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Micoses subcutâneas Introdução Podem produzir lesões subcutâneas como parte de seu processo patológico; fungos são comumente introduzidos de maneira traumática através da pele e têm tendência a envolver as camadas mais profundas da derme, tecido subcutâneo e osso. As principais infecções fúngicas subcutâneas incluem esporotricose linfocutânea, cromoblastomicose, micetoma eumicótico, zigomicose subcutânea e feo-hifomicose subcutânea. Introdução Os agentes causais das micoses subcutâneas são geralmente considerados com potencial patogênico baixo e são comumente isolados do solo, de madeira, ou de vegetação em decomposição (geofílicos). A exposição é geralmente ocupacional ou relacionada a passatempos (p. ex., jardinagem, trabalho com madeira). Os pacientes infectados geralmente não têm deficiência imune de base. Esporotricose linfocutânea É causada por Sporothrix schenckii, um fungo dimórficos proveniente do solo e da vegetação em decomposição. Gera uma infecção crônica e caracterizada por lesões nodulares e ulcerativas que se desenvolvem ao longo dos vasos linfáticos que drenam o sítio primário da inoculação. Em temperatura ambiente, S. schenckii cresce como um fungo filamentoso e a 37°C e em tecido, é uma levedura pleomórfica. ESPOROTRICOSE Morfologia Macroscópica S. schenkii é dimórfico. As culturas em forma filamentosa crescem rapidamente e têm uma superfície membranosa rugosa que gradualmente se torna acastanhada, marrom ou escura. S. schenckiii são de formas e cores variadas, de esbranquiçadas a negras, superfície plissada, levemente aveludada e de consistência elástica. Morfologia microscópica Microscopicamente, a forma de fungo filamentoso consiste de hifas estreitas, septadas e hialinas que produzem conídios ovais ou em “pétalas de margarida” na extremidade dos conidióforos. A forma de levedura consiste de células leveduriformes esféricas, ovais, ou alongadas (“forma de charuto”), 2 a 10μm de diâmetro, com brotamento único ou múltiplo (raramente) Epidemiologia A esporotricose é geralmente esporádica e mais comum em climas mais quentes. As principais áreas endêmicas estão no Japão e na América do Norte e do Sul, especialmente México, Brasil, Uruguai, Peru e Colômbia. Surtos de infecção estão relacionados ao trabalho em floresta, mineração e jardinagem. A infecção clássica está associada com a inoculação traumática de solo, vegetais, ou matéria orgânica contaminada com o fungo. Manifestações clínicas A esporotricose linfangítica classicamente aparece após o trauma local em uma extremidade. O local inicial da infecção aparece como um nódulo pequeno, que pode se ulcerar. Secundariamente, nódulos linfáticos aparecem em cerca de 2 semanas após o aparecimento da lesão primária que consistem de uma cadeia linear de nódulos subcutâneos indolores que se estendem ao longo do curso da drenagem linfática da lesão primária. Com o tempo, os nódulos podem se ulcerar e liberar pus. Diagnóstico cultura do pus ou do tecido infectado. S. schenckii cresce em 2 a 5 dias em uma variedade de meios micológicos. CROMOBLASTOMICOSE Cromoblastomicose É uma infecção crônica caracterizada pelo desenvolvimento de nódulos ou placas verrucosas de crescimento lento. A cromoblastomicose é mais comumente observada nos trópicos, onde o calor e a umidade, associados à falta de calçados protetores e roupas, predispõem as pessoas à inoculação direta com solo ou matéria orgânica infectados. Os organismos mais comumente associados com a cromoblastomicose são fungos pigmentados (demáceos) dos gêneros Fonsecaea, Cladosporium, Exophiala, Cladophialophora, Rhinocladiella e Phialophora. Morfologia Macroscopica São todos demáceos (pigmentados naturalmente), porém morfologicamente diversos, e muitos são capazes de produzir várias diferentes formas quando crescem em cultura. Morfologia microscópica Embora a forma básica destes organismos seja um fungo filamentoso septado pigmentado, os diferentes mecanismos de esporulação produzidos em cultura tornam difícil a identificação o específica. Identificação dos tipos de conidióforos após microcultivo: 1. Tipo cladospório 2. Tipo fialófora 3. Tipo acroteca TIPO CLADOSPÓRIO LONGO Cladosporium carrionii Cadeias de conídios que formam o conídióforo que se ramificam através de brotamento TIPO CLADOSPÓRIO Variante: Cadeias densas de forma globosa e difícil dissociação TIPO FIALÓFORA Phialophora verrucosa Estruturas formadas ao longo das hifas que originam os conídios e que se aglomeram na parte superior da fiálide TIPO ACROTECA Rhinocladiella aquaspersa Conidióforos gerados ao longo da hifa, formando conídios ovais, que se localizam na extremidade superior (acroteca) e nos lados dos conidióforos Epidemiologia Cromoblastomicose afeta, geralmente, pessoas que trabalham em áreas rurais dos trópicos. A maioria das infecções tem ocorrido em homens envolvendo as pernas e braços, provavelmente devido à exposição ocupacional. Nas Américas, Fonsecaea pedrosoi é a principal causa de cromoblastomicose, e as lesões envolvem comumente as extremidades inferiores. Não há nenhum relato de transmissão pessoa a pessoa. Manifestações clínicas Tende a ser crônica, pruriginosa, progressiva, indolores e resistente ao tratamento. As lesões iniciais são pequenas pápulas verrugosas e, em geral, aumentam lentamente. Há formas morfológicas diferentes da doença, variando desde lesões verrugosas a placas planas. As infecções estabelecidas se apresentam com múltiplas verrugas grandes, semelhantes a uma “couve- flor”, geralmente agrupadas dentro da mesma região. Infecção bacteriana secundária também pode ocorrer e contribui para uma linfadenite regional, linfoestase e eventual elefantíase. Diagnóstico Achados histopatológicos das células muriformes castanhas. O isolamento em cultura de um dos fungos causais confirmam o diagnóstico. Raspados obtidos da superfície das lesões verrugosas, em que pequenos pontos negros são observados, quando montados em KOH 20%, podem resultar na demonstração das células características. Não há testes sorológicos disponíveis para cromoblastomicose. Célula fúngica globosa Célula fungica globosa, ovalada, de parede espessa, coloração castanha podendo apresentar septação interna MICETOMA Micetoma Eumicótico Micetoma é um processo infeccioso localizado, crônico e granulomatoso. Múltiplos granulomas e abscessos que contêm grandes agregados de hifas fúngicas, conhecidos como grânulos ou grãos. Os agentes etiológicos do micetoma eumicótico abrangem uma ampla variedade de fungos, incluindo Phaeoacremonium, Curvularia, Fusarium, Madurella, Exophiala, Pyrenochaeta, Leptosphaeria e espécies de Scedosporium Epidemiologia micetomas ocorrem principalmente em áreas tropicais com baixos índices pluviométricos. Os micetomas eumicóticos são mais frequentes na África e na Índia, mas também têm sido observados no Brasil. Lesões nos pés e nas mãos são mais comuns, mas também são vistas infecções no dorso, ombros e tórax. Manifestações clínicas Se apresentam mais comumente com infecção de longa duração. Lesão inicial é um nódulo ou placa subcutânea pequena e indolor que aumenta lenta e progressivamente. A área afetada aumenta e se torna desfigurada como resultado da inflamação crônica e da fibrose e destrói localmente, o músculo e o osso. Diagnóstico A chave para o diagnóstico do micetoma eumicótico é ademonstração dos grãos ou grânulos. Os grãos podem ser visualizados microscopicamente por montagem em KOH 20%. As hifas são, em geral, claramente visíveis, com presença ou ausência de pigmentação. ZIGOMICOSE Zigomicose Subcutânea Conhecida como entomoftoromicose, é causada por Conidiobolus coronatus e Basidiobolus ranarum. Ambos causam uma forma subcutânea crônica de zigomicose que ocorre esporadicamente como resultado de implantação traumática do fungo presente em detritos vegetais de ambientes tropicais. B. ranarum causa infecção dos membros proximais em crianças, enquanto que a infecção por C. coronatus se localiza na área facial, predominantemente em adultos. Morfologia - C. coronatus Morfologia - B. ranarum Epidemiologia São observados mais comumente na África e, numa extensão menor, na Índia. C. coronatus tem sido reportada na América Latina, como na África e Índia. Ambas são doenças raras sem fatores predisponentes conhecidos. A infecção por B. ranarum acontece após implantação traumática do fungo nos tecidos subcutâneos. infecções por C. coronatus ocorrem após inalação dos esporos fúngicos, que invadem os tecidos da cavidade nasal, os seios paranasais e os tecidos moles faciais. Manifestações clínicas B. ranarum têm massas discoides, flexíveis e móveis que podem ser muito grandes e são localizadas no ombro, na pelve, nos quadris e nas coxas. C. coronatus é confinada à área rinofacial e, muitas vezes, não chama a atenção do clínico até que ocorra tumefação evidente da parte superior do lábio ou da face B. ranarum C. coronatus Diagnóstico Zigomicose subcutânea requerem biópsia para o diagnóstico, apesar dos aspectos clínicos característicos das infecções. O quadro histopatológico é marcado por zonas focais de inflamação, com eosinófilos e hifas zigomicóticas típicas. FEO-HIFOMICOSE Feo-hifomicose Subcutânea Feo-hifomicose é um termo utilizado para descrever um conjunto heterogêneo de infecções fúngicas causadas por fungos demáceos, presentes em tecidos como hifas irregulares. Estas infecções podem ser causadas por uma ampla variedade de fungos, todos existentes na natureza como saprófitas do solo, da madeira e vegetação. Os processos podem ser superficiais, subcutâneos, ou profundamente invasivos ou disseminados. Morfologia Todos crescem como fungos filamentosos negros em cultura e aparecem como hifas irregulares com paredes escuras e formas semelhantes a leveduras em tecido. As hifas podem ser ramificadas, septadas e comprimidas no ponto de septação. Paredes espessas podendo como estruturas leveduriformes com brotamento. Em cultura, os diferentes fungos crescem como fungos filamentosos negros ou marrons e são identificados pelas estruturas de reprodução. Epidemiologia Mais de 20 diferentes fungos demáceos têm sido citados como causas da feo-hifomicose subcutânea. Os agentes etiológicos mais frequentes são Exophiala jeanselmei, Alternaria, Curvularia, Phaeoacremonium e Bipolaris spp. Fungos são encontrados no solo e em detritos vegetais, a rota de infecção parece ser secundária à implantação traumática do fungo. Manifestações clínicas Mais comumente, a feo-hifomicose subcutânea se apresenta como um cisto inflamatório solitário. As lesões ocorrem, geralmente, nos pés e nas pernas, embora as mãos e outros locais do corpo possam ser envolvidos. As lesões aumentam lentamente e se expandem num período de meses ou anos. Podem ser firmes ou flutuantes e são em geral indolores. Outras manifestações incluem a formação de lesões pigmentadas em placa que são endurecidas e indolores. Diagnóstico O diagnóstico é feito baseado na excisão cirúrgica do cisto. No exame histopatológico, a aparência é de um cisto inflamatório com uma cápsula fibrosa, reação granulomatosa e necrose central. Os elementos fúngicos demáceos individuais ou agrupados são vistos dentro de células gigantes e extracelularmente no meio dos detritos necróticos.
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