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Unidade 3 1. Organização anatômica e funcional dos principais músculos torácicos e abdominais: origem, inserção e função. 2. Organização estrutural e funcional dos músculos estriados esqueléticos. 2016 1 Organização anatômica e funcional dos principais músculos torácicos e abdominais: origem, inserção e função Músculos Abdominais Quanto à organização anatômica os músculos abdominais são divididos em quatro regiões: § Região Superior: Diafragma. § Região Inferior: Levantador do Ânus; Coccígeo. § Região Posterior: Quadrado; Iliopsoas (Psoas Maior + Ilíaco); Psoas Menor. § Região Anterolateral: Reto do Abdome; Piramidal do abdome; Oblíquo externo do abdome; Oblíquo Interno do Abdome; Transverso do Abdome. - Músculo Diafragma: O diafragma localiza-se junto às vértebras lombares, as costelas inferiores e ao esterno. Possui tendões periféricos que se ligam anteriormente ao osso esterno ou ao processo xifóide do esterno; lateralmente às seis costelas inferiores (7ª, 8ª, 9ª e 10ª costelas, e ápices das 11ª e 12ª que são as costelas flutuantes) e às cartilagens costais correspondentes; e posteriormente às três vértebras lombares superiores. Dos ligamentos periféricos saem feixes musculares que correm radialmente para unir-se no centro tendíneo. Sua função é diminuir a pressão interna da caixa torácica permitindo a entrada de ar nos pulmões durante o processo de inspiração. Também auxilia na estabilidade da colona vertebral e expulsão de alimentos (vômito), defecação e parto. Figura 1: Diafragma. Fonte: Netter, 2000. - Músculo Levantador do Ânus: é um músculo da região inferior do abdome, mais especificamente da pelve. É dividido em três partes: puborretal, pubococcígeo e iliococcígeo. A pubococcígea origina-se no púbis e insere na uretra, vagina, reto e cóccix pelo ligamento anococcígeo. A parte puborretal tem origem na superfície inferior do púbis insere-se no cóccix e reto. A iliococcígeo é a parte mais posterior do levantador do ânus, origina-se no arco tendíneo do elevador do ânus e sua inserção é no cóccix e ligamento anococcígeo. Atua como auxiliar do assoalho pélvico elevando-o para resistir à pressão intra- abdominal aumentada em algumas situações. - Músculo Coccígeo ou Isqueococcígeo: origina na espinha isquiática lateralmente. Insere no sacro e cóccix. Apresenta como ação a sustentação de vísceras pélvicas. Sua atuação é semelhante ao Músculo Levantador do Ânus, entretanto traciona o cóccix ventralmente. Figura 2: Músculos Levantador do ânus e Coccígeo. Fonte: Modificado de Sobotta, 2013. - Músculo Quadrado Lombar: localiza-se na porção posterior do abdome na região latero-posterior e fecha o espaço entre a XII costela e a crista ilíaca. Encontra-se atrás do músculo Psoas Maior e lateralmente ao Transverso do Abdome. Permiti a inclinação homolateral do tronco. - Músculos Psoas Maior e Menor: localizam-se na porção posterior do abdome na região medial e revestem antero lateralmente as vértebras lombares. O Psoas Maior caminha para o interior da coxa, inferiormente ao ligamento inguinal, inserindo-se no trocanter menor do Fêmur. Já o Psoas Menor insere-se na linha pectínea do osso do quadril. O Psoas Menor atua na flexão da pelve e coluna lombar. O Maior auxilia na flexão da coxa, coluna lombar e inclinação homolateral. - Músculo Ilíaco: localiza-se na porção posterior do abdome, na região inferior da cavidade abdominal, preenchendo a fossa ilíaca dos dois lados. Inferiormente se une ao músculo Psoas Maior, constituindo o músculo Iliopsoas, inserindo-se no trocanter menor do fêmur. O Iliopsoas tem as funções de flexão da coxa, flexão da coluna lombar e inclinação homolateral. Figura 3: Vista interna da parede posterior do abdome. Fonte: Netter, 2003. - Reto do Abdome: Localiza-se na porção anterolateral do abdome. Trabalha na flexão do tronco e retroflexão da pelve. É um músculo constituído em pares (esquerdo e direito), que inicia no processo xifóide até a sínfise púbica no interior de uma bainha formada pelas aponeuroses1 dos três músculos anterolaterais, a bainha do reto ou bainha do reto abdominal. As aponeuroses dos três músculos se encontram no plano mediano, formando a Linha Alba. Obs: A linha alba é uma faixa de tecido conjuntivo composto pela união das aponeuroses dos três músculos (oblíquo interno, externo e transverso). Estende- se desde o processo xifóide até a sínfise púbica. Figura 4: Músculos da parede anterolateral do abdome com destaque para linha alba. Fonte: Sobotta, 2013. - Músculo Oblíquo Externo: Localiza-se na porção anterolateral do abdome lateralmente ao músculo reto do abdome. Encontra-se disposto obliquamente de lateral para medial no sentido craniocaudal, e sua aponeurose reveste anteriormente o músculo reto abdominal ao longo de toda a sua extensão. Auxilia na rotação do tórax para o lado oposto e flexão do tronco. - Músculo Oblíquo Interno do Abdome: Localiza-se na porção anterolateral do abdome lateralmente ao músculo reto do abdome. Suas fibras encontram-se dispostas obliquamente de forma inversa, de medial para lateral. Sua aponeurose se divide e reveste o músculo reto abdominal anteriormente e posteriormente 1 Membranas achatadas de constituição semelhante à dos tendões, que envolvem os músculos e servem algumas vezes para ligar músculos à tendões. acima da linha arqueada. Logo após se reúnem abaixo da linha arqueada tornando-se parte da parede anterior da bainha do reto abdominal. Auxilia na rotação do tórax para o mesmo lado e flexão do tronco. - Músculo Transverso do Abdome: Localiza-se mais profundamente na porção anterolateral do abdome lateralmente ao músculo reto do abdome. Suas fibras estão dispostas no sentido horizontal, e sua aponeurose reveste posteriormente o músculo reto do abdome, acima ou abaixo da linha arqueada. Aumento da pressão intra- abdominal e estabilização da coluna lombar (Figura 3). - Músculo Piramidal: é um músculo pequeno e triangular, localizado no baixo ventre. Origina-se no púbis e insere-se da linha Alba a cicatriz umbilical. Sua função é tencionar a linha Alba. Figura 5: Músculos do abdome – Vista anterior (camada intermédia). Fonte: Netter, 2000. Músculos Torácicos Quanto à organização anatômica os músculos torácicos são divididos em duas regiões: § Região Anterolateral: Peitoral Maior; Peitoral Menor; Serrátil Anterior e Subclávio. § Região Costal: Intercostais Externos; Intercostais Internos; Levantadores das Costelas; Subcostais e Transverso do Tórax. Figura 6: Músculos do tórax – Vista anterior (dissecação superficial). Fonte: Netter, 2000. - Peitoral Maior: É um músculo espesso que recobre a região antero-superior do tórax. Têm origens na metade medial clavícula, externo, cartilagens costais da 1ª a 6ª e aponeurose do musculo oblíquo externo abdominal. Suas fibras convergem em um tendão e inserem-se na crista do tubérculo maior do úmero. É inervado pelos ramos do plexo braquial - Nervo do Peitoral Lateral e Nervo do Peitoral Medial (C5 - T1). Insere- se medialmente na borda anterior da clavícula, face anterior do esterno, face externa da 1ª a 6ª cartilagens costais e aponeurose do oblíquo externo do abdome e lateralmente na crista do tubérculo maior. Suas funções são adução, rotaçãomedial, flexão e adução horizontal do ombro. Figura 7: Músculos do Tórax – Vista anterior (Dissecação profunda). Fonte: Netter, 2000. - Peitoral Menor: Localiza-se atrás do Peitoral Maior com origem da 2ª a 5ª costelas. Apresenta inserção inferior da terceira à quinta costela e inserção superior no processo coracóide da escápula. Inervação: Nervo do Peitoral Medial (C8 - T1). A ação dele é depressão do ombro; rotação inferior da escápula e elevação das costelas (durante a inspiração). - Serrátil Anterior: está localizado nas paredes laterais do tórax, estendendo-se das costelas à escápula. Apesenta um contorno denteado, muito semelhante à borda da lâmina de uma serra. Tem origem na superfície externa das oito costelas superiores ao lado do peito e se insere ao longo de toda borda medial e superfície costal da escápula. e faces externas das 1ª a 9ª costelas. A inervação se dá pelo nervo torácico longo. Suas funções são: empurrar a escápula para frente, abdução do braço e elevação acima da linha horizontal e por volta da caixa torácica; ajuda a estabilizar a escápula e auxilia na rotação da escápula. - Subclávio: é um pequeno músculo triangular, localizado entre a clavícula e a primeira costela. Origina-se na 1ª costela e cartilagem costal. Inserção Lateral: Face inferior da clavícula Inserção Medial: 1ª costela e cartilagem costal Inervação: Nervo do subclávio (C5 - C6) Ação: Depressão da clavícula e do ombro. - Intercostais Externos: são músculos que estão entre as costelas, à origem fica em uma costela. A inserção superior é feita na borda inferior do lábio externo da costela suprajacente (superior) e a inserção inferior se dá na borda superior da costela subjacente (inferior). A inervação é feita pelos nervos intercostais correspondentes. Ação: Fazem parte da mecânica respiratória, elevando as costelas durante a inspiração. - Intercostais Internos: Os músculos intercostais internos e externos se cruzam em "X". As fibras dos intercostais externos vão da região superior para inferior e de posterior para anterior. Já as fibras dos intercostais internos s de superior para inferior e de anterior para posterior. A inserção Superior dos internos ocorre na borda inferior da costela suprajacente e a inferior na borda superior da costela infrajacente. A inervação é feita pelos nervos intercostais correspondentes. Atua na depressão das costelas durante a expiração. - Levantadores das Costelas: Sua inserção superior se dá no processo transverso da 7ª vértebra cervical à 11ª torácica e a inferior na face externa da 1ª à 12ª costela. A inervação é feita pelos nervos intercostais correspondentes. Atua na elevação das costelas durante a inspiração e estabilização intercostal. - Subcostais: Possui inserção superior na face interna da costela suprajacente e inferior na face interna da 2ª ou 3ª costela infrajacente. É inervado por nervos intercostais correspondentes. Atua na estabilização intercostal. - Transverso do Tórax: Sua inserção superior é feita na face interna do esterno e a inferior na face interna da 2ª à 6ª cartilagens costais. É inervado pelos nervos intercostais correspondentes. Sua ação é estabilização da parte antero-inferior do tórax. Figura 8: Músculos do Dorso – Vista posterior (Camada profunda). Fonte: Modificado de Netter, 2000. 2. Organização estrutural e funcional dos músculos estriados esqueléticos Sistema Esquelético O Sistema Esquelético é composto por ossos e cartilagens. Além de dar sustentação ao corpo, o esqueleto protege os órgãos internos e fornece pontos de apoio para a fixação dos músculos. Também é responsável pela Hematopoese através da Medula Óssea e por disponibilizar reserva de cálcio e fósforo ao organismo. Ele constitui-se de peças ósseas (ao todo 208 ossos no indivíduo adulto) cartilaginosas articuladas, que formam um sistema de alavancas movimentadas pelos músculos. É dividido em duas porções: - Esqueleto axial: forma o eixo do corpo e é constituído pelos ossos da cabeça, pescoço e tronco (tórax e abdome); - Esqueleto apendicular: forma os membros (superiores e inferiores) que se unem ao esqueleto axial através dos cíngulos (escapular e pélvico). Figura 9: Divisão do Sistema Esquelético. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/13/Axial_skeleton_diagram _pt.svg/2000px-Axial_skeleton_diagram_pt.svg.png Sistema articular As articulações são um conjunto de elementos que fazem a conexão ou união entre os componentes rígidos do esqueleto. Mantêm os ossos juntos, conferem mobilidade ao esqueleto e proporcionam mobilidade para garantir a estabilidade dos ossos durante os movimentos. São três os tipos de articulações: - Sinartroses são articulações inflexíveis ou fibrosas (imóveis). Possuem pequena separação fibrosa composta por fibras colágenas. Sua principal função é a absorção de choque. São exemplos dessas articulações as suturas entre os ossos do crânio. - Anfiartroses ou Articulações Cartilaginosas (levemente móveis): É composta de tecido cartilaginoso e sua principal função é diminuir forças. Ex: sínfise púbica, disco intervertebral. - Anfiartroses ou Articulações Cartilaginosas (levemente móveis): Também formada por tecido cartilaginosa, apresenta função principal de diminuir forças e auxiliar os movimentos entre os ossos. Ex: articulação entre úmero e escápula, rádio e ulna, etc. As articulações móveis estão revestidas de cartilagem e incluem bolsas de fluido lubrificante como o líquido sinovial. Figura 10: Sistema articular. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/7f/Joint.svg/2000px- Joint.svg.png Sistema muscular Os músculos são órgãos constituídos, principalmente, por fibras musculares especializadas em se contrair e realizar movimentos, geralmente em resposta a estímulos nervosos. Suas funções são: produção dos movimentos corporais; estabilização das posições corporais; regulação do volume dos órgãos (bexiga, intestino); produção de calor com a contração muscular e finalmente dar forma ao corpo. Figura 11: Sistema Muscular. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/55/Muscular_System.jpg As células musculares especializadas na contração e relaxamento transformam energia química em mecânica. Composição Anatômica: - Ventre Muscular: é a porção contrátil do músculo, decorrente da contração de fibras musculares. É a porção carnosa do músculo, também chamado como corpo do músculo. - Tendão: é constituído de tecido conjuntivo denso, rico em fibras colágenas que fixa o ventre nos ossos, no tecido subcutâneo e em cápsulas articulares. Tem aparência de fitas ou cilindros. Figura 12: Ventre muscular e tendão. Fonte: Sobotta, 2013. Origem e Inserção: - Origem: É a extremidade do músculo que não se desloca durante a execução do movimento. - Inserção: É a extremidade do músculo que se desloca durante a execução do movimento. Composição Anatômica: Figura 13: Ventre muscular e tendão. Fonte: Modificado de: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/18/Fascicle: _Muscle_Shapes.jpg Os músculos ainda apresentam propriedades muito importantes como: receber e responder a estímulos; encurtar-se e espessar-se; distender-se; retornar a forma original e conduzir estímulos nervosos. Tipos de músculos - Músculo estriado esquelético: é inervado pelo sistema nervoso central e, como estese encontra em parte sobre um controle consciente, chama-se músculo voluntário. As contrações do músculo estriado permitem os movimentos dos diversos ossos e cartilagens do esqueleto. Sua atividade é exclusivamente neurogênica. - Músculo cardíaco: forma a maior parte do coração dos vertebrados. O músculo cardíaco apresenta atividade miogênica. É inervado pelo sistema nervoso. - Músculo liso: músculo de contração involuntária; localiza-se na pele, órgãos internos, aparelho reprodutor, vasos sanguíneos e aparelho excretor. A contração desses músculos é mediada pelo sistema nervoso vegetativo, por hormônios e muitos apresentam atividade miogênica, mas também responde a estímulos químicos. Figura 14: Tipos musculares: (a) Esquelético (b) Liso (c) Cardíaco. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e5/414_Skeletal_Smooth_Cardiac.jpg Tipos de contração muscular: - Contração concêntrica: Ocorre quando há um encurtamento do músculo durante a contração. Também chamada de contração com dinâmica positiva ou de encurtamento. Nessas a origem e a inserção se aproximam, produzindo a aceleração de segmentos do corpo, ou seja, acelera o movimento. Ex: Trazer um livro que estava sobre a mesa ao encontro da cabeça. - Contração excêntrica: Ocorre quando há alongamento do músculo durante a contração. É também chamada de contração com dinâmica negativa ou de alongamento. Nessa a origem e inserção se afastam produzindo a desaceleração dos segmentos do corpo e fornecem absorção de choque (amortecimento) quando aterrissando de um salto, ou ao andar, ou seja, freia o movimento. Ex: recolocar o livro sobre mesa. - Contração isométrica: Nesta o músculo se contrai e produz força sem alteração macroscópica no ângulo da articulação. São também chamadas de contrações estáticas ou de sustentação, normalmente é usada para manutenção da postura. Funcionalmente estas contrações estabilizam articulações. É responsável pela postura e sustentação de objetos em posição fixa. Ex: sustentar o livro em abdução de 90°. Figura 15: Tipos de contrações musculares. Fonte:https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d4/1015_Types_of_Contraction_new.jpg Vascularização e inervação - Vascularização: responsável por levar oxigênio, nutrientes e eliminação resíduos através das artérias e veias; - Inervação: responsável pelas contrações musculares. Fisiologia da Contração Muscular Na contração muscular, a actina desliza sobre os filamentos da miosina, que conservam seus comprimentos originais. O início da contração é na faixa ansiotrópica (A), local onde a actina e a miosina se sobrepõe. Durante o processo a faixa isotrópica (I) diminui de tamanho e os filamentos de actina penetram na faixa A. Ao mesmo tempo, a faixa H, formada somente pelos filamentos grossos de miosina também se reduz à medida que esses filamentos são sobrepostos pelos filamentos finos de actina. Isso irá resultar em um grande encurtamento do sarcômero. A contração muscular depende de fatores como a disponibilidade de íons cálcio. Já o relaxamento muscular está na dependência da ausência destes íons. O fluxo de íons cálcio é regulado pelo retículo sarcoplasmático (RS), para a realização rápida dos ciclos de contração muscular. O RS é uma rede de cisternas do retículo endoplasmático liso, que envolve e separa em feixes cilíndricos grupos de miofilamentos. Quando despolarizado, o RS libera os íons cálcio passivamente até os filamentos finos e grossos. Ao ser polarizado novamente, o RS transporta o íon cálcio de volta às cisternas, interrompendo a atividade contrátil. O sistema de túbulos T é responsável pela contração uniforme de cada fibra muscular. Ele é constituído por uma rede complexa de invaginações tubulares do sarcolema da fibra muscular. Já os nervos motores controlam a contração normal das fibras musculares esqueléticas. Eles se ramificam dentro do tecido conjuntivo do perimísio e neste local de inervação, o nervo perde sua bainha de mielina e forma a dilatação que se situa dentro de uma depressão da superfície da fibra muscular. Esta estrutura é chamada de placa neural ou junção mioneural, onde o axônio possui inúmeras mitocôndrias e vesículas sinápticas, e libera acetilcolina, que se difunde através da fenda sináptica, da placa motora e vai se prender a receptores específicos aos sarcolemas das dobras juncionais. Cada fibra nervosa pode inervar uma única fibra muscular, ou se ramificar e inervar até 160 fibras musculares, formando o que chamamos de unidade motora. Vídeo demonstrativo da Contração muscular Link: https://www.youtube.com/watch ?v=Zjnt-rUUcAQ Figura 16: Mecanismo de contração muscular. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a2/Sarc%C3%B3mero.jpg Resumindo..... •O impulso nervoso chega ao terminal nervoso e libera acetilcolina •Acetilcolina combina com receptores na célula muscular •A Membrana da célula muscular se despolariza •Ca++ forma complexo com as proteínas contráteis do retículo sarcoplasmático para o citoplasma •Os filamentos de actina /miosina se contraem, levando à diminuição do tamanho do sarcômero (devido à aproximação de 2 linhas) •Muitos sarcômeros contraindo-se juntos levam à contração de todo o músculo A junção neuromuscular – estrutura, função e aspectos farmacológicos A unidade funcional motora do sistema nervoso é chamada motoneurônio. O estímulo elétrico proveniente do mesmo é necessário para desencadear a contração da fibra muscular esquelética. Esse estímulo passa através de um complexo denominado junção neuromuscular, formado pelo motoneurônio e pela célula muscular. Sob esses estímulos, ocorrem modificações na difusão de cálcio no citoplasma da célula muscular. Os eventos subsequentes decorrem da excitação da membrana sarcoplasmática e consequente contração da fibra muscular. Além do cálcio, o sódio e a acetilcolina participam do fenômeno de contração muscular. Assista a vídeos explicativos complementares a este assunto acessando o link: https://www.youtube.com/watch?v=dLncDw36KEk https://www.youtube.com/watch?v=krYS9xwBqiQ Figura 17: Junção neuromuscular. Fonte: http://www.jornallivre.com.br/images_enviadas/o-que-e-juncao-neuromuscularne.jpg https://en.wikipedia.org/wiki/Neuromuscular_junction Organização das unidades motoras tônicas e fásicas Ao chegar ao músculo, o axônio de um motoneurônio divide-se em terminais de número variável, cada um terminando numa só fibra muscular. Esse conjunto é denominado unidade motora. A unidade motora representa a via final comum e funcional de toda a atividade motora (figura abaixo). É o componente básico da atividade muscular e refere-se ao conjunto do corpo celular do motoneurônio e das fibras musculares esqueléticas inervadas pelo mesmo. Figura 18: Unidade motora. Fonte: Tessitore, Pfelsticker e Paschoal, 2008. O local exato de intersecção do terminal nervoso com a célula muscular é chamado placa motora. Assim, a unidade motora é formada por várias placas motoras. O impulso nervoso produz um potencial na placa motora da fibra muscular que ao atingir o limiar do mesmo, desencadeia um potencial de ação que se propaga ao longo da fibra, provocando a contração muscular. A capacidade do músculo em executar uma função é determinada pela soma das capacidades das unidades motoras que o compõem. Quanto menor a fibra muscular, menor a quantidade de unidades motoras. Músculos com pequena quantidade de unidades motoras são específicospara movimentos finos e delicados, como os músculos faciais. Em geral, a relação é de 1:10 até 1:50. Os movimentos são delicados e precisos, desprovidos de força. Grandes unidades motoras são encontradas em músculos de potência, como por exemplo, os grandes músculos das pernas. Neles, a relação pode chegar a 1:500. Aspectos Farmacológicos: Junção neuromuscular – toxina botulínica A toxina botulínica é um tratamento farmacológico local para a hiperatividade muscular, potencialmente corrigindo desequilíbrios entre músculos agonistas hipoativos e antagonistas relativamente hiperativos. É obtida pela cultura da bactéria anaeróbica Clostridium botulinum, bloqueia a liberação de acetilcolina nas junções neuromusculares. Causa paralisia muscular flácida reversível, aparentemente sem dano a longo prazo para o músculo ou o nervo. A absorção sistêmica é mínima, não causando efeitos colaterais sistêmicos. Figura 19: Antes e depois de aplicações de toxina botulínica. Fonte: Cedida por Dra Ana Carolina Puga, Clínica Acorporalle. Metabolismo energético dos músculos estriados esqueléticos A energia para a contracção muscular é fornecida por moléculas de ATP . A quantidade de ATP armazenado na fibra muscular é muito reduzida. Durante a atividade muscular há necessidade de ressintetizar continuamente ATP. Existem diferentes fontes para que ocorra a refosforilação do ADP : Leitura Complementar: Link: http://www.botoxcosmetic.com/sitecore/content/Unique%20Sites/BotoxCosmeticHCP/Home/s upport/science_of_botox/moa ALMEIDA. A. R.T; MARQUES, E. R. M.C; BOGDANA, V. K. Glabellar wrinkles: a pilot study of contraction patterns. Surg Cosmet Dermatol.v.2, n. 1, p.23-8,2010. - Fosfocreatina - sofre clivagem originando creatina e PO3 - . A energia libertada é aproveitada para se dar a ligação entre um íon fosfato e o ADP, formando ATP (FONTE ANAERÓBIA ALÁCTICA); - Sistema de Glicogénio/Lactato - a sua transformação em piruvato (FONTE AERÓBIA) e lactato (FONTE ANAERÓBIA LÁCTICA) liberta energia que é posteriormente utilizada para converter ADP em ATP. - Sistema Aeróbio – oxidação de glicose, ácidos gordos e aminoácidos na mitocôndria liberta grandes quantidades de energia que são aproveitadas para converter AMP e ADP em ATP. Em períodos muito longos de atividade muscular a maior parte da energia provém da oxidação dos ácidos gordos. Nos períodos de 2 a 4 horas, metade da energia provém de carboidratos e armazenados. Metabolismo Energético Durante o Exercício Físico Durante o exercício o gasto energético do organismo pode aumentar em até 25 vezes os valores de repouso. As alterações metabólicas que ocorrem no músculo no início do exercício são necessárias para continuar a atividade. Utilizando-se o consumo de O2 como índice metabólico, verifica-se que na transição do repouso para o exercício moderado, o consumo de O2 atinge um nível estável à volta de 1 a 4 minutos. Até que se atinja o estado estável, outras vias bioenergéticas são ativadas (ATP-CP, Glicólise). Metabolismo Energético Após o Exercício Físico Após o exercício físico o consumo de O2 permanece elevado (débito de oxigênio) por vários minutos, isto depende principalmente da intensidade do exercício. Existem fatores que contribuem para excesso de consumo de O2 pós-exercício como: hormônios elevados; elevação das frequências cardíacas e respiratória pós exercício; re,oção do lactato; elevação da temperatura corporal, entre outros. Classificação funcional das fibras musculares esqueléticas As fibras musculares são classificadas em três tipos de acordo com diferenças que apresentam em relação à morfologia, metabolismo energético predominante e atuação na contração muscular, fato este que influencia diretamente na fisiologia do exercício. As fibras musculares vermelhas - tipo IA - são inervadas por motoneurônios que apresentam atividade elétrica de baixa frequência, porém constante. São neurônios de pequeno diâmetro, mielinizados e que constituem pequenas unidades motoras lentas resistentes à fadiga. Por causa dessa atividade elétrica mantida, são denominados motoneurônios. As fibras musculares brancas ou pálidas – tipo IIB - são invervadas por grandes motoneurônios mielinizados, porém silenciosos em grande parte do tempo; por isso são denominados motoneurônios fásicos. Constituem grandes unidades motoras rapidamente fatigáveis; quando entram em atividade, introduzem grande potência ao trabalho muscular. As fibras musculares têm o aspecto pálido em razão do baixo teor de mioglobina. As fibras musculares do tipo IIA apresentam características intermediárias e constituem unidades motoras rápidas e mais resistentes à fadiga. O quadro abaixo ilustra as propriedades e funções das fibras musculares esqueléticas. Quadro 1: Propriedades e funções das fibras musculares esqueléticas. Fonte: http://www.museuescola.ibb.unesp.br/images/tabela_tipos_de_fibramusc.png Referências Bibliográficas 1. AGUERO ORGAZ, D; CUBERO SOBRADOS, M.C.; MARTIN GORDO, O. Eritema nodoso, a propósito de um caso. Rev Pediatr Aten Primaria, v. 11, n. 43, 2009. 2. AIRES, M. M. Fisiologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 3. ALMEIDA. A. R.T; MARQUES, E. R. M.C; BOGDANA, V. K. Glabellar wrinkles: a pilot study of contraction patterns. Surg Cosmet Dermatol.v.2, n. 1, p.23-8,2010. 4. DE MAIO, M. Tratado de Medicina Estética. 2.ed. São Paulo: Editora Roca, 2011. 5. HANSEN, J. T.; KOEPPEN, B. M. Atlas de Fisiologia Humana de Netter. São Paulo: Artmed, 2002. 6. MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. 7. NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 8. PUTZ, R.; PABST, R. Sobotta - Atlas of Human Anatomy. 14.ed. Hannover: Elsevier, 2008. 9. SOBOTTA, J. Atlas de Anatomia Humana. V.3, 23. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2013. 10. TESSITORE, A; PFELSTICKER, L.N; PASCHOAL, J.R. Aspectos neurofisiológicos da musculatura facial visando à reabilitação na paralisia facial. Rev. CEFAC, v. 10, n. 1, p. 68-75, Mar, 2008. 11. TORTORA, G. J; GRABOWSKI, S. R. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. São Paulo: Artmed, 2007.
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