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Trabalho Forense - Impeachment

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O PROCESSO DE IMPEACHMENT 
Lucas Bay Tivo[1: Graduando em Administração e acadêmico do 1° ano de Direito da Faculdade Maringá.]
RESUMO: Recentemente ouvia-se a mídia falar sobre impeachment a todo instante, porém ao indagar algumas pessoas sobre o que é, nota-se que a maioria não sabe explicar, nem descrever o porquê ele ocorre e quais são de fato suas consequências. No contexto geral, o impeachment é o afastamento de um agente público por conta de crimes de responsabilidade que ele praticou, e tem como suas consequências o afastamento dele de seu cargo; e o impedimento para exercer cargo público por um período. Porém há uma série de leis e normas que regem esse processo e fazem ele acontecer.
Palavras chave: Impeachment, Lei, Constituição.
1 INTRODUÇÃO
Este ano de 2016 é um ano histórico para nosso país. Pela terceira vez na história vivencia-se um processo de impeachment. Observa-se pelas ruas várias pessoas comentando sobre o assunto, as que são contra, afirmam se tratar de um atentado à democracia, outras a favor, dizem que a nossa presidente cometeu alguns crimes e merece ser definitivamente afastada, nos noticiários não se fala em outra coisa. 
Os dois processos anteriores que foram iniciados, nunca chegaram a ser finalizados, julgados. Em 1953, quando Getúlio Vargas era presidente, ele foi acusado de favorecer um jornal, facilitando financiamentos em bancos públicos, a abertura do processo foi aceita pelo presidente do congresso nacional, porém na votação dos deputados para dar continuidade, a petição foi rejeitada. Em 1992, Fernando Collor de Mello acabou renunciando ao seu mandato após ser aprovada a abertura do processo contra ele.
Já nesse terceiro processo, como acompanha-se pelos meios de comunicação, o processo de impeachment contra a Senhora Dilma Vana Rousseff foi a julgamento, sendo presidido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal e julgado pelos 81 senadores, desses, 61 votaram favoráveis a perda de mandato, sendo esse o primeiro processo a ser finalizado na história do Brasil.
Mas afinal, o que é o processo de impeachment? Seria mesmo um golpe? É respaldado pela Constituição Brasileira? Lembre-se dessas perguntas, pois o conteúdo deste trabalho tem por objetivo esclarecê-las. 
2 CONCEITO DE IMPEACHMENT
Segundo Sérgio Resende de Barros, o impeachment é um processo fadado a investigar e punir condutas que são contrárias a ética e a lei. É aberto e julgado por um órgão legislativo, aplicado contra um agente público, e tem como objetivo, impedi-lo de continuar exercendo sua função pública, mediante a perda do cargo, e deixá-lo inabilitado para exercer qualquer outro cargo público por oito anos. Está previsto na Constituição Federal, e se dá quando o agente pratica crimes políticos ou de responsabilidade.[2: BARROS, S. R. Impeachment. Disponível em URL: <http://www.srbarros.com.br/pt/-i-impeachment--i-.cont>. Acesso em: 21/08/2016.]
 Para o ministro Paulo Brossard de Souza Pinto, que foi autor do livro O Impeachment: aspectos da responsabilidade política do presidente da república, o impeachment é uma norma que tem caráter político, é instituído e julgado segundo fatores de ordem política e tem por finalidade resultados políticos.[3: PINTO, P. B. S. O impeachment: aspectos da responsabilidade política do Presidente da República, 1992.]
Já Silva, conceitua a palavra impeachment como: 
Expressão inglesa, que se traduz impedimento, obstáculo, denúncia, acusação pública; indica o procedimento parlamentar, cuja finalidade é a de apurar a responsabilidade criminal de qualquer membro do governo instituído, aplicando-lhe a penalidade de destituição do cargo ou função (SILVA, 2009, p 706).[4: SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 28ª. Ed. Rio de Janeiro-RJ. Forense, 2009.]
Nota-se que apesar da conceituação dos autores possuírem aspectos diferentes, todos eles citam a existência de uma norma, uma lei, uma responsabilidade criminal, que respalda e dá embasamento para a abertura do processo de impeachment contra o agente público. Com isso pode-se afirmar antemão de ser político, o impeachment também se trata de um processo jurídico, pois em algum momento do mandato houve um crime, que é passível de julgamento e punição.
3 NATUREZA JURÍDICA
Como observa-se nos conceitos apresentados, para o impeachment realmente se consolidar, o agente público deverá ter praticado algum crime. A Constituição Federal (CF) apresenta em seu artigo abaixo o que são crimes de responsabilidade, no caso do (a) Presidente da República:
“Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. 
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. ”[5: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988]
A lei especial citada no Parágrafo único do artigo, é a Lei 1.079, de 10 de Abril de 1950, que cita como serão as normas do processo e do julgamento do (a) Presidente da República. Está lei ainda menciona todos os atos que se tornam crimes para os agentes públicos (Presidente da República, Ministros de Estado, Ministros do Supremo Tribunal Federal, Procurador Geral da República, Governadores e Secretários de Estado) nos exercícios de suas funções, que são passíveis da perda de cargo e inabilitação de exercer qualquer função pública. 
Com isso pode-se afirmar com clareza que o impeachment apesar de ser um processo político, como Brossard diz, também é um processo jurídico, pois é respaldado na Constituição e em Leis vigentes. Além disso, quem preside a apuração e julgamento dos crimes de responsabilidade é o Presidente do Supremo Tribunal Federal, órgão máximo do poder judiciário, como é mencionado no parágrafo único do Artigo 80 da Lei 1.079.[6: LEI N° 1.079, DE 10 DE ABRIL DE 1950]
4 NATUREZA POLÍTICA
Além da natureza jurídica que alguns autores defendem, o impeachment possuí caráter político, como Brossard diz, o processo surge por causas políticas, e seus objetivos são políticos, visto que é instaurado sob votação da Câmara dos Deputados, e o Senado o julga, onde a pena é somente o afastamento do cargo que o agente público ocupa. Somente após a condenação atribuída pelo Poder Legislativo, o processo passa para o Poder Judiciário julgar os crimes comuns.[7: PINTO, P. B. S. O impeachment: aspectos da responsabilidade política do Presidente da República, 1992.]
Cretella, que segue a teoria de que o impeachment se trata de um processo político com caráter administrativo, entende que se fosse um processo jurídico, o agente acusado pelos crimes de responsabilidade responderia duas ações diferentes, sendo uma pelo Legislativo e outra pelo Judiciário. Mas isso não ocorre, visto que se ele for absolvido pelo Senado, ele não poderá ser julgado pelo Judiciário.[8: CRETELLA JUNIOR. José. Do Impeachment. 1°. Ed. RT. São Paulo-SP. 1992.]
5 DO PEDIDO	
Conforme os Artigos 14, 41 e 75 da Lei 1.079 de 1950, é permitido a todo cidadão fazer a denúncia dos crimes de responsabilidade que os agentes públicos vierem praticar. Contudo, não é porque a denúncia foi feita que o processo de impeachment é instaurado. A mesma lei também traz como será realizado todos os trâmites para cada cargo, porém como nos outros tópicos cita-se o cargo de Presidente da República, explanar-se-á sobre ele.
Após a denúncia ser recebida, ela será lida na sessão seguinte e despachada por uma comissão eleita. A comissão deve se reunir dentro de 48 horas e eleger um presidente relator, que deverá emitir um parecer dentro de 10 dias. Esse parecerdeverá ser lido na sessão da Câmara dos Deputados juntamente com a denúncia. Após esse processo, é determinado um prazo, onde cinco representantes de cada partido poderão falar, durante uma hora, sobre o parecer, e o relator terá o direito de responder a cada um. Encerrada a discussão, ele é submetido a votação, se não for considerado é arquivado, se considerado, é remetido cópia ao denunciado, que terá o prazo de 20 dias para contestá-lo. Terminando esse prazo, a comissão especial realizara as sessões necessárias, onde poderão ouvir os denunciantes ou o denunciado, interrogar testemunha, estre outros. Terminando isso, a comissão proferirá no prazo de dez dias parecer sobre a procedência ou improcedência da denúncia.
Publicado e distribuído o parecer, ele é incluído na ordem do dia da sessão imediata, para ser submetido as duas discussões, que deverão ter o prazo de 48 horas entre uma e outra. Nessas discussões, que decide sobre a procedência ou improcedência da denúncia perante toda a Câmara dos Deputados, cada representante de partido poderá falar uma vez e durante uma hora. Encerrada a discussão, o parecer é submetido a votação nominal. Se a aprovação do parecer resultar a procedência da denúncia, é decretada a acusação pela Câmara, onde o denunciado será intimado imediatamente por meio do 1° Secretário. Ela elegera três membros para acompanhar o julgamento do acusado, que será enviado ao Supremo Tribunal Federal ou ao Senado Federal. A partir do decreto de acusação, é imediata a suspensão do exercício das funções do denunciado e metade do subsidio recebido, até a sentença final.[9: LEI N° 1.079, DE 10 DE ABRIL DE 1950]
6 DO JULGAMENTO
Após o pedido ser aceito, e a Câmara dos Deputados fazer todo os tramites que a Lei 1.079 exige, entregando o decreto de acusação ao Senado Federal, o senador Presidente em exercício, remeterá cópia de tudo ao Presidente da República, que será notificado a comparecer em dia prefixado perante ao Senado. Ao Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), é encaminhado o processo em original, com a comunicação do dia designado para o julgamento. 
No dia do julgamento, o acusado comparecerá por si ou pelos seus advogados, e poderá ainda oferecer novas provas para se defender. Quem abrirá o julgamento no Senado é o Presidente do STF, que mandara ler o processo e os artigos de defesa, em seguida ouvira as testemunhas, que deverão depor publicamente, uma por vez. Qualquer membro da comissão acusadora ou do Senado, o acusado e seus advogados, poderão requerer que se façam as testemunhas perguntas que julgarem necessárias, porém sem interrompê-las e confronta-las uma com as outras.
Em seguida, realizar-se-á um debate entre a comissão acusadora e o acusado ou seu representante, que não poderá exceder 2 horas. Findado os debates orais e retiradas a parte, abrir-se-á discussão sobre o objeto da acusação, encerrada a discussão, o Presidente do julgamento fara um relatório resumido da denúncia e das provas da acusação e da defesa e submeterá a votação nominal dos senadores o julgamento. 
Após os senadores votarem, se o julgamento for absolutório, o acusado retomará imediatamente o seu cargo com a retomada de todas suas funções. Se for ao contrário, segue o que a lei diz: 
“Art. 33. No caso de condenação, o Senado por iniciativa do presidente fixará o prazo de inabilitação do condenado para o exercício de qualquer função pública; e no caso de haver crime comum deliberará ainda sobre se o Presidente o deverá submeter à justiça ordinária, independentemente da ação de qualquer interessado.
Art. 34. Proferida a sentença condenatória, o acusado estará, ipso facto destituído do cargo.
Art. 35. A resolução do Senado constará de sentença que será lavrada, nos autos do processo, pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, assinada pelos senadores que funcionarem como juízes, transcrita na ata da sessão e, dentro desta, publicada no Diário Oficial e no Diário do Congresso Nacional.”[10: LEI N° 1.079, DE 10 DE ABRIL DE 1950]
Observa-se, que no recente processo ocorrido com a Ex-Presidente Dilma, o Artigo 33 da Lei 1.079, abriu uma brecha para o prazo de inabilitação da condenada para o exercício da função pública, diferentemente do que prevê a Constituição Federal no seu Artigo 52:
“Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. ”[11: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988]
Mesmo com os dizeres deste Artigo da Constituição, no dia 31/08/2016, a ex Presidente Dilma Vana Rouseff, apesar de perder seu mandato por conta dos crimes de responsabilidade que cometeu, por 61 votos favoráveis, a 20 contrários, ela não foi inabilitada para o exercício de função pública, pois a votação foi realizada em 2 partes, onde a primeira foi votada a perda definitiva do cargo público, e na segunda, a inabilitação para o exercício de função pública, que não foi aprovada, pois teve 42 senadores que votaram a favor da inabilitação e 36 contrários, mas era necessário 54 para que ela ficasse impedida de exercer qualquer cargo público. [12: http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/senado-aprova impeachment-dilma-perde-mandato-e-temer-assume.html – Acessado em 15/08/2016.]
Essa decisão dos senadores, de não inabilitar a Presidente para exercício da função pública, gerou muita polêmica entre juristas, e engendrou vários recursos para anulação da mesma, que se encontram no STF para serem julgados. Era esperado que muitas dúvidas e questionamentos iriam surgir sobre o impeachment, pois foi o primeiro processo que realmente foi julgado e teve o seu final na história do país.[13: http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/juristasquestionam-permissao-para-dilma-voltar-exercer-funcao-publica.html - Acessado em 15/08/2016.]
7 CONCLUSÃO
Com o discorrer dos assuntos supramencionados, pode-se concluir que o impeachment, na linguagem popular, é o processo em que o agente público é julgado por ter praticado alguns dos crimes de responsabilidade que a Lei 1.079 de 10 de abril de 1950 cita. Nesse processo, o acusado é absolvido ou declarado culpado, onde terá que arcar com a perda de seu mandato. O agente também teria que ser inabilitado para exercer cargo público durante 8 anos, porém não foi assim que se decidiu no recente processo que passamos, mas tal decisão está para ser analisada pelo STF se é anticonstitucional. 
Também fica subentendido que o impeachment não é um golpe, pois é respaldado pelo Artigo 52 da Constituição Federal, inciso I, II e seu Parágrafo único, e por uma Lei própria, que foi várias vezes citada neste. Pode-se considerar que além de político, o processo é jurídico, pois a lei 1.079, deverá ser seguida à risca, e ela cita como ele deverá ocorrer desde o início até o final.
8 REFERÊNCIAS
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
LEI N° 1.079, DE 10 DE ABRIL DE 1950
BARROS, S. R. Impeachment. Disponível em URL: <http://www.srbarros.com.br/pt/-i-impeachment--i-.cont>. Acesso em: 21/08/2016.
CRETELLA JUNIOR. José. Do Impeachment. 1°. Ed. RT. São Paulo-SP. 1992.
PINTO, P. B. S. O impeachment: aspectos da responsabilidade política do Presidente da República, 1992.
Senado aprova impeachment, Dilma perde mandato e Temer assume. Disponível em: <http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/senado-aprova-impeachment-dilma-perde-mandato-e-temer-assume.html> – Acessado em 15/08/2016.
Juristas questionam permissão para Dilma voltar a exercer função pública. Disponível em: <http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/juristas-questionam-permissao-para-dilma-voltar-exercer-funcao-publica.html>- Acessado em 15/08/2016.

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