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Resenhas - Hist da Educação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG
FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FAE
Disciplina: História da Educação I
Professor Marcus Aurélio Taborda de Oliveira
Alunas: Beatriz Bragança Alves, Júlia Britto e Lavinia Emanuelli
Turma: K
 Resenha 1 – A dor e o sofrimento como preceitos educativos pintados por Giotto de Bondone em “O Massacre dos Inocentes”
O texto tem por objetivo principal analisar como se dava a educação da Idade Média, na Europa. Para isso, as autoras, partindo da análise de produções artísticas de um dos grandes pintores do período, Giotto de Bondone, buscam explicar um dos preceitos pedagógicos fundamentais para a educação medieval: a dor e o sofrimento. 
Segundo as autoras, a arte e os objetos produzidos pelos homens são meios que permitem aos pesquisadores analisarem um pensamento ou modelo educativo de determinada época ou período histórico. Em especial, na Idade Média, a produção artística de imagens foi densa, pois a imagem possuía um valor educativo muito grande, da qual a igreja recorria, para melhor persuadir a população (DUBBY, 1988, p. 62). Grande parte da população daquele período era analfabeta, por isso a iconografia, em conjunto com a palavra oral, eram empregadas constantemente no processo educativo. 
Após a queda do Império Romano, as maiores e mais relevantes cidades européias haviam sido extintas. Em decorrência disto, na Idade Média, surge um movimento de reconstrução das cidades. Contudo, essa ação se dá de maneira muito conturbada, como consequência das intensas crises entre a Igreja e o sistema mercantil que se desenvolvia nos burgos. Os burgos eram espaços “cercados por muralhas rodeadas por um fosso” (OLIVEIRA & NUNES, 2015, p. 291) que serviam de proteção aos castelos. E nesse espaço, encontravam-se os comerciantes que também, em busca de proteção, se abrigavam ali e desenvolviam o comércio. Com isso, os burgueses – nome dado a estes comerciantes moradores dos burgos –, que em sua maioria provinham das camadas mais inferiores, acabavam por prosperar e acumular muitas riquezas. Entretanto, o capital originado do comércio criou divergência com a Igreja - que já se encontrava abalada devido a pressões políticas - e seus dogmas, criando um contexto no período ainda mais conflituoso. 
Giotto, que vivia em Florença, importante cidade italiana que abrigou o movimento de ressurgimento das cidades, acabou por presenciar de perto todos estes conflitos e embates do período que, provavelmente, causaram muita dor e sofrimento na população florentina da época. E foi nesse contexto que ele produziu uma de suas mais célebres pinturas, localizada na Cappela degli Scrovegni em Padova, na Itália, o afresco “O Massacre dos Inocentes”.
Esta pintura retrata a passagem bíblica, narrada no evangelho de Mateus, em que conta a visita dos reis magos do Oriente a Jerusalém, a procura do recém-nascido Jesus para adorá-lo. Eles, porém, acabam por anunciar a Herodes, rei da Judeia, a chegada do menino que, procurando saber a data e o local aproximado onde o bebê poderia ter nascido, ordena que matem todas as crianças menores de dois anos do sexo masculino da região de Belém. Contudo, José e Maria, por serem avisados por um anjo em sonho sobre a tentativa de morte do menino Jesus, fogem para o Egito e o menino é salvo. Segundo as autoras do texto,
O infanticídio decorrente da ameaça que o nascimento de Jesus significava a Herodes foi narrada por Giotto com uma realidade que toca o espírito do espectador despertando tristeza e piedade pelo horror da tragédia alimentada pelo ódio, egoísmo e injustiça. (OLIVEIRA & NUNES, 2015, p. 296)
 
 Na cena se encontram o rei Herodes ao lado esquerdo, localizado numa tribuna de seu palácio, com o dedo apontado indicando ordem para seus soldados. Estes se encontram num plano mais inferior ao lado das mães e crianças que lutam pela vida. Mais abaixo na cena, ainda aparecem os corpos das crianças mortas empilhados um em cima do outro, provocando no espectador espanto e horror. 
A cena é repleta de dor e sofrimento representados pela expressões faciais tanto das mães que lutam para manterem seus filhos a salvo, quanto dos soldados romanos que não executam a ação ordenada pelo rei, e permanecem no canto esquerdo da cena, com o olhar de repúdio e indignação à ação executada pelos mercenários. O ambiente é tomado pelos choros e gritos das mães que lamentam com o olhar aquele triste episódio. 
Ainda se encontra na cena, ao fundo, um monumento que faz lembrar uma Igreja. Este edifício, como observam Oliveira e Nunes (2015), formam junto com as mães em pranto e os corpos dos infantes abaixo, no campo central da pintura, um caminho único. Tal análise é torna importante, pois mostra como o pintor buscou transmitir, através da disposição dos elementos na cena, a mensagem de que a Igreja é o caminho para o bem. Mas esse caminho, em seu início foi marcado pela dor e sofrimento, representados pelos corpos dos meninos aos pés dos soldados indicando os primeiros mártires que morreram em favor do bem, isto é, de Jesus. Ademais, este jogo de imagens mostra também qual deveria ser o caminho daqueles terrenos que defendiam o bem e a justiça. 
Outra questão da cena chama a atenção das autoras. Giotto, ao representar a dor não se utiliza de elementos comuns como sangue ou feridas, vistos em muitas outras representações do período para indicar o mesmo sentimento. No lugar do vermelho de sangue, ele opta por utilizar tons claros que deixam o visual da cena pálido e sem vida. Além disso, os objetos utilizados para provocar a morte dos infantes são representados de maneira muito simples, que quase não é possível perceber na cena. Com isso, as autoras interpretaram que o objetivo principal do pintor não foi representar a dor física, mas sim a dor interna e espiritual, dando um valor maior ao sofrimento que vem do íntimo.
Dessa forma, o sofrimento representado no afresco pintado por Giotto na Capella degli Scrovegni revela as dores e tristezas que passavam a população florentina, causada pelas mudanças e conflitos no contexto social da época que culminariam na formação de um novo momento histórico. Além disso, a representação de toda essa angústia também tem um sentido oposto ao do caminho do bem, expposto pela Igreja. Isso nos leva a concluir que, através dessa representação iconográfica de Giotto, passava-se aos fiéis um preceito educativo da Idade Média, de que o caminho que não fosse o da Igreja seria o caminho da dor e do sofrimento. 
Referências bibliográficas:
OLIVEIRA, Terezinha; NUNES, Meire Aparecida Lóde. A dor e o sofrimento como preceitos educativos pintados por Giotto di Bondone em “O Massacre dos Inocentes”. Série-Estudos. Programa de Pós-Graduação em Educação da UCDB. Campo Grande, n. 40, p. 287-304, jul/dez. 2015.
DUBY, Georges. A catedral, a cidade, a escola. In: A Europa na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1988. 
Resenha 2 - O Cristianismo como revolução educativa
 O texto em análise tem como objetivo principal analisar os impactos sociais, culturais e políticos que o Cristianismo provocou no mundo, na época de seu surgimento e ascensão enquanto religião dominante. Franco Cambi, neste capítulo do livro “História da Pedagogia”, ressalta também como a nova doutrina religiosa trouxe mudanças para o campo da educação, com a criação de uma nova corrente filosófica e um novo modelo pedagógico. 	
Em uma primeira análise, devemos estabelecer um panorama histórico de como o Cristianismo surgiu como nova religião, na atual região da Palestina no século I, dominada pelo Império Romano neste período. Criada por Jesus, espalhou-se rapidamente pelo mundo, transformando-se atualmente na religião mais difundida. A doutrina cristã foi fortemente perseguida pelo governo da época, já que promovia uma grande revolução cultural, social e política, rompendo fortemente com os interesses clássicos vigentes naquele momento. Pode-se afirmar que o Cristianismo reformulou a estrutura familiar, no que tange a hierarquiae ao domínio, e sobretudo ao acolhimento da mulher, dos pobres e doentes, pregando o amor universal. Reinventou também o mundo do trabalho, pregando uma relação mais respeitosa entre patrões e escravos e o âmbito da política, que deveria ser inspirado na solidariedade e igualdade. Somente em 313 d.C., com o Édito de Milão promulgado por Constantino, que a tolerância religiosa dentro do Império Romano foi estabelecida. Este fato afirmou o Cristianismo como religião do Império, ganhando espaço no campo político e também pedagógico, com base nos princípios religiosos e teológicos da Paidéia Cristã, que falaremos posteriormente.
 Para compreendermos os processos educativos baseados nos princípios do Cristianismo, Cambi analisa documentos canônicos: os quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), que descrevem o magistério de Jesus, na qual o processo acontece a partir da figura do mestre profeta; as Epístolas de Paulo, apresentando uma pedagogia extremamente disciplinar; o Apocalipse de João, que sugere um processo de educação limitadora, onde as pessoas deveriam esperar o tempo determinado de tudo que deveria acontecer. Em síntese, as pessoas não deveriam romper as barreiras do tempo, lembrando a docilidade dos corpos, muito presente em métodos educacionais atuais. Por último, é apresentado ao leitor o Ato dos Apóstolos, onde a presença do amor e da caridade na ação educativa são princípios essenciais, principalmente no momento que a religião cristã vivenciava de extrema perseguição religiosa e luta para propagar sua mensagem nas mais diversas culturas, sem alterá-la significativamente.
 Com o surgimento da Igreja Católica, nasce também uma prática educativa inédita, exercendo um poder sobre a sociedade da época. Portanto, por estar fortemente ligada ao Império, a Igreja Romana assume um papel ainda mais centrado no Império. No campo da educação, o Cristianismo dos primeiros séculos possuía duas principais características: a) imitação da figura de Cristo como modelo que todos deveriam seguir e b) formação do cristão na cultura clássica, literária, retórica e filosófica. Entretanto, este último princípio apresenta uma clara contradição, já que o Cristianismo visava romper com os valores clássicos.
Retomando a ideia de Paidéia, que propunha uma formação integral e completa do ser humano, envolvendo as esferas físicas, intelectuais e espirituais, este termo é originalmente grego. A Paidéia Cristã é o fruto da influência do Helenismo sobre o Cristianismo, como por exemplo na ideia de logos, presente no verbo descrito por João na Bíblia e também pela aproximação da imagem de Cristo à de Platão.
 Pode-se dizer que já nos primeiros tempos dos apóstolos há uma primeira fase do helenismo cristão, porém é Clemente de Alexandria quem consagra de fato a Paidéia Cristã, (re)interpretando a Bíblia segundo a teoria de Platão. É ele também, juntamente com Origenes, que apresenta uma nova perspectiva de educador, como um guia cultural e espiritual; neste mesmo período, há uma retomada do ensino da Filosofia e das Ciências, ainda que de modo restrito e dentro dos aspectos religiosos. Posteriormente, padres capadócios delimitaram a maneira como o processo educacional dos jovens deveria ocorrer seguindo os princípios da Paidéia Cristã. Portanto, pode-se afirmar que o Cristianismo propagou no mundo antigo uma nova cosmovisão, absorvendo a cultura intelectual greco-romana.
 Cambi indica também que os mosteiros foram importantes lugares de formação e que sua existência está enraizada nos modelos educacionais amplamente difundidos atualmente, principalmente no que tange à arquitetura: “um edifício defendido por muros e dividido internamente em celas individuais.” (CAMBI, 199, p. 131) A preocupação primordial dos mosteiros era com a educação moral, a participação na liturgia e um pouco de instrução literária. O ensino no mosteiro destaca a centralidade ao mestre, ao qual cabia falar, e o discípulo ouvir. Entendemos que isso acontecia para que não houvessem questionamentos significativos sobre o conteúdo religioso transmitido. Sendo assim, os preceitos cristãos eram transmitidos de forma dogmática, até porque dependendo do tipo discussão sobre os mesmos, o Cristianismo não faria mais sentido enquanto religião.
 No que tange à família, o Cristianismo produziu uma significativa transformação social nessa esfera. Os preceitos religiosos de amor e respeito mútuo modificaram a relação entre o tipo ideal de família daquela época: pai, mãe e filhos. Outras mudanças importantes que o pensamento cristão provocou foi sobre a ideia de ser mulher naquele tempo, promovendo a concepção de uma relativa igualdade entre os sexos, principalmente perante a Deus, e também ocupando um papel como educadora. Entretanto, o patriarcalismo ainda se fez presente sobre a figura de duas mulheres dentro do Cristianismo: Eva, a pecadora e mal exemplo, e Maria, a piedosa, cuidadosa e dedicada à religião, que deveria servir de exemplo como mulher dentro da família. Ademais, a noção de infância também sofre alterações, pois agora essa fase da vida deve ter a inocência e ingenuidade da infância de Cristo, sendo referência neste quesito.
 Após consolidar-se como a principal religião, o Cristianismo continuou exercendo sua influência no campo político e ideológico, sendo necessário a criação de uma filosofia que fundamentasse todos os preceitos religiosos cristãos, como por exemplo a defesa da fé e conversão dos não-cristãos. O pensamento do monge conhecido como Santo Agostinho influenciou a postura do cristianismo frente à cultura e ao processo educativo por muitos séculos, possuindo influência, inclusive, ainda nos dias atuais. Segundo Cambi, ele acreditava na reinvenção dos princípios da filosofia platônica no cristianismo. Defendia também que a razão e a fé estavam intimamente ligadas, buscando dessa forma, uma harmonização entre ambas, a fim de conhecer a natureza de Deus e da alma. Cambi relata que Agostinho incentivava a busca de conhecimento além do religioso, porém resguardando o objetivo de utilizar-se do conhecimento não-religioso para propagação do cristianismo.
O pensamento de Agostinho segue o princípio bíblico que o conhecimento provém de Deus, no entanto, o homem deve ser instigado a procurá-lo. Deus daria condições ao homem para encontrar a sabedoria, a autoeducação e a disciplina permanecem como características do cristianismo. Essa autoeducação é, inclusive, citada pelo Apóstolo João em uma de suas epístolas:
“E a unção que vós recebestes dele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis (1 João 2:27)”. 
A unção recebida, de que fala João refere-se à própria presença de Deus, onde concorda Agostinho, ao afirmar que Cristo habita no homem interior.
Suas obras, como “Confissões” e “Da Trindade”, o levaram a ser reconhecido como “o mestre do ocidente cristão”, pois “investigou os aspectos fundamentais de uma pedagogia de estatuto religioso e lhe deu soluções exemplares: pela espessura cultural, pelo vigor teórico e também pelo significado espiritual” (CAMBI, 1999, p. 135).
 
Referências bibliográficas:
CAMBI, Franco. O Cristianismo como revolução educativa. In: História da Pedagogia. São Paulo: Editora UNESP, 1999.
BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução de Padre Antônio Pereira de Figueredo. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1980.
Resenha 3 - Características da educação moderna 
 O texto em análise, escrito por Franco Cambri, traz a luz sobre as mudanças pedagógicas que ocorreram na Modernidade. O autor traz em seu texto, algumas das principais características da época em questão que colaboraram para uma mudança pedagógica naquele momento.
 Em primeira análise, vale ressaltar algumas das mudanças que ocorreram na Modernidade e são lembradas pelo autor. Com a Modernidade, surgem os Estados modernos comuma nova forma de organização que tem critérios mais racionais e que exerce seu poder através de um sistema de controles e instituições. Com o declínio do sistema feudal, surge também uma nova classe social, a burguesia, denominados assim por serem os comerciantes que viviam nos burgos, e junto a ela nasce o sistema capitalista. Esse por sua vez, traz consigo uma nova forma de comercialização baseada na troca de mercadoria por dinheiro. 
 Após a crise da Idade Média e começo do seu declínio, a Europa se laiciza e a Igreja não tem mais uma grande influência sobre a política, a economia e até mesmo sobre o pensamento das pessoas como tinha antes, com isso, surgem os movimentos de cunho intelectual, cultural e artístico como o Renascimento. Por meio desse movimento, podemos perceber uma importante característica que foi a volta do antropocentrismo, retomado da Roma Antiga, no lugar do teocentrismo, que foi muito presente no chamado "século das trevas", e isso influenciou potencialmente a novas formas de ensino que surgiram no período que secedeu.
 Com o modernismo sendo marcado pela laicização e pela racionalização, a educação se volta para um ensino mais científico, com metodos mais analiticos e experimentais, para um indivíduo socialmente mais ativo, ou seja, a educação vai se encarregando das novas exigências sociais. Segundo o autor:
Mudam também os meios educativos: toda a sociedade se anima de locais formativos, além da família e da igreja, como ainda da oficina; também o exército, também a escola, bem como as novas instituições sociais (hospitais, prisões e manicômios) agem em função do controle e da conformação social, operando no sentido educativo; entre essas instituições, a escola ocupa um lugar cada vez mais central, cada vez mais orgânico e funcional para o desenvolvimento da sociedade moderna. ( CAMBI, 1999, p.199)
 Embora o Renascimento e os diversos ocorridos aparentassem uma nova sociedade e uma educação mais livre e mais esclarecida, ao mesmo tempo existia o novo governo, que estava constantemente colocando novos modelos sociais de comportamento que deveriam ser seguidos. Cambi menciona Nicolau Maquiavel em seu texto, um dos escritores renascentistas que é considerado o pai da ciência política moderna, autor do livro "O príncipe", trouxe um importante conceito sobre Estado e governo, colocando em sua obra os comportamentos e as condutas do príncipe, ou seja, como deveria cuidar dos seus súditos e administrar seu território. Vale lembrar também, que foi nesse período que surgiram os contratualistas. Eles acreditavam que o homem tinha um estado natural onde agiam sem leis, e, de alguma forma, à medida que a sociedade foi se formando, precisaram da criação de um estado para assegurar os direitos de todos e fazendo assim um contrato social, onde os membros da sociedade concordam em ter um estado para mediar a relação entre todos.
 A Idade Moderna é marcada por essa ambiguidade, constituída pela liberdade que movia o homem, como vimos na Renascença, e pelas ações do governo que as padronizava. Assim, na visão de Cambi, a educação tem a importante e complexa função de trazer o um panorama emancipatório, e, concomitantemente, uma conformação. É imprescindível relatar também, o sentimento de infância que surge na Modernidade e dão uma nova direção ao projeto educativo. Com isso, Cambi diz que duas instituições educativas também passam por uma redefinição e reorganização, no que diz respeito ao seu papel na sociedade: a família e a escola.
 A família na Idade Média tem o patriarcado como uma de suas bases. O pai era o líder da casa, a esposa obedecia ao seu marido e as crianças eram vistas como pequenos adultos, podendo assim, assumir algumas responsabilidades e contribuir com sua força de trabalho para ajudar com as despesas da família. Já na Idade Moderna, a família começa a não enxergar a criança como pequeno adulto, e sim como sujeito espontâneo e inocente que precisa de mais atenção. Assim, a família se torna um núcleo de afetos e animada pelo sentimento de infância, que faz cada vez mais da criança o centro-motor da vida familiar, elabora um sistema de cuidados e de controles da mesma criança, que tende a conformá-la em um ideal (CAMBI, 1999, p. 204)
 Por outro lado tinha a segunda instituição em análise: a escola Medieval, que possuía o caráter mais teocêntrico e frisava em sua educação os ensinamentos voltados para Deus, dessa forma, a escola era mais ligada aos mosteiros e as catedrais. Essas escolas também não separavam os alunos por faixa etária por exemplo; as pessoas ficavam juntas. A escola no período da modernidade não está preocupada em formar indivíduos religiosos. Ela vai se ocupar em formar pessoas racionais, que adotem o comportamento ditado por ela, vai elaborar métodos para reorganizar as disciplinas e ter o controle do ensino. Tanto a escola e a família, quanto às outras instituições da sociedade, vão trabalhar com a questão do corpo. Outro fator que também passa a ser controlado na Modernidade é o tempo. Antes, os ensinamentos que eram passados para aqueles que aprendem, não tinham um tempo exato, com um começo e fim pré-determinado, um tempo de duração. Foi com a modernidade que o ensino começou a ser separado em unidades temporais. Assim, podemos perceber que muitas características da escola e do ensino que surgiram na idade moderna perduram até os dias de hoje.
Referências bibliográficas:
CAMBI, Franco. Características da educação moderna. In: História da Pedagogia. São Paulo: Editora UNESP, 1999.

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