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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIREDENTOR CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA DISCIPLINA FISIOLOGIA I ANA CLARA BELÔNIA MARANGONI BÁRBARA MARIA MORALLES LOPES COSTA IURI MAGALHÃES GUERRERO JOICE FEREGUETTI BOSI MARIANA SALES RIBEIRO MOTA GOMES MYLENNA FERNANDES DA SILVA RAQUEL CARDOSO LOPES RENATO CANSI DE ALMEIDA TATIANA MARIA MOREIRA MORAES THAÍS ANDRADE CARINO YHANNE DOS SANTOS SOARES SALLES APS DE FISIOLOGIA - DOR ITAPERUNA 2018 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIREDENTOR CURSO DE MEDICINA DISCIPLINA FISIOLOGIA I NA CLARA BELÔNIA MARANGONI BÁRBARA MARIA MORALLES LOPES COSTA IURI MAGALHÃES GUERRERO JOICE FEREGUETTI BOSI MARIANA SALES RIBEIRO MOTA GOMES MYLENNA FERNANDES DA SILVA RAQUEL CARDOSO LOPES RENATO CANSI DE ALMEIDA TATIANA MARIA MOREIRA MORAES THAÍS ANDRADE CARINO YHANNE DOS SANTOS SOARES SALLES APS DE FISIOLOGIA - DOR Atividade apresentada ao curso de Medicina do Centro Universitário Uniredentor, como requisito de avaliação para obtenção de notas de da APS na disciplina de Fisiologia, sob orientação dos professores:Miguel Lemos, Anderson Nunes Teixeira,Daniel Medeiros, Kelen Salaroli Viana. ITAPERUNA 2018 1) Gênese da dor e diferentes reações a nível medular, tronco-encefálicas e corticais à dor. Dor é originada por lesão tecidual ou a tal atribuição.Segundo a SBED (Sociedade Brasileira para Estudo da Dor) a dor é pode ser definida uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada a lesão real ou potencial dos tecidos. Assim,entendemos que mediante um estímulo que cause uma determinada lesão, irá desencadear um processo inflamatório que posteriormente sofrerá uma reparação tecidual. Dessa forma, compreendemos que formação da dor é provocada quando ocorre um estímulo,que se trata da excitação dos nociceptores que são terminações nervosas livres que podem ser encontrados em tecidos superficiais, profundos e vísceras. Essa excitação pode ser proveniente de estímulos que podem ser: mecânicos, térmicos ou químicos potencialmente lesivos. Existem também as classes dos nociceptores : mecanonociceptores que são sensíveis a estímulos mecânicos,os termonociceptores que são os sensíveis a estímulos térmicos e por fim os nociceptores polimodais que respondem a estímulos mecânicos, térmicos e químicos e por isso recebem esse nome. A informação da dor é conduzida através de fibras que podem ser do tipo C e do tipo A delta.Ambas vão atingir o gânglio da raiz posterior da medula espinhal. Porém podemos fazer algumas comparações entre as fibras. As fibras do tipo A delta são mais rápidas que as do tipo C. Quanto às reações da dor à nível medular, tronco encefálicas e corticais, temos a via paleoespinotalâmica, em que os aferentes primários fazem sinapse nas lâminas I, II e V. Além disso, é válido ressaltar que o tálamo é um órgão de grande importância na transmissão nociceptiva já que está diretamente relacionado aos fatores emocionais e cognitivos referentes a dor e que o córtex cerebral possui neurônios que são ativados através da estimulação dos nociceptores. A lâmina I se trata da camada marginal do corno posterior da medula espinhal. Ela é o centro de recepção de informação e faz sinapse com a lâmina II. Esta, por sua vez, é a substância gelatinosa de Roland e é de função inibitória. Seu papel é retransmitir para o tálamo e o córtex os sinais por meio da lâmina V. Em seguida, os neurônios cruzam a linha média da medula espinhal e esses sinais são direcionados para os fascículos anterolaterais, local onde se encontram os feixes espinoreticulares e espinotalâmicos e, após isso, direcionam-se ao tálamo. Antes de entrar na substância cinzenta da medula, algumas fibras ascendem e descendem segmentos, formando o fascículo dorsolateral ou trato de Lissauer. Nesse trato as fibras se cruzam para o lado oposto. O impulso nociceptivo percorre, então, todo o feixe ascendente e se difunde no tronco encefálico. Dessa forma, os feixes espinotalâmicos (saem da medula espinhal e vão até o tálamo) se encaminham pelo complexo ventrobasal, núcleo posterior e núcleos intralaminares transmitindo a informação ao córtex. Já os feixes espinoreticulares saem da medula espinhal e vão até algumas regiões da formação reticular ( núcleo de rafe, substância cinzenta periaquedutal, formação reticular do mesencéfalo, núcleo gigantocelular e formação reticular do bulbo) e transmitirá a informação nessas áreas. 2) Mecanismos segmentares e supra-segmentares que participam na condução, integração e modulação do estímulo algogênico. Os principais estímulos da dor , chamados de algogênicos, são a: bradicinina, prostaglandina e as substancias P. Esses estímulos são transmitidos por fibras dolorosas que se localizam na região periférica, conduzidas por vias rápidas ou lentas. Portanto, quando acontece uma lesão, a dor automaticamente é deflagrada por estímulos que geram a ativação e sensibilização dos nociceptores, alterações vasculares, alterações imunológicas e inflamatórias. Os estímulos dolorosos podem ser de origem mecânica ou térmica. Esses estímulos são transmitidos pelos nervos periféricos que vão para a medula espinhal através de dois tipos de fibras: 1- Fibras do tipo A-delta : que são fibras mielinizadas e espessas, fazendo portanto a condução rápida que gera a dor aguda. 2- Fibras do tipo C : que são amielinizadas e delgadas, fazendo portanto uma condução lenta que está diretamente ligado a condução da dor crônica, Portanto a dor é importante porque ela tem um caráter protetor. Diante disso, a informação dolorosa sofre um mecanismo de transdução, transformando os estímulos elétricos, químicos e mecânicos, chegando portanto primeiramente a medula pela fibra A-delta de forma rápida, sinalizando um alerta de nocividade, gerando a sensação da dor. Logo em seguida chega os estímulos das fibras C, que são lentas. Já na medula espinhal, os sinais seguem para o cérebro através dos neurônios de projeção, localizados nos tratos neoespinotalâmicos e paleoespinotalâmico. Portanto, a regulação da dor pode ocorrer de dois modos: de maneira aferente na transmissão segmentar e descendentes na transmissão supra-segmentar. Então, o controle do sistema nervoso autônomo segmentar, após uma lesão, passa a ter os terminais sinápticos constituindo uma fonte complementar de mediadores pós-inflamatórios e algogênicos. Quando esse estímulo atua por um longo tempo, ele provoca alteração plásticas medulares que mantém e intensificam a sensação de dor. Porém essa sensação, gerada pela ação dos nociceptores, pode ser diminuída pela atuação dos mecanorreceptores de baixo linear (compostos por fibras do tipo A-beta). Já no sistema supra-segmentar pode ocorrer a inibição das sensações dolorosas através por exemplo, do estresse. A técnica da acupuntura permite com que um estímulo periférico chegue a substânciacinzenta periaquedutal do mesencéfalo, ativando fibras descendentes serotoninérgicas, iniciando um processo de analgesia que é responsável pela excitação do complexo inibitório da dor, localizados nos cornos dorsais da medula. 3) Participação das prostaglandinas no fenômeno da dor: A prostaglandina é mediador tardio produzido pela Cox-2 em uma reação inflamatória. A prostaglandina aproxima o limiar de excitabilidade ao de repouso dos receptores nociceptivos. Em conseqüência, facilita o disparo de potencial ação, dessa forma ampliando a transmissão do sinal de dor. 4) Mecanismo do alívio da dor por medidas fisioterápicas e acupuntura. “A modulação inibitória da dor ocorre com a redução dos estímulos periféricos e centrais que sensibilizam o SN.Qualquer técnica que tenha contato com a pele e que mobilize tecidos ativa as fibras mecanorreceptoras Aß, mais velozes que as fibras C e Aδ, e os interneurônios da lâmina IV no corno posterior da medula espinhal, na chamada inibição competitiva.” (GOSLING, 2013, p.66). O toque tem um potencial para modular os estímulos, a velocidade dos estímulos proprioceptivos pode facilitar inibição de estímulos dolorosos. Em casos de lesões nos nervos periféricos, a fisioterapia aumenta a tolerância ao toque diminuindo a hiperalgesia e alodínia. A ativação dos interneurônios associados a estimulação do corno posterior da medula facilitam a liberação de substâncias opióides e um neurotransmissor denominado GABA que inibem a dor. Na teoria da contrairritação, um profissional utiliza em seu paciente com dor um estímulo irritante, mecânico, térmico ou químico de forma um pouco dolorosa, a aplicação tem o intuito de aliviar a dor. O efeito contrairritante está relacionado à liberação de substâncias opióides. “A estimulação de neurônios em áreas do sistema supressor descendente, tais como no tálamo, substância periaquedutal cinzenta e núcleo magno da rafe provocam a liberação de substâncias opióides e não opióides.” (GOSLING, 2013, p.67). Pacientes que apresentam dor crônica tem problemas na ativação do sistema supressor por motivos de modificações na anatomia e estrutura do SN. O fisioterapeuta com as suas técnicas pode estimular vias descendentes que liberam neurotransmissores inibitórios. Na técnica de acupuntura o organismo mostra favoritismo pela ativação opioide e libera a endorfina. Quando o acupunturista coloca uma agulha no corpo de uma pessoa ele sabe qual o trajeto da fibra Aß, como essa fibra não produz dor ele coloca a agulha próximo a essa fibra o que acaba estimulando-a e ela inibe a dor, a pessoa começa a se sentir melhor. Ele aquele a agulha e gira o que gera estimulação de alguns pontos da fibra Aß. Outra medida fisioterápica é a TENS (Técnica de estimulação elétrica nervosa transcutânea) no qual é uma placa que o fisioterapeuta coloca na pele da pessoa que dá choque e exerce uma ação analgésica. Em casos de artrite por exemplo, estimula a fibra Aß e inibe a dor. A técnica consiste em emitir choque que estimula a fibra Aß e não causa dor, portanto, o neurônio inibitório da substância gelatinosa chamada de H medular da primeira sinapse é estimulado e cessa o portão da dor. 5) Conceito de dor neuropática e possíveis mecanismos envolvidos na gênese desse tipo de dor: A DOR NEUROPÁTICA : Nessa neuropatia, a dor é a doença. Essa dor é produzida pelo próprio dano no tecido nervoso, caracterizada pela aparição de hiperalgesia, dor espontânea, parestesia, alodinia mecânica e por frio. Três conceitos que podem aparecer na dor neuropática: - Hiperalgesia: sensibilidade excessiva a dor 1º (primária): hipersensibilidade nos nociceptores, no local da lesão 2º (secundária): dor em locais diferentes da lesão: em locais mais distantes (esse é um passo próximo para a cronificação da dor). - Parestesia: sensação anormal e desagradável sobre a pele (queimação, coceira, dormência). - Alodinia: sensação de dor ao receber um estímulo que normalmente não provocaria dor. São estímulos inócuos que geram dor ao paciente. A gênese da dor neuropática envolve inúmeros fenômenos: ● Sensibilização de receptores: ● Ocorrência de focos ectópicos de potenciais de ação nas fibras periféricas e tratos centrais. ● Reorganização sináptica em neurônios centrais. ● Liberação de substâncias algiogênicas. ● Fenômenos de adaptação física, psíquica e neurovegetativa. Foi uma lesão no nervo, haverá a sensibilização dos receptores da dor. Essa sensibilização ocorrerá a partir de focos ectópicos de potenciais de ação, ou seja, potenciais que não deveriam estar sendo liberados, quem envia é o nervo lesionado. Em uma resposta a lesão, os nervos periféricos ativam células que secretam diversos mediadores (subst. P e a PG), que fazem com que os nociceptores fiquem mais sensíveis a estímulos dolorosos. Na presença de lesão, o organismo precisa realizar a regeneração do nervo, que desencadeia um prejuízo da transmissão. Mas mesmo assim os impulsos precisam ser transmitidos, então ocorrerá modificações no nervo que farão com que cheguem aqueles impulsos que não estavam chegando ao lugar desejado. Na tentativa de regeneração, ocorre uma modificação na permeabilidade das membranas neuronais, com o aumento no número na distribuição de canais de Ca2+ e Na+. Isso afetará os neurônios lesados e células vizinhas (nervos adjacentes), provocando um fenômeno de excitabilidade neuronal, gerando mais impulsos e o aumento da dor. Com o nervo aumentando impulsos aferentes por conta da modificação da permeabilidade das membranas, ocorrerá a hipersensibilidade. Esse aumento de hipersensibilidade é a gênese do membro fantasma, que é a soma de impulsos que faz com que a pessoa tenha a percepção no sistema cortical de um nervo que não tem mais. 6- Explicar o controle do portão medular da dor. A teoria do portão medular considera existir nos cornos posteriores medulares um mecanismo neural que comporta como um portão, podendo aumentar ou diminuir o débito dos impulsos transmitidos desde as fibras periféricas ao sistema nervoso central. Dessa maneira, os impulsos dolorosos são modulados nesse portão medular. No mecanismo de controle do portão medular estão envolvidos, a substância gelatinosa (composta por interneurônio inibitórios e excitatórios), a qual corresponde as lâminas 2 e 3 no corno dorsal, as células de transmissão ( neurônios de segunda ordem ou células T) e as fibras de neurônios sensitivos (A alfa, A beta e C). As fibras de associação da substância gelatinosa não se projetam para fora do corno posterior e possuem a função de modular os impulsos nervosos aferentes que chegam às células sensoriais centrais. As fibras grossas de condução rápida ( A alfa e A beta), no início são efetivas na ativação das células T (segundo neurônio),no entanto, esse efeito é reduzido por um processo de feedback negativo mediado pela substância gelatinosa, uma vez que inibem os efeitos negativos que chegam às células T (segundo neurônio). Nessa situação, as fibras alfa e betas fazem uma sinapse excitatória com o interneurônio inibitório, que por sua vez irá inibir o neurônio de projeção. Já as fibras finas, do tipo C, ativam um feedback positivo, porque exageram os efeitos dos impulsos que chegam nas células T. Nesse caso, as fibras do tipo C fazem uma sinapse excitatória com o interneurônio excitatório, o qual excita o neurônio de projeção. Dessa maneira, pode-se perceber que a substância gelatinosa tem função de modular os impulsos das fibras aferentes, funcionando como um controle pré-sináptico, assim, se ela estiver ativada o portão está fechado, diminuindo a sinapse entre o primeiro e o segundo neurônio. No entanto, se ela está inibido, o portão fica aberto, não alterando a sinapse entre o primeiro e segundo neurônio, uma vez que ocorrerá a condução de nocicepção de maneira típica. Salientando-se que as fibras A beta não participam no processo de condução da nocicepção, mas sim do fechamento do portão medular. As fibras do tipo C é que participam desse processo de condução na nocicepção. Quando ocorre algum potencial capaz de causar lesão tecidual, as fibras do tipo C enviam sinapses excitatórias para as células T (segundo neurônio), mantendo uma relativa posição de abertura no sistema de controle de entrada na medula. No entanto, quando se aplica um estímulo leve a pele, ocorre a estimulação das fibras grossas (as fibras do tipo A alfa e A beta), as quais irão estimular a substância gelatinosa, promovendo o fechamento do portão medular, assim, inibindo, pré sinapticamente as células T (segundo neurônio). Um exemplo clássico desse controle do portão medular da dor está relacionado com o fato de que quando espetamos o dedo e em seguida passamos a mão, a dor é suavizada. No momento em que espetamos a fibras tipo C é excitada, no entanto quando passamos a mão no local ocorre uma excitação das fibras alfa e beta, as quais provocam uma estimulação da substância gelatinosa e um fechamento do portão medular, gerando uma suavização na dor. Entretanto, se o estímulo do tato à pele permanecer por um tempo prolongado, as fibras grossas se adaptam, promovendo a estimulação das fibras finas (fibras do tipo C), assim,o portão se abre, ocorrendo um estímulo a dor novamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: GOSLING, Artur Padão. Mecanismos de ação e efeitos da fisioterapia no tratamento da dor. Rev Dor. São Paulo, 2013 jan-mar. HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall. Tratado de fisiologiamédica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. KLAUMANN, P. R. WOUK, A. F. P. Archives of Veterinary Science. PATOFISIOLOGIA DA DOR (Pathophysiology of pain) v. 13, n.1, p.1-12, 2008 Printed in Brazil. MACHADO, Angelo B.M.; HAERTEL, Lúcia Machado. Neuroanatomia funcional. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2006.
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