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FUNDAMENTAÇÃO FILOSÓFICA - HUMANISMO PARTE 01

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TERAPIA EXISTENCIAL E HUMANISTA
SDE0190
PROFESSOR: PAULO COGO, DOUTOR.
CURSO DE PSICOLOGIA
UNIDADE I
FUNDAMENTAÇÃO FILOSÓFICA
HUMANISMO – PARTE 01
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DAS TERAPIAS EXISTENCIAIS HUMANISTAS 
HUMANISMO
FENOMENOLOGIA
EXISTENCIALISMO
CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE AS TERAPIAS HUMANISTA, FENOMENOLÓGICA E EXISTENCIAL
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DAS TERAPIAS EXISTENCIAIS HUMANISTAS 
O PENSAMENTO HUMANISTA
HUMANISMOS
Polissemia
Aplica-se a quase todas as ideologias modernas e contemporâneas.
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DAS TERAPIAS EXISTENCIAIS HUMANISTAS 
HÁ TRÊS SENTIDOS FUNDAMENTAIS RELACIONADOS ENTRE SI:
Histórico-literário
Especulativo-filosófico
Ético-sociológico
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DAS TERAPIAS EXISTENCIAIS HUMANISTAS 
HISTÓRICO-LITERÁRIO
O humanismo dos gregos
Os pré-socráticos
Os sofistas
Sócrates
Platão
Aristóteles
O humanismo dos romanos
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DAS TERAPIAS EXISTENCIAIS HUMANISTAS 
ESPECULATIVO-FILOSÓFICO
Humanismo Antigo Grego e Romano
Humanismo Cristão
Humanismo Renascentista
Humanismo Moderno
Humanismos Contemporâneos (Anti-Humanismos)
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DAS TERAPIAS EXISTENCIAIS HUMANISTAS 
ÉTICO-SOCIOLÓGICO
Humanismo Marxista
Humanismo Existencialista Cristão
Humanismo Existencialista Ateu
Humanismo Cristão
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DAS TERAPIAS EXISTENCIAIS HUMANISTAS 
1º. HISTÓRICO-LITERÁRIO (ANTIGO/OCIDENTAL)
A partir do século XII – estudo dos grandes autores da cultura clássica, grega e romana, dos quais tenta imitar as formas literárias e assimilar os valores humanos.
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DAS TERAPIAS EXISTENCIAIS HUMANISTAS 
O HUMANISMO DOS GREGOS: A INFLUÊNCIA DA CULTURA GREGA E SUA INSPIRAÇÃO HUMANISTA
OS PRÉ-SOCRÁTICOS
TALES DE MILETO (624-547 a.C.)
Fundador da Filosofia
“Todas as coisas estão cheias de deuses.”
Tudo está cheio de misteriosas forças vivas, tudo tem uma alma.
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Para eles tudo é animado, tudo é vivo, tudo é dinâmico.
Tudo, num certo sentido, participa da vida do ser humano e o ser humano participa da vida do cosmo inteiro.
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XENÓFANES DE CÓLOFON (580-460 a.C.)
Satírico das crenças e costumes
“O nosso saber vale muito mais do que o vigor dos homens e dos cavalos. Tudo isso é um mau costume, e não é justo preferir a força ao vigor do saber. Não é a presença na cidade de um bom pugilista, nem a de um homem apto a triunfar no pentatlo ou na luta, ou pela velocidade dos pés que faria a cidade ficar em melhor ordem. Bem pequeno seria o proveito da cidade, quando alguém, nas margens do Pisa, conquistasse a vitória nos jogos; pois isto não enche os celeiros da cidade.”
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HERÁCLITO DE ÉFESO (500-400 a.C.)
Um dos maiores filósofos pré-socráticos que deu a Hegel a intuição fundamental sobre sua dialética
TEORIA DO DEVIR UNIVERSAL
“Tudo corre, nada para. Ninguém se pode banhar duas vezes nas águas do mesmo rio.”
"Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras”.
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“O homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo rio, nem o homem é o mesmo homem”.
“Nós não podemos nunca entrar no mesmo rio, pois como as águas, nós mesmos já somos outros”.
“Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos”.
“Nada existe de permanente a não ser a mudança”.
“Nada é permanente, exceto a mudança”.
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OBSERVAÇÕES PROFUNDAS SOBRE O SER HUMANO:
Frag. 04: Se a felicidade consistisse nos prazeres do corpo, deveríamos proclamar felizes os bois, quando encontram ervilhas para comer.
Frag. 45: Mesmo percorrendo todos os caminhos, jamais encontrarás os limites da alma.
Frag. 82: O mais belo símio é feio comparado ao homem.
Frag. 101: Eu me procurei a mim próprio.
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Frag. 125: Mesmo uma bebida se decompõe, se não for agitada.
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OUTRAS OBSERVAÇÕES:
“Se não sabe escutar, não sabe falar”.
“Dura é a luta contra o desejo, que compra o que quer à custa da alma”.
“O caminho para cima e o caminho para baixo são um único caminho”.
“Muito estudo não ensina compreensão”.
“A oposição produz a concórdia. Da discórdia surge a mais bela harmonia”.
“Um saber múltiplo não ensina a sabedoria”.
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“A inteligência não ensina a aprender muitas coisas”.
“O caráter do homem é o seu demônio”.
“O pensamento é uma qualidade própria da alma, que a si mesma se multiplica”.
“Paremos de indagar o que o futuro nos reserva e recebamos como um presente o que quer que nos traga o dia de hoje”.
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“A guerra é mãe e rainha de todas as coisas; alguns transforma em deuses, outros, em homens; de alguns faz escravos, de outros, homens livres”.
“A sabedoria é a meta da alma humana; mas a pessoa, à medida que em seus conhecimentos avança, vê o horizonte do desconhecido cada vez mais longe.
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É considerada a primeira Antropologia Filosófica
A Filosofia de Homem dele apresente três círculos concêntricos: o círculo antropológico que está no interior do cosmológico e do teológico.
Porém, estes círculos não se podem separar, ou seja, de modo nenhum se pode conceber o antropológico independentemente do cosmológico e teológico.
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O homem para Heráclito é uma parte do cosmo e, nesta condição, está igualmente submetido às leis do cosmo.
Quando, porém, ganha consciência de que traz no seu próprio espírito a lei eterna da vida do todo, adquire a capacidade de participar da mais alta sabedoria, cujos decretos procedem da lei divina.
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DEMÓCRITO (460-370 a.C.)
FRAGMENTOS REFERENTES À PROBLEMÁTICA HUMANA, ÉTICA, POLÍTICA E PEDAGÓGICA:
Frag. 37: Escolher os bens da alma é escolher os bens divinos; contentar-se com os bens do corpo é contentar-se com os bens humanos.
Frag. 40: Nem o corpo nem o dinheiro fazem o homem feliz, mas a retidão e a prudência.
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Frag. 65: Muito pensar e não muito saber é o importante.
Frag. 103: Quem a ninguém ama, a meu ver, por ninguém é amado.
Frag. 105: A beleza do corpo é animalesca, se não for dignificada pelo entendimento.
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Frag. 119: Os homens fizeram do acaso uma imagem como pretexto para a sua própria imprudência. Pois, somente em casos excepcionais o acaso combate a imprudência: em geral, na vida, a perspicácia sensata põe-nos no caminho reto.
Frag. 171: A felicidade não reside nem em rebanhos nem em ouro: a alma é a morada do daimon - do latim dæmon (espírito), originalmente do grego antigo δαίμων (daimon), “um deus, deusa, poder divino, gênio, espírito-guardião”.
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Frag. 214: Viril não é somente quem triunfa de seus inimigos, mas também dos prazeres. Alguns, contudo, são senhores de cidades, mas servos de mulheres.
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OS SOFISTAS
SÉCULOS V E IV a.C.
Têm sua maior expressão em Atenas, na época centro de intensa cultura, prosperidade econômica e liberdade democrática.
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O ateniense da época, tomado de admiração pelas grandes personalidades que lhe tinham proporcionado aquele bem-estar, se convence de que para o sucesso na vida não servem tanto as elucubrações abstratas sobre os princípios últimos do cosmo (dos filósofos pré-socráticos), quanto uma cultura mais aderenteà existência concreta, mais interessada nos problemas humanos e sobretudo mais orientada para a vida política e social.
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A origem da sofística tem, portanto, suas causas e condicionamentos na situação histórica do tempo.
O grande mérito dele foi ter chamado com insistência a atenção dos sábios para os problemas estritamente humanos.
A problemática humana não era totalmente central nos filósofos pré-socráticos.
Nos sofistas, pelo contrário, ela torna se quase exclusiva.
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São os problemas políticos, morais, jurídicos, estéticos, linguísticos, etc., isto é, estritamente humanos que interessam aos sofistas.
Tanto que para alguns historiadores eles foram de fato os primeiros humanistas da cultura ocidental e o primeiro humanismo, devido à guinada da reflexão filosófica, do problema cosmológico ao problema antropológico.
Eles foram os fundadores da ciência da paidéia, isto é, da educação, e foi com eles que se iniciou a separação entre educação e religião.
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Com eles a educação passou a transcender o seu significado primitivo de “criação de meninos” para englobar todas as exigências, físicas e espirituais, que formam o homem ideal, o cavaleiro.
A ação educativa não se limitava mais à infância, passando a ser aplicada com especial cuidado ao homem adulto.
A partir de um certo momento paidéia acabou significando cultura, e cultura veio a coincidir com o conceito de humanismo.
Os sofistas foram muitos, mais de vinte.
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PROTÁGORAS (480-410 a.C.)
“O homem é a medida de todas as coisas, das que são enquanto são e das que não são enquanto não são”.
Ou seja, é o homem quem determina a realidade das coisas (e não Deus).
O homem é o critério (metron) do valor das coisas, sendo elas todas subordinadas ao homem em função de sua realização.
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Neste sentido, o princípio de Protágoras também se enquadra perfeitamente na noção de homem do humanismo cristão que o vê criado por Deus e d’Ele dependente, como fim e meta de tudo o que existe fora dele.
Outra contribuição fundamental de Protágoras é a distinção de entre educação técnica e humanista, observando que se a capacidade técnica distancia imensamente o homem dos animais e lhe proporciona meios de defesa, dos quais os animais são equipados pela natureza, ela não basta para a convivência humana.
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Para ele sem uma educação à vida política, à justiça e ao pudor, ou seja, sem uma educação moral e humana “os homens acabam prejudicando-se reciprocamente, de forma tal que vão dividindo-se e perecendo”.
E enquanto a educação técnica não é necessária para todos os homens, a educação humanista deve ser de todos e cada um, porque “as cidades não poderão sobreviver se somente alguns forem providos dela”.
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SÓCRATES (469-399 a.C.)
Transmitiu o preceito do oráculo de Delfos:
“Conhece-te a ti mesmo”
“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”.
Que se tornou o pressuposto fundamental do humanismo ocidental
É considerado o pai do humanismo ocidental
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OUTROS PENSAMENTOS:
“Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância”.
“O verdadeiro conhecimento vem de dentro”.
“Só sei que nada sei”.
“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”.
“A maneira mais fácil e mais segura de vivermos honradamente consiste em sermos, na realidade, o que parecemos ser”.
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“Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
“O amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor já conhecemos antes de termos necessidade dele”.
“Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos”.
“Não penses mal dos que procedem mal; pensa somente que estão equivocados”.
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“O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu caráter”.
“Deve-se temer mais o amor de uma mulher do que o ódio de um homem”.
“O ideal no casamento é que a mulher seja cega e o homem surdo”.
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“Meu conselho é que se case. Se você arrumar uma boa esposa, será feliz; se arrumar uma esposa ruim, se tornará um filósofo”.
“Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos”.
 “Aquilo que não puderes controlar, não ordenes”.
“Três coisas devem ser feitas por um juiz: ouvir atentamente, considerar sobriamente e decidir imparcialmente”.
 “Não vivemos para comer, mas comemos para viver”.
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“Se todos os nossos infortúnios fossem colocados juntos e, posteriormente, repartidos em partes iguais por cada um de nós, ficaríamos muito felizes se pudéssemos ter apenas, de novo, só os nossos”.
“Mas eis a hora de partir: eu para morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumo ninguém o sabe, exceto os deuses”.
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PLATÃO (429-348 a.C.)
Inaugura a especulação sistemática sobre o homem e também a problemática do espírito e matéria, alma e corpo, que nos pré-socráticos se fundiam numa realidade indistinta: a fisis ou natureza.
Para ele, no Mito da Caverna, a união da alma e do corpo não é algo natural.
O mundo real, o mundo da luz, é o mundo das Ideias, infinitas, eternas, imutáveis.
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O nosso mundo, com suas limitações, males, mudanças, é o mundo das aparências, das sombras.
Sendo assim, a alma eterna, que preexistiu no mundo das Ideias e foi precipitada nesta terra por castigo de alguma culpa, não se une ao corpo de forma natural, mas forçada e violenta.
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Os dois elementos nunca chegarão a formar uma verdadeira unidade: sempre permanecerão em oposição e luta; a alma sentindo-se no corpo como em uma prisão, e aspirando unicamente a regressar, o quanto antes possível, ao mundo da luz.
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Esta luta e contradição entre alma e corpo, Platão esclareceu através de sua teoria das três almas ou das três funções da alma: a alma racional, que residiria na cabeça e cuja tarefa é governar e controlar todas as atividades, movimentos e sentimentos do homem.
A alma irascível, que residiria no peito, e representa o ímpeto, a generosidade, o entusiasmo, sentimentos todos que, bem governados, podem ser proveitosos ao homem.
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E a alma concupiscível, que residiria no abdômen e seria o princípio dos instintos de volúpia, cobiça, covardia, etc.
No diálogo, Fedro, Platão ilustra esta teoria com o mito do carro puxado por uma parelha alada e conduzido por um cocheiro (alma racional).
Um dos cavalos é belo e bom e de boa raça (alma irascível), enquanto o outro é de má raça e de natureza brava (alma concupiscível).
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Na República, Platão traça outra imagem, correspondente a esta tríplice divisão da alma.
Sob a aparente unidade e harmonia que o homem exibe exteriormente, coadunam-se nele diversos seres.
Antes de tudo um monstro, cheio, por todos os lados, de cabeças de animais domésticos e selvagens.
Em segundo lugar, em dimensões menores, um leão.
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E, finalmente, em proporções ainda mais reduzidas, um homem.
O “monstro policéfalo” representa a funçãodos instintos, que é a maior.
O leão a função da alma ligada aos sentimentos de agitação, cólera, agressividade, coragem, entusiasmo, etc.
O homem representa a função do espírito, da razão, da contemplação.
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Assim, para Platão, a tarefa do homem é “agir e falar de tal modo que o homem interior se torne o mais forte dentro do outro homem e que seja ele quem cuide da “besta policéfala”, favorecendo e cultivando, como um bom lavrador, o que há nela de manso e impedindo o crescimento do que há de silvestre; e para isso ele deve buscar a cooperação da natureza leonina, atendendo de modo igual a todos e fazendo amigos entre si e também de si mesmo” (A República, L. VIII).
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Porque, para Platão, “é digno aquilo que submete a besta ao homem, ou melhor, ao que há de divino no homem. ...
... É, pelo contrário, indigno o que submete o homem à besta” (A República, L. VIII).
A Psicologia contemporânea, entende que isso é fácil de se dizer e, talvez, até, para algumas pessoas, de se entender, mas muito difícil de se praticar.
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Porém, o que Platão afirma é que a besta policéfala é forte, valente e astuta.
E que o homem corre o risco de ser a todo momento subjugado e ludibriado por ela.
O grande meio, o caminho certo para vencê-la, dominá-la, erguer-se sobre ela é fazer triunfar o homem no homem.
Platão indica esse caminho no famoso diálogo o Banquete.
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O “caminho certo” é Eros ou Amor.
O sentido fundamental desse caminho é o de que todo o homem tende à felicidade, tese indiscutível para Sócrates e Platão, assim como, depois, para Aristóteles.
Tender à felicidade significa para eles tender ao bem, ao próprio bem, ao sumo bem, ou seja, significa tender para possuí-lo, e possuí-lo para sempre.
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Isto implica que os homens tendem à imortalidade, condição e propriedade indispensável da felicidade.
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MAS COMO O HOMEM PODE CONSEGUIR A IMORTALIDADE?
Para Platão, neste diálogo, o caminho é a procriação física pela qual o mortal garante sua perpetuidade física, de muito valor espiritual pela qual o mortal garante sua perpetuidade espiritual.
Afirmando ainda, que ambas só se realizam no belo, porque o feio está em completa desarmonia com o que é divino.
Eis por que o Amor é amor do belo!
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Porque é condição da procriação, que é condição da imortalidade, que por sua vez é condição de felicidade: o supremo bem.
Neste sentido todo amor é bom!
Eis por que para os gregos belo e bom estão indissoluvelmente juntos: todo o bem é belo, e todo o belo é bom.
E o ideal da vida ética é a realização harmoniosa desses dois valores na vida concreta.
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ARISTÓTELES (384-322 a.C.)
Discorda de Platão em relação a ideia de que a união de alma e corpo não é algo natural e de que o nosso mundo seria o “mundo das aparências”.
Para ele o “mundo da caverna” é também real.
Mais ainda: é o homem que forma as ideias e, portanto, plasma, modela o mundo da luz.
Entendia que a alma e corpo estão unidos tão intimamente, que formam uma só realidade.
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A alma só é alma, informando o corpo; e o corpo só é corpo, vivificado pela alma.
O homem, portanto, não é só alma, como em Platão, mas composto de alma e corpo, unidos, entre si, da forma mais natural.
Entendia que a alma transcendia o corpo e que suas operações independem do corpo.
Que a alma vem para o corpo de fora e como que “pela porta”, e que a alma “ou é divina ela própria ou é das coisas que estão em nós a mais divina” (Ética a Nicômaco).
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Exatamente por isso a atividade contemplativa do pensamento “supera a natureza do homem, porque o homem não vive aquela vida como homem, mas enquanto certo que de divino é ínsito nele; ...
... Se, pois, o pensamento em confronto com o homem é coisa divina, também a vida que existe segundo o pensamento, em confronto com a humana, é vida divina” (Ética a Nicômaco).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O HUMANISMO DOS GREGOS
A reflexão sobre o homem atinge, com os grandes pensadores gregos, um dos pontos mais altos, embora com limitações.
Pode-se dizer que o homem, na Antiguidade grega, está colocado em uma posição privilegiada, sendo particularmente realçados os valores de beleza, força, harmonia, heroísmo, gênio, etc.
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Mas em geral isso vale só para uma minoria aristocrática, enquanto a massa (escravos, mulheres, etc.) não tem significado.
Faltou aos antigos o conceito de pessoa, assim como continuou sem solução o problema da origem e do sentido da existência humana.
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O humanismo dos romanos
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2º. ESPECULATIVO-FILOSÓFICO
Qualquer conjunto de princípios doutrinais referentes à origem, natureza e destino do ser humano (visão de ser humano), ou seja, qualquer doutrina que em seu conjunto dignifica o ser humano.
É aqui que os humanismos divergem e proliferam numa gama de graduação, que é difícil determinar.
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EXEMPLOS
Humanismo Antigo Grego e Romano – exaltavam o ser humano, sobretudo os valores de beleza, força, harmonia, virtude heroísmo, gênio (espírito, aptidão natural para algo, dom), etc.
Humanismo Cristão – realça, sobretudo, o valor do ser humano como pessoa, isto é como princípio autônomo e individual de consciência e responsabilidade, aberto à plenitude do ser e ultimamente orientado por Deus.
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HUMANISMO CRISTÃO
A nascente primitiva:
O ser humano que trata todos como pessoas;
O ser humano que conhece os outros pelo nome;
O ser humano que anuncia a libertação;
O ser humano que prega o amor.
A síntese filosófica:
Natureza do ser humano;
A perfeição da pessoa;
A pessoa como um valor absoluto
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Humanismo Renascentista – como transição aos humanismos modernos e contemporâneos
Ruptura com o pensamento medieval
Busca do antigo
Criação do novo
A valorização do ser humano
O renascimento das ciências
A ciência moderna
O questionamento da religião
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Humanismo Moderno – (Descartes, Kant e Hegel) faz da subjetividade do ser humano o ponto de partida e construção de toda a realidade.
Humanismos Contemporâneos – Cada um com uma concepção e reivindicações para o ser humano.
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3º. ÉTICO-SOCIOLÓGICO
É o que visa tornar-se realidade, costume e convivência social, ou seja, que enfatiza a praxe e a vida, e que entende que toda a concepção humanista deve ser traduzida e/ou acompanhada por uma ação correspondente, ação transformadora do mundo (não meramente especulativa ou contemplativa).
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Apesar de também não existir um ponto de vista comum sobre essa questão, é possível afirmar que a perspectiva mais geralmente aceita (por exemplo, por Santo Tomás de Aquino, Kant, Karl Marx, Max Scheler, etc.) é a que considera a doutrina que atribui ao ser humano e a sua realização na sociedade e na história, o valor de fim, de forma que tudo esteja subordinado ao ser humano, considerado individual e socialmente, e que o ser humano nunca seja considerado como meio ou instrumento para algo fora de si.
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EXEMPLOS
Humanismo Marxista
Humanismo Existencialista Cristão
Humanismo Existencialista Ateu
Humanismo Cristão
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Diante de tantos humanismos, tão diversos entre si, e até com perspectivas diametralmente opostas, fica o questionamento:
Como podem todas estas ideologias receber a denominação de humanismo?
Há realmente um denominador comum que as associe?
A resposta é sim.
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Filosoficamente, a partir de Jean-Paul Sartre, é humanista toda doutrina que atribui ao ser humano algo de característico, específico, próprio em relação aos outros seres do universo (sua natureza, dignidade, inteligência, amorosidade, liberdade, etc.).
Essa definição oferece um critério discriminativo entre doutrinas humanistas e anti-humanistas.

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