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Atualidades 
Muitos candidatos desprezam a importância da disciplina de Atualidades nos Concursos Públicos. Por 
achar que estudar atualidades é ficar sabendo quais são os assuntos que mais estão sendo comentados 
nos noticiários, muita gente boa perde pontos essenciais na prova do Concurso. 
Se você despreza a disciplina de Atualidades está desconsiderando um fato importantíssimo: os assuntos 
de Atualidades estão presentes em todas as provas do seu concurso. É a única disciplina que tem 
essa característica. 
As provas de Concurso Público estão cada vez mais ligadas aos problemas da atualidade, exigindo do 
candidato não só saber o que está acontecendo no Brasil e no mundo, mas também se posicionar e propor 
soluções viáveis – principalmente em provas com redação. 
Não importa se o seu concurso é na área de Direito, Enfermagem, Educação, Bancário etc. Cobrar 
conhecimentos atuais tem sido uma das formas mais utilizadas de filtragem da concorrência nos principais 
Concursos. 
Quando você está estudando para Concurso, economizar tempo é uma prioridade. No caso do estudo de 
Atualidades, não dá para imaginar o tempo que você consumiria para saber detalhadamente sobre cada 
um dos assuntos que podem cair na prova. 
A dica é: procure pessoas que já fizeram isso por você, e vão lhe apresentar cada tema em seus aspectos 
essenciais, com um posicionamento definido, facilitando o seu entendimento. 
Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes – Issac Newton 
Procure colunistas de jornais e revistas, blogueiros e vlogueiros especialistas nos assuntos do seu 
interesse. Acompanhá-los garante que você não precise se dedicar a ler dezenas de matérias apenas 
informativas sobre um assunto. 
Fatos Póliticos 
De impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff à crise política no Senado e no STF. 
O ano de 2016 foi marcado pela crise política nos poderes Executivo e Legislativo, mas quem esperava 
que o Supremo Tribunal Federal (STF) teria papel secundário na vida política do país, já que as atenções 
estavam voltadas para o outro lado da Praça dos Três Poderes, se enganou. 
No últimos 12 meses, a Suprema Corte brasileira foi chamada a garantir a governabilidade do país, mas 
trouxe para dentro do tribunal a instabilidade dos outros Poderes. O STF teve que tomar decisões que 
interferiram no cenário político conturbado. 
Rito do impeachment 
Em março, em uma das primeiras decisões polêmicas do ano, a Corte se reuniu para decidir a validade do 
rito do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Por 9 votos a 2, a Corte validou sua 
própria decisão que havia definido as regras de tramitação e abriu caminho para a aprovação do processo 
na Câmara dos Deputados. Como determina a Constituição, foi o então presidente do Supremo, Ricardo 
Lewandowski, quem conduziu a votação final do impeachment. 
Lula ministro 
Dias depois, uma decisão do ministro Gilmar Mendes aumentou ainda mais a temperatura política em 
Brasília. Mendes decidiu suspender a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cargo de 
ministro-chefe da Casa Civil de Dilma. 
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O ministro atendeu a um pedido liminar do PPS e do PSDB, em uma das 13 ações que chegaram ao 
Supremo questionando a posse de Lula. Na época, em seu despacho, Mendes disse que a nomeação do 
ex-presidente para o cargo de ministro teve o objetivo de retirar a competência do juiz Sérgio Moro para 
investigá-lo na Operação Lava jato. 
Eduardo Cunha tem mandato suspenso 
Em maio, o Supremo voltou aos holofotes da imprensa nacional ao referendar a decisão liminar do ministro 
Teori Zavascki, que determinou a suspensão do mandato do ex-deputado Eduardo Cunha, réu na Lava 
Jato, que viria a ser cassado posteriormente pela Casa. Durante o julgamento, o Supremo entendeu que 
Cunha usava o mandato para “promover interesses espúrios”. 
Posse de Cármen Lúcia 
Em setembro, chegou um dos momentos mais esperados na Corte, a posse da ministra Cármen Lúcia na 
presidência da Casa para um mandato de dois anos. Adepta de hábitos simples, como dispensar carro 
oficial para ir ao tribunal, a ministra surpreendeu a todos na abertura da sessão de posse. Ela quebrou o 
protocolo e começou seu discurso dirigindo-se aos cidadãos brasileiros, a quem chamou de “autoridade 
suprema sobre todos nós, servidores públicos”. Logo após assumir, Cármen Lúcia deu novo ritmo ao 
plenário do Supremo, que passou a julgar questões pendentes por grupo de processos. 
Prisão após segunda instância 
Numa das decisões mais aplaudidas pela população e recebida de forma cética por profissionais do direito, 
a Corte decidiu autorizar a prisão de condenados criminalmente pela segunda instância da Justiça. A 
questão precisou ser julgada duas vezes e somente em outubro veio a decisão definitiva. Por maioria de 
votos, o plenário da Corte rejeitou as ações protocoladas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e 
pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) para que as prisões ocorressem apenas após o fim de todos os 
recursos, o trânsito em julgado. 
Desaposentação 
A Corte também foi palco de decisões impopulares em 2016, a principal delas sobre a proibição da 
desaposentação. Em outubro, por 7 votos a 4, os ministros consideraram a desaposentação 
inconstitucional por não estar prevista na legislação previdenciária. A decisão surpreendeu quem havia 
ganhado na Justiça o direito de revisar o benefício da aposentadoria por ter voltado a contribuir com a 
Previdência Social. 
Renan Calheiros 
No dia 5 dezembro, uma segunda-feira, dia em que o Congresso costuma estar vazio, uma decisão do 
ministro Marco Aurélio surpreendeu a capital federal. Atendendo a um pedido do partido Rede 
Sustentabilidade, o ministro determinou o afastamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-
AL), do cargo. Para a legenda, o senador não poderia continuar no cargo por ter se tornado réu na semana 
anterior pelo crime de peculato. 
Mais surpreendente do que a decisão do ministro, foi a recusa do presidente do Senado de ser notificado. 
Enquanto um oficial de Justiça aguardava, por dois dias, cumprir o mandado de intimação, a Mesa Diretora 
enviou documento ao STF para informar que aguardaria uma decisão do planário para ratificar a decisão 
de Marco Aurélio. 
A solução encontrada para não piorar a crise instalada entre o Supremo e o Legislativo foi derrubar a 
decisão liminar do relator e apenas criticar o descumprimento da decisão, sem citar o nome de Renan. 
Dez medidas contra a corrupção 
Uma semana depois do caso envolvendo o presidente do Senado, quando a crise parecia arrefecida, mais 
uma decisão individual abalou o relacionamento entre o Supremo e o Congresso. O ministro Luiz Fux 
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suspendeu a tramitação do projeto de lei sobre as “Dez Medidas contra a Corrupção”, texto que teve 
tramitação polêmica dentro da Câmara dos Deputados antes de seguir para o Senado. O texto recebeu 
críticas por ter sido desconfigurado pelos deputados, que fizeram emendas para estipular que juízes e 
procuradores respondam por crime de responsabilidade por suas decisões. Mais uma vez, houve reação 
da Câmara dos Deputados. O presidente, Rodrigo Maia, disse que o despacho era interferência nos 
trabalhos da Casa. 
Odebrecht 
Os trabalhos de 2016 terminaram no Supremo, com o recebimento das 77 delações de executivos da 
empreiteira Odebrecht na Operação Lava Jato. No dia 19 de dezembro, após a última sessão do ano, o 
ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato, concedeu uma rara entrevista aos jornalistas. 
Ao comentar o recebimento dos documentos, Zavascki disse que ele e sua equipe vão trabalhar durante o 
mês de janeiro para analisar o material e ter condições de homologá-lo até a volta dos trabalhos em 
fevereiro. 
Fonte: Exame.com 
Processo de Impeachment de Dilma Rousseff 
O impeachment de Dilma Rousseffconsistiu em uma questão processual aberta com vistas ao 
impedimento da continuidade do mandato de Dilma Rousseff como presidente da República Federativa do 
Brasil.[1] O processo iniciou-se com a aceitação, em 2 de dezembro de 2015, pelo presidente da Câmara 
dos Deputados, Eduardo Cunha, de denúncia por crime de responsabilidade oferecida pelo procurador de 
justiça aposentado Hélio Bicudo e pelos advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal,[2][3] e se 
encerrou no dia 31 de agosto de 2016, resultando na cassação do mandato de Dilma. Assim, Dilma 
Rousseff tornou-se a segunda pessoa a exercer o cargo de Presidente da República a 
sofrer impeachment no Brasil, sendo Fernando Collor o primeiro em 1992. 
As acusações versaram sobre desrespeito à lei orçamentária e à lei de improbidade administrativa por 
parte da presidente, além de lançarem suspeitas de envolvimento da mesma em atos 
de corrupção na Petrobras, que eram objeto de investigação pela Polícia Federal, no âmbito da Operação 
Lava Jato.[4] Havia, no entanto, juristas que contestavam a denúncia dos três advogados, afirmando que as 
chamadas "pedaladas fiscais" não caracterizaram improbidade administrativa e que não existia qualquer 
prova de envolvimento da presidente em crime doloso que pudesse justificar o impeachment.[5][6][7][8][9] 
A partir da aceitação do pedido, formou-se uma comissão especial na Câmara dos Deputados, a fim de 
decidir sobre a sua admissibilidade. O roteiro começou com os depoimentos dos autores do pedido e teve 
seguimento com a apresentação da defesa de Dilma. Enquanto isso, manifestações de rua a favor e contra 
o impedimento ocorriam periodicamente em todo o país.[10][11] 
O relatório da comissão foi favorável ao impedimento da presidente Dilma: 38 deputados aprovaram o 
relatório e 27 se manifestaram contrários.[12] Em 17 de abril, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou 
o relatório com 367 votos favoráveis e 137 contrários. O parecer da Câmara foi imediatamente enviado 
ao Senado, que também formou a sua comissão especial de admissibilidade, cujo relatório foi aprovado por 
15 votos favoráveis e 5 contrários.[13] Em 12 de maio o Senado aprovou por 55 votos a 22 a abertura do 
processo, afastando Dilma da presidência até que o processo fosse concluído. Neste momento, o vice-
presidente Michel Temer assumiu interinamente o cargo de presidente. [14] Em 31 de agosto de 2016, Dilma 
Rousseff perdeu o cargo de Presidente da República após três meses de tramitação do processo iniciado 
no Senado, que culminou com uma votação em plenário resultando em 61 votos a favor e 20 contra o 
impedimento.[15] 
A presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer foram reeleitos, no segundo turno da eleição 
de 2014, com 51,64% dos votos válidos, sendo esta a eleição presidencial mais acirrada da história do 
país.[16] Após ter sido empossada em 1º de janeiro de 2015,[17] Dilma iniciou seu segundo mandato 
enfraquecida, graças principalmente à crise econômica e a política, o que a levou a atingir 9% de 
aprovação em uma pesquisa do Ibope realizada em julho daquele ano, o mais baixo índice de aprovação 
para um Presidente da República.[18][19] Além disso, segundo pesquisas conduzidas por institutos 
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independentes, a maioria da população apoiava a abertura do processo ou até mesmo o impedimento da 
presidente. Desde 15 de março de 2015, diversos protestos contra o Governo Dilma Rousseff reuniam 
centenas de milhares de pessoas em todo o país para pedir, entre outras demandas, o impeachment ou a 
renúncia da presidente.[20] 
Contudo, a complexidade política do processo ia além da violação da lei orçamentária. O Presidente da 
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, era investigado na Operação Lava Jato, sob denúncias de ter 
recebido propinas da Petrobras e de manter contas secretas na Suíça. Consequentemente, Cunha corria o 
risco de perder o seu mandato, pois o Conselho de Ética da Câmara movia um processo contra ele. 
Surgiram boatos sobre tentativas de acordo entre o deputado e os petistas, a fim de encerrar esse 
processo, os quais ele desmentia vigorosamente. Quando os petistas anunciaram o seu apoio à perda do 
mandato de Cunha no Conselho de Ética, ele teria aceitado o pedido de impeachment como instrumento de 
chantagem.[21] 
Por sua vez, Dilma negou tentativas de acordo para salvar Cunha e se livrar do impeachment, assim como 
acordos para interferir no Conselho de Ética em troca da aprovação da volta da CPMF, que era outra 
grande necessidade do governo. Nas palavras dela, em entrevista coletiva no mesmo dia da aceitação do 
pedido: "Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que 
atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país, bloqueiam a Justiça ou 
ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública".[22] 
Após o pronunciamento da presidente, Cunha afirmou que ela mentiu à nação quando disse que não 
participaria de qualquer barganha e que o governo tinha muito que explicar à sociedade. O deputado 
reiterou que não tinha conhecimento de negociações, que não atendeu o telefonema do ministro Jaques 
Wagner (que seria o intermediário), que seus aliados não estavam negociando a salvação de seu mandato 
e que se recusou a aceitar a proposta do governo quando teve conhecimento desta. Declarando-se 
adversário do Partido dos Trabalhadores, ele disse que preferia não ter os três votos do partido no 
Conselho de Ética.[23] 
Pedaladas fiscais e corrupção na Petrobras 
As pedaladas fiscais são um termo usado pela mídia para descrever uma manobra contábil do governo 
federal, que serviu para passar a impressão de que ele arrecadava mais do que gastava, enquanto a 
realidade era exatamente o contrário.[24][25][26] O governo não estava pagando os bancos públicos e privados 
que financiavam programas sociais como o Bolsa Família.[27] Então, para que os beneficiários não 
deixassem de receber, os bancos arcavam com as despesas sozinhos, sem receberem a compensação 
governamental.[28] Entretanto, o Tribunal de Contas da União, em decisão unânime, considerou essa 
operação um empréstimo dos bancos, não pago pelo governo, e que feria a Lei de Responsabilidade 
Fiscal.[29][30][31] Embora o TCU seja um órgão auxiliar do Legislativo e não tenha poderes para condenar o 
chefe do Executivo, ele oferece um parecer prévio, que pode ou não ser acatado pelo Congresso Nacional, 
abrindo até mesmo a possibilidade de um processo de impedimento da Presidente da República.[32][33] 
Havia também o esquema de corrupção na Petrobras. Era uma operação ilegal, com desvio de dinheiro da 
estatal para empresas e políticos, funcionando como um esquema de propinas[34] e também como um 
provável abastecimento de campanhas da presidente Dilma.[35][36][37] No total, foram acusados cinquenta 
políticos de seis partidos e dez empresas, das quais a mais importante foi a Odebrecht. O juiz federal da 
13ª Vara Federal de Curitiba — onde a operação teve início — Sérgio Moro, especialista em crimes 
financeiros, ficou responsável pelos processos que não envolveram políticos, pois estes possuem foro 
especial por prerrogativa de função e devem ser investigados no Supremo Tribunal Federal (STF).[38][39] A 
investigação ficou conhecida como Operação Lava Jato e contou com várias delações premiadas para 
chegar a nomes como Eduardo Cunha.[40] Contudo, a presidente Dilma Rousseff não era alvo de 
acusações formais nessa operação.[41] 
Processo na Câmara dos Deputados 
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Aceitação do Pedido 
 
Eduardo Cunha declara que aceitou a abertura do processo, em 2 de dezembro de 2015. 
Até setembro de 2015, houve 37 pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados contra 
Dilma Rousseff, mas o presidente da Casa acolheu apenas o pedido redigido por Hélio Bicudo e pelos 
advogados Miguel Reale Júnior e Janaina ConceiçãoPaschoal.[42][43] Os movimentos sociais pró-
impeachment decidiram aderir ao requerimento de Bicudo,[44]que contou também com o apoio de 
parlamentares e da sociedade civil, a qual organizou um abaixo-assinado em apoio ao impeachment da 
Presidente da República.[45] 
Os advogados tentaram, no documento apresentado à Câmara, associar Dilma à Operação Lava Jato, à 
omissão em casos de corrupção, à investigação de tráfico de influência contra o ex-presidente Luís Inácio 
Lula da Silva e às pedaladas fiscais.[46][47] Além disso, contribuíram para sustentar o pedido os seis decretos 
assinados pela presidente no exercício financeiro de 2015, em desacordo com a lei de diretrizes 
orçamentárias, e que foram publicados sem a autorização do Congresso Nacional.[48] 
Para justificar a sua decisão, Cunha declarou que proferiu a mesma com o acolhimento da denúncia dos 
juristas e que o pedido de impedimento assim aberto acusava a edição de decretos editados em 
descumprimento com a lei. Consequentemente, mesmo a votação do PLN 5 não supriria essa 
irregularidade.[49] Em resposta à abertura do processo, Dilma afirmou que os argumentos apresentados 
pelos juristas eram inconsistentes e improcedentes e que ela não havia praticado nenhum ato ilícito.[22][50][51] 
Argumentos do pedido 
Petrobras e Pasadena 
O jurista Miguel Reale Jr. e a filha de Hélio Bicudo, Maria Bicudo, entregam a Cunha o pedido 
de impeachment da presidente Dilma. 
Para os juristas autores do pedido aceito, Dilma não agiu como deveria para punir as irregularidades que 
existiam na Petrobras. Eles disseram textualmente que a presidente agiu como se nada soubesse, como se 
nada tivesse ocorrido, mantendo seus assistentes intocáveis e operantes na máquina de poder instituída, à 
revelia da lei e da Constituição. Segundo o texto do pedido, houve uma maquiagem deliberadamente 
orientada a passar para a nação a sensação de que o Brasil estaria economicamente saudável.[52][53] 
Assim, conforme o documento, durante todo o processo eleitoral de 2014, Dilma negou que a situação da 
Petrobras, tanto do ponto de vista moral quanto do econômico, era muito grave.[47][53] Ainda nas palavras 
dos autores, a máscara da competência fora primeiramente arranhada no episódio envolvendo a compra 
da refinaria em Pasadena pela estatal. Os juristas declararam que Dilma era presidente do Conselho da 
Estatal e deu como desculpa um equívoco relativo a uma cláusula contratual.[54][55][56] 
Segundo o documento, a presidente foi omissa em relação à compra da refinaria de Pasadena. Ou seja, 
eles asseguraram que, ainda que a presidente não estivesse ativamente envolvida nessa situação, restaria 
sua responsabilidade omissiva. Conforme os juristas, a presidente sabia de todos os fatos e era 
diretamente responsável pela corrupção que ocorreu na empresa pública. Dessa forma, na tese deles, a 
responsabilidade da denunciada quanto à corrupção sistêmica de seu governo era inegável.[57][58] 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Entrevistas_Diversas_(23181337800).jpg
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Os autores citaram ainda a corrupção desvendada pela Operação Lava Jato e sustentaram no documento 
que a ação da Polícia Federal realizou uma devassa em todos os negócios feitos pela Petrobras, 
constatando, a partir de colaborações premiadas intentadas por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, 
que as obras e realizações anunciadas como grandes conquistas do Governo Dilma eram na verdade um 
meio para sangrar a estatal, que, no momento, encontrava-se descapitalizada e desacreditada.[59][60] 
Dilma alegou que defendia as investigações da Operação Lava Jato e a punição exemplar dos envolvidos 
cuja culpa fosse comprovada. Ela disse que não se pode condenar a empresa Petrobras, mas sim as 
pessoas envolvidas, tanto os corruptos quanto os corruptores. E acrescentou que a questão da Petrobras 
era simbólica para o Brasil, uma vez que era a primeira investigação efetiva sobre a corrupção no país que 
envolvia segmentos privados e públicos.[61] 
Decretos sem autorização 
Segundo o pedido, Dilma fez , nos anos de 2014 e 2015, uma série de decretos que resultaram na 
abertura de créditos suplementares, de valores muito elevados, sem a autorização do Congresso Nacional, 
na ordem de R$ 18,4 bilhões.[62][63][64] Segundo os autores, Dilma tinha conhecimento de que a meta 
de superavit primário prevista na lei de diretrizes orçamentárias não estava sendo cumprida desde 2014, 
pois foi o próprio governo quem apresentou o projeto de lei pedindo a revisão da meta, uma confissão, do 
ponto de vista deles, de que a meta não estava e não seria cumprida. Mas, mesmo assim, expediu os 
decretos sem a autorização prévia do Legislativo.[65][66][67] 
Então, conforme o texto do pedido, era clara a realização de crime de responsabilidade no caso em vista, 
diante da literalidade dos artigos supracitados, pois houve uma efetiva realização de abertura e operação 
de crédito, além de contração de empréstimo sem a observância da lei.[68][69][70] O documento alegava que, 
além do fato ocorrido no ano de 2014, a mesma conduta da denunciada foi praticada no ano de 2015. 
Segundo os juristas, os decretos de 2015 exibiam um superavit artificial, pois já se sabia que a lei de 
diretrizes orçamentárias não seria cumprida. Naquele contexto, houve uma revisão da meta fiscal por 
projeto de lei. A conclusão dos juristas foi que, sendo idênticas as condutas nos anos de 2014 e 2015, era 
inegável que a infringência às leis orçamentárias era patente, contumaz e reiterada.[57][71][72] 
Pedaladas fiscais 
O pedido também citou as chamadas pedaladas fiscais, as quais permitiram que o Governo Dilma inflasse 
artificialmente os seus resultados e melhorasse o superavit primário em determinados períodos. Segundo 
os juristas, as "pedaladas" caracterizaram crime de responsabilidade e se serviram da premissa política de 
que os fins justificam os meios, pois o objetivo único e exclusivo das "pedaladas" era forjar uma situação 
fiscal do país que inexistia, sem o temor de afrontar a lei para chegar ao resultado esperado.[73][74][75] 
Conforme os juristas, os empréstimos foram concedidos em afronta ao artigo 36 da LRF, que proíbe a 
tomada de empréstimo pela União de entidade do sistema financeiro por ela controlada. No documento, 
eles sustentaram que caberia institucionalmente à presidente agir para que essa ilegalidade fosse cessada, 
o que não fez, apesar de ser alertada por várias autoridades sobre os riscos.[76][77][78] Além disso, eles 
argumentaram que a presidente é economista e, durante o pleito eleitoral, assegurou que tais contas 
estavam hígidas. Assim, a situação restaria ainda mais grave quando se constatava que todo esse 
expediente fora intensificado durante o ano eleitoral, com o fim deliberado de iludir o eleitorado.[79][80][81] 
Segundo uma matéria do jornal Valor Econômico, os técnicos do Tesouro Nacional apresentaram um 
relatório em 2013, no qual alertaram o governo sobre os riscos das "pedaladas fiscais" e recomendaram 
interrompê-las imediatamente. Os técnicos avisaram que, por causa das "pedaladas", o Tesouro estaria 
com uma dívida de R$ 41 bilhões com bancos públicos no final de 2015, e que a "contabilidade criativa" 
afeta a credibilidade da política fiscal.[82][83][84] 
Em sua defesa no TCU, o governo federal reconheceu que os atrasos nos repasses aconteceram nos 
últimos anos, mas acrescentou que se tratava de uma prática antiga, registrada também no Governo FHC, 
e defendeu que as "pedaladas fiscais" não eram operações de crédito.[85][86][87] Porém, o TCU decidiu por 
unanimidade negar o recurso do governo e reiterou que as "pedaladas" eram uma infração grave à LRF, 
tendo ocasionado o desequilíbrio das contas públicas em cerca de R$ 40 bilhões em 2014.[88][89] 
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O governo também alegou que as "pedaladas fiscais" foram feitas para pagar programas sociais. Segundo 
a presidente, uma dasrazões para o julgamento a que ela estava submetida era a presunção de que o 
governo não deveria ter gastado da forma como gastou para fazer o Minha Casa, Minha Vida. Portanto, as 
"pedaladas" não representavam qualquer desvio de dinheiro. Dilma completou assegurando que não havia 
nenhum delito e nenhum crime apontado contra o governo.[90][91][92]Todavia, a ONG Contas Abertas divulgou 
que a maior parcela dos recursos oriundos das manobras foi destinada ao pagamento de subsídios para 
empresas.[90][93]Ademais, o governo elaborou cortes bilionários no orçamento de 2015, no qual os 
programas sociais foram duramente atingidos.[94][95] 
Em 14 de julho de 2016, o Ministério Público Federal concluiu que as "pedaladas fiscais" não 
configuraram crimes comuns, inclusive as que embasavam o processo de impeachment. Em parecer 
enviado à Justiça, o Procurador Ivan Cláudio Marx pediu o arquivamento da investigação aberta para 
apurar uma possível infração penal de autoridades do governo Dilma. Ele concluiu, no entanto, que as 
manobras visaram a maquiar as contas públicas, principalmente no ano eleitoral de 2014, 
havendo improbidade administrativa, ou seja, um delito civil e também um crime de responsabilidade. No 
despacho, ele concluiu que houve inadimplência contratual, ou seja, o governo não fez os pagamentos nas 
datas pactuadas, descumprindo os contratos com os bancos. Marx pontuou que, em alguns casos, os 
atrasos nos repasses tinham previsão legal e as autoridades não tinham a intenção de fazer empréstimos 
ilegais.[96] 
Litígios no início do rito 
O processo de destituição de Dilma teve início com a formação de uma comissão especial composta por 65 
deputados, com representantes de todos os partidos, a qual deveria avaliar a adequação do pedido e a 
eventual remessa do processo ao plenário da Câmara dos Deputados.[97][98] Depois da criação da comissão 
e de o pedido de impeachment ter sido lido em sessão da Câmara, a presidente foi notificada e passou a 
ter dez sessões para apresentar a sua defesa.[99] Se a comissão emitisse parecer favorável 
ao impeachment, haveria a continuação do processo com uma votação, que exigiria o apoio de dois terços 
dos deputados federais (342) para o afastamento temporário de Dilma, seguindo-se a posse do vice-
presidente Michel Temer como presidente interino, por um período de até 180 dias.[100]Com a aprovação na 
Câmara dos Deputados, um segundo processo seria instaurado no Senado. [101] 
Primeira comissão especial 
Eduardo Cunha fechou um acordo com os líderes partidários, no dia 3 de dezembro, para que todos os 
partidos tivessem representação na comissão especial da Câmara. Após a indicação dos nomes, a 
comissão seria instaurada em sessão extraordinária e escolheria, por voto secreto, o presidente e o relator 
do processo. Eduardo Cunha acabou adiando em um dia a indicação dos nomes porque a oposição e a ala 
contrária ao governo do PMDB, insatisfeitas com a chapa anterior, que era contrária ao impeachment, 
lançaram uma chapa "alternativa", favorável ao impedimento da presidente.[102][103][104] 
A chapa alternativa foi eleita na noite do dia 8, sendo composta por muitos deputados notoriamente 
contrários a Dilma. A votação foi tumultuada, em que deputados governistas, inconformados com o voto 
secreto e com a própria chapa alternativa, pediram o microfone para questionar a legalidade do 
procedimento. Mas Cunha os ignorou e cortou o som. A reação dos governistas foi tentar quebrar as urnas 
eletrônicas, entrando em confronto com a polícia legislativa da Câmara.[105] 
Suspensão do processo 
Em 8 de dezembro, o ministro Luiz Edson Fachin, do STF, suspendeu todo o processo de impedimento a 
fim de evitar que futuramente novos atos e prazos fossem alvos de questionamentos. Assim, todo o rito 
ficou paralisado até que houvesse uma decisão do Supremo.[106] A causa da suspensão foi um 
requerimento de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental encaminhado pelo PCdoB, 
segundo o qual a nomeação dos membros da comissão alternativa fora irregular, dado que os deputados 
concorreram às vagas sem a indicação dos líderes de seus partidos. Além disso, a ADPF questionava a 
votação secreta para a escolha da chapa e a divisão da comissão por blocos, e não por partidos. Fachin 
concluiu que a votação secreta não estava prevista no regimento interno da Câmara e na Constituição.[107] 
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Um dia depois, em 9 de dezembro, Fachin afirmou que iria "propor um rito que vai do começo ao final do 
julgamento do Senado (...)".[108][109] Isso causou discussões, pois Fachin era alvo de polêmicas levantadas 
pela oposição, que o considerava "progressista" por ser ligado a movimentos sociais. Além disso, ele 
também era alvo de suspeição por ter declarado seu voto em Dilma nas eleições de 2014.[110] Porém, ele 
surpreendeu na seção de 16 de dezembro, votando favoravelmente, por exemplo, ao afastamento da 
presidente do cargo por até 180 dias, caso a Câmara decidisse pela abertura do processo, para então ser 
julgada pelo Senado.[111] 
Pedido de anulação 
No dia 11 de dezembro, Dilma enviou um documento ao STF solicitando a anulação do pedido aceito por 
Cunha e da votação que elegeu os membros da comissão. Era um texto de 23 páginas, que apresentava a 
defesa do governo na ação movida pelo PCdoB com o objetivo de questionar diversos pontos da lei que 
regula o impedimento por crimes de responsabilidade.[107] A presidente também alegou que a Câmara seria 
responsável apenas pela autorização do processo, que seria realmente aberto no Senado. Assim, se 
acatado pela Corte, seria aberta a possibilidade de os senadores não instaurassem o processo mesmo 
autorizados pela Câmara.[112] 
Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República, foi autor de um parecer semelhante. Ele era contra a defesa 
prévia da presidente, em relação ao acolhimento do pedido, sustentando que essa defesa não estava 
prevista na lei do impedimento. Janot também acreditava que a presidente teria o direito de se defender em 
qualquer fase do processo, até mesmo quanto à aceitação do pedido. Além disso, Janot colocou Cunha 
sob suspeição, acusando-o de falta de imparcialidade no processo de impedimento, pois era alvo de pedido 
de cassação do mandato na Câmara. E reforçou a tese de que somente o Senado poderia abrir o 
processo.[113] 
Defesa da legalidade do processo no STF 
Sessão do STF que julgou o rito do processo de impeachment, em 16 de dezembro de 2015. 
No dia 15, deputados da oposição entregaram a Fachin um documento no qual defendiam a legalidade do 
rito adotado na Câmara.[112][114] Na sessão de 16 de dezembro, Fachin julgou improcedente o pedido 
cautelar de incidência de suspeição sobre Cunha, que era um dos pontos principais da ação movida pelo 
PCdoB, dando parcial procedência aos pedidos cautelares requeridos.[107] A ação sustentava que Cunha 
não tinha a imparcialidade necessária para conduzir o processo, mas Fachin entendeu que as regras que 
determinam o impedimento de juízes em processos do Judiciário não se aplicam ao processo de 
impedimento. 
O ministro também decidiu que não cabia à presidente fazer uma defesa prévia ao ato de acolhimento do 
pedido de impedimento por Cunha, acrescentando que ela teria direito de defesa antes do parecer da 
comissão especial.[115] Ele considerou válida a sessão que elegeu, por voto secreto, a chapa da oposição 
que ocuparia a maioria das vagas da comissão especial da Câmara e votou pelo afastamento de Dilma por 
até 180 dias, caso a Câmara decidisse pela abertura do processo e encaminhamento ao Senado.[111][116] 
Em 17 de dezembro, o STF decidiu por maioria a favor da possibilidade de o Senado recusar a abertura de 
um processo de impeachment mesmo após a Câmara autorizar a instauração daquele. Os ministros 
também decidiram anular a eleição da chapa alternativa. Eles usaram como argumento a impossibilidade 
de haver candidatura avulsa para o colegiado, aceitando somente indicações delíderes partidários ou de 
blocos. E ainda votaram contra a necessidade de defesa prévia ao acolhimento do pedido de impedimento 
na Câmara, seguindo o voto de Fachin, e a favor do voto aberto na formação da comissão especial.[117][118] 
Decisão final do STF sobre o rito 
Os especialistas do Congresso consideravam a intervenção do STF mais política do que regimental. 
Enquanto isso, as prioridades do Congresso para fevereiro de 2016 eram a lei antiterrorismo, considerada 
fundamental para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, várias medidas provisórias e o ajuste 
fiscal.[119][120] Em relação ao processo que Cunha enfrentava no Conselho de Ética, ele havia acionado a 
Comissão de Constituição e Justiça para tentar anular a decisão do colegiado, aceitando o relatório do 
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novo relator e recusando dar vista aos deputados que apoiavam Cunha. Assim, o processo no Conselho de 
Ética, que estava inclinado a aceitar o recurso de Cunha, seria zerado.[121] 
Em 1º de fevereiro, a Câmara enviou ao Supremo os embargos de declaração que questionavam as 
decisões tomadas pela Corte em 2015. Entre as dúvidas levantadas, estavam: a chapa avulsa na 
composição da comissão especial; a obrigatoriedade de os membros poderem somente ser indicados pelos 
líderes partidários; o poder dado ao Senado de encerrar o processo já autorizado pela Câmara; a 
possibilidade de Cunha indicar membros para a comissão especial na eventualidade de os nomes da 
chapa única indicada pelos líderes não serem aprovados pelo plenário; a forma da escolha do presidente e 
do relator da comissão especial, por votação secreta; e a possibilidade de Cunha indicar deputados para 
esses cargos em caso de também ser proibida a disputa de vários deputados para os mesmos.[122][123] 
O STF apresentou um texto de acórdão em 7 de março. Não houve grandes alterações em relação ao que 
fora decidido anteriormente sobre o rito. O acórdão constava do resumo das decisões dos ministros, dos 
votos de cada um deles e dos debates sobre o tema ocorridos nas duas sessões. Contudo, a Câmara 
reapresentou os seus questionamentos e solicitou a revisão da decisão do STF que anulou o rito do 
processo de impeachment. A Câmara alegou que os ministros do Supremo interpretaram de forma 
equivocada as normas internas da casa parlamentar. A expectativa era que o STF se retratasse e 
permitisse que a comissão especial formada por deputados fosse eleita em votação secreta e, ainda, com a 
participação de chapas avulsas. A partir da decisão final, Cunha daria continuidade ao rito com a instalação 
da comissão especial.[122][123] 
Em 16 de março, a maioria dos ministros do Supremo votou pela manutenção da decisão anterior que 
mudava o rito do processo. As consequências seriam: a impossibilidade de chapas ou candidaturas 
avulsas; a votação aberta para a escolha dos membros da comissão, com a opção de cada deputado votar 
pela aprovação ou rejeição da comissão formada por indicação dos líderes; e a permissão de o Senado 
não instaurar um processo próprio, mesmo com a decisão da Câmara a favor da abertura. Dessa forma, o 
STF respondeu aos embargos de declaração da Câmara. O relatório dos ministros destravou o processo, 
que estava parado desde dezembro de 2015, e aumentou as chances de impeachment de Dilma, o que era 
o objetivo de Cunha segundo os especialistas.[124][125] 
Comissão especial definitiva 
Eleição e plano de trabalho 
 
 
 
Rogério 
Rosso (PSD-DF), ex-
governador, foi eleito 
presidente da 
comissão. 
 
Jovair Arantes (PTB-
GO), foi escolhido 
para a relatoria. 
Rosso e Arantes são 
aliados de Cunha. 
 
Em 17 de março, a Câmara finalmente elegeu, por votação aberta, os 65 integrantes da comissão especial. 
Houve 433 votos a favor e apenas um contrário. Os partidos predominantes eram o PT e o PMDB, cada um 
com oito membros. O PSDB tinha seis membros. As demais 43 vagas foram preenchidas por outros 21 
partidos. Em uma outra sessão, Rogério Rosso, líder do PSD e aliado de Cunha, foi eleito presidente da 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rog%C3%A9rio_Rosso_em_28_de_mar%C3%A7o_de_2016.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Jovair_Arantes_em_28_de_mar%C3%A7o_de_2016.jpg
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comissão, enquanto Jovair Arantes, líder do PTB e também aliado de Cunha, foi nomeado relator do 
processo. Cunha acreditava em um prazo de 45 dias para a conclusão dessa parte do processo, mas tal 
prazo dependia de sessões de segunda a sexta e quóruns de 51 deputados pelo menos.[126][127] 
Em 21 de março, o relator do processo apresentou o plano de trabalho da comissão em breve documento. 
Ele disse que pretendia realizar reuniões internas para convidar os denunciantes. Ele também pretendia 
ouvir membros do TCU. O principal técnico convidado seria Júlio Marcelo de Oliveira, responsável por 
recomendar a rejeição das contas da presidente. Entretanto, Jovair não convidaria Dilma nem os seus 
ministros. Em vez disso, ele queria esperar a apresentação formal da defesa, na qual seria feita a escolha 
dos seus representantes.[128][129] 
Durante essa reunião, surgiu uma discussão sobre a inclusão no processo das denúncias do ex-líder do 
governo, Delcídio do Amaral, no acordo de delação premiada. Cunha as havia anexado ao processo na 
semana anterior, mas, no dia 22 de março, Rosso as retirou porque "não compete à comissão a produção 
de provas e que o julgamento do mérito caberá eventualmente ao Senado". A oposição concordou com a 
retirada para evitar a contestação judicial anunciada pelos governistas. O líder do PSDB, Antônio 
Imbassahy, afirmou que o pedido original já tinha elementos suficientes para assegurar o impeachment da 
presidente. Porém, a oposição pretendia apresentar outro pedido de impeachment, baseado no teor da 
delação do senador.[130] 
Manifestação dos autores do pedido 
 
Os autores do pedido Janaina Paschoal e Miguel Reale Júnior depõem na Comissão Especial do processo 
de impeachment. 
Miguel Reale Júnior compareceu ao Congresso para depor diante da comissão, em 30 de março. Ele disse 
que as pedaladas representavam um crime grave porque eram manobras contábeis feitas para esconder 
o deficit fiscal e porque levaram a União a contrair empréstimos com entidades financeiras por ela 
controladas, o que é um ato ilícito conforme a LRF. Com a ruptura do equilíbrio fiscal, houve uma cascata 
de eventos, culminando em inflação e recessão, que geraram desemprego no país, afetando 
especialmente as classes mais pobres.[131] 
Ele também enfatizou que a ocorrência dessas manobras em governos anteriores não lhes retirava o 
caráter criminoso e que as pedaladas do Governo Dilma eram maiores e mais frequentes. Mesmo 
interrompido por deputados governistas, Reale continuou a falar, citando o artigo do Código Penal que 
caracterizava a operação financeira como um crime de responsabilidade, acrescentando diversos artigos 
da LRF que reforçavam a sua tese. Ele pretendia provar que as operações de crédito não foram um 
simples fluxo de caixa, que elas buscavam sustentar a existência de uma capacidade fiscal que o país não 
tinha. E rebateu a crítica de que o segundo mandato não poderia ser afetado por fatos do primeiro, pois o 
STF já fixara, em julgamentos, que, com base no princípio constitucional da moralidade, o agente público 
pode ser punido por fatos anteriores ao mandato e a própria Câmara já havia punido deputados que 
praticaram infrações em mandatos anteriores, em respeito ao princípio da moralidade.[131] 
Logo após, a advogada Janaina Paschoal também se manifestou. Ela concordou com os que afirmavam 
que "Impedimento sem crime é golpe", mas assegurou que havia crimes de responsabilidade "de sobra", 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Janaina_Paschoal_e_Miguel_Reale_Jr_perante_Comissao_Impeachment.jpg
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referindo-se aos decretos não autorizados que abriram créditostambém não autorizados e ao 
comportamento omissivo doloso da presidente na corrupção que envolvia a Petrobras. Então, do ponto de 
vista dela, o golpe foi tentar apresentar um superavit que não era real. Além disso, muitos prefeitos já 
haviam sido condenados por crimes muito menos significativos. Ainda contestando as insinuações 
governistas de golpe, ela declarou que o pedido de afastamento tinha base legal e continha denúncias de 
violações à legislação. E acrescentou que a falta de responsabilidade fiscal do governo criou uma situação 
financeira muito grave para os brasileiros. Janaína acusou o governo de se achar dono dos bancos 
públicos, o que causou um novo tumulto na sala.[131] 
Assim que terminou o pronunciamento dos advogados, o deputado Wadih Damous afirmou que o evento 
não foi uma defesa técnica do impedimento, mas sim um comício político, logo o que estava havendo era 
sim uma tentativa de golpe. Os dois autores do pedido foram convocados pelo deputado Jovair Arantes. 
Segundo ele, "As oitivas não servem para produzir provas contra ou a favor de Dilma, mas apenas para 
esclarecer pontos do pedido de impeachment. Nesta fase de análise do processo, não cabe à comissão 
decidir sobre o mérito das acusações, mas apenas dar parecer pela instauração ou não do procedimento 
que pode resultar no afastamento da presidente". Os representantes petistas queriam adiar os depoimentos 
dos autores do pedido para depois da apresentação da defesa de Dilma, o que foi negado por Rosso.[131] 
Manifestações da defesa 
Ricardo Lodi Ribeiro e Nelson Barbosa apresentam a defesa da presidente Dilma, em 31 de março. 
Em 31 de março, ocorreu a defesa da presidente diante da comissão. O governo escolheu o Ministro da 
Fazenda, Nelson Barbosa, e o professor de Direito Tributário Ricardo Lodi Ribeiro para realizarem a defesa 
de Dilma. Barbosa começou enfatizando que o processo deveria considerar somente os fatos ocorridos 
desde o começo do segundo mandato, no qual não houve manobras fiscais. Ele também ressaltou que os 
seis créditos suplementares abertos no mandato anterior não modificaram a programação financeira de 
2015 nem o limite global do gasto discricionário do governo. Além disso, a maior parte dos decretos foi 
financiada por anulação de despesas ou atendendo a pedidos, como um do Poder Judiciário.[132] 
Por sua vez, Lodi sustentou que a meta fiscal de 2015 era cumprida, pois o Congresso aprovou o projeto 
de lei que a alterou. Ele também defendeu os créditos suplementares e lembrou que era possível prever 
uma situação financeira desfavorável conforme os relatórios bimestrais exigidos pela LRF, mas defendeu o 
governo ao afirmar que foram realizados contingenciamentos ao longo de 2015. Dessa forma, não houve 
crime de responsabilidade, consequentemente não poderia haver impedimento. Em relação às pedaladas, 
ele disse que a lei dos crimes de responsabilidade não tipifica a violação da LRF, o que se pune é o 
atentado à lei do orçamento. Completando, ele reiterou que a desaprovação popular não é um motivo legal 
para o impedimento da presidente.[132] 
Ambos sustentaram que os atos da presidente estavam de acordo com as exigências do TCU, sob a 
justificativa de que a prática foi referendada pelo mesmo e pelo Congresso em vários governos anteriores 
da República. Houve tumulto novamente: os oposicionistas questionaram a presença de Lodi porque este 
era sócio do escritório do qual fez parte Luís Roberto Barroso, Ministro do Supremo Tribunal Federal. O 
advogado respondeu que não estava presente como sócio, e sim como professor adjunto da UERJ; nem 
pretendia julgar a presidente, mas apenas colaborar na comissão.[132] 
Antes do início da sessão, o vice-líder do governo, Paulo Teixeira, pediu que houvesse nova notificação da 
presidente e novo prazo de defesa, uma vez que os termos da delação premiada do senador Delcídio 
foram retirados dos autos do processo, mas Rosso argumentou que Dilma já fora notificada duas vezes 
(em dezembro e em março) e que não caberia novo prazo. Teixeira insistiu, pedindo um novo prazo de dez 
sessões, a partir do final das atividades da comissão, com base na "falta de clareza da denúncia", e disse 
que iria recorrer ao plenário, não a Cunha, a quem chamou de "capitão do golpe".[132] 
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Em 4 de abril, após um questionamento de deputados do PPS, PTB e PSB, Rosso decidiu que o Advogado 
Geral da União, José Eduardo Cardozo, poderia fazer a defesa da presidente no processo de afastamento. 
Os parlamentares argumentaram que a AGU só pode atuar na defesa de presidente da República quando 
a ação é de interesse da União. Para eles, o processo de impeachment era de interesse pessoal de 
Dilma.[134]No mesmo dia, ao apresentar a defesa da presidente na comissão, Cardozo disse que o 
procedimento que pedia o impedimento de Dilma era inválido e alegou que não havia crime de 
responsabilidade que o justificasse.[135][136] 
Durante a sua manifestação, Cardozo afirmou que o processo feria a Constituição e que deveria ser 
considerado nulo. Ele disse ainda que o afastamento de um presidente sem base constitucional é golpe. 
Cardozo também alegou que houve desvio de poder de Cunha ao aceitar o pedido, que teria agido pelo 
desejo de "vingança" e por "retaliação", devido ao fato de os petistas não o apoiarem no Conselho de Ética. 
Portanto, do ponto de vista dele, como o ato de abertura era viciado, o processo era nulo.[133][137] 
Em relação às manobras fiscais, conhecidas como "pedaladas fiscais", Cardozo alegou que foram atrasos 
em contratos de prestação de serviços celebrados com instituições financeiras públicas e não operações 
de crédito. Nesse escopo, lembrou que o TCU só passou a considerar essas práticas irregulares em 2015 e 
que não se poderia aplicar a Dilma uma "punição retroativa" por atos praticados antes de o TCU mudar a 
sua jurisprudência.[133][137] Sobre a emissão de decretos de crédito suplementar, ele disse que todos foram 
respaldados por pareceres técnicos e ressaltou que a lei orçamentária foi cumprida e aprovada pelo 
Congresso, razão pela qual não houve irregularidades.[137] 
O Supremo Tribunal Federal convocou uma sessão extraordinária, no dia 14 de abril, para julgar cinco 
ações propostas por governistas sobre a votação no plenário. Os pedidos tentavam suspender ou alterar a 
ordem da votação estabelecida por Cunha e todos foram negados. O pedido de suspensão da votação foi 
feito pela Advocacia Geral da União, que questionava a análise das acusações na comissão especial da 
Câmara. O deputado Paulo Teixeira, autor de outro pedido, queria não só a suspensão como também a 
anulação do parecer da comissão especial que recomendou a abertura do processo. As outras três ações 
queriam alterar a forma e a ordem definidas pelo Presidente da Câmara (alternância entre estados do Norte 
e do Sul), mas o Supremo validou o rito da votação, descartando a ordem alfabética.[138] 
Além disso, havia um mandado de segurança impetrado pela AGU, o qual alegava que a comissão 
analisou fatos que iam além das acusações recebidas pelo Presidente da Câmara ao aceitar o pedido 
de impeachment. O mandado também sustentava que Dilma não foi notificada para se defender na 
audiência que ouviu os autores da denúncia e que o AGU substituto, Fernando Albuquerque, foi impedido 
de se manifestar para defendê-la durante a leitura do relatório do deputado Jovair. O mandado não foi 
acolhido pelo Supremo, por uma votação de 8 a 2.[138] 
Apresentação e votação do relatório 
Jovair Arantes faz a leitura de seu relatório, em 6 de abril. 
A imprensa especulou que a demissão do então diretor da Casa da Moeda foi uma consequência da 
pressão exercida pelo relator Arantes e pelo PTB sobre o governo. Assim, teria sido Arantes quem indicou 
o novo diretor da Casa da Moeda, de acordo com uma matéria do jornal O Globo. Essa indicação deu a 
Arantes e ao seu partido o controle da entidade, e, consequentemente, o governo esperavaque o seu 
 
O que é um golpe? É a ruptura da institucionalidade, golpe é o rompimento de uma Constituição, 
golpe é a negação do Estado de Direito. Não importa se ele é feito por armas, com canhões ou 
baionetas caladas, se ele é feito com o simples rasgar de uma Constituição, sem base fática – 
ele é golpe. 
 
— José Eduardo Cardozo, em 4 de abril de 2016.[133] 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Processo_de_impeachment_de_Dilma_Rousseff
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relatório fosse favorável a Dilma.[139][140][141] Porém, ele mudou de lado e aproximou-se de Cunha, o que fez 
com que passasse a ser cotado como o candidato de Cunha para comandar a Câmara a partir de 2017.[142] 
Nesse contexto, em 6 de abril, a presidente Dilma sofreu uma importante derrota na comissão, pois Arantes 
realizou a leitura de um parecer contrário a ela. Ele recomendou a seus colegas votar pela abertura de um 
processo contra a presidente. Arantes disse que estava convicto da existência de "indícios de gravíssimos 
e sistemáticos atentados à Constituição Federal" e o seu relatório assumiu a existência de um crime de 
responsabilidade. A análise enfatizou principalmente as acusações de irregularidades na gestão das contas 
públicas, como as "pedaladas fiscais", e seus efeitos na crise econômica.[143][144] Ele sustentou ainda que os 
atrasos nos repasses foram empréstimos à União.[143][144] 
Em resposta, o ministro Ricardo Berzoini declarou que o relatório não apontava para um crime de 
responsabilidade. Por sua vez, Cardozo afirmou que o relatório era "viciado" e "nulo" porque ultrapassava a 
denúncia feita contra a presidente e porque não explicava com clareza o dolo de Dilma nas "pedaladas 
fiscais" e na edição dos decretos suplementares, necessário para configurar o crime de responsabilidade. 
Ainda conforme Berzoini, o parecer também não poderia citar fatos anteriores ao segundo mandato, como 
as "pedaladas fiscais" de 2014. Além disso, ele disse ser possível anular a sessão do dia 6 porque um 
advogado-geral substituto fora proibido de falar.[145] 
As reações dos deputados foram turbulentas. O relatório acirrou ainda mais os ânimos entre os defensores 
e opositores do impeachment. Os governistas acusaram o relator de abordar temas da denúncia que não 
foram aceitos. Do outro lado, os oposicionistas consideraram que o parecer "foi bem fundamentado e 
caracterizou os crimes cometidos por Dilma". O relatório seria submetido à votação dos 65 deputados, mas, 
independentemente do resultado, ele também deveria ser levado à análise do plenário nos dias 
seguintes.[144][146] 
A comissão do impedimento iniciou as discussões pós-relatório na tarde de 8 de abril, sexta-feira. A sessão 
iniciou às quinze horas, mas poderia se prolongar até o dia seguinte, com o objetivo de cumprir o prazo de 
cinco sessões de discussão após a defesa de Dilma. Assim, a votação da comissão poderia ocorrer 
segunda-feira, dia 11. Cunha pretendia realizar sessões todos os dias para apressar o processo, mas a 
reunião da sexta-feira era não deliberativa, isto é, haveria apenas discussões, sem votação de projetos.[147] 
Na noite de 11 de abril, a comissão aprovou o relatório de Arantes, por 38 votos a 27. A sessão durou nove 
horas e foi bastante tensa, com bate-bocas e provocações entre deputados do governo e da oposição. 
Arantes começou dizendo que "a população clama" pela continuidade do processo e que havia indícios de 
crime de responsabilidade. Logo depois, Cardozo acusou o parecer de conter "contradições" e "equívocos 
conceituais", além de afirmar que havia um "desejo político" pelo impeachment. O PMDB, que liberou o 
voto de seus membros, e o PSD, cujos deputados fizeram discursos contra e a favor, ficaram divididos na 
hora da votação. O relatório ainda teria que ser lido no plenário no dia 12 e publicado no diário oficial, na 
manhã do dia 13 de abril. Depois, seria respeitado um prazo de 48 horas para a votação no plenário.[148] 
Votação no plenário da Câmara 
Resultado da votação no plenário da Câmara dos Deputados por unidade federativa: 
 Sim—90-100% 
 Sim—80-89,99% 
 Sim—70-79,99% 
 
A profunda crise brasileira não é só econômica e financeira, mas também política, e, 
principalmente, moral. O governo perdeu sua credibilidade aos olhos de nossa sociedade e 
perante a comunidade internacional. (…) Tais atos justificam a abertura do excepcional 
mecanismo do impeachment. 
 
— Jovair Arantes, em seu relatório sobre a admissibilidade do processo, em 6 de abril de 2016.[144] 
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 Sim—60-69,99% 
 Sim—50-59,99% 
 Empate 
 Não—50-59,99% 
Na manhã de 15 de abril, os deputados abriram uma sessão para analisar a admissibilidade do processo. 
Haveria outra sessão no dia seguinte, sábado, e a votação ocorreria domingo, 17 de abril. O roteiro de 
sexta consistiu nestas fases: 25 minutos para os autores do pedido se pronunciarem; 25 minutos para a 
defesa da presidente se pronunciar; e uma hora para a manifestação aberta de cada partido com 
representação na Câmara. A sessão foi encerrada às 18 horas e 55 minutos do sábado (16 de abril), o que 
fez com que entrasse para a história como a maior sessão da história da Câmara dos Deputados.[149] Na 
mesma noite, começaram as manifestações individuais dos deputados que se inscreveram no dia anterior, 
com três minutos para cada um e com alternância de posições contra e a favor.[150] 
A sessão definitiva da Câmara dos Deputados, no dia 17 de abril, tinha a seguinte agenda: abertura às 14 
horas; manifestação dos líderes na Câmara; e votação dos deputados, com tempo previsto de dez 
segundos para cada voto. Cada deputado teria que ir ao microfone e responder: sim, para a aprovação do 
parecer que recomendava a abertura do processo contra Dilma; não, para a rejeição do parecer; ou 
abstenção. A abertura do processo no Senado só poderia ser autorizada com 342 votos favoráveis.[151] 
Quebrando a tradição de neutralidade do cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, Cunha votou 
favoravelmente ao impeachment.[152][153] Às 23 horas e 8 minutos de 17 de abril, o deputado Bruno 
Araújo (PSDB-PE) emitiu o voto favorável de número 342. Nesse momento, a Câmara dos Deputados 
decidiu enviar o processo de impedimento ao Senado. A sessão durou 9 horas e 47 minutos e a votação 
durou seis horas e dois minutos. A vitória oposicionista ocorreu por 367 votos favoráveis contra 137 
contrários. Houve sete abstenções e somente dois ausentes dentre os 513 deputados.[154] 
Tentativa de anulação da votação do plenário 
Em 9 de maio, houve uma reviravolta no processo da Câmara. O presidente interino da Casa Waldir 
Maranhão decidiu anular a sessão que aprovou a admissibilidade do impeachment de Dilma. Ele acolheu 
um pedido feito por Cardozo. Maranhão estava na presidência da Casa desde que Cunha foi afastado pelo 
STF. O deputado marcou uma nova votação no plenário, no prazo de cinco sessões a partir da devolução 
do processo pelo Senado Federal. Ele alegou uma série de vícios que tornariam a decisão da Câmara 
nula.[155] A decisão de Waldir foi duramente criticada pela Ordem dos Advogados do Brasil.[156] Em 
resposta, Renan Calheiros ignorou Maranhão e disse que daria continuidade ao rito iniciado.[157] 
Na noite do mesmo dia, Maranhão revogou a própria decisão e desistiu de anular a votação no plenário da 
Câmara.[158] 
Processo no Senado Federal 
Definição do rito 
Segundo a legislação, o primeiro passo da tramitação do impeachment no Senado Federal seria a leitura 
em plenário do parecer da Câmara favorável à abertura do processo. Em seguida, Calheiros criaria a 
comissão especial para a análise do processo e pediria aos líderes partidários a indicação dos 42 
senadores que iriamcompor a comissão: 21 titulares e 21 suplentes. O rito prosseguiria com a eleição da 
comissão especial, que elegeria o seu presidente e o seu relator.[159] 
Após a instalação da comissão especial, começaria a contar o prazo de dez dias úteis para que o relator 
apresentasse o seu parecer sobre a admissibilidade da abertura do processo. Nessa fase, não haveria 
previsão de defesa da presidente. O parecer precisaria ser votado pelos integrantes do colegiado, com 
aprovação por maioria simples. Independentemente do resultado, a decisão final caberia ao plenário do 
Senado, que é soberano. No plenário, o parecer da comissão seria lido, e, após 48 horas, votado 
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nominalmente. Para ser aprovado, seria necessário metade mais um dos votos dos senadores presentes, 
desde que votassem pelo menos 41 dos 81 senadores.[159] 
 
Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski durante reunião em 18 de abril. 
Se o parecer da comissão fosse pela admissibilidade do processo e o texto fosse aprovado pelo plenário, o 
processo contra a presidente seria instaurado e ela seria notificada e afastada do cargo por um período de 
até 180 dias. Com isso, Temer assumiria o governo. Se o parecer da comissão pela admissibilidade fosse 
rejeitado no plenário, a denúncia contra Dilma seria arquivada.[159] 
Se o processo de impeachment de Dilma fosse aberto, começaria a fase de produção de provas e a 
possível convocação dos autores da denúncia, da presidente e da defesa, até a conclusão das 
investigações e a votação do parecer da comissão especial. Para que a presidente perdesse o mandato, 
seriam necessários os votos de pelo menos 54 senadores, dois terços da Casa.[159] 
A sessão final do julgamento seria presidida pelo presidente do STF. Em caso de absolvição, a presidente 
reassumiria o mandato imediatamente. Se condenada, a presidente seria automaticamente destituída e 
ficaria oito anos sem poder exercer um cargo público. Temer assumiria a Presidência da República até o 
fim do mandato, em 1º de janeiro de 2019.[159] 
Lewandowski anunciou, como já havia sido definido em dezembro de 2015, que esse rito do Senado, 
consistindo de trinta etapas no seu roteiro completo, seria igual ao que foi utilizado no impedimento de 
Collor, em 1992. A única mudança em relação ao processo anterior seria o momento do interrogatório da 
presidente. Naquela ocasião, o interrogatório da comissão especial do impeachment foi feito antes da 
coleta de provas.[160] 
Comissão especial 
Em 19 de abril, o senador e Primeiro-Secretário Vicentinho Alves fez a leitura oficial da decisão da Câmara. 
Isso abriu o prazo de 48 horas para que os líderes partidários indicassem os integrantes da comissão 
especial que analisaria o processo.[161] Calheiros pretendia convidar Lewandowski para presidir as 
atividades do Senado antes da fase prevista na Constituição. Em vez de conduzir apenas a sessão que 
votaria o impedimento em última instância, ele queria que o presidente do STF ingressasse logo, após a 
fase de análise da admissibilidade, para evitar "questionamentos jurídicos", conduzindo as sessões e 
tomando as decisões.[162] 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Visitas.Visitantes_(26523289845).jpg
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Raimundo Lira (PMDB-
PB) foi escolhido o 
presidente da Comissão 
Especial. 
 
Antonio 
Anastasia (PSDB-MG) 
foi eleito para a relatoria 
do processo no Senado. 
Em 21 de abril, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) foi escolhido para a presidência da comissão, 
enquanto o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) foi escolhido para a relatoria.[163] Em 26 de abril, a 
comissão, oficialmente instalada com 22 membros, definiu seu cronograma. Entre os dias 27 de abril e 6 de 
maio, as fases seriam: votação de requerimentos; depoimentos da acusação; depoimentos da defesa; 
apresentação do relatório de Anastasia; discussão do relatório; e votação do relatório.[164] Anastasia foi 
indicado pelo PSDB, conforme as regras do Senado, isto é, o partido com a segunda maior representação 
possui a prerrogativa de indicar o relator.[165] 
Em 28 de abril, os autores do pedido foram ouvidos pela comissão.[166] Miguel Reale Júnior disse que Dilma 
falhou ao provocar o descontrole das contas públicas nas operações de crédito com bancos públicos. Ele 
contestou o argumento de que as operações de crédito não eram de responsabilidade da presidente, 
afirmando que esta, com sua personalidade centralizadora, sempre tomava para si as decisões. Reale 
classificou as pedaladas como um "cheque especial" e assegurou que Dilma sabia não haver condição 
para a edição de créditos suplementares.[167] 
Janaína Paschoal, logo a seguir, defendeu que cada um dos pilares da sua denúncia tinha crimes de 
responsabilidade e crimes comuns "de sobra". Ela rebateu a argumentação do governo de que não houve 
dolo da presidente ao praticar as manobras fiscais, citando que o dolo ficou comprovado a partir do 
momento em que o governo optou por não registrar as operações de crédito com bancos públicos, de 
forma que estas não foram contabilizadas de maneira transparente. Além disso, ela acusou o governo de 
ter usado o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), operado pelo BNDES, para obrigar esse 
banco público a emprestar dinheiro a juros baixos para empresas de grande porte, e não a pequenas 
empresas.[168][169][170] 
Em 29 de abril, a defesa foi apresentada pelos ministros Barbosa e Kátia Abreu, além de Cardozo. Barbosa 
explicou que a Lei Orçamentária Anual (LOA) estabelece condições para que decretos suplementares 
sejam editados e que todos os seis decretos editados estavam de acordo com a lei porque todos se 
valeram de três fontes legais: remanejamento de recursos financeiros, sem aumento do orçamento; 
excesso de arrecadação; e superavit financeiro. Ele também citou uma mudança de interpretação do TCU, 
decidindo que não mais se poderiam decretos com base em excesso de recursos ou superavit, decisão 
que não poderia ser aplicada de modo retroativo; e ressaltou que os atos relativos às "pedaladas fiscais" 
foram praticados por outras pessoas, não por Dilma.[171] 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Foto_oficial_de_Raimundo_Lira.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Foto_oficial_de_Antonio_Anastasia.jpg
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Sessão da leitura do relatório na Comissão Especial do Senado, em 4 de maio. 
Depois, Cardozo se manifestou declarando que o processo de impedimento era um ato político porque não 
seguiu as fases de análise de contas legalmente previstas: primeiro precisaria haver um parecer do TCU, 
que deveria ser mandado a uma comissão do Congresso e, depois, ao plenário. Ele lembrou que o 
Congresso aprovou a mudança de meta fiscal quando o governo previu que a meta vigente não se 
confirmaria. Segundo Cardozo, a operação de crédito não foi vedada pela lei e nem mesmo houve atos 
praticados pela presidente, pois eles ficaram a cargo do Ministério da Fazenda.[171] 
Em 4 de maio, o senador Anastasia apresentou um parecer favorável ao impedimento. O documento 
contestou a versão de golpe em razão da transparência e da observância da lei no processo. Refutou 
também a ilegitimidade em função da sua aceitação por Cunha, um adversário do governo, pois a 
autorização da Câmara foi um ato colegiado do seu plenário. Anastasia defendeu o impedimento como um 
mecanismo de equilíbrio entre os poderes, sendo portanto legítimo no presidencialismo.[172] 
O relator repetiu as acusações de que as operações de crédito do governo foram empréstimos disfarçados, 
configurando o crime de responsabilidade. A conclusão do seu relatório foi que "Os fatos criminosos estão 
devidamente descritos, com indícios suficientes de autoria e materialidade, há plausibilidade na denúncia e 
atendimento aos pressupostos formais, restando, portanto, atendidos os requisitos exigidos pela lei para 
que a denunciada responda aoprocesso de impeachment".[172] 
Votação do relatório da comissão 
Resultado da votação no plenário do Senado por unidade federativa: 
 Sim—3 senadores 
 Sim—2 senadores; Não—1 senador 
 Sem maioria—1 sim, 1 não, 1 abstenção 
 Não—3 senadores 
 Não—2 senadores; Sim—1 senador 
Em 6 de maio, a comissão especial do impeachment do Senado aprovou, por quinze votos a favor e cinco 
contra, o relatório do senador Anastasia. O texto ainda seria submetido à votação no plenário. Para o 
relatório ser aprovado, eram necessários os votos da maioria simples dos 21 integrantes da comissão, 
portanto onze votos. Em 9 de maio, Calheiros declarou que iria desconsiderar a decisão de anulação da 
votação no plenário da Câmara, tomada por Maranhão no mesmo dia, e dar prosseguimento ao rito, isto é, 
com a votação do relatório aprovado.[173][174] 
Em 11 de maio, às dez horas da manhã, começou a sessão que se destinava a votar o parecer da 
comissão no plenário, na qual discursaram 71 senadores.[175] Após vinte horas, portanto já na manhã do dia 
12, os senadores aprovaram a abertura do processo de impeachment da presidente por 55 votos a favor e 
22 contra. Assim, Dilma foi afastada e Temer passou a ocupar interinamente o cargo de Presidente da 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Leiturarelatorio.jpg
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República. Durante esse período, haveria o julgamento de Dilma, que ainda manteria alguns direitos do 
cargo.[176] 
Instauração e instrução do processo 
Com o início do processo em si no Senado, haveria um julgamento oficial. Os senadores poderiam requerer 
perícias e auditorias, assim como chamar testemunhas e especialistas. A defesa e a acusação novamente 
iriam se manifestar e seria produzido um novo relatório, desta vez sobre o mérito do processo. Esse 
parecer seria votado no plenário. Por maioria simples, o Senado decidiria se aceitaria ou não a pronúncia. 
Caso a pronúncia fosse rejeitada, o processo seria arquivado e Dilma reassumiria a Presidência. Se a 
pronúncia fosse aceita, começaria a última fase do processo, o julgamento. Após notificação e nova defesa 
da presidente, seria marcada a sessão de julgamento, quando se daria a terceira e última votação no 
plenário, conduzida pelo presidente do Supremo.[177] 
Em 1º de junho, Cardozo entregou a defesa de Dilma. A peça de 570 páginas incluía as gravações 
realizadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que mostravam conversas entre este 
e Romero Jucá, asseverando que o único motivo do pedido de impedimento era colocar um fim à Lava Jato 
e colocando em "arguição de suspeição" o relator do processo no Senado, Anastasia. Cardozo citou 
também depoimentos que corroborariam a tese de que não houve irregularidades na edição dos decretos 
suplementares. Para ele, as gravações seriam a prova de que não havia crime, e sim a preocupação da 
classe política com a investigação conduzida pelo juiz Moro, nunca obstaculizada por Dilma. De resto, 
Cardozo repetiu a tese de que as pedaladas não configuraram um crime de responsabilidade e de que o 
processo estava repleto de "flagrantes nulidades e óbvio cerceamento do direito de defesa".[178] 
 
Cardozo e Anastasia no início de agosto. 
Em 8 de junho, a comissão ouviu durante horas testemunhas indicadas pela acusação. Estas acusaram o 
governo Dilma de causar uma grande crise no país com a maquiagem das contas públicas, enquanto os 
aliados da presidente sustentaram que ela não estava ciente das irregularidades e que o TCU mudou o seu 
entendimento sem alertar o Executivo.[179] Em 13 de junho, as oitivas continuaram com a defesa de Dilma. 
No entanto, a acusação decidiu abrir mão de quatro testemunhas, sob a justificativa de evitar a tentativa de 
prolongar excessivamente os trabalhos da comissão, causando indignação entre os aliados da 
presidente.[180] 
No dia 27 de junho, foi apresentada uma perícia elaborada, a pedido da defesa, por técnicos do Senado, 
apontando a existência de provas de que a presidente afastada agiu diretamente na edição de decretos de 
créditos suplementares, sem autorização do Congresso. Não foi identificada, entretanto, uma ação de 
Dilma no sentido de atrasar os pagamentos da União para bancos públicos – as chamadas "pedaladas 
fiscais" – nos subsídios concedidos a produtores rurais, por meio do Plano Safra.[181] 
Em 6 de julho, Dilma apresentou uma carta de defesa no Senado, que foi lida por Cardozo. O conteúdo da 
defesa foi o mesmo visto antes: a presidente alegou ter errado, porém sem cometer crimes, e acusou o 
Congresso de punir atos de rotina da gestão orçamentária. Sobre as pedaladas, Dilma afirmou que a 
gestão do Plano Safra, e portanto os pagamentos, eram de responsabilidade do Ministério da Fazenda. 
Segundo a presidente, os decretos que ampliaram créditos do orçamento não causaram impacto na 
obtenção da meta fiscal, pois tratavam apenas de uma previsão de gastos e não determinavam o 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Jos%C3%A9_Eduardo_Cardozo_cumprimenta_o_relator_Ant%C3%B4nio_Anastasia.jpg
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pagamento de despesas, que estavam limitadas naquele momento por um contingenciamento no caixa do 
governo federal. Ela finalizou afirmando que o processo teve razões políticas, citando a tentativa de obstruir 
a Lava Jato com um novo governo. A manifestação de Dilma marcou a última etapa da fase de 
investigação da comissão.[182] 
Em 12 de julho, a acusação apresentou as suas alegações finais. Os autores do pedido voltaram a afirmar 
que Dilma cometeu crime ao decretos de créditos suplementares e ao praticar as "pedaladas fiscais". 
Essa fase é chamada de "pronúncia", uma fase intermediária em que o colegiado ouviu depoimentos de 
testemunhas, solicitou documentos para produção de provas, realizou perícias e acompanhou a leitura da 
defesa pessoal da presidente. "De todo modo, haja vista o entendimento que prevaleceu nesta comissão, 
os denunciantes asseveram que os crimes praticados no ano de 2015 são suficientes a ensejar o definitivo 
afastamento da denunciada", afirmaram os autores da denúncia nas alegações finais. Os juristas também 
afirmaram que a petista deveria ser afastada em definitivo "para o bem do país". Além disso, os citados 
autores disseram que os decretos e as "pedaladas" foram um "golpe eleitoral" que atingiu o povo 
brasileiro.[183] 
Em 28 de julho, Cardozo entregou as alegações finais de Dilma na fase intermediária. O documento de 524 
páginas repetiu a tese de que não houve crime de responsabilidade nas "pedaladas fiscais" e na edição de 
decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso. A defesa incluiu o pedido do Ministério 
Público do Distrito Federal para que a Justiça Federal arquivasse uma investigação aberta a fim de apurar 
se houve crime em operações de crédito feitas por autoridades do governo da presidente Dilma. Além 
disso, a defesa alegou que o processo de impeachment, que foi classificado como "golpe", foi aberto em 
um ato de "vingança" e desvio de poder de Cunha. Por fim, alegou que a edição de decretos 
complementares sem a autorização prévia do Congresso faz parte da "rotina" de presidentes da República 
e não possui irregularidades.[184] 
 
Sessão do Senado em que foi aprovado o relatório da Comissão Especial, em 10 de agosto. 
Em 2 de agosto, Anastasia apresentou um parecer favorável ao processo de impeachment de Dilma. Ele 
apontou no relatório que havia provas de que Dilma teve responsabilidade sobre as ações de governo que 
configuraram crimes de responsabilidade. O relatório considerou que houve ilegalidade nos dois pontos da 
denúncia do impeachment: a edição de decretos que ampliaram a previsão de gastos do governo e as 
chamadas "pedaladas fiscais" no Plano Safra. Em 4 de agosto, os senadores integrantes da comissão 
aprovaram o relatório em votação vencida por 14 votos a 5. Assim, foi encerrada a segunda fase do 
processo, chamada "juízo de pronúncia", eo passo seguinte seria a votação do parecer no plenário do 
Senado. Se aprovado, os senadores decidiriam se havia elementos que justificassem o julgamento da 
presidente.[185][186] 
Na madrugada de 10 de agosto, o Senado aprovou, por 59 votos a 21, o texto principal do relatório, que 
recomendava a condução a julgamento da presidente afastada na Casa. Consequentemente, a presidente 
passou à condição de ré no processo. Comandada por Lewandowski, a sessão teve início às 9h44min do 
dia 9. A previsão inicial era a de que duraria pelo menos vinte horas e o relatório só fosse votado de 
madrugada. No entanto, a sessão foi encurtada depois de vários senadores inscritos, principalmente do 
PSDB e do PMDB, abrirem mão dos dez minutos a que cada um teria direito para discursar. Além dos 
discursos pró e contra Dilma, houve um pedido de suspensão e um questionamento de legitimidade do 
Senado e do relator, ambos rejeitados; e uma etapa de manifestações finais da acusação e da defesa. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Senadojulgamento.jpg
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Com a conclusão da votação do relatório, o processo deveria ir a julgamento final no plenário do Senado, 
no fim do mês.[187] 
Julgamento 
 
Fernando Holiday, Kim Kataguiri (sentados, ao celular) e Joice Hasselmann (direita, de branco) em 29 de 
agosto de 2016 no Senado, acompanhando uma das votações do processo de impeachment. 
Em 10 de agosto, a acusação apresentou o chamado libelo acusatório, que continha as acusações finais 
contra a presidente Dilma. Embora houvesse o prazo de 48 horas para apresentar esse documento, os 
juristas responsáveis pelo pedido de impedimento se anteciparam para acelerar o julgamento. Além disso, 
Miguel Reale Júnior informou que a acusação iria abrir mão de três das seis testemunhas a que teria direito 
no processo e sinalizou que, no dia do julgamento final, poderia até dispensar outras. A defesa também 
escalou as suas testemunhas, as mesmas que já haviam sido ouvidas pela comissão especial.[188] Após a 
entrega das peças acusatória e defensiva, Lewandowski marcou para o dia 25 de agosto de 2016 o 
julgamento final do processo de impeachment.[189] Em 12 de agosto, Cardozo entregou a defesa de Dilma, 
como uma resposta ao libelo, e foi definido o cronograma do julgamento, que se estenderia do dia 25 ao 
dia 30, podendo contar com o comparecimento da presidente.[190] 
Em 25 de agosto, a etapa final teve início com uma tumultuada sessão que se estendeu da manhã da 
quinta-feira até o começo da madrugada do dia seguinte, consistindo apenas de inquirição de 
testemunhas.[191] Em 27 de agosto, Nelson Barbosa usou mais uma vez o argumento de que os decretos 
de crédito suplementar foram emitidos de acordo com a lei e que a mudança de entendimento do Tribunal 
de Contas da União não poderia ser usada de forma retroativa para condenar a presidente afastada. Ele 
também contestou a caracterização das pedaladas como operações de crédito, citando documentos do 
próprio TCU e de outros órgãos oficiais. Portanto, do seu ponto de vista, não se poderia falar em crime de 
responsabilidade.[192] 
 
Dilma Rousseff defendendo-se no julgamento de seu processo de impeachment, em 30 de agosto de 2016. 
Em 29 de agosto, Dilma compareceu ao Senado para se defender pessoalmente. Ela afirmou que não 
cometeu crimes de responsabilidade e que era vítima de um golpe de Estado. Disse também que só o povo 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Plen%C3%A1rio_do_Senado_(29316630155).jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Dilma_faz_sua_defesa_no_plen%C3%A1rio_do_Senado_1040657-df_25.08.2016_mcag-0446.jpg
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pode afastar um presidente pelo que ela chamou de "conjunto da obra", visto que o presidencialismo não 
prevê a destituição do presidente quando este perde a maioria no Congresso. O discurso se estendeu das 
9h53min às 10h39min. Seu conteúdo incluiu: referências à tortura sofrida durante a ditadura militar; sua 
convicção na democracia; a suposta ilegitimidade de Temer, a quem chamou de "usurpador"; a condição 
de "golpe" do processo de impedimento; e o medo de uma ruptura democrática no país. Dilma asseverou 
que não estava em jogo o seu mandato, mas sim as conquistas sociais dos últimos treze anos e atribuiu a 
Cunha a autoria do assim considerado golpe. Ela finalizou pedindo aos senadores que votassem pela 
democracia, esquecendo seus sentimentos pessoais.[193] 
A sessão continuou com respostas da presidente às perguntas dos 48 senadores inscritos. Sobre os 
decretos, ela respondeu que eles não descumpriam a legislação, pois a necessária autorização do 
Congresso já estava contida na lei orçamentária. Segundo Dilma, o entendimento de que a prática seria um 
tipo ilegal de operação de crédito só foi fixado pelo TCU no final de 2015 e os atrasos aos bancos já 
ocorriam em governos anteriores. Ela também afirmou que o Plano Safra do Banco do Brasil não era 
administrado diretamente por ela, o que excluiria a possibilidade de ser condenada pelas "pedaladas 
fiscais". Ao ser confrontada por senadores com o argumento de que o seu governo agravou a crise 
econômica, Dilma mencionou os impactos da crise internacional no país e disse ter feito "o impossível" para 
que os efeitos negativos não fossem sentidos no Brasil. A respeito da Petrobras, ela rebateu as críticas de 
que o seu governo teria destruído a empresa e afirmou que os investimentos em pesquisa e produção no 
pré-sal, na verdade, resgataram a estatal.[194] 
No dia 30 de agosto, houve debates dos advogados de defesa e acusação, além de discursos dos 
senadores; 43 fizeram discursos favoráveis ao impeachment e dezessete fizeram discursos contrários a 
ele.[195][196][197] Em 31 de agosto, quarta-feira, o plenário do Senado condenou Dilma Rousseff à perda de 
seu cargo por 61 votos a 20, sob a acusação de ter cometido crime de responsabilidade fiscal. Houve uma 
segunda votação para decidir se Dilma deveria perder seus direitos políticos, com placar de 42 votos 
favoráveis e 36 desfavoráveis. Como houve três abstenções e seriam necessários 54 votos a favor, 
consequentemente ela não perdeu os direitos e ainda poderia se candidatar a cargos públicos. A 
condenação ocorreu após seis dias de julgamento no Senado, contando-se no total sete votações, desde 
11 de abril de 2016, quando a Câmara aprovou o parecer da comissão especial.[198] 
O chamado "fatiamento" da condenação, que consistiu em aplicar a pena de perda do cargo, mas afastar a 
pena de inabilitação para o exercício de função pública, gerou enorme controvérsia no meio político e 
jurídico, o que levou ao questionamento perante o Supremo Tribunal Federal da decisão do Ministro 
Ricardo Lewandowski de admitir o requerimento de destaque para votação em separado da segunda parte 
da pena. Os Secretários-Gerais do Senado Federal, Luiz Fernando Bandeira de Mello, escrivão do 
processo, e do Supremo Tribunal Federal, Fabiane Duarte, responsáveis por assessorar o Ministro na 
Presidência das sessões no Senado,[199] deram entrevistas[200] e publicaram artigos[201] buscando defender 
o posicionamento do Presidente do STF. 
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Estratégia governista 
 
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O ex-presidente Lula atuou como o principal negociador do governo junto aos congressistas.[202][203] 
Dilma criou uma estratégia que consistia em judicializar o processo no STF,[204][205] apoiar os aliados, 
afastar os rebeldes, abrir os cofres públicos e principalmente rachar o PMDB, cujos votos seriam o 
diferencial.[206] Ela mirava sua ofensiva no comando de Temer no PMDB, atraindo com cargos quem 
desafiasse o vice-presidente e ficasse do lado dela, assim como tirando os cargos governamentais dos 
aliados dele. Além disso, o governo tentava atrair o apoio de partidos médios e pequenos, como o PP, PSD 
e PR.[204][207]

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