela estabeleceu um acordo com o navegador denominado “capitulações”. 
Depois de Colombo, outros exploradores receberam o direito de explorar as 
terras americanas e em 1503 foi criada a “casa de contratação”, em Sevilha, que 
passou a controlar os contratos de exploração da América. 
 As “capitulações” garantiam a um explorador o direito aos lucros obtidos 
com a conquista do território. Porém, os custos de toda a expedição eram 
obrigação da pessoa que detinha a “capitulação”. O lucro da coroa com essas 
expedições era conseguido através da obrigação do conquistador pagar um 
quinto do lucro obtido. Para garantir seus interesses, a coroa também obrigava 
o conquistador a levar consigo na viagem um representante do rei. E quando 
um território era conquistado, a coroa enviava funcionários que estabeleciam o 
controle sobre a região. 
 
27 
 
 Grande parte dos conquistadores espanhóis eram membros da nobreza, 
que nãoenxergava possibilidade de ascensão nos limitados territórios 
espanhóis. Alguns conquistadores não eram de origem nobre, como era o caso 
de Francisco Pizarro antes da conquista do Peru, mas isso era mais raro. 
 A coroa autorizava diferentes tipos de expedições com mais ou menos 
direitos de exploração. Em alguns tipos era permitida a escravização dos 
indígenas, em outros, apenas trocas comerciais. Em todas elas, no entanto, a 
coroa espanhola deveria emitir o “requerimiento”, documento que deveria ser 
lido pelos conquistadores, antes de iniciar um combate contra os indígenas. 
 Esse documento foi criado com a função de permitir aos índios 
escolherem a submissão à igreja e ao rei, o que não fazia muito efeito, já que 
era lido em espanhol para povos que não entendiam a língua. 
 
"Se assim fizerdes, Sua Majestade vos acolherá com todo o amor e afeto, 
deixando livres as vossas esposas e filhos para que possais proceder com eles 
como entenderes (...). Mas se vos recusais, ou se de má-fé tardardes a fazê-lo, 
com a ajuda de Deus penetrarei em vossas terras e vos submeterei ao jugo da 
Igreja e a Sua Majestade, e tomarei vossa esposa e vossos filhos para fazer 
escravos deles (...) E declaro que toda morte e devastação que daí advier terá 
sido por culpa vossa e não de Sua Majestade, ou minha, ou de meus homens". 
Fonte: http://educacao.uol.com.br/historia/america-colonizacao-espanhola-dos-iadelantadosi-
aos-vice-reinos-da-nova-espanha-e-do-peru.jhtm 
 
A evolução da Conquista 
Entre os conquistadores espanhóis destacaram-se Hernán Cortez, Pedro 
Alvarado, Balboa, Francisco Pizarro, Diego de Almagro e Pedro de Valdívia. 
A chegada dos espanhóis foi cercada de dúvidas pelos povos americanos, 
que não sabiam o que esperar de homens tão diferentes, na aparência, na 
língua e na tecnologia. Do lado espanhol também existiu a surpresa com os 
http://educacao.uol.com.br/historia/america-colonizacao-espanhola-dos-iadelantadosi-aos-vice-reinos-da-nova-espanha-e-do-peru.jhtm
http://educacao.uol.com.br/historia/america-colonizacao-espanhola-dos-iadelantadosi-aos-vice-reinos-da-nova-espanha-e-do-peru.jhtm
 
28 
 
povos americanos, mas acima disso, havia o objetivo da conquista e a defesa 
dos ideais. 
Quando Cortez chegou ao México, os astecas especularam sobre quem 
eles seriam. Num primeiro momento, uma parte dos astecas considerou que o 
conquistador Hernán Cortez poderia ser o deus Quetzalcoatl que teria voltado, 
conforme pregava a tradição asteca. O imperador asteca Montezuma chegou a 
receber Cortez em Tenochtitlán, de forma diplomática. 
 
Fonte:<http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2011/02/america-de-veias-fechadas-
reflexoes.html>. Acesso em: 28/10/2014. 
 
Cortez rapidamente percebeu que o império asteca era muito poderoso, 
mas por dominar os povos vizinhos, era visto como inimigos por uma parte 
muito grande desses povos. O chefe dos Tlaxcaltecas, vendo uma possibilidade 
de se livrar do imperialismo asteca, apoiou Cortez quando ele resolveu fazer o 
ataque e em 1521, cidade de Tenochtitlán foi tomada pelos espanhóis. Após a 
conquista da capital do império Asteca, Cortez deu início à fundação da Nova 
Espanha. 
http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2011/02/america-de-veias-fechadas-reflexoes.html
http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2011/02/america-de-veias-fechadas-reflexoes.html
 
29 
 
Francisco Pizarro e Diego de Almagro partiram para o sul, em direção ao 
império Inca, que nessa época, já era conhecido através das histórias que 
chegavam à América central. A chegada de Pizarro coincide com uma disputa 
interna do império Inca, devido às lutas pela sucessão ao trono, depois da 
morte do imperador Huayna Cápac. Os irmãos Atahualpa e Huáscar brigavam 
pelo trono, causando grande instabilidade e crise ao império Inca. 
Diante desse conflito, Pizarro conquista o apoio dos seguidores de 
Huáscar e marcha na direção do exército do Inca Atahualpa. Na cidade de 
Cajamarca, Pizarro tem o primeiro contato com a força do império Inca e 
oferece a Atahualpa a submissão à coroa espanhola e à fé cristã. Como o 
imperador inca nega a submissão, Pizarro dá início à guerra de conquista e, 
apesar do número inferior de soldados, consegue prender o imperador. 
 
Fonte: <http://html.rincondelvago.com/conquista-de-america_2.html>. Acesso em 28/10/2014. 
 
Em Cuzco, o exercito de Atahualpa consegue prender seu irmão e acaba 
executando-o. Diego de Amagor temia que Atahualpa, mesmo preso, 
organizasse um motim contra os espanhóis, por isso aconselhou Pizarro a matar 
o Inca. Pizarro aceita o conselho e sacrifica Atahualpa, continuando a conquista, 
passando por Cuzco, pelo litoral e fundou em 1535 a Cidade de Lima, desde 
http://html.rincondelvago.com/conquista-de-america_2.html
 
30 
 
então, a nova Capital do Peru. Diego de Almagro partiu para o sul em busca de 
riquezas, em direção ao Chile. 
 
As razões da vitória espanhola 
Os espanhóis que vieram para a América constituíram um pequeno 
grupo, se comparado com a imensa população que vivia no continente. Apesar 
da inferioridade numérica, em menos de cem anos os espanhóis haviam 
conquistado terras que iam do México à Argentina, que eram dominadas por 
grandes impérios como o Asteca e Inca. Apesar da forte resistência dos povos 
americanos, um conjunto de fatores favoreceu os espanhóis na guerra de 
conquista. 
Um dos fatores apresentados pela historiografia do século XIX é a 
superioridade bélica dos espanhóis. Essa postura pode ser vista na obra de 
William Prescott, “A conquista do México” e no livro “A conquista da América: a 
questão do outro” de Tzvetan Todorov. Segundo esse ponto de vista, os 
canhões, armas de fogo, lanças de metal e os cavalos teriam facilitado a 
conquista. Porém, esse fator não deve ser supervalorizado, uma vez que as 
armas europeias não funcionavam para todas as batalhas e os indígenas 
rapidamente absorveram as estratégias de guerra dos espanhóis. 
Outro fator importante foram as doenças infectocontagiosas que os 
espanhóis trouxeram. Doenças que eram comuns na Europa, como a gripe e a 
varíola, não existiam na América antes da chegada dos europeus. Como os 
povos americanos não tinham anticorpos para essas doenças, estavam muito 
vulneráveis a elas, por isso, adoeciam facilmente e morriam. 
Os acordos feitos com os povos locais também foram essenciais para os 
espanhóis superarem a inferioridade numérica. Como os Incas e Astecas tinham 
muitos inimigos, os espanhóis puderam contar com o apoio desses povos para 
 
31 
 
vencer os impérios. Essa mesma lógica não serviu para a conquista de povos 
nômades ou de estrutura mais simples. 
Assim, não houve um fator isolado que determinou a vitória dos 
espanhóis. Todas essas explicações devem ser unidas para o entendimento de 
cada situação específica, além disso, deve-se considerar o imenso choque 
cultural que esse encontro promoveu entre os povos americanos. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Associação Nacional dos Pesquisadores e Professores de História da 
América. 
Disponível em: < http://anphlac.fflch.usp.br/>. Acesso em 28 de outubro de 
2014. 
 
 
 
 
32 
 
UNIDADE 06. MODELO EUROCÊNTRICO DE CULTURA 
NA AMÉRICA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
O encontro entre a cultura europeia e as culturas da América pré-
colombiana gerou espanto e curiosidade em ambos os lados. No entanto, para 
os nativos americanos a consequência desse encontro foi o extermínio das 
diversas culturas locais. O objetivo dessa unidade é entender de que forma a 
postura eurocêntrica se firmou, garantindo aos europeus o domínio político, 
econômico e mental. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
O encontro das culturas 
O Velho mundo e o novo 
 
“Vieram com seus navios 
Em nome da lei e da fé 
 Em nome do rei e da cruz 
 Em nome de Deus e do ouro. 
 
Vieram pelo oceano 
 Em busca de um novo mundo 
 Mas aqui vivia um povo 
 E eles não entenderam.”(Milton Nascimento e Fernando Brant) 
 
 
33 
 
 Nas ilhas das Antilhas, local onde desembarcou Colombo, viviam nações 
indígenas igualitárias. Sobre seu encontro com um grupo Taino, Colombo 
escreveu em seus diários: 
 “Mas me parece que era gente que não possuía praticamente nada. 
Andavam nus como a mãe os deu à luz. (...) E todos os que vi jovens, de corpos 
muito bonitos e caras muito boas. (...) Não tem ferro: as suas lanças são varas 
sem ferro, sendo que algumas têm no cabo um dente de peixe”. 
 (Cristóvão Colombo. Diários da descoberta da América. Porto Alegre: L&PM, 1986.) 
 
 Esse mesmo episódio foi retratado pelo artista Theodor de Bry, baseado 
nos relatos que chegavam até ele (na Bélica), já que ele mesmo nunca foi à 
América. 
 
Fonte: http://carmichaelscabinetofcuriosities.blogspot.com/2010/07/elusive-columbus.html 
 
 Observe na imagem o clima amistoso entre Colombo e os moradores 
locais. Repare também, ao fundo, uma cruz é erguida, marcando a presença da 
fé cristã. 
 Esse contato que foi iniciado por Cristóvão Colombo será repetido e 
aprofundado por muitos outros viajantes que vieram depois dele. São muitos os 
 
34 
 
relatos dos viajantes, descrevendo suas impressões sobre o mundo que 
encontraram, o que nos permitem conhecer sobre esse encontro de culturas e 
as ideias formadas. O texto de Hernán Cortez sobre a cidade de Tenochtitlán, 
nesse sentido é revelador: 
 “Esta grande cidade de Tenochtitlán está fundada em uma lagoa salgada. 
Ela tem quatro entradas, todas de calçada e feitas à mão. As ruas estão metade 
na água e metade na terra pela qual os índios andam em canoas. Tem esta 
cidade muitas praças onde há um continuo mercado, de negócios, compra e 
venda, onde cotidianamente existem cerca de sessenta mil pessoas e onde há 
todos os gêneros de mercadorias Há uma praça tão grande que corresponde a 
duas vezes a cidade de Salamanca, com pórticos de entrada, onde há 
cotidianamente mais de sessenta mil almas comprando e vendendo. Há todos 
os gêneros de mercadorias que se conhecem na Terra, desde jóias de ouro, 
prata e cobre até galinhas, pombos e papagaios. Há casas como de boticários, 
onde vendem medicamentos feitos por eles. Há casas como de barbeiros, onde 
lavam e raspam as cabeças. Há casas onde dão de comer e beber mediante um 
pagamento. Há no centro da praça uma casa de audiências, onde estão 
reunidos dez ou doze juizes para julgar as questões decorrentes de desacertos 
nas compras e vendas. Também mandam castigar aqueles que cometem atos 
de delinqüência.” 
(Hernán Cortés, conquistador do México, Segunda carta ao rei de Espanha, 1519) 
 
 Em número menor são os relatos dos povos americanos sobre os 
europeus. O texto anônimo de um asteca também nos mostra a busca por 
entender os europeus: 
 “Por todas as partes tinham o corpo envolto, somente as caras aparecem. 
São brancas, como se fossem de cal. Têm cabelo amarelo, embora alguns os 
tenham pretos. Sua barba é grande” 
 
35 
 
(Asteca anônimo. Citado por Janaína Amado e Ledonias Garcia. Navegar é preciso. São Paulo: 
Atual, 1989, p.41-42.) 
 
 Passado a etapa do reconhecimento, europeus e povos americanos 
começaram a formular visões sobre o outro, baseados no que viam e nas 
relações que estabeleciam. Um costume que causou grande choque nos 
europeus foi a antropofagia, praticada por alguns grupos indígenas, 
principalmente na América do sul: 
 
“[...] Para o ano, se não nos comerem os índios, vos escreverei mais [...] 
(Carta do padre jesuíta Antônio Navarro, 1553) 
 
[...] Morrendo este preso, logo as velhas o despedaçam e lhe tiram as tripas, que 
mal lavadas cozem para comer, e reparte-se a carne por todas as casas e pelos 
hóspedes e dela comem logo assada e cozida [...] 
(Frei Vicente do Salvador, op. cit., 1618) 
 
[...] Os homens e as mulheres [de uma tribo do Brasil] são fortes e bem 
conformados como nós. Comem algumas vezes carne humana, porém somente 
a de seus inimigos. Mas não é por gosto ou apetite que a comem [...] não os 
comem nos campos de batalhas, nem tampouco vivos. Despedaçam o corpo e 
repartem entre os vencedores [...] Isto me foi contado pelo nosso piloto Juan 
Carvajo que havia passado quatro anos no Brasil. [...] 
(Antonio Pigafetta, Diário da expedição de Fernão de Magalhães, 1519-22). 
 
36 
 
 
Fonte: <http://www.abrale.com.br/biblioteca/001.htm>. Acesso em 28/10/2014. 
 
 O relato do chefe indígena tupinambá, transcrito por um missionário 
francês em 1614 revela esse estranhamento do lado indígena: 
“Vi a chegada dos peró [portugueses] em Pernambuco e Potiú; e começaram 
eles como vós, franceses, fazeis agora. De início, os peró não faziam senão 
traficar sem pretenderem fixar residência. Nessa época, dormiam livremente 
com as raparigas, o que nossos companheiros de Pernambuco reputavam 
grandemente honroso. Mais tarde, disseram que nos devíamos acostumar a eles 
e que precisavam construir fortalezas, para se defenderem, e edificarem cidades 
para morarem conosco. 
 E assim parecia que desejavam que constituíssemos uma só nação. 
Depois, começaram a dizer que não podiam tomar as raparigas sem mais 
aquela, que Deus somente lhes permitia possuí-las por meio do casamento e 
que eles não podiam casar sem que elas fossem batizadas. E para isso eram 
necessários paí [padres]. Mandaram vir os paí; e estes ergueram cruzes e 
principiaram a instruir os nossos e a batizá-los. Mais tarde afirmaram que nem 
eles nem os paí podiam viver sem escravos para os servirem e por eles 
trabalharem. E, assim, se viram os nossos constrangidos a fornecer-lhos. Mas 
não satisfeitos com os escravos capturados na guerra, quiseram também os 
filhos dos nossos e acabaram escravizando toda a nação; e com tal tirania e 
 
37 
 
crueldade a trataram, que os que ficaram livres foram, como nós, forçados a 
deixar a região.” 
(“Discurso indígena sobre o colonizador”. Citado por Darcy Ribeiro e Carlos de A. Moreira Neto. 
A Fundação do Brasil. São Paulo: Vozes, 1993, p. 46). 
 
 Dessa forma, podemos ver através dos relatos que, o contato entre 
culturas foi marcado pela curiosidade e estranhamento, mas principalmente 
pela incompreensão e confronto, uma vez que o projeto europeu para a 
América era de domínio. A partir desse encontro, resta-nos buscar o resultado 
da dominação para as culturas americanas. 
 
O resultado do encontro 
 A imagem mais corrente sobre a conquista espanhola foi construída 
sobre o relato de um frei chamado Bartolomeu de Las Casas, no livro 
“Brevíssima relação da destruição das Índias”. O texto expressava o desacordo 
do frei com a forma como os colonizadores tomavam a região e tratavam os 
indígenas. São relatos emocionantes da crueldade espanhola, que em nome da 
fé cristã, cometia atos de grande violência contra os indígenas. Os textos de Las 
Casas, associado as imagens de Theodor de Bry, contribuíram para associar ao 
povo espanhol a essência da violência. Essa ideia sobre o povo espanhol ficou 
conhecida pelo nome de “Leyenda Negra” (lenda negra). 
 Mas do que reforçar a crueldade da dominação europeia, devemos nos 
concentrar em entender todas as ações europeias, que fizeram desaparecer as 
diferentes culturas presentes na América. Um ponto essencial para esse estudo 
é o processo de conquista espiritual empreendido pelos europeus. 
 Dos povos Tupis aos Astecas, todos na América conheciam a guerra, pois 
eram extremamente belicosos. Os povos com mais poder militar se impunham 
aos outros e cobravam tributos. Porém, apesar desses combates, a cultura dos 
povos vencidos não era sistematicamente destruída, ao contrário, era assimilada 
 
38 
 
pelos vencedores. A novidade do conflito dos americanos com os europeus, 
além das armas utilizadas, foi a política de aniquilamento dos povos e da cultura 
indígena que os europeus desenvolveram. 
 A busca por terras e ouro não foi o único motivo para a ida dos europeuspara a América. Junto com os colonizadores, foram para o continente uma série 
de missionários religiosos com o objetivo de converter os indígenas à fé cristã. 
Padres de ordens como a dos Franciscanos ou Jesuítas estabeleceram-se por 
toda a América, estabelecendo contato com os indígenas, ensinando-lhes a 
língua, religião e costumes europeus. A ação de muitos desses religiosos foi, 
muitas vezes, contrária à exploração do trabalho escravo indígena pelos 
colonizadores, já que enxergavam esses povos como almas inocentes que 
deveriam ser catequizadas. 
 Apesar da intenção, aparentemente boa, desses missionários religiosos, a 
aplicação e o resultado prático desse projeto também se mostrou 
extremamente violento, do ponto de vista da mentalidade. Aos habitantes da 
América foi imposta uma cultura, costumes e valores absolutamente diferentes 
dos que viviam. Aqueles que aceitaram a imposição perderam suas 
características e acabaram por desaparecer, perante a cultura europeia 
dominante. Os que resistiram, foram combatidos pelos colonizadores por serem 
considerados violentos e após diversas batalhas, abaram dizimados. 
 Assim, como resultado do encontro dessas culturas e dos longos séculos 
de colonização, podemos observar, que América atual carrega ainda muitas 
influências cultuais dos povos nativos, porém, a cultura que domina a América e 
serve como referência simbólica é a europeia. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Indicação de filme: “1492 - A conquista do paraíso”. 
 
39 
 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tAekrGaHtiI>. Acesso em 
28 de outubro de 2014. 
 
 
 
40 
 
UNIDADE 07. COLONIZAÇÃO ESPANHOLA: 
ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Depois de conquistar as terras e os povos pré-colombianos, o rei da 
Espanha montou um grande esquema de exploração da América espanhola. O 
objetivo desta unidade é entender a organização administrativa da colonização 
espanhola. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A divisão do novo mundo 
No final do século XV, os descobrimentos marítimos já estavam bastante 
adiantados. A costa africana já havia sido conquistada pelos portugueses, assim 
como, o caminho para as Índias. Alguns anos depois dos portugueses, os 
espanhóis também tiveram sucesso em seus empreendimentos marítimos, 
alcançando a América em 1492. 
Como era de costume entre os reis europeus, Portugal e Espanha 
apelaram para o Papa para garantir direito sobre as terras conquistadas. A 
primeira bula papal assegurou o domínio da costa africana aos portugueses. Do 
mesmo modo, os Espanhóis conseguiram a bula papal que lhes dava direito 
sobre as terras da América. 
Como Portugal pretendia participar da colonização das terras americanas, 
negociou com os Espanhóis, firmando um acordo conhecido como Tratado de 
Tordesilhas em 1494. Esse tratado dividia o direito sobre as terras conquistadas 
entre os países da península ibérica. 
 
41 
 
 
Fonte: <http://www.educacaoadventista.org.br/fundamental-2/pesquisa-escolar/793/tratado-
de-tordesilhas.html>. Acesso em 30/10/2014. 
 
A divisão dos territórios entre Portugal e Espanha, não foi aceita pelos 
outros soberanos da Europa, afinal eles ficaram excluídos da exploração das 
riquezas do novo mundo. Sobre isso, o rei Francisco I da França teria declarado: 
 
“O sol brilha para mim assim como para os demais. Gostaria de saber qual 
a cláusula do testamento de Adão que me exclui da partilha do mundo.” 
 
A centralização administrativa 
Além da oposição dos reinos europeus, Portugal e Espanha tinham que 
enfrentar e vencer os povos que habitavam o continente americano. Para isso 
contavam com o apoio da igreja que colocou como missão dos conquistadores 
a catequização dos povos americanos. 
Apesar da missão espiritual, a colonização da América suscitava 
problemas práticos. Como os enormes gastos necessários a dominação. No 
inicio, esse empreendimento estava sobre o controle da corroa espanhola, que 
ocupou-se em extrair o ouro de superfície nas Antilhas. Com o esgotamento das 
jazidas e o aumento dos custos, a coroa espanhola abriu a colonização para a 
 
42 
 
iniciativa privada. Para o estado espanhol coube o controle administrativo e a 
arrecadação de impostos sobre as riquezas da colônia. 
Os primeiros a receber o direito de exploração sobre a América foram os 
conquistadores que se destacaram no processo de conquista. A eles foi dado o 
direito de explorar os territórios e as populações dominadas. Esses 
conquistadores receberam o titulo de “adelantados” e passaram a organizar as 
cidades reunidas em “ayuntamientos”. 
Com o desenvolvimento dos ayuntamientos a coroa espanhola permitiu 
a organização dos “cabildos”, que eram câmaras municipais controladas pelos 
espanhóis ou “criollos” (descendentes de espanhóis) mais ricos da região. Os 
cabildos foram, ao longo dos anos, tornando-se o poder local que representava 
os interesses da elite criolla, colocando-se muitas vezes em oposição à 
centralização administrativa da metrópole. 
A coroa espanhola viu a necessidade de aumentar o controle sobre os 
negócios coloniais, garantindo assim que seus interesses seriam respeitados. O 
Conselho das Índias era o órgão de administração dos negócios coloniais 
diretamente ligados ao rei. Abaixo dele foram criadas duas instituições: os vice-
reinos e a audiência. 
Os vice-reinos foram divisões administrativas da colônia, as quais eram 
nomeadas um representante do rei, que deveria controlar a região. Ao vice-rei 
cabia fiscalizar a atividade mineradora, cobrando o quinto sobre todo o minério 
extraído. Devia também proteger o território, comandando a força militar, 
promover a expansão da fé cristã entre os indígenas e comandar as questões de 
justiça. Assim, a América espanhola teve a sua colonização dividida quatro vice-
reinos e três capitanias: vice-reino do México (1535), vice-reino do Peru (1543), 
vice-reino de Nova Granada (1717), vice-reino do Prata (1776), capitania geral 
da Guatemala, capitania geral da Venezuela e capitania geral do Chile. 
 
43 
 
 
Fonte: <http://professoraclara.com/set/iamespan.php>. Acesso em 30/10/2014. 
 
As audiências eram órgãos com função administrativa e judiciaria. 
Funcionavam com tribunais compostos por ouvidores que decidiam sobre as 
questões locais. As audiências estavam subordinadas ao Conselho das Índias, a 
quem se podia apelar das sentenças. 
 
44 
 
 
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-inca/tupacamaru.php 
 
O controle da metrópole sobre os vice-reinos variava de acordo com a 
importância econômica da região. A América Central estava subordinada ao 
controle rígido da coroa, no Caribe a produção de açúcar gerava um grande 
interesse comercial na metrópole. Áreas periféricas como América do Sul 
desenvolveram-se de forma mais autônoma, com produção agropecuária para 
mercado interno. 
Dessa forma, a administração das colônias espanholas se deu de forma 
que a metrópole pudesse lucrar com as atividades coloniais, mantendo para 
isso um rígido controle sobre os habitantes da América. Mas, ao mesmo tempo 
em que centralizava o controle, essa forma de administração permitiu que as 
populações locais organizassem sua existência segundo as características de 
cada região. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Documentário que conta a história do explorador espanhol Hernán 
Cortés e os acontecimentos que culminaram na conquista do México. 
 
45 
 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bekhPiWkE84>. Acesso em 
30 de outubro de 2014. 
 
 
 
 
46 
 
UNIDADE 08. COLONIZAÇÃO ESPANHOLA: 
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Na América espanhola o trabalho indígena foi a principal mão de obra 
utilizada na exploração do território. A escravidão e diferentes tipos de trabalho 
compulsório foram autorizados pela coroa no decorrer dos anos. O objetivo 
desta unidadeé conhecer essas diferentes formas de trabalho existentes nas 
colônias espanholas. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A questão escravista 
 A expansão da religião foi o fundamento legitimador da coroa espanhola 
para o processo de colonização. Porém, o espírito missionário chocava-se com 
os interesses materiais dos conquistadores, que se aventuraram em busca do 
enriquecimento. Enquanto os conquistadores viam nos indígenas a força de 
trabalho necessária para colonização, os missionários religiosos enxergavam os 
nativos como almas necessitadas de evangelização. Sob esses interesses a 
escravidão indígena tornou-se motivo de intenso debate. 
 A igreja colocava a evangelização dos nativos como prioridade na 
conquista da América, entretanto, era a exploração do trabalho deles que trazia 
os recursos necessários para a continuidade da ação dos conquistadores. Assim, 
por mais que os espanhóis fossem cristãos, a questão econômica e a 
sobrevivência na colônia ganhavam mais peso, passando a orientar a relação 
deles com os indígenas. 
 Em algumas áreas despovoadas devido à conquista, o trabalho escravo 
de africanos foi a principal forma encontrada, como por exemplo, nas 
 
47 
 
plantations do Caribe. Enquanto a escravidão africana era plenamente aceita na 
Europa, a discussão a respeito da escravização dos indígenas envolveu juristas, 
teólogos e interesses particulares. A igreja católica manteve intensa pressão 
sobre a coroa, cobrando dos reis sua obrigação enquanto cristão. Dado isso, a 
escravização foi proibida em 1500, quando os reis católicos se declararam 
contrários à exploração dos nativos. A proibição teve também um fundo 
politico, uma vez que o domínio sobre os indígenas fornecia aos conquistadores 
independência e um enorme poder local, o que era visto como ameaça ao rei 
do reino da Espanha. 
 Uma forma de fugir da proibição da escravidão foi a chamada “guerra 
justa”. Segundo essa ideia, a escravização era permitida quando, as populações 
que ainda não haviam sido dominadas, resistiam à conquista. Um documento 
denominado “requerimiento” foi redigido para regulamentar a exploração dos 
indígenas. Esse documento deveria ser lido antes do combate contra os 
indígenas, oferecendo as eles a opção de escolher pela fé cristã e o 
reconhecimento do rei espanhol. Caso os nativos se recusassem, a guerra e a 
escravidão estavam justificadas. 
 Na prática o requerimiento tornou-se um documento que mascarava a 
violência da conquista colocando sobre os indígenas a responsabilidade por sua 
exploração, como denunciou o frei Bartolomé de Las Casas. A controvérsia 
sobre a escravidão foi tão discutida que, em 1542 as novas leis proibiram 
definitivamente a escravidão. 
 
O “repartimiento”, a “encomienda” e a “mita” 
 As principais atividades econômicas da América Espanhola foram a 
mineração e a agricultura. Tanto na extração de ouro e prata como nas grandes 
fazendas de tabaco, cana-de-açúcar, algodão e cacau, a maioria da mão-de-
obra empregada era indígena. 
 
48 
 
 Paralelamente à escravidão outras formas de trabalho nativo foram 
desenvolvidas. O “repartimiento” foi um sistema que oferecia, para os 
funcionários reais na América, trabalhadores indígenas considerados súditos do 
rei. Para os proprietários particulares era repartida uma quantidade de 
trabalhadores, num sistema chamado “encomienda". Segundo o regime de 
encomienda os indígenas eram livres, mas eram vassalos dos reis, por isso 
deviam-lhe tributos. O tributo devido pelo indígena não era pago diretamente 
ao rei, sendo transferido o direito de cobrança ao encomendero. O homem que 
recebia a encomienda, por ter prestado serviços à coroa, se comprometia em 
ensinar a fé cristã aos nativos. A encomienda poderia ser explorada em forma 
de trabalho ou tributos. Na encomienda de trabalho, a cristianização dos índios 
foi abandonada, uma vez que, para os “encomenderos”, o que interessava era o 
lucro obtido através do trabalho dos indígenas. 
 Devido aos maus tratos dado aos nativos, através da encomienda de 
trabalho, o rei da Espanha proibiu essa forma de exploração, colocando em seu 
lugar a encomienda de tributos. Nesse sistema os nativos não eram obrigados a 
realizar trabalhos forçados ao senhor, porém, era dado ao encomendero o 
direito de receber tributos dos indígenas da região conquistada. Esse sistema só 
foi seguido nas regiões com grande quantidade de pessoas, como nas regiões 
dos impérios Asteca e Inca; no resto da colônia a encomienda de trabalho 
permaneceu. Apesar de a ideologia da encomienda considerar o indígena livre, 
essa forma de exploração do trabalho foi apenas uma justificativa oficial para a 
escravização dos povos americanos. 
 Outra forma de exploração do trabalho indígena foi a “mita”. Abordamos 
esse sistema na unidade II, quando estudamos o império Inca, pois essa era a 
forma como estava organizada o trabalho na região andina antes da chegada 
dos europeus. Explorada pelos espanhóis, a “mita”, como era chamada no Peru, 
ou “coatequitl”, como era chamada no México, fazia com que as províncias 
 
49 
 
vizinhas das regiões mineradoras de Potosí e de Zacatecas, enviassem um 
número determinado de homens para trabalhar na extração de ouro e prata. 
 Os “mitayos”, como eram chamados os trabalhadores, deveriam servir 
por determinado período, só podendo ser convocados novamente passado sete 
anos. Para os mitayos em serviço, o senhor espanhol deveria fornecer uma 
pequena remuneração. Todo ano, as províncias que deviam a mita enviavam um 
novo contingente de trabalhadores, que substituía o anterior. 
 Na prática a legislação sobre a mita não foi respeitada, os mitayos 
trabalhavam longas jornadas e as condições de trabalho eram tão severas que a 
maioria dos trabalhadores morria antes de completar o tempo de serviço. Os 
anos de exploração dos mitayos na mineração foram responsáveis pela 
dizimação de grande parte da população indígena. 
 Enquanto isso, no campo predominava as haciendas, que eram 
propriedades rurais autossuficientes que forneciam alimentos para a região 
mineradora. Por vezes, os indígenas que terminavam o seu tempo de trabalho 
na mineração não voltavam para sua comunidade, empregando-se nas 
haciendas. Para fazer o pagamento os senhores mantinham as “tiendas de raya”, 
que eram locais onde os trabalhadores compravam os gêneros necessários à 
sua sobrevivência mediante crédito adiantado. Dessa forma o trabalhador era 
mantido sempre em dívida com o senhor. 
 Assim, a exploração do trabalhador indígena pelos colonizadores 
europeus foi uma das razões para a dizimação dos povos nativos da América. 
Mesmo não ocorrendo a escravidão clássica em todo território, as formas de 
exploração utilizadas pelos espanhóis, como a Mita e a Encomienda, eram tão 
violentas quanto a escravidão. 
 
 
 
 
50 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 O Documento abaixo é um exemplo das condições gerais presentes na 
concessão de uma encomienda. Podemos observar que a encomienda foi 
oferecida como forma de retribuição ao serviço prestado pelo conquistador. 
Título de encomienda outorgado por Francisco de Montejo, governador de 
Yucatán a Antonio de Vergara. 7/5/1544 
 
 Don Francisco de Montejo, Adelantado, Governador e Capitão General 
das gobernaciones de Yucatán, Honduras e sus terras e províncias, por sua 
Majestade, pela presente, em seu Real Nome encomiendo e dou de 
repartimiento a vós, Antonio de Vergara, morador da cidade de Santa Maria do 
vale de Comayagua, aldeia de Taxica, que está nos termos da referida cidade 
com todos seus senhores, caciques, principais bairros e estâncias da dita aldeia, 
para que deles vos sirvais e aproveiteis para a produção de bens e utilidades, 
contanto que os industrieis e inicieis nas coisas de nossa Santa Fé católica e os 
trateis conforme as ordenanças Reais que estão feitas e se fizerem para o bem e 
aumento dos ditos índios e sobreisto vos encarrego a consciência e com isto se 
descarrega a de Sua Magestade e minha; e mando a todas e quaisquer justiças 
que vos assistem e amparem na posse dos referidos índios, o contrario fazendo, 
lhe dou por condenado em cinqüenta pesos de bom ouro para a Câmara e fisco 
de Sua Majestade e porque em seu real nome vos dou de repartimiento em 
remuneração de vossos serviços, trabalhos, gastos e serviços que à Sua 
Majestade haveis feito na conquista e pacificação desta gobernación de 
Higueras e Honduras. 
 Datada nesta cidade de Gracias a Dios, aos sete dias do mês de maio de 
1544. O referido repartimiento e encomienda dou ao dito Antonio Vergara sem 
prejuízo de terceiras partes. 
 
 
51 
 
(Assinado) O Adelantado Don Francisco de Montejo. A mando de sua 
excelência. 
(assinatura do escrivão) 
 
(SIMPSON, Lesley Byrd. Los conquistadores y el indio americano. Trad. De 
Encarnación Rodríguez Vicente. Barcelona: Ed Peninsula, 1970.p.191. Apud: 
BELLOTTO, Manoel Lelo & CORRÊA, Anna Maria Martinez. A América Latina de 
Colonização Espanhola: Antologia de Textos Históricos. São Paulo: Editora 
Hucitec, 1991) 
 
 
 
52 
 
UNIDADE 09. O SISTEMA COLONIAL ESPANHOL 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Seguindo a lógica do mercantilismo, o estado espanhol organizou a 
colonização da América. Com isso, buscou garantir o fortalecimento da 
monarquia espanhola através da exploração das colônias. O objetivo desta 
unidade é entender a logica mercantilista que movia o processo de colonização 
espanhol e os mecanismos de controle desenvolvidos. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Mercantilismo: a política econômica dos reis absolutistas 
 O mercantilismo pode ser definido como a política econômica das 
monarquias absolutistas dos séculos XV a XVIII, sendo que, a colonização 
espanhola na América só pode ser entendida baseada na lógica mercantilista, 
para isso, veremos a seguir as características desse processo. 
 O objetivo do mercantilismo era fortalecer economicamente os reis 
europeus, que buscavam o máximo acúmulo de riquezas para o 
desenvolvimento do Estado. Para isso, os reis mantinham intenso controle 
sobre as atividades econômicas do país, tomando as decisões necessárias para a 
manutenção de seus interesses, sem o consentimento da sociedade. 
 A principal concepção mercantilista era baseada na ideia de que, a 
riqueza de um país era determinada pela quantidade de ouro e prata que ele 
possuía. A esse princípio damos o nome de Metalismo. Além disso, existia a 
ideia de que as riquezas mundiais eram limitadas, portanto, quando um país 
enriquecia outro estava perdendo riquezas. Assim, os reis interferiam na 
economia para garantir que saísse o mínimo possível de metais preciosos e 
entrasse o máximo. 
 
53 
 
 Nessa lógica, os países europeus passaram a buscar a manutenção da 
balança comercial favorável, ou seja, os reis criavam leis que estimulassem a 
exportação e evitassem a importação. Para estimular a exportação os reis 
investiram em portos e financiaram viagens marítimas, como as que chegaram à 
América. Quanto às importações, os reis buscavam importar apenas os produtos 
que não produziam em seus países, evitando assim a saída de ouro e prata. Para 
os produtos de seu país os reis mantinham uma política protecionista, 
sobretaxando os produtos estrangeiros, que entravam mais caros no país. 
 
Fonte: <http://impactonahistoria.blogspot.com/2011/04/antigo-regime-e-mercantilismo.html>. 
Acesso em 30/10/2014. 
 
 Para completar a política mercantilista as monarquias europeias iniciaram 
a colonização da América. A ideia era que as regiões americanas suprissem as 
necessidades das metrópoles europeias. Assim, cada país europeu desenvolveu 
uma política colonialista. Na América portuguesa a produção de açúcar, um 
produto com grande valor na Europa, garantiu aos portugueses a mercadoria 
necessária para o comércio com os outros países da Europa, mantendo assim 
sua balança comercial. A Inglaterra usou as colônias para desenvolver sua 
indústria, que tornaria a burguesia inglesa a mais poderosa a partir do século 
XVIII. A Espanha, por ter encontrado terras com grandes jazidas de ouro e prata, 
concentrou sua colonização na extração desses metais. 
http://impactonahistoria.blogspot.com/2011/04/antigo-regime-e-mercantilismo.html
 
54 
 
 Dessa forma, as colônias na América e no restante do mundo 
possibilitaram a centralização do poder dos reis e o fortalecimento de diversos 
países, como Portugal, França, Inglaterra e Espanha, que passaram a ser 
Metrópoles de grandes impérios coloniais. 
 
O Pacto Colonial 
 A exploração das colônias pela os países europeus não teria sido possível 
sem o controle absoluto sobre as terras conquistadas, para isso, as metrópoles 
criaram um sistema de controle sobre os negócios com as colônias que recebeu 
o nome de Pacto colonial. 
 O sistema colonial foi montado com o objetivo de enriquecer a 
metrópole europeia, por isso, as colônias eram regiões dos impérios europeus 
que serviam para serem exploradas economicamente. 
 Para garantir essa exploração as metrópoles instituíram o Pacto colonial, 
segundo o qual a metrópole tinha o exclusivo comercial, ou seja, somente a 
metrópole poderia comprar ou vender para a colônia. 
 Com o pacto colonial, as metrópoles garantiam a compra dos produtos 
americanos pelo preço determinado por elas, podendo assim revender na 
Europa e conseguir lucro. Ademais, as metrópoles vendiam para as colônias 
todos os gêneros necessários à sobrevivência dos colonos, desde roupas a 
maquinários agrícolas, e para garantir que os colonos comprariam esses 
produtos da metrópole, estava proibida a produção desses produtos 
manufaturados na colônia. 
 
55 
 
 
Fonte: <http://cafehistoria.ning.com/photo/organograma-historia-pacto?context=latest>. 
Acesso em 30/10/2014. 
 
 Assim, no pacto colonial a função das colônias fiou bem estabelecida: 
deveriam produzir os gêneros que seriam revendidos pelos burgueses da 
metrópole, que ficariam com a maior parte dos lucros. Além de servirem como 
mercados consumidores para os produtos europeus. Com esse sistema, os 
países europeus conseguiam vender caro e comprar barato, garantindo a 
manutenção de suas balanças comerciais, além de terem acesso aos produtos 
que não existiam na Europa. 
 
O mercantilismo espanhol na colonização da América 
 A colonização da América pelos espanhóis tem um sentido de ter 
existido, do contrário os europeus não teriam investido tantos recursos 
materiais e humanos na conquista desse território. 
 O primeiro momento das conquistas europeias se deu em função da 
busca por ampliação do comércio europeu, como aconteceu nas regiões 
africanas e asiáticas, que tinham produtos prontos para serem comercializados. 
No caso americano o processo ocorreu de forma diferente, pois, as sociedades 
americanas não desenvolveram um intenso comércio na região e, portanto, não 
possuíam excedentes da produção que pudessem ser utilizados pelo comércio 
http://cafehistoria.ning.com/photo/organograma-historia-pacto?context=latest
 
56 
 
europeu. Dessa maneira, não basta enviar navios para a América para retirarem 
produtos prontos, antes era necessário produzir algo. 
 A colonização da América requeria um grande investimento inicial, para o 
aproveitamento da terra com alguma cultura lucrativa. No Brasil, a coroa 
portuguesa focou a colonização na produção de açúcar, assim como os ingleses 
e espanhóis na região do Caribe. A produção de açúcar era feita em latifúndios 
monocultores, que utilizavam trabalhadores escravos africanos (o tráfico de 
escravos era uma atividade comercial muito lucrativa), para exportar para 
Europa tudo o que fosse produzido. 
 Porém, nas outras regiões da América espanhola, a exploração colonial se 
deu de outra forma. Por ter encontrado jazidas de ouro e mais ainda de prata, a 
Espanha focou o processo decolonização na exploração de metais preciosos. 
Assim, a primeira atividade econômica desenvolvida na América espanhola foi a 
mineração, ficando a agricultura como atividade secundária, somente para o 
abastecimento das regiões mineradoras. 
 A extração do ouro foi feita apenas nas primeiras décadas da 
colonização, pois rapidamente ocorreu seu esgotamento. A prata passou então 
a ser a principal responsável pela colonização da América espanhola. No México 
foram exploradas a minas de Zacatecas e no Peru as de Potosí. Nas áreas 
periféricas houve a produção de animais de carga, alimentos e tecidos, como na 
região da Guatemala, Venezuela e do sul da América. 
 
Fonte: <http://anglosl.com.br/Alunos_Online/America_Espanhola.pdf>. Acesso em 30/10/2014. 
http://anglosl.com.br/Alunos_Online/America_Espanhola.pdf
 
57 
 
 A necessidade de fiscalizar o comércio e fazer a cobrança dos impostos 
sobre a mineração, fez com que a Espanha organizasse o sistema politico e 
administrativo da colônia, fazendo surgir os vice-reinos e as capitanias que 
dividiam a colônia, e a casa de contratação que da Europa controlava o sistema. 
 A casa de contratação, sediada em Sevilha na Espanha, instituiu o regime 
de porto único. Nesse regime apenas um porto na metrópole poderia fazer 
comércio com as colônias, centralizando assim, o monopólio do comercio. A 
primeira sede da casa de contratação foi em Sevilha, passando depois para 
Cádis, e os portos autorizados da América foram de Vera Cruz no México, Porto 
Belo no Panamá e o Havana e Cartagena na Colômbia, de onde poderiam entrar 
e sair as mercadorias na América. 
Para tentar controlar a pirataria, o transporte de mercadorias para a 
Europa era feito através do sistema de frotas, que consistia na reunião de 
quarenta galeões em Havana a cada dois anos. Até o século XVIII, a Espanha 
conseguiu manter o monopólio comercial sobre suas colônias na América. Essa 
situação só foi modificada em 1713, quando a Espanha perdeu a Guerra de 
Sucessão para a Inglaterra, tendo que assinar o Tratado de Utretch, permitindo 
que a Inglaterra comercializasse com as colônias espanholas. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Paraíso Destruído – A Sangrenta História da Conquista da América 
Espanhola. 
Disponível em: <http://www.estef.edu.br/estefblog/?page_id=306>. Acesso em 
30 de outubro de 2014. 
 
 
 
 
58 
 
UNIDADE 10. SOCIEDADE COLONIAL DA AMÉRICA 
ESPANHOLA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
A presença dos povos indígenas, dos africanos, do europeu e de outros 
que vieram depois, contribuiu com a formação social americana. Porém a 
posição social de cada um desses grupos foi bastante diferenciada, gerando 
uma relação de dominação entre eles. O objetivo dessa unidade será estudar a 
formação da sociedade americana a partir desses indivíduos e o 
posicionamento social que esses alcançaram. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A sociedade colonial espanhola. 
A chegada do europeu à América, modificou totalmente as relações 
sociais que existiam no continente. Após conquistarem o território, dizimando 
grande parte da população indígena, os espanhóis passaram a reorganizar as 
relações sociais na América, buscando atingir da melhor forma seus interesses. 
A presença do europeu na América colonizada possibilitou a constituição de 
uma nova sociedade. 
O critério que definia cada uma das classes sociais é um fator essencial 
na compreensão da sociedade colonial espanhola. O nascimento era o critério 
de maior importância na distinção social, definindo a hierarquia social na 
colônia. 
Nas primeiras décadas do século XVI, um grande número de espanhóis 
migrou para a América com o objetivo de enriquecer rapidamente às custas do 
trabalho indígena. Esse aumento populacional gerou uma crise de 
abastecimento na colônia elevando o preço dos gêneros alimentícios, o que 
 
59 
 
acabou por tornar a agricultura e a pecuária um bom negócio na colônia, 
atraindo um considerável número de espanhóis que passaram a se dedicar a 
essas atividades. Com o declínio da mineração no final do século XVI, os ricos 
mineradores e comerciantes passaram a adquirir terras o que lhes conferia 
grande poder na região. 
A colônia espanhola buscou minimizar o poder e a independência dos 
grandes proprietários de terras, tentando criar um sistema de pequenas e 
médias propriedades, porém esse sistema não foi respeitado e as terras 
acabaram concentradas em poucas mãos. 
No inicio da colonização, as terras eram concedidas gratuitamente pelo 
rei da Espanha para os homens que tinham prestados serviços na conquista do 
território. Essas terras eram, muitas vezes, vendidas a investidores ou seus 
dependentes que passaram a concentrar enormes quantidades de terras. 
Quando a coroa espanhola enfrentou dificuldades financeiras no final do 
século XVI, eliminou o sistema de concessão de terras passando a vendê-las. 
Dessa forma, as terras que já estavam nas mãos de poucos fazendeiros, foram 
ainda mais centralizadas nas mãos de uma aristocracia colonial que passou a 
dominar a região. 
O processo de concentração de terras formou as “haciendas” que eram 
grandes propriedades rurais, presentes nos séculos XVII e XVIII em toda a 
América espanhola. Os proprietários dessas “haciendas” exploravam parte de 
seus domínios para a produção de bens, vendidos no comércio interno da 
colônia. Dessa forma, os espanhóis e seus descendentes, proprietários de terras, 
tornaram-se a elite colonial espanhola. 
 
Fonte: 
<http://craiglovers.blogspot.com/2009_0
5_01_archive.html>. Acesso em 
30/10/2014. 
 
60 
 
Com a formação dessa aristocracia rural, começou a acentuar-se a 
diferença de interesses entre habitantes que viviam da exploração da terra e os 
que viviam da exploração do comércio. A aristocracia rural foi formada 
principalmente pelos descendentes de espanhóis nascidos na América que 
passaram a ser conhecidos como “criollos”. Os “criollos” apesar de gozarem 
grande prestígio e poder da colônia, estavam excluídos dos altos cargos 
políticos criando assim um sentimento de revolta contra a administração 
metropolitana. 
O interesse político administrativo da coroa espanhola era garantido na 
América por representantes do rei que recebiam cargos políticos. A função 
desses representantes era controlar o fluxo de pessoas e embarcações, fazer a 
cobrança de taxas e fiscalizar as ações dos indivíduos. Tal posição só era 
oferecida para os que tivesse nascido na Espanha sendo esses indivíduos 
chamados de “chapetones”. 
Assim, os “criollos” eram a elite colonial que praticava o comércio, tinha 
propriedade da terra e explorava o trabalho indígena, porém não participavam 
da administração geral da colônia, pois não haviam nascidos na Espanha. A ação 
política dos “criollos” estava restrita a participação nas câmaras municipais 
conhecidas como “cabildos”. 
Além dos “chapetones” que representavam os interesses metropolitanos, 
e dos “criollos”, descendentes de espanhóis que formavam a elite colonial, a 
sociedade da América espanhola era composta em grande número por povos 
nativos, pelos “mestiços” e alguns escravos negros. 
Os “mestiços” que eram fruto de relacionamentos entre europeus e 
indígenas, estavam numa camada intermediária da sociedade. Não podiam 
participar das decisões políticas cabendo a eles trabalhos variados nas cidades e 
nos campos ou ainda o envolvimento com o artesanato ou serviço militar. Esses 
“mestiços” poderiam alcançar posições de destaque na sociedade colonial, 
 
61 
 
como é o caso de Gómez Suárez de Figueroa que era filho de uma princesa Inca 
com um Espanhol. Em um número pequeno podemos observar também a 
presença de escravos negros, que foram utilizados nos locais onde a conquista 
dizimou a população nativa, como por exemplo, na região da América Central. 
Porém a maioria da população na América colonial era formada pelos 
indígenas que sobreviveram

Continue navegando