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LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 1 
 
Prof. Florestan Rodrigo do Prado 
E-mail: 
 
26/08/2016 
 CRIMES DE TRÂNSITO – LEI N° 9.503/97 
 Disposições Gerais 
O Brasil é um dos países recordistas em acidentes de transito. 
O Código de Transito Brasileiro ao longo de sua vigência vem sendo modificado no 
sentido de aumentar a punição dos motoristas infratores em várias hipóteses. 
 Estudo do Art. 291 do CTB 
Art. 291, CTB – Aos crimes cometidos na direção de veículos 
automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do 
Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não 
dispuser de modo diverso, bem como a Lei 9.099, de 26 de setembro 
de 1995, no que couber. §1° Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão 
corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei 9.099, de 26 de 
setembro de 1995, exceto se o agente estiver: I – sob a influência de 
álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine 
dependência; II – participando, em via pública, de corrida, disputa ou 
competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia 
em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade 
competente; III – transitando em velocidade superior à máxima 
permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora). §2° 
Nas hipóteses previstas no §1° deste artigo, deverá ser instaurado 
inquérito policia para a investigação da infração penal. 
 Trata-se de uma norma geral de aplicabilidade. Neste sentido, o CTB invoca 
subsidiariamente as previsões do Código Penal e do Código de Processo Penal se o Código não 
dispuser de modo diverso, e da Lei 9.099/95, mas faz uma ressalva acerca do que couber. 
Assim, o primeiro ponto a ser analisado é justamente a aplicação da Lei 9.099/95 na 
legislação de transito. A grande maioria dos crimes de transito se enquadram no conceito de 
crimes de menor potencial ofensivo (crimes cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos). 
Há, no entanto, regras diferenciadas para os praticantes de crimes de transito uma vez 
que o §1° do Art. 292 do CTB excetua da possibilidade de aplicação dos institutos 
despenalizadores da Lei 9.099/95 (composição civil, transação penal e SURSIS processual) os 
que praticarem o crime sob a influência de álcool ou outra substancia psicoativa; participando 
de corrida em via pública ou realizando demonstração de pericia em manobras não 
autorizadas pela autoridade competente; e ainda se o indivíduo estiver transitando em 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 2 
 
velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h, sendo inclusive necessário, 
conforme normatiza o §2° do mesmo artigo, a instauração de inquérito policial para apuração 
do crime. 
Fora destas hipóteses, ainda que o crime não seja considerado de menor potencial 
ofensivo, como é o caso do crime de embriaguez ao volante (Art. 306, CTB) e participação de 
“raxas” (Art. 308, CTB) cujas penas máximas cominadas são de 3 anos de detenção, é possível 
que os acusados sejam beneficiados com a SURSIS Processual, uma vez que, preenchendo os 
requisitos (de não estar sendo processado e não ter sido condenado por outro crime), o 
instituto exige apenas que a pena mínima cominada ao crime não exceda um ano. 
 O SURSIS processual trata-se de um beneficio para o Réu e uma vez cumprida as 
condições impostas extingue-se a punibilidade e, poderá ser aplicado a todos os crimes de 
transito, salvo no caso do Homicídio Culposo no Transito cuja pena mínima é de 2 anos de 
detenção. 
 Conceito de Veículo “Automotor” 
O conceito de veículo automotor se encontra no Anexo I da Lei de Transito, 
transcrito abaixo: 
Veículo Automotor – todo veículo a motor de propulsão que circule 
por seus próprios meios, e que serve normalmente para o transporte 
viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados 
para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os 
veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre 
trilhos (ônibus elétrico). 
Assim, veículos de tração animal ou humana estão fora deste conceito. 
 Suspensão ou Proibição de se Obter a Permissão ou a Habilitação para Dirigir 
Veículos (Art. 292 e 293, CTB) 
Estes artigos foram modificados recentemente pela Lei 12.971/2014 e preveem a 
possibilidade do Juiz cumulativamente a pena privativa de liberdade ou isoladamente, aplicar 
uma pena de Suspensão ou Proibição da Carteira Nacional de Habilitação ou da Permissão para 
Dirigir. 
Art. 292, CTB – A suspensão ou a proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta 
isolada ou cumulativamente com outras penalidades. 
Art. 293, CTB – A penalidade de suspensão ou de proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem 
a duração de dois meses a cinco anos. §1° Transitada em julgado a 
sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade 
judiciária, em quarenta e oito hora, a Permissão para Dirigir ou a 
Carteira de Habilitação. §2° A penalidade de suspensão ou de 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 3 
 
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de 
condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional. 
 Embora seja uma pena de natureza administrativa, o Juiz poderá aplica-la por ocasião 
da Sentença, devendo ele estipular o tempo de suspensão ou proibição proporcional a 
gravidade do crime cometido, permanecendo sempre entre os parâmetros mínimo e máximo 
previsto no código (2 meses a 5 anos). 
Permissão: Após aprovação nos exames (teórico, prático e 
psicotécnico) o condutor recebe uma permissão para dirigir veículo 
automotor que possui validade de um ano. Neste período, caso o 
condutor não cometa nenhuma falta grave sua permissão é convertida 
na Carteira Nacional de Habilitação definitiva. 
Assim, no caso do indivíduo não possuir sequer a permissão para dirigir e cometer um 
crime de trânsito, o Juiz pode determinar a proibição da obtenção por um determinado tempo. 
Já a suspensão são para os casos em que o indivíduo já possui a permissão ou a Carteira 
Nacional de Habilitação definitiva e acaba cometendo um crime de transito. 
Em alguns crimes previstos no Código, junto ao preceito secundário, já encontramos a 
previsão da aplicação da pena administrativa cumulativamente a privativa de liberdade. Por tal 
razão, não é incomum nos crimes graves, como no caso do Homicídio Culposo no Transito, 
haver uma pena privativa de liberdade cumulada a pena administrativa. 
Insta salientar que nos crimes onde não existir a previsão da aplicação cumulativa da 
Suspensão ou Proibição o Juiz poderá aplicar nos casos do Réu ser reincidente específico 
(crimes de transito), cuja previsão se encontra no Art. 296, CTB. 
Art. 296, CTB – Se o réu for reincidente na prática de crime previsto 
neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão 
ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais 
sanções penais cabíveis. 
Caso o Réu se recuse a entregar a CNH ou a Permissão para Dirigir para a autoridade 
judiciária, no prazo de 48hs após sua intimação, conforme determina o §1° do Art. 293 do 
CTB incorrerá em outro crime previsto no Art. 307 do Código de Transito, vejamos: 
Art. 307, CTB – Violar a suspensão ou a proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com 
fundamento neste Código: Penas – detenção, de 6 (seis) meses a (um) 
ano, e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de 
suspensão ou de proibição.Ainda, nos incumbe atentar para a previsão do §2° do Art. 293 do CTB, que 
normatiza que o prazo de suspensão ou proibição somente inicia a contagem após cumprida a 
pena privativa de liberdade, uma vez que ela seria inócua caso o período em que o 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
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sentenciado permanecesse preso corresse também o prazo de suspensão ou proibição do 
direito de dirigir, uma vez que preso já não possui tal permissão. 
Assim, independentemente do regime de cumprimento da pena, o prazo só começa a 
contar após a extinção da punibilidade penal. 
Houve discussão na doutrina acerca da competência do Juiz do JECRIM em julgar os 
crimes de transito quando a pena administrativa cumulada fosse superior a dois anos. No 
entanto, atualmente o entendimento esta pacificado no sentido de que o Juiz do JECRIM pode 
sim julgar crimes cuja pena administrativa seja superior a dois anos, uma vez que o parâmetro 
que define o crime de menor potencial ofensivo é a pena privativa de liberdade e não a pena 
administrativa. 
Por fim, insta salientarmos que não cabe Habeas corpus para impugnar a sanção 
administrativa (suspensão ou proibição), por não envolver privação da liberdade (direito de 
locomoção) e uma vez determinada por ocasião da Sentença o recurso cabível é o de 
Apelação. 
 Suspensão ou Proibição Cautelar (Art. 294, CTB) 
Tudo o que vimos até agora ocorre no final do processo, por ocasião da Sentença. No 
entanto, é possível que a suspensão ou proibição sejam aplicadas cautelarmente, para evitar 
que o criminoso no transito cometa mais crimes. 
Art. 294, CTB – Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, 
havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, 
como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério 
Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, 
decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da 
habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua 
obtenção. 
Assim, de ofício ou a requerimento do Ministério Público ou ainda por representação 
da Autoridade Policial, para garantir a ordem pública o Juiz poderá cautelarmente decretar a 
suspenção ou a proibição da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor. 
Desta decisão cautelar, cabe Recurso em Sentido Estrito, conforme prevê o 
Parágrafo único do Art. 294 do CTB. 
Art. 294, Parágrafo único, CTB – Da decisão que decretar a 
suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento 
do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito 
suspensivo. 
Muitos acabam errando a peça na OAB quando o caso envolve estas medidas 
administravas, pois no rol trazido pelo Art. 581 do CPP, que prevê o Recurso em Sentido 
Estrito não consta a possibilidade de aplica-lo na hipótese da condenação administrativa pela 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 5 
 
prática de crime no transito, uma vez que a previsão se encontra no próprio Código de Transito 
Brasileiro, conforme elencamos acima. 
 Reincidência Específica (Art. 296, CTB) 
Art. 296, CTB – Se o réu for reincidente na prática de crime previsto 
neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão 
ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais 
sanções penais cabíveis. 
Será considerado reincidente específico o indivíduo que condenado por um crime de 
transito com sentença transitado em julgado, voltar a praticar outro crime de transito, sem 
que tenha passado o período depurador (prescrição). 
Assim a reincidência específica parte de uma interpretação ampliativa do crime de 
transito, pois não há a necessidade de que o indivíduo pratique o mesmo crime, bastando 
praticar qualquer dos crimes previsto no Código de Transito. 
 Multa Reparatória (Art. 297, CTB) 
Art. 297, CTB – A penalidade de multa reparatória consiste no 
pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus 
sucessores, de quantia calculada com base no disposto no §1° do art. 
49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante 
do crime. 
Neste sentido, o Juiz por ocasião da Sentença pode fixar um valor líquido e certo para 
fins de reparação do dano causado pelo Réu. 
É interessante ressaltarmos que a possibilidade de aplicação da multa existia apenas 
no Código de Transito Brasileiro, no entanto, atualmente o dispositivo esta em desuso, devido 
a previsão do inciso IV do Art. 387 do CPP, que determina que em todos os processos em 
que ocorrer dano material a parte tem direito a fixação em Sentença de um valor mínimo a 
título de reparação. 
Art. 387, CPP – O juiz, ao proferir sentença condenatória: [...] IV – 
fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, 
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; [...] 
 
 Agravantes Genéricas no Código de Transito (Art. 298, CTB) 
As agravantes genéricas previstas no Art. 298 do CTB são aplicáveis somente aos 
crimes de transito e não excluem a aplicação das agravantes genéricas previstas no Código 
Penal, por possuírem natureza diferente. 
Neste sentido, pode ser que ao caso concreto se aplique tanto agravantes genéricas 
previstas no CTB quanto as previstas no CP, sem caracterizar bis in idem. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
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A regra é que para situação agravante eleva-se a pena em 1/6, vejamos ao dispositivo 
do CTB: 
Art. 298, CTB – São circunstâncias que sempre agravam a s 
penalidades dos crimes de transito ter o condutor do veículo cometido 
a infração: I – com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com 
grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; II – utilizando o 
veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas; III – sem possuir 
Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; IV – com Permissão 
para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do 
veículo; V – quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados 
especiais com o transporte de passageiros ou de carga; VI – utilizando 
veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou 
características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de 
acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do 
fabricante; VII – sobre faixa de transito temporária ou 
permanentemente destinada a pedestres. 
Neste sentido, incidiria: 
o no inciso I, o condutor que capota seu veículo e quase atinge pessoas na 
calçada ou ainda a residência de alguém causando grande dano 
patrimonial; 
o no inciso II, o condutor que pratica um crime de transito estando com o 
veículo com placa falsa ou adulterada. 
 Existe um crime próprio no Código Penal o que faz surgir 
discussões acerca se o indivíduo responde pelo crime de transito 
agravado pela placa falsa em concurso material com o crime de 
adulteração de sinal identificador de veículo automotor (Art. 311, 
CP), ou se tal imputação seria bis in idem e sobre o assunto 
existem dois posicionamentos: 
 Uma corrente defende a possibilidade de se aplicar todas 
as punições que não caracterizaria bis in idem uma vez que 
o crime do Código Penal trata-se de um crime formal e ao 
adulterar a placa o sujeito já terá consumado o crime e 
depois ao cometer um crime no transito não impediria que 
a pena fosse agravada pela utilização da placa; 
 Outra corrente defende que caracterizaria sim o bis in 
idem, portanto não é possível cumular a agravante 
genérica com a punição pela prática do crime previsto no 
Art. 311 do CP. 
o no inciso V, o motorista profissional que por ventura vai trabalhar 
embriagado. 
o no inciso VI, os indivíduos que adulteram osveículos para que eles 
ganhem mais potencia e, as hipóteses aqui não se limitam a alterações no 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 7 
 
motor, pois o próprio rebaixamento do veículo já faz incidir essa 
agravante; 
o no inciso VII, sempre que o crime for praticado na faixa de pedestre, visto 
que o desvalor da conduta é maior, uma vez que o motorista deveria se 
precaver para dar maior proteção ao pedestre. 
 A jurisprudência tem entendido que o crime deve ser cometido 
exatamente na faixa de pedestre e, ser contra pedestre, assim 
caso o indivíduo seja atropelado fora da faixa e arremessado para 
ela, não caracteriza a agravante, da mesma forma que se dois 
veículos colidirem em cima da faixa de pedestre também não. 
 
 Prestação de Socorro à Vítima (Art. 301, CTB) 
O criminoso de transito que socorre a vítima tem o direito de não ser preso em 
flagrante e nem de lhe ser exigida fiança. Claro que temos que levar em consideração se o 
indivíduo tinha condições de prestar socorro sem colocar em risco a sua incolumidade física. 
Isso nos leva ao entendimento em contrario senso que é possível à prisão em flagrante 
e prestação de fiança em crimes de transito. 
 
02/09/2016 
 HOMICÍDIO CULPOSO DE TRÂNSITO (Art. 302, CTB) 
Art. 302, CTB – Praticar homicídio culposo na direção de veículo 
automotor. Penas – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e 
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para 
dirigir veículo automotor. 
Antes do Código de Transito Brasileiro qualquer crime culposo no transito, o individuo 
respondia nos termos do §3° do Art. 121 do CP. No entanto, com o advento do referido 
diploma, pelo principio da especialidade agora o indivíduo que mata alguém culposamente no 
transito responde como incurso no Art. 302 do CTB. 
 Insta salientar, que se o indivíduo com dolo utiliza um veículo para matar alguém 
respondera de acordo com o regramento do Código Penal. No mesmo sentido, o individuo 
embriagado ou que trafegue em excesso de velocidade, caso acabe matando alguém 
“culposamente”, a depender das circunstancias concretas do fato, pode caracterizar dolo 
eventual, o que também faz com que ele responda como incurso no regramento do Código 
Penal e a competência para julgamento será do Tribunal do Júri. 
 Objetividade Jurídica e Tipicidade Objetiva 
O bem jurídico protegido pelo tipo penal é a vida humana. 
No que tange aos elementos objetivos, temos um tipo aberto, ou seja, conforme sua 
estrutura ele se aplica a qualquer crime culposo. O Juiz é quem avalia a modalidade de culpa 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 8 
 
do caso em concreto: imprudência – excesso de velocidade, passar no cruzamento com o farol 
vermelho; negligência – deixar de realizar a manutenção adequada do veículo; ou imperícia – 
trafegar sem possuir habilitação, ou possua, mas não daquela categoria de veículo. 
Nos crimes culposos afasta-se a responsabilidade do agente, sempre que ficar 
caracterizado que o crime ocorreu por culpa exclusiva da vítima ou de terceiro. No entanto, 
no Direito Penal não há compensação de culpa, assim se houver culpa concorrente, a culpa da 
vítima não compensa a culpa do condutor, em outras palavras, o condutor responderá pelo 
crime ainda que a vítima tenha uma parcela de culpa. 
 Abrangência do Código de Transito Brasileiro 
 O CTB alcança veículos automotores em vias terrestres, tanto urbanas como rurais. 
Não se incluem os veículos que andam em trilhos, vias fluviais e marítimas. A jurisprudência já 
pacificou que o Código de Transito se aplica mesmo em vias particulares. 
 Insta salientar que não basta ser via terrestre pública ou particular, só responde por 
crime de transito o condutor do veículo. Assim, aquele que não estiver na condução do veículo 
ainda que cause um acidente que leve a morte de alguém, não respondera por homicídio 
culposo no transito, vejamos alguns exemplos: 
1) Pedestre que atravessa a via de repente, assusta um motoqueiro que cai da moto 
e morre, não responde por homicídio culposo nos termos do CTB, mas sim pelo 
§3° do Art. 121 do CP; 
2) Alguém que ao resolver dar um “tranco” no veículo, não consegue retornar a 
direção e o carro sem condutor atropela e mata um pedestre, também não 
responde por homicídio culposo no transito, mas pelo previsto no Código Penal; e 
3) Um passageiro que ao jogar uma lata pela janela acaba acertando um motociclista 
que perde o controle se acidenta e morre, também não se aplica o CTB. 
 Por outro lado, ainda que o veículo esteja parado, se o condutor ao abrir a porta acaba 
batendo em um motoqueiro que cai e morre, responderá por homicídio culposo no transito. 
 Aspectos Relevantes 
 
o Inconstitucionalidade do Art. 302 do CTB 
Existe uma corrente doutrinaria que defende a inconstitucionalidade do Art. 302 do 
CTB, por violar o Princípio da Isonomia e Proporcionalidade uma vez que a pena cominada 
para Homicídio Culposo do Código Penal é de 1 a 3 anos de detenção e no Homicídio Culposo 
no Transito de 2 a 4 anos de detenção. 
 Por outro lado, há aqueles que defendem a constitucionalidade do referido dispositivo, 
afirmando que o desvalor da conduta de um motorista que mata alguém no transito é mais 
acentuado quando comparado ao desvalor de um homicídio culposo comum, uma vez que 
espera-se que o motorista tenha cuidados redobrados. O STJ e o STF adotaram esta corrente. 
o Denúncia 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 9 
 
 
 A denúncia do Promotor deve descrever minuciosamente o comportamento do 
motorista, indicando qual o tipo de culpa que manifestada no caso em concreto. 
o Veículos Oficiais 
 Quanto a competência para julgar homicídio culposo no trânsito, envolvendo veículos 
oficiais, principalmente no que tange viaturas da Policia Militar, a Súmula 6 do STJ determina 
que a competência é da Justiça Comum, salvo se a vítima também for militar. 
Súmula 6, STJ – Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar 
delito decorrente de acidentes de trânsito envolvendo viatura de 
Polícia Militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares em 
situação de atividade. 
o Perdão Judicial 
 Como o Código Penal é aplicado subsidiariamente ao Código de Transito Brasileiro, 
aplica-se, por exemplo, o Perdão Judicial (§5° do Art. 121, CP). 
Art. 121, §5°, CP – Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá 
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o 
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne 
desnecessária. 
Assim, no caso do pai atropelar e matar o próprio filho ao manobrar o veículo na 
garagem de sua casa, a sanção penal torna-se inócua frente o sentimento de culpa que o 
agente sofreria. 
Insta salientar, que o perdão judicial é personalíssimo e exige vínculo de afetividade 
entre o autor e a vítima. Neste sentido, se em um veículo encontra-se o pai (condutor) seu 
filho e um amigo do pai, caso este amigo instigue o pai a trafegar em alta velocidade e isto 
acarrete na perda do controle do veículo, capotamento e morte do filho do condutor. O pai 
poderá ser favorecido com o perdão judicial, enquanto o amigo que foi partícipe não será 
beneficiado, por não ter vínculo afetivo com a vítima. 
No mesmo sentido, se as consequências do acidente repercutirem também no autor, 
como por exemplo, tê-lo deixado tetraplégico, a sanção penal também pode se tornar inócua 
frente as dificuldades que ele enfrentará em sua vida. 
 A decisão que concede o Perdão Judicial tem Natureza Jurídica declaratória de 
extinção da punibilidade. 
 Absorção e Concurso de Crimes 
Muitas vezes crimes de transito se apresentam comoum conglomerado de crimes, ou 
seja, as situações fáticas envolvem comumente vários crimes praticados concomitantemente, 
caracterizando concurso de crimes ou absorção de alguns crimes por outros. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 10 
 
Assim, os crimes materiais de trânsito (que repercutem em dano à vítima, como 
homicídio culposo ou lesão corporal culposa) absolvem os crimes de perigo, de risco (excesso 
de velocidade e embriaguez ao volante), mas pode ser que estas circunstâncias configurem 
causa de aumento de pena ou qualifiquem o crime. 
Nos casos onde há concurso formal, como, por exemplo, o do motorista da Van em 
excesso de velocidade que acaba atropelando um grupo de pessoas e algumas morrem e 
outras ficam gravemente lesionadas, responderá conforme prevê a primeira parte do Art. 70 
do Código Penal, senão vejamos: 
Art. 70, CP – Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais 
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas 
aumentada, em qualquer caso, de 1/6 (um sexto) até ½ (metade). As 
penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão 
é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, 
consoante o disposto no artigo anterior. 
 Causas de Aumento de Pena (Art. 302, §1°, CTB) 
Art. 302, §1°, CTB – No homicídio culposo cometido na direção de 
veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, 
se o agente: I – não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de 
Habilitação; II – praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; III – 
deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à 
vítima do acidente; IV – no exercício de sua profissão ou atividade, 
estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. 
Caso alguma causa de aumento de pena coincida com uma agravante genérica, o Juiz 
no momento da dosimetria de pena não poderá aplicar ambas, uma vez que caracterizaria bis 
in idem, assim, o Código Penal determina que se aplique apenas a circunstancia que aumente 
mais. 
Os incisos do parágrafo acima são auto explicativos, sendo necessário apenas 
explicarmos algumas situações com relação a conduta de “deixar de prestar socorro, quando 
possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente”, vejamos: 
Se o indivíduo conduzindo um veículo em alta velocidade, atropela e mata alguém e na 
sequencia foge sem prestar socorro, responderá por Homicídio Culposo no Transito com a 
Causa de Aumento de Pena como determina o inciso III do §1° do Art. 302 do CTB, 
tratando-se, portanto, de hipótese em que o crime material absorve o crime de perigo, no 
entanto, precisamos diferenciar algumas situações. 
Nas hipóteses em que o indivíduo não der causa ao acidente, mas participar do fato e 
fugir, como, por exemplo, o caso de um transeunte se jogar na frente de um veículo à noite em 
uma rodovia, embora não responda por Homicídio Culposo no Transito responderá pela 
Omissão de Socorro prevista no CTB (Art. 304, CTB). 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 11 
 
Já no caso do indivíduo não estar envolvido no fato, mas presenciar os acontecimentos 
e não prestar socorro, responderá por Omissão de Socorro prevista no Código Penal (Art. 135, 
CP). 
Na análise das situações acima podemos concluir que a Omissão de Socorro do Código 
de Transito se presta tão somente para os indivíduos que participaram os fatos que envolvem 
o Crime de Trânsito. 
Por óbvio o dever de prestar socorro somente persiste se não houver risco pessoal ao 
agente, também é importante frisarmos que se um terceiro socorrer a vítima e os envolvidos 
nos fatos permanecerem no local, não caracteriza o crime de Omissão de Socorro. 
Por fim, insta salientar que fica isento de cumprir com essa determinação nas 
situações em que a vítima morrer instantaneamente. 
 Homicídio culposo e embriaguez ao volante (Art. 302, §2°, CTB) 
Art. 302, §2°, CTB – Se o agente conduz veículo automotor com 
capacidade psicomotora alterada em ração da influência de álcool ou 
determine, dependência ou participa, em via, de corrida, disputa ou 
competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de 
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela 
autoridade competente. Penas – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) 
anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor. 
Este dispositivo foi acrescido pela Lei n. 12.971/14 e, antes desta alteração os casos 
de Embriaguez ao Volante eram tratados como Causa de Aumento de Pena, uma vez que havia 
um inciso V no §1° estudado acima. Com a inclusão do §2° ao Art. 302 do CTB a Embriaguez 
ao Volante deixou de ser uma Causa de Aumento de Pena para Qualificar o crime. 
Neste caso a pena permaneceu com o mesmo prazo, mas deixou de ser de detenção e 
passou a ser de reclusão, tendo alterado, portanto, sua natureza, lembrando que as penas de 
detenção iniciam o cumprimento em regime semi-aberto (menos gravoso), ao passo que as de 
reclusão em regime fechado (mais gravoso). 
Assim, suponhamos que um indivíduo embriagado atropele e mate uma pessoa na 
faixa de pedestre. Para iniciar o cálculo da pena, já devemos levar em consideração a 
qualificadora. Já o fato de ter ocorrido em cima da faixa de pedestre faz incidir a Causa de 
Aumento de Pena, prevista no inciso II do §1° do Art. 302 do CTB (3° fase do cálculo da 
pena). 
Dependendo do estado de embriaguez que o indivíduo se apresente, pode indicar que 
o crime tenha natureza dolosa, no plano do dolo eventual. Portanto, o Homicídio de Transito 
quando combinado com Embriaguez ao Volante pode ensejar tanto o crime de Homicídio 
Culposo no Transito (Art. 302, CTB) como o Homicídio (Art. 121, CP). 
 LESÃO CULPOSA DE TRÂNSITO (Art. 303 do CTB) 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 12 
 
Art. 303, CTB – Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo 
automotor: Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e 
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para 
dirigir veículo automotor. 
 Basicamente tudo que falamos do homicídio também se aplica a Lesão Culposa de 
Trânsito. 
 Gravidade da Lesão e Reflexos na Tipificação 
A gravidade da Lesão Corporal não interfere na tipificação do crime, ou seja, sempre 
será o Art. 303 do CTB, isso porque as graduações da lesão se aplicam apenas as formas 
dolosas. 
No entanto, a gravidade da lesão sem dúvida influenciará o Juiz no momento de dosar 
a pena. Assim, em que pese a gravidade da lesão não interferir na tipificação, ela vai interferir 
na dosimetria da pena. 
 Causas de Aumento de Pena (Art. 303, Parágrafo único, CTB) 
Art. 303, Parágrafo único, CTB – Aumenta-se a pena de 1/3 (um 
terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do §1° do art. 302. 
Este parágrafo nos remete ao §1° do Art. 302, CTB, portanto, as mesmas Causas de 
Aumento de pena previstas para o Homicídio Culposo de Transito se aplicam a Lesão Culposa 
de Transito. 
 Lesão de Trânsito e Embriaguez ao volante (Art. 291, §1°, CTB) 
Como o Parágrafo único do Art. 303, conforme explicado acima, nos remete as 
Causas de Aumento de Pena previstas no §1° do Art. 302, com a revogação do inciso V do 
referido dispositivo, onde previa o aumento de pena nos casos de Embriaguez ao Volante, o 
crime de Lesão Culposa de Transito acabou ficando sem esta Causa de Aumento de Pena. 
 E como não é possível aplicar a circunstância qualificadora prevista no §2° do Art. 
302 do CTB for falta de previsão legal, resta apenas à possibilidade que o Juiz aplique uma 
pena mais gravosa utilizandocomo base o Art. 59 do CP no momento da dosimetria da pena. 
 Não podemos olvidar também que incide o §1° do Art. 291 do CTB, que afasta os 
benefícios da Lei 9.099/95 na Lesão Culposa de Transito, em que o indivíduo encontrava-se 
embriagado. 
 
09/09/2016 
EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (Art. 306, CTB) 
Art. 306, CTB – Conduzir veículo automotor com capacidade 
psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 13 
 
substância psicoativa que determine dependência. Pena – detenção 
de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habitação para dirigir veículo automotor. 
 A redação deste dispositivo foi alterada varias vezes no decorrer dos anos, atualmente 
o caput prevê o crime propriamente dito e os §§ são dispositivos explicativos. 
 Objetividade Jurídica e Tipicidade Objetiva 
O crime é de perigo abstrato e protege-se a segurança no transito. Assim, o primeiro 
ponto que devemos analisar é que o crime de embriaguez ao volante protege a Segurança 
Pública, uma vez que o próprio Código de Transito disciplina no §2° do seu Art. 1° que todo 
cidadão tem direito a segurança no transito. 
Art. 1°, §2°, CTB – O trânsito, em condições e seguras, é um direito de 
todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema 
Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas 
competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito. 
Claro que ao proteger a segurança no transito, indiretamente se protege a vida, 
integridade física, patrimônio, etc. 
 A “Lei Seca” (Lei. 11.705/08) e seu fortalecimento pela Lei 12.760/12 
Antes do CTB, tínhamos um artigo específico na Lei das Contravenções Penais que 
disciplinava a punição para aqueles que eram pegos embriagados ao volante. Na época o 
delito era considerado de menor potencial ofensivo sendo-lhe cominado uma pena branda. 
Com o advento do CTB houve a previsão do crime de embriaguez ao volante, no 
entanto, a redação do Art. 306 era bem diferente. 
A antiga tipificação do crime de embriaguez ao volante previa a necessidade do agente 
causar risco à segurança no transito, ou seja, não bastava a embriaguez para caracterizar o 
crime, havia a necessidade de que o indivíduo conduzisse o veículo de maneira perigosa, em 
outras palavras o dispositivo exigia risco concreto. 
Com tal previsão ainda que o indivíduo estivesse embriagado, caso estivesse dirigindo 
bem, ele não era tipificado no crime de embriaguez ao volante. 
Com o advento da Lei Seca em 2008, como os índices de acidentes causados por 
motoristas alcoolizados eram alarmantes, a ideia foi combate-lo de forma rigorosa. 
Esta norma retirou a exigência de risco concreto que existia na redação originária e 
passou a exigir apenas o risco abstrato, assim bastava o agente estar embriagado que 
caracterizaria o crime, independente da sua habilidade na direção. 
Nesta ocasião, a lei estabeleceu uma quantidade mínima de dosagem alcoólica para 
caracterizar o crime (igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou 
superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar). 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 14 
 
Esta normatização trouxe um grande problema prático, pois não havia como 
comprovar o índice da dosagem alcoólica se o agente se recusasse a se submeter ao exame de 
sangue ou etilômetro (alcoolímetro) e o STF e o STJ tinham o entendimento pacifico de que o 
condutor do veículo não era obrigado a produzir provas contra si mesmo (Art. 5°, LXIII, CF). 
Fato é que isto se transformou num verdadeiro obstáculo para na pratica punir o 
indivíduo por embriaguez ao volante. 
Por causa deste entrave, tivemos em 2012 uma nova Lei Seca, que alterou novamente 
o Art. 306 do CTB reforçando seu caráter punitivo e autorizando outros meios para 
comprovação da embriaguez, através da criação do §1° do Art. 306. 
Art. 306, §1°, CTB – As condutas previstas no caput serão constatadas 
por: I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por 
litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro 
de ar alveolar; ou II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo 
Contran, alteração da capacidade psicomotora. 
Assim, passamos de uma simples contravenção penal, para um crime de perigo 
concreto, posteriormente para crime de perigo abstrato que havia cominado uma dosagem 
alcóolica mínima para caracteriza-lo, até chegarmos a previsão atual de crime de perigo 
abstrato, onde há várias formas de se comprovar a embriaguez, inclusive através de 
testemunhas, conforme verificaremos abaixo. 
 A constatação da alteração da capacidade psicomotora do condutor do veículo 
(Art. 306, §1°, CTB) 
 
o Resolução n. 432/13 – CONTRAN 
Art. 306, §1°, CTB – As condutas previstas no caput serão constatadas 
por: I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por 
litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro 
de ar alveolar; ou II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo 
Contran, alteração da capacidade psicomotora. 
 O inciso I repete a previsão que já tínhamos antes da alteração de 2008, ou seja, a de 
se comprovar a embriaguez através de exame de dosagem alcóolica realizada principalmente 
por meio de uma amostra de sangue, mas é possível também utilizar o suor, a saliva e até a 
urina para realizar tal dosagem. Há também a possibilidade de se aferir a embriaguez através 
do ar soprado no etilômetro, popular bafômetro. 
 Como já discutimos acima, o agente poderá negar-se a ceder amostra de seus fluidos 
corporais ou mesmo a soprar o etilômetro, por tal razão a lei atualmente permite a 
comprovação da embriaguez conforme o previsto no inciso II. 
 O inciso II foi a grande novidade trazida pela alteração da nova Lei Seca de 2012, pois 
passou-se a possibilitar a comprovação da embriaguez pelos sinais exteriores apresentados 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 15 
 
pelo condutor. Tais sinais foram regulamentados pela portaria do Contran (Resolução 
432/13). 
 Então, atualmente qualquer agente de transito possui atribuição para diagnosticar 
clinicamente e atestar a presença dos sinais exteriores de embriaguez no condutor do veículo. 
Todos os sinais observados devem ser transcritos no auto de infração, servindo como prova da 
alteração motora. 
Vídeos, provas testemunhais, médicos peritos ou qualquer outro tipo de prova são 
também aceitos para comprovar a embriaguez, conforme previsão do §2° do Art. 306 do 
CTB. 
Art. 306, §2°, CTB – A verificação do disposto neste artigo poderá ser 
obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológica, exame clínico, 
perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito 
admitidos, observado o direito à contraprova. 
Insta salientar que o dispositivo elencado acima disciplina o direito do condutor do 
veículo de realizar a contraprova. Neste sentido, caso o condutor tenha alguma patologia que 
o leve a ter a presença dos sinais característicos da embriaguez, sem, no entanto, ter bebido, 
ele terá a oportunidade de provar tal fato. 
A depender das circunstancias do fato, a constatação da prática do crime de 
embriaguez ao volante autorizam a prisão em flagrante, uma vez que ele não é mais 
considerado de menor potencial ofensivo. 
Além das consequências penais, há também as consequências administravas que 
podem ser tão graves quanto as penais, conforme previsão no Art. 165, CTB. 
Art. 165, CTB – Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra 
substância psicoativa que determine dependência: Infração – 
gravíssima; Penalidade– multa (dez vezes) e suspensão do direito de 
dirigir por 12 (doze) meses. Medida administrativa – recolhimento 
do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o 
disposto no §4° do art. 270 da Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997 – 
do Código de Trânsito Brasileiro. 
 Assim, a multa é altíssima o condutor é pontuado em sua carteira, o veículo pode ser 
apreendido (caso não haja ninguém habilitado e em condições de conduzi-lo) e o condutor 
terá que passar por cursinhos preparatórios antes de reaver sua CNH. 
Existe uma disposição na resolução do Contran que é extremamente rigorosa, uma vez 
que o simples fato de não se submeter ao etilômetro, o indivíduo já é punido 
administrativamente, claro que sobre o dispositivo pairam dúvidas sobre sua 
constitucionalidade. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 16 
 
Art. 306, §3°, CTB – O Contran disporá sobre a equivalência entre os 
distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de 
caracterização do crime tipificado neste artigo. 
Por fim, insta salientar que o crime de embriaguez ao volante é Crime de Ação Penal 
Pública Incondicionada, aliás o único Crime de Transito cuja Ação é Condicionada é o de Lesão 
Corporal Culposa, salvo se o indivíduo estiver embriagado. 
 Aspectos finais 
 
o Concurso de Crimes 
O Crime de Embriaguez ao Volante se aplica ao indivíduo que não praticou qualquer 
outro crime, pois caso ele atropele e mate ou lesione alguém o crime material absorve o crime 
de perigo, incidindo como circunstancia judicia (lesão corporal culposa) ou qualificadora 
(homicídio culposo), conforme vimos anteriormente. 
o Recentes Alterações Legislativas 
 A Lei n° 13.281/16 alterou recentemente o Código de Transito Brasileiro e dentre as 
alterações incluiu o Art. 312-A elencado abaixo: 
Art. 312-A, CTB – Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 
deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a substituição de 
pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá 
ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em 
uma das seguintes atividades: I – trabalho, aos fins de semana, em 
equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades 
móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; II – 
trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública 
que recebem vítimas de acidente de trânsito e politraumatizados; III – 
trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de 
vítimas de acidentes de trânsito; IV – outras atividades relacionadas ao 
resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de 
transito. 
 Assim, caso o Juiz entenda que cabe a substituição da pena privativa de liberdade por 
restritiva de direitos, deverá ser a de prestação de serviço à comunidade ou a entidades 
públicas, nas atividades descritas nos incisos acima. 
CRIMES DE PRECONCEITO OU DISCRIMINAÇÃO (Racismo – Lei n° 7716/89 – Lei n° 
12.288/10) 
A Lei não envolve apenas o racismo, mas sim qualquer tipo de discriminação / 
preconceito. 
A Lei busca punir as pessoas que discriminam outras com base em ideias de 
superioridade de raça, etnia, cor, etc. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 17 
 
 O Estatuto da Igualdade Racial modificou muitos dispositivos da Lei do Racismo. 
 Disposições Iniciais 
 
o Histórico Legislativo 
Nas Ordenações Filipinas, a própria Lei discriminava as pessoas. Os Judeus, por 
exemplo, tinham que andar com um gorro amarelo, enquanto os Mouros com uma vestimenta 
contendo uma meia lua vermelha para que fosse fácil distingui-los dos demais. 
A Constituição de 1824 foi a primeira que vedou a perseguição com base em religião, 
mas nada falou acerca da questão da escravidão. 
Apenas em 1988 a Lei Aurea aboliu a escravidão, mas insta salientar que antes dela em 
1871 houve a Lei do Ventre Livre, onde o filho do escravo nascido no Brasil não podia mais ser 
escravo. 
Mais recentemente a primeira Lei a combater especificamente o racismo foi uma Lei 
da década de 50 denominada Lei Afonso Arinos (Lei 1.390/51). 
Nosso material de trabalho para estudo do combate ao racismo será a Lei 7.716/89 
com as alterações realizadas pela Lei 12.288/10, mas não podemos deixar de lembrar que há 
uma série de leis que combatem a discriminação no Brasil, vejamos: 
o Leis Anti-Discriminação 
 Genocídio – Lei n° 2.889/56; 
 Estatuto do índio – Lei n° 6.001/73; 
 Lei de Portadores de Deficiência – Lei n° 7.853/89; 
 Lei de Proteção ao Emprego – Lei n° 9.029/95; 
 Lei de Tortura – Lei n° 9455/97; e 
 Estatuto do Idoso – Lei n° 10.741/03. 
Além destas normas, não podemos esquecer da Constituição Federal e dos Tratados 
Internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos do Homem (Art. 2°) e a Convenção 
Internacional sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. 
 Bem Jurídico Protegido 
Dignidade da Pessoa Humana que possui previsão na própria Constituição (Art. 1°, III, 
CF). 
Art. 1°, CF – A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se 
em Estado Democrático de direito e tem como fundamentos: [...] III – 
a dignidade da pessoa humana; [...] 
Igualdade, pois os iguais devem ser tratados igualmente e os desiguais desigualmente 
na medida de sua desigualdade, que também possui previsão Constitucional (Art. 5°, I, CF). 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 18 
 
Art. 5°, CF – [...] I – homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição; [...] 
A Constituição Federal em vários dispositivos trata do racismo, se verificarmos os 
incisos do Art. 3° onde estão previstos os objetivos da Republica, verificaremos no inciso IV 
prevê que a República deve “promover o bem estar de todos, sem preconceitos de origem, 
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. 
Além disso, a Constituição ainda prevê a inafiançabilidade e a imprescritibilidade dos 
crimes de racismo, conforme podemos verificar abaixo. 
Art. 5°, CF – [...] XLII – a prática do racismo constitui crime 
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da 
lei; [...] 
 Estudo dos Conceitos 
 
o Racismo 
O racismo é uma teoria, uma teoria da superioridade, em outras palavras é uma teoria 
de que algumas pessoas, povos e nações se acham dotadas de qualidades superiores, 
qualidades estas físicas e/ou psicológicas. 
o Preconceito 
Trata-se de um sentimento, um pré julgamento, um estereótipo negativo que estas 
pessoas sentem. Assim é uma opinião que se forma sobre algo ou alguém, pautado em 
suspeitas, ódio, intolerância, aversão e até mesmo religião ou credo, mas nunca em algo 
científico. 
o Discriminação 
A discriminação trata-se de uma atitude, ação. Discriminar significa diferenciar, afastar, 
apartar, tratar de forma diferente. 
Vários autores dizem que a discriminação é a materialização do preconceito, inclusive 
o Art. 1° Parágrafo único, Inciso I da Lei 12.288/10, nos fornece um conceito 
extremamente importante de discriminação, vejamos: 
Art. 1° Parágrafo único da Lei 12.288 – Para efeito deste Estatuto, 
considera-se: I – discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, 
exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência 
ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir 
o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de 
direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, 
econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida 
pública ou privada. 
Existemdois tipos de discriminação: 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 19 
 
Discriminação Negativa: é a discriminação ilícita, ilegal, contra o direito. Ex. Proibir a 
entrada de pessoas negras em um estabelecimento comercial. 
Discriminação Positiva: trata-se da discriminação legal, lícita, pautada na ideia de 
justiça distributiva, que é tratar igualmente as pessoas iguais e desigualmente os desiguais na 
medida de suas desigualdades. Se manifesta concretamente nas Ações Afirmativas, que são 
formas de correção das desigualdades. Ex. Sistema de cotas para ingresso nas universidades 
públicas e reservas de vagas para deficientes físicos no mercado de trabalho. 
 
15/09/2016 
 A Imprescritibilidade do “Racismo” (Art. 5° XLII, CF/88) 
Art. 5°, CF – [...] XLII – a prática do racismo constitui crime 
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da 
lei; [...] 
 Os crimes previstos na Lei 7.716/89 com as alterações realizadas pela Lei 
12.288/10, por força de um mandamento constitucional, são imprescritíveis, ou seja, não flui 
nenhum tipo de prescrição. 
 O racismo ou crime de preconceito em razão de origem nacional, religião, etnia, raça 
ou cor, é considerado um crime contra humanidade e a tendência mundial é tornar tais crimes 
imprescritíveis. 
 Diferença de Injúria Racial ou Preconceituosa e “Racismo” 
Injúria Racial ou Preconceituosa, não nasceu na redação originária do Código Penal, 
tendo sido incluída pela mesma Lei que criou o crime de Divulgação do Nazismo. 
Esta lei acrescentou um §3° ao Art. 140 do CP criando uma espécie de Injúria 
Qualificada (Injúria Racial ou Preconceituosa). 
Art. 140, §3°, CP – Se a injúria consiste na utilização de elementos 
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa 
idosa ou portadora de deficiência: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) 
anos, e multa. 
Nesta hipótese o agente atribui qualidades negativas a outra pessoa ofendendo a sua 
dignidade, decoro e/ou auto estima, mas ao fazer isso ele utiliza elementos preconceituosos 
inerentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de 
deficiência. 
Na Injúria Preconceituosa ou Racial a ofensa é dirigida a uma vitima ou grupo de 
vítimas determinadas, específicas. Isto é extremamente importante para configuração do 
crime. A Ação Penal neste caso é Pública Condicionada a Representação e tal crime é passível 
de prescrição. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 20 
 
Já o Racismo ou Crime de Preconceito é mais amplo. O Racismo se manifesta de várias 
maneiras, temos, por exemplo, um primeiro grupo de 12 crimes que são denominados Tipos 
Específicos, previstos entre o Art. 3° e 14 da Lei 7.716/89 abrangendo situações do 
cotidiano, nos vários setores da sociedade. 
O crime de Racismo envolve condutas como impedir, obstar, impor, recusar, em razão 
de origem nacional, etnia, cor da pele, religião e raça. Neste sentido um restaurante que 
proíbe a entrada de indivíduos de uma determinada cor de pele ou uma escola que impede a 
matrícula de crianças de uma determinada religião, são condutas racistas. 
A Divulgação do Nazismo também é facilmente perceptível, para tal o agente deve 
fabricar, vender ou distribuir símbolos nazistas. 
A Modalidade Genérica de Racismo é que causa maior confusão entre Injúria Racial, já 
que a Modalidade Genérica envolve induzimento, instigação e a prática de qualquer 
manifestação preconceituosa. A simples manifestação de qualquer opinião racista faz o 
indivíduo ser tipificado no crime de Racismo na Modalidade Genérica. 
Art. 20, Lei 7.716/89 – Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou 
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena 
– reclusão de um a três anos e multa. 
O elemento básico que os diferencia é que a Injúria Racial há uma vítima ou grupo de 
vítimas determinadas, já o Racismo na Modalidade Genérica a manifestação da opinião 
racista/ofensiva é direcionada a um grupo indistintamente. 
Assim, no mesmo contexto fático poderemos ter concurso de crimes de Racismo e 
Injúria Racial, sendo que este último o objeto jurídico protegido é a honra e o primeiro a 
igualdade e dignidade da pessoa humana. 
Uma vez que a conduta é caracterizada como sendo de Racismo na Modalidade 
Genérica, o crime é imprescritível e a Ação Penal é Pública Incondicionada. 
 Análise dos Elementos Objetivos dos Crimes de Preconceito ou Discriminação 
O Racismo envolve necessariamente cinco situações: raça, cor da pele, etnia, religião 
e/ou procedência nacional e, para melhor entendermos as tipificações penais faz-se necessário 
estudarmos o conceito de cada uma delas, vejamos: 
o Raça 
Conjunto de pessoas que compartilham das mesmas características físicas (somáticas). 
São pessoas fisicamente semelhantes – formato dos olhos, cor da pele, tipo de cabelo, 
estrutura do crânio, forma física. Estas características são transmitidas hereditariamente. 
Em que pese já estar comprovado que todos os seres humanos tem uma mesma 
origem, para fins jurídicos há varias raças humanas, cada uma delas englobando uma 
variedade de características. Não fosse assim, o agente poderia alegar que não cometeu 
racismo sob a alegação de que todos são iguais. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 21 
 
o Cor 
Refere-se a tonalidade da pele – branca, preta, parda. 
o Etnia 
A semelhança aqui esta relacionada a fatores culturais, psicológicos, políticos, 
linguísticos e tradição. 
Por exemplo, os Judeus são fisicamente bem diferentes, mas possuem uma etnia 
bastante presente/forte. 
Encontraremos jurisprudência do Supremo no sentido de que Raça e Etnia são a 
mesma coisa, mas sob pontos de vista diferentes. 
o Religião 
Trata-se do exercício da fé em uma divindade. Ex. catolicismo, protestantismo. 
Acerca do indivíduo Ateu poder ser vítima de discriminação religiosa, existem duas 
correntes: 1) defende tratar-se de fato atípico, portanto o Ateu não poderia figurar como 
sujeito passivo deste crime; 2) defende que o Ateu pode sofrer discriminação religiosa, uma 
vez que a discriminação não se relaciona a prática de uma religião, mas sim a postura que o 
indivíduo possui frente a religião. Esta segunda corrente é a que tem prevalecido. 
o Procedência Nacional 
É possível a discriminação de pessoas que são do mesmo Estado (país), mas de regiões 
diferentes. 
Segundo o STF também se inclui neste dispositivo os estrangeiros que sofram 
discriminação, uma vez que procedência nacional relaciona-se também com a nacionalidade 
do indivíduo. 
Neste sentido, pode um brasileiro ser discriminado no próprio Estado (Brasil) por ser 
brasileiro, na hipótese, por exemplo, de uma multinacional obstar a contração de brasileiros, 
somente por serem brasileiros. 
 Aspectos Controvertidos 
Se não houver discriminação com base nos elementos elencados acima, não temos a 
incidência da Lei 7.716/89. Por tal razão, discriminar pessoas com deficiência ou idosos, não 
incide nessa Lei. 
A homofobia, a discriminação devido a orientação sexual ou aspectos filosóficos e 
políticos, também não se enquadram nessa Lei, podendo caracterizar dependendo do caso 
crime contra a honra. 
 Dos Crimes em Espécie 
 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 22 
 
o Tipos Específicos: Art. 3° ao 14 da Lei 7.716/89. 
Trata-se do primeiro grupo de crimes e envolvem vários segmentos da sociedade. 
o Tipo Genérico: Art. 20, caput da Lei 7.716/89. 
Trata-se de um crime subsidiário, pois enquadraremos os agentes que não se 
enquadrarem nos tipos específicos. 
o Divulgação doNazismo 
Por fim, há ainda um crime específico para aqueles que divulgam o nazismo. 
 Tipos Específicos dos Crimes de Preconceito ou Discriminação 
 
o Sujeito Ativo e Passivo 
O Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, mas dependendo do crime poderá exigir 
uma qualificação pessoal. Por exemplo, o sujeito ativo do crime previsto no Art. 3° da Lei 
7.716/89, só pode ser funcionário público. O Parágrafo único do mesmo artigo ainda 
deixa claro que o Sujeito ativo pode ser um semelhante, ou seja, um funcionário público 
discriminando outro funcionário público. 
Em relação ao Sujeito Passivo, primeiramente temos o Estado (sociedade como um 
todo) e secundariamente a pessoa discriminada. 
o Tipicidade Subjetiva 
O crime é necessariamente doloso – vontade livre e consciente de praticar atos 
discriminatórios em face de uma religião, procedência nacional, raça, cor da pele ou etnia. 
Se não houver esse dolo específico não há crime de racismo. Assim, caso o agente 
esteja praticando o ato com animus jocandi (brincadeira), não caracteriza o racismo. 
Se o motivo da discriminação é justo, acolhido pelo direito também não há crime. Por 
exemplo, não é discriminação obstar um sujeito de ocupar um cargo público, caso ele não 
passe no concurso, também não é crime impedir que um candidato a policial assuma o cargo 
se ele não demonstrar a aptidão física exigida, enfim, havendo um motivo justo, poderá haver 
discriminação. 
o Tipicidade Objetiva 
São 4 comportamentos (verbos nucleares) que caracterizam as condutas típicas do 
crime de Racismo: 
 Impedir – renegar acesso, proibir. 
 Obstar – causar embaraço, criar obstáculo, dificultar. 
 Negar – dizer não, recusar. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 23 
 
 Recusar – deixar de fornecer 
Trata-se de crime formal, portanto não exigem resultado naturalístico, no entanto eles 
admitem tentativa, por serem multipluriexistentes. 
o Tipos Específicos (Divisão Didática): 
 
 Discriminação no Trabalho: Art. 3°, 4° e 13 da Lei 7.716/89 
 
 Discriminação no Serviço Público 
Art. 3° da Lei 7.716/89 – Impedir ou obstar o acesso de alguém, 
devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou 
Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de 
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, 
obstar a promoção funcional. Pena – reclusão de dois a cinco anos. 
Neste sentido, não pode um edital de concurso vedar o acesso de pessoas de uma 
determinada raça, etnia, religião, origem nacional ou cor da pele. Ou mesmo, alguém ser 
impedido de ser promovido com base nos mesmos argumentos, aplicando-se a disposição 
acima a qualquer órgão da administração pública direta ou indireta. 
 Discriminação na Iniciativa Privada 
Art. 4° da Lei 7.716/89 – Negar ou obstar emprego em empresa 
privada. §1° Incorre na mesma pena quem, por motivo de 
discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito 
de descendência ou origem nacional ou étnica: I – deixar de conceder 
os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de 
condições com os demais trabalhadores; II – impedir a ascensão 
funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício 
profissional; III – proporcionar ao empregado tratamento diferenciado 
no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. §2° - Ficará 
sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, 
incluindo atividades de promoção da igualdade racial, quem, em 
anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de trabalhadores, 
exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego 
cujas atividades não justifiquem essas exigências. Pena: reclusão de 
dois a cinco anos. 
 Claro que a depender do local de trabalho, justifica-se a discriminação, por exemplo, a 
igreja católica certamente fará questão de contratar católicos para trabalhar em seus templos, 
no mesmo sentido, contratar apenas negros para trabalhar em uma produção que contará a 
história da escravidão também não caracteriza crime. 
 Em suma, devemos analisar cada caso com base na razoabilidade. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 24 
 
 O Estatuto da Igualdade (Lei 12.288/10) acrescentou o §2° ao dispositivo prevendo 
multa e prestação de serviços a comunidade a quem em anúncios ou qualquer forma de 
recrutamento de trabalhadores exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para o 
emprego, cujas atividades não justifiquem essas exigências. Assim, não pode o empresário 
divulgar que esta contratando secretaria de boa aparência. 
 Discriminação nas Forças Armadas 
Art. 13, Lei 7.716/89 – Impedir ou obstar o acesso de alguém ao 
serviço em qualquer ramo das Forças Armadas. Pena: reclusão de dois 
a quatro anos. 
 Discriminação na Educação: Art. 6° da Lei 7.716/89 
Art. 6°, Lei 7.716/89 – Recusar, negar ou impedir a inscrição ou 
ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de 
qualquer grau. Pena: reclusão de três a cinco anos. Parágrafo único. 
Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é 
agravada de 1/3 (um terço). 
Acerca do tema, há também a discriminação positiva (Ações Afirmativas) e o Supremo 
já julgou várias vezes que o Sistema de Cotas para acesso em universidades públicas, por 
exemplo, é constitucional. 
 Discriminação no Comércio: Art. 5°, 7°, 8° 9° e 10 da Lei 
7.716/89 
 
 Discriminação em estabelecimentos comerciais 
Art. 5°, Lei 7.716/89 – Recusar ou impedir acesso a estabelecimento 
comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou 
comprador. Pena: reclusão de um a três anos. 
 Discriminação em hotéis ou similares 
Art. 7°, Lei 7.716/89 – Impedir o acesso ou recusar hospedagem em 
hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar. Pena: 
reclusão de três a cinco anos. 
 Discriminação em restaurantes ou similares 
Art. 8°, Lei 7.716/89 – Impedir o acesso ou recusar atendimento em 
restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao 
público. Pena: reclusão de um a três anos. 
 Discriminação em clubes ou casas de diversão (estádios 
de futebol, teatros, clubes de campo) ou similares 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 25 
 
Art. 9°, Lei 7.716/89 – Impedir o acesso ou recusar atendimento em 
estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais 
abertos ao público. Pena: reclusão de um a três anos. 
 Discriminação em cabelereiros, salões de estética, 
barbearia ou similares 
Art. 10, Lei 7.716/89 – Impedir o acesso ou recusar atendimento em 
salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou 
estabelecimento com as mesmas finalidades. Pena: reclusão de um a 
três anos. 
 Discriminação na Vida Social: Arts. 11, 12 e 14 da Lei 7.716/89 
 
 Discriminação em edifícios públicos ou residenciais e 
elevadores ou escadas 
Art. 11, Lei 7.716/89 – Impedir o acesso as entradas sociais em 
edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos 
mesmos: Pena: reclusão de um a três anos. 
 Discriminação em transporte público 
Art. 12, Lei 7.716/89 – Impedir o acesso ou uso de transportes 
públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, tens, metrô ou 
qualquer outro meio de transporte concedido. Pena: reclusão de um a 
três anos. 
 Discriminação no casamento e na convivência familiar 
Art. 14, Lei 7.716/89 – Impedir ou obstar, por qualquer meio ou 
forma, o casamento ou convivência familiar e social. Pena: reclusão de 
dois a quatro anos. 
Neste sentido, comete crime o pai que proíbea filha de casar com um negro, por 
exemplo. 
 
23/09/2016 
o Tipo Genérico (2° Categoria de Racismo) 
 
 Fundamento (Art. 20 da Lei 7.716/89) 
Art. 20, Lei 7.716/89 – Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou 
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena 
– reclusão de um a três anos e multa. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 26 
 
 Aqui temos uma hipótese em que o indivíduo manifesta sua opinião racista através de 
induzimento, incitação ou qualquer tipo de prática que sugira discriminação ou preconceito de 
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. 
 Elementos Objetivos do tipo 
Induzir: criar a ideia. 
Incitar: estimular reforçar uma ideia previamente existente. 
Caso alguém escreva alguma ideia preconceituosa em um blog na internet, por 
exemplo, será tipificado neste artigo, na modalidade qualificada, conforme veremos abaixo. 
Praticar: o verbo praticar é extremamente genérico, portanto aqui qualquer tipo de 
atitude, comportamento e/ou atividade que veicule uma opinião discriminatória ou 
preconceituosa envolvendo raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, recai nesse 
artigo. 
Então o legislador estabeleceu tipos específicos de crimes e quando a conduta do 
agente não se encaixar em nenhum deles, não se tratando de induzimento ou incitação, sua 
conduta cairá no verbo praticar, não havendo, portanto, como não ser tipificado em uma das 
previsões 
Assim, o Art. 20 da Lei 7.716/89 traz um crime subsidiário, pois se a conduta do 
agente não se enquadrar nas hipóteses específicas cairá na rede deste artigo. 
 Tipicidade Subjetiva 
Aqui, da mesma forma que os tipos específicos só existirá o crime se houver dolo 
específico, ou seja, a vontade livre de discriminar em razão da raça, cor, etnia, origem nacional 
ou religião. 
Caso o agente tenha animus jocandi ou animus narrandi não caracteriza o dolo 
específico e, portanto, não há crime. Claro que devemos investigar se o dolo não esta 
camuflado. 
 Racismo e Liberdade de Expressão 
Um dos pontos principais deste crime é a relação do Racismo e a Liberdade de 
Expressão. 
A Constituição Federal garante a Liberdade de Expressão (Art. 5°, inciso IX, CF), alias 
este direito é corolário (consequência) do Direito de Liberdade. A Liberdade de Expressão é a 
base do Estado Democrático de Direito, o que significa que sem ela não há democracia. 
Em contrapartida, esta Liberdade não é ilimitada. A questão do Racismo se encaixa 
neste tipo de reflexão. Ninguém pode incitar ou realizar apologia ao crime, no mesmo sentido 
não se pode manifestar ideias racistas. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
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Claro que há zonas cinzentas, por exemplo, obras literárias que possam dar a entender 
que disseminam ideias racistas, como o que ocorreu com a obra de Monteiro Lobato, que 
utiliza por diversas vezes a palavra “negra” e “crioula” para se referir a Tia Anastácia, no 
entanto, quando o assunto foi discutido no STF através de uma análise histórica, verificou-se 
que estes termos eram comumente utilizados na época em que se passa a história não tendo 
qualquer conteúdo racista nisso. 
Assim, quando estivermos diante de filmes, obras literárias, músicas ou qualquer 
manifestação artística precisamos utilizar critérios de razoabilidade, para separarmos o que é 
arte e o que é crime. 
Fato é que a partir do momento que a Liberdade de Expressão viola outros direitos, 
justifica-se sua limitação em prol do interesse da sociedade. Enfim, a Liberdade de Expressão 
não é absoluta e todos que extrapolarem os limites do considerado razoável pode caracterizar 
o crime de racismo. 
No mesmo sentido as Imunidades Parlamentares também possuem limites e, 
ultrapassado este limite, o Parlamentar ainda que possuidor de imunidade poderá ser acusado 
de crime de prática de racismo. 
 Figura Qualificada (Art. 20, §2°, da Lei 7.716/89) 
Art. 20, §2°, Lei 7.716/89 – Se qualquer dos crimes previstos no 
caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou 
publicação de qualquer natureza: Pena: reclusão de dois a cinco anos 
e multa. 
 Uma coisa é praticar racismo em lugares com um determinado número de pessoas, 
oura coisa é abrir uma página na internet onde todos podem ter acesso àquelas opiniões. 
Assim, sempre que a divulgação da opinião racista for veiculada através de um meio que pode 
atingir um número imensurável de pessoas qualifica o crime. 
o Divulgação do Nazismo (3° Categoria de Racismo) 
 
 Conceito: Art. 20, §1° da Lei 7.716/89 introduzido pela Lei 
9.459/97 
Art. 20, §1°, Lei 7.716/89 – Fabricar, comercializar, distribuir ou 
veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda 
que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do 
nazismo. 
 Na verdade também é uma forma de incitação, instigação e/ou pratica do crime de 
racismo, só que aqui especificamente em relação ao nazismo. 
 Este parágrafo foi acrescentado a Lei em 1997, por conta da pressão da mídia depois 
que um rapaz de origem judaica sofreu agressões de um grupo de skinheads que pregavam 
ideias nazistas e na época não havia nenhum dispositivo para encaixar a conduta dos 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
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indivíduos, senão na forma genérica de racismo que possui pena mais branda do que a 
prevista para o crime de Divulgação do Nazismo. 
 Aspectos Iniciais 
Nazismo trata-se de uma ideologia política de extrema direita que se assenta na ideia 
de superioridade racial. Surge quando Hitler assume o comando do Partido Nacional Alemão 
que posteriormente mudou de nome para Partido Nazista. 
Hitler após o termino da 1° guerra mundial se tornou político e chegou à Presidência 
da Alemanha. Ele pregava a ideia da existência de povos superiores, os chamados arianos 
(europeus puros). 
O povo ariano utilizava como emblema na antiguidade a Suástica. No entanto, nos 
cabe informar que a suástica trata-se de um símbolo existente em muitas culturas, como a 
cultura inca, chinesa, egípcia, japonesa, entre outras. 
Ocorre que Hitler se apropriou deste símbolo e o colocou na bandeira do Partido 
Nazista e posteriormente na própria bandeira da Alemanha durante a 2° Guerra Mundial em 
contrariedade a bandeira da União Soviética. 
 Elementos Objetivos do Tipo 
Insta salientar inicialmente que a Cruz Suástica ou Gamada são a mesma coisa, ou seja, 
referem-se ao mesmo símbolo. 
Assim, fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, 
distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do 
nazismo, caracteriza o crime de Divulgação do Nazismo. 
Trata-se, portanto, de um crime de Ação Múltipla, uma vez que vários verbos 
caracterizam o crime. 
 Objeto Material 
Símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz 
suástica ou gamada. 
O Legislador cometeu um erro, pois ele só coloca como símbolo do nazismo a cruz 
suástica ou gamada, no entanto, existem vários outros símbolos do nazismo, como, por 
exemplo, a águia e o próprio rosto de Hitler. 
Assim, se houver a divulgação do nazismo por outros símbolos, o agente não será 
incurso no crime de Divulgação do Nazismo (§1°), mas sim no crime genérico que a pena é 
mais branda. 
 Tipicidade Subjetiva 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 29 
 
O simples fato de ter estes emblemas, por si só não caracteriza o crime. Para 
caracterizar o delito é necessário praticar um dos verbos do tipo, com a finalidade de divulgar 
o nazismo. 
Portanto, este delito também exige dolo específicoe, se a intenção do agente não for a 
divulgação da ideologia nazista, mas sim com a finalidade de divulgação histórica, artística, 
didática, entre outras, não há crime. 
O indivíduo que possui guardada uma camiseta com a cruz suástica, não comete crime 
algum, agora ao sair com ela com a intenção de divulgação do nazismo, caracteriza o crime. 
 Medidas Cautelares (Art. 20, §3° da Lei 7.716/89) 
Art. 20, §3°, Lei 7.716/89 – No parágrafo anterior, o juiz poderá 
determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda 
antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: I – o 
recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do 
material respectivo; II – a cessação das respectivas transmissões 
radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer 
meio; III – a interdição das respectivas mensagens ou páginas de 
informações na rede mundial de computadores. 
 A Lei de Direitos Autorais prevê que após 70 anos as obras caem em domínio público e 
um livro escrito Hitler esta caindo em domínio público agora, o que fez com que diversas 
editoras no Brasil se interessassem em publica-los. 
No entanto, o Ministério Público ingressou com pedido de Medida Cautelar para 
suspender a publicação do livro, enquanto discute-se se tal pratica caracteriza o crime de 
Divulgação do Nazismo ou não. 
Tal pedido somente foi possível devido à previsão da possibilidade de se tomar 
medidas cautelares conforme elencado no dispositivo acima. 
 Efeitos da Condenação (Art. 20, §4° da Lei 7.716/89) 
Art. 20, §4°, Lei 7.716/89 – Na hipótese do §2° constitui efeito da 
condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do 
material apreendido. 
 Constitui efeito da condenação, após o transito em julgado, a destruição de todo o 
material apreendido (objeto material do crime). 
o Competência para julgar os crimes de Racismo 
 A competência para julgar os crimes de Racismo podem ser tanto da Justiça Estadual 
como da Justiça Federal, conforme o disposto abaixo: 
Será da Justiça Estadual, quando o Racismo for praticado em âmbito privado ou em um 
prédio público estadual, como, por exemplo, uma Escola ou Universidade Estadual. 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 30 
 
Por outro lado, será de competência da Justiça Federal, caso o crime de Racismo seja 
praticado em um prédio público federal, como, por exemplo, Universidades Federais ou Fórum 
Trabalhista, ou ainda os crimes praticados a distância (internet). 
o Liberdade Provisória 
 Em que pese o crime de Racismo ser inafiançável (Art. 5°, XLII, CF) e autorizar a prisão 
em flagrante, admite pedidos de Liberdade Provisória. 
 Considerações Finais 
Na Lei que regulamenta o crime de Terrorismo (Lei n° 13.260/16), quando ela 
conceitua o Terrorismo em seu Art. 2° podemos observar que uma das razões que 
caracterizam tal crime é o racismo. 
Art. 2°, Lei 13.260/16 – O terrorismo consiste na prática por um ou 
mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de 
xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, 
quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou 
generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a 
incolumidade pública. 
 
07/10/2016 
 CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE (LEI N° 9.605/98) 
 Aspectos iniciais sobre o Meio Ambiente no Brasil 
O Brasil é o país mais importante do mundo em termos de questões ambientais, sendo 
considerado um país com megabiodiversidade, alias para alguns cientistas nosso país é o local 
onde há maior diversidade de flora e fauna no mundo. Assim, esta característica, somada ao 
fato de que somos o país com maior volume de água doce do mundo, aumenta 
consideravelmente a responsabilidade com relação às medidas de proteção ao Meio 
Ambiente. 
 Estrutura Normativa da Lei n° 9.605/98 
O Direito Ambiental precisa compatibilizar o equilíbrio entre o avanço industrial e da 
sociedade propriamente dita e a preservação do Meio Ambiente, por tal razão, a Lei 
9.605/98 é extremamente extensa, contendo uma parte administrativa que não vamos 
abordar e outra em que elenca os crimes ambientais, cujos principais serão objeto de nosso 
estudo. 
A Lei Ambiental trata-se de uma norma especifica, mas precisamos ter em mente que 
subsidiariamente o Código Penal, o Código de Processo Penal e os preceitos da Lei 9.099/95 
são aplicados também. 
 Base Constitucional (Art. 225 da CF) 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 31 
 
A doutrina denomina de “Tutela Constitucional do Meio Ambiente” o fato da 
Constituição tratar da proteção ao Meio Ambiente em vários dispositivos, dentre eles, vejamos 
o dispositivo abaixo: 
Art. 225, CF – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
 
 Bem Jurídico Protegido: “MEIO AMBIENTE” 
 
o Conceito de Meio Ambiente (Lei n° 6.938/81 – Lei da Política Nacional 
de Meio Ambiente) 
Meio ambiente no sentido legal, normativo, formal trata-se do “conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, 
abriga e rege a vida em todas as suas formas”. 
o Classificações 
 
 Meio Ambiente Natural 
Comumente associamos o Meio Ambiente a fauna, flora, equilíbrio ecológico, 
atmosfera, rios, mares, etc. Esta ideia que temos trata-se do Meio Ambiente Natural, mas 
cumpre-nos informar que existem outras vertentes do conceito de Meio Ambiente que 
veremos a seguir. 
 Meio Ambiente Cultural 
Trata-se dos bens materiais ou imateriais que compreendem o conjunto urbano e 
detém valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico e/ou científico. 
 Meio Ambiente Artificial 
Engloba as estruturas urbanas, como as ruas, prédios, avenidas, etc. que não deixam 
de possuir proteção jurídica. 
 Meio Ambiente do Trabalho 
Existe também um Meio Ambiente específico do trabalho, formado entre empregador 
e empregado. Aqui existem normas específicas que visam preservar a saúde do empregado. 
o Tutela Constitucional do Meio Ambiente 
Existem inúmeras normas que tutelam o Meio Ambiente. 
A Lei 9.605/98 preocupa-se principalmente com o Meio Ambiente Natural, mas 
também tipifica crimes contra o Meio Ambiente Cultural. Insta salientar que o patrimônio 
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico também é protegido por outras Leis como, por 
LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 32 
 
exemplo, a Lei 7.437/85 que protege os Direitos Difusos e Coletivos prevendo a possibilidade 
da propositura de Ação Civil Pública. 
Nesta mesma linha de proteção, como já elencamos acima, a própria Constituição em 
inúmeros dispositivos protege o Meio Ambiente, por exemplo, o Art. 5° inciso LXXIII, CF 
prevê a possibilidade de se impetrar uma Ação Popular contra ações do Poder Público que 
inflijam o Meio Ambiente. 
Art. 5°, CF – [...] LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para 
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público 
ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, 
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, 
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência. 
Da mesma forma o Art. 129, inciso III da CF, confere poderes ao Ministério Público 
para proteger o Meio Ambiente podendo instaurar Inquérito Civil e propor Ação Civil Pública, 
vejamos: 
Art. 129, CF – São funções institucionais do Ministério Público: [...] III 
– promover o inquérito

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